Brasília em off
Brasília em Off: A melhor estratégia monetária para Lula- Bloomberg 6/12
Por Martha Beck
(Bloomberg) -- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu de integrantes do governo antes do anúncio do plano de corte de gastos que os juros teriam que continuar subindo no Brasil. Também ouviu que é importante que o ciclo de alta possa desacelerar no final no primeiro semestre de 2025 de forma que o Banco Central tenha condições de iniciar 2026, ano de eleição presidencial, reduzindo a Selic.
A avaliação desses integrantes é que o melhor cenário seria o BC fazer uma alta forte logo na próxima reunião do Copom, ainda sob a gestão de Roberto Campos Neto à frente da autoridade monetária.
Câmbio
A ala política do PT segue pressionando e pedindo uma intervenção para segurar a alta do dólar, que opera na casa de R$ 6 e pressiona a inflação. Isso tem deixado as atenções redobradas para as falas do Banco Central sobre política cambial.
Até agora, o BC tem feito esforço para deixar claro que quem decide não quer ouvir falar nisso. O diretor de Política Monetária e futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, por exemplo, disse em evento no início da semana que o câmbio flutuante é um pilar da matriz econômica brasileira e que qualquer discussão sobre controle do câmbio deve passar longe da cadeira de quem comanda sua diretoria.
Operação pacote
O governo teve que montar uma verdadeira operação de guerra para preparar o pronunciamento feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para anunciar o plano de corte de gastos. Lula informou na noite de segunda-feira (25) que Haddad faria o anúncio já incluindo nele a promessa de campanha de isentar de Imposto de Renda de quem ganha até R$ 5.000.
No dia seguinte, às 8:00 da manhã, a equipe presidencial que atuaria na gravação entrou pela garagem do prédio para não chamar a atenção dos jornalistas que ficam de plantão na porta. Para evitar as lentes dos fotógrafos, o gabinete de Haddad, que fica virado para a frente do Ministério, não serviu de locação. A gravação ocorreu na sala do Conselho Monetário Nacional (CMN).
O texto começou a ser escrito pelo publicitário Otávio Antunes, marqueteiro de Haddad, pelo secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, e assessores do ministro. O grupo já estava com o trabalho encaminhado quando recebeu do gabinete do presidente sugestões no texto e o slogan “Brasil forte e justo”. Procurada, a Fazenda não comentou.
--Com a colaboração de Daniel Carvalho.
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