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Fernando Cavalcanti

 QUEM É O TRAIDOR? (ou APENAS LIVRE)


Nunca esquecerei a reação de meus amigos quando disse que Trump tinha se revelado um mau-caráter, naquele episódio em que ele caluniou e humilhou o presidente da Ucrânia.


Apontei que o monstro era Putin. Que Zelensky, pelo contrário, era um herói. E que Trump sabia disso. E mentira conscientemente, para fazer Zelensky aceitar uma paz favorável à Rússia.


Recebi uma "chuva de pedras". (No ambiente polarizado de hoje, se vc não apoiar TUDO o que os líderes do seu lado fazem, vc é considerado um isentão. Isto é, um traidor.)


Mas, "o tempo é o senhor da razão". Agora vcs descobriram quem REALMENTE é Trump.


Não estou dizendo que é um monstro. Fez muita coisa boa, também. Ele é apenas um negociante nato. E segue na política as práticas que empregava no comércio.


Como todo "businessman" de sucesso, Trump quer os melhores resultados possíveis, o mais rápido possível.


Se uma tática não rende os frutos esperados, não tem o menor pudor em voltar atrás.


Voltando à Ucrânia como exemplo: depois de apresentar Zelensky como o verdadeiro agressor, e Putin como a vítima, Trump ultimamente vem acariciando Zelensky. (É que percebeu que Putin, empolgado com seu avanço militar, já não quer acordo, quer tomar a Ucrânia inteira.)


Então, para Trump, de repente o "monstro" Zelensky virou "best friend forever", e o "incompreendido" Putin virou besta-fera do apocalipse.


Trump não quer justiça, quer bons negócios. Entenderam?


O que houve no Brasil? Expliquemos. Trump começou com uma tática errada e uma certa. E a errada estragou tudo.


Certo, excelente, magnífico (com perdão do trocadilho) foi jogar a Magnitsky em Moraes.


Errado, estúpido, contraproducente foi lançar tarifas sobre produtos brasileiros como moeda de troca em questões políticas.


O tiro saiu pela culatra. As tarifas permitiram a Lula desempenhar o papel que mais ama (como todo esquerdista): o de pobre vítima de um malvadão rico. Em vez de o enfraquecer, fizeram-no voltar a subir nas pesquisas.


E os Supremos Tiranos nem se abalaram. Sabiam que, impondo penas cruelmente duras e desproporcionais a pobres coitados feito a Débora, de um lado, e a generais idosos e prestigiados, como o Heleno, do outro, instilariam na Direita Brasileira uma sensação de desamparo absoluto.


O povo da Direita entendeu que o Supremo hoje é REALMENTE supremo. Que não tem mais a mínima preocupação em fazer justiça. Basta-lhe dominar pelo medo.


E, esse povo, aparvalhado, desnorteado, vendo que nem Bolsonaro, nem o Congresso, nem as FFAA tinham ousado desafiar o Supremo, sonhou com o último recurso dos perdedores: uma intervenção externa.


O resultado foi Trump, que seria o nosso herói salvador, vendo que o confronto não tinha funcionado, terminar nos "dando uma banana".


De maneira vergonhosa.


Eu achava que os sorrisos de Trump para Lula significavam apenas que ia retirar todas as tarifas. O que seria ótimo. Como eu disse, essa tática foi errada desde o início.


Mas, retirar a Magnitsky de Moraes  foi uma verdadeira traição. Porque ele a MERECIA.


A embaixada americana tentou justificar a trairagem (feita a pedido de Lula, é claro) dizendo que Trump o fizera por causa da aprovação do PL da "anistia reduzida" na Câmara.


Desculpa que só enganará imbecis.


Pois esse Projeto de Lei jamais virará lei.


Não passará pelo Senado. Se passar, Lula o vetará. E, se Lula não o vetar, o Supremo declarará que é inconstitucional, e acabou-se.


Trump sabe disso. Assim como sempre soube quem era o vilão e quem era o herói na Guerra da Ucrânia.


Ele não quer justiça, quer business.


Agora vcs aprenderam isso.


E gostaria que aprendessem, também, que este seu amigo aqui, quando critica alguém do nosso lado, não está sendo um traidor.


Está apenas sendo livre.

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