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Chances de IPOs

 Coluna do Broacast: Chances de IPOs em 2025 caem por terra após pacote, avaliam banqueiros


Por Cynthia Decloedt, Altamiro Silva Junior e Matheus Piovesana


São Paulo, 29/11/2025 - As expectativas de uma retomada nas ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês), que já estão no maior jejum em 25 anos, diminuíram drasticamente após o aguardado anúncio do pacote de cortes de gastos do governo esta semana. O impacto se estende às perspectivas de ofertas de ações no exterior por empresas brasileiras, uma vez que a percepção do estrangeiro em relação ao País também piora.


A visão é de banqueiros reunidos em almoço da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) nesta sexta-feira, 29, no qual estão presentes o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o próximo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Houve decepção com o corte anunciado, que provocou piora dos ativos domésticos e elevou a projeção já alta para o juro brasileiro em 2025 e, portanto, reduz o apetite de investidores pela Bolsa, avaliam executivos com os quais o Broadcast conversou


O responsável pelas operações na América Latina de um grande banco estrangeiro defendeu que o mais provável é que nenhum IPO aconteça no ano que vem. Outro executivo, também à frente de banco estrangeiro, disse que, eventualmente, se houver alguma sinalização contrária à atual para o fiscal, de escalada do juro para a casa de 14% ao ano, a Bolsa poderá receber algum IPO no quarto trimestre. A Bolsa brasileira não assiste a um IPO desde agosto de 2021.


Este mesmo executivo contou ainda que, em evento recente entre empresas e investidores locais e estrangeiros promovido por sua instituição, sentiu os investidores de "mau humor", apesar de boas notícias trazidas pelas empresas, que estavam mais animadas em meio a uma safra melhor de resultados financeiros.


Para o diretor de um banco, isso é reflexo da ausência de fluxo para os fundos multimercado e de ações, que tira o interesse dos gestores, mesmo para empresas que tenham uma boa história operacional ou financeira para contar. Os fundos multimercados estão com saques de R$ 235 bilhões este ano até outubro, ante perdas de R$ 69,5 bilhões no mesmo período do ano passado.


"Juros em dois dígitos matam IPOs", afirmou o presidente de um banco. E a forte volatilidade recente dos ativos contribui para engavetar operações, incluindo de ofertas subsequentes de ações (follow-on), pois dificulta a referência de preços, completou ele.


No exterior


Outro banqueiro acrescentou que o efeito causado pelo pacote prejudica o risco Brasil e faz com que até mesmo eventuais ofertas de ações no exterior fiquem prejudicadas. Uma executiva do setor ressalta que investidores internacionais vão preferir aplicar nos Estados Unidos por conta das políticas pró-mercado de Donald Trump do que em emergentes. E mesmo neste ultimo grupo, as preferências estão ficando mais com a Índia, o Produto Interno Bruto (PIB) que mais cresce no mundo atualmente, considerando as grandes economias.


O juro elevado no País por mais um ano, com previsões como a do JPMorgan nesta sexta-feira, de que a Selic pode bater em 14,25%, contrariando expectativas iniciais de trajetória de queda esperada para este ano, quando se falava em juros agora na casa dos 9%, aumenta o risco de inadimplência e os planos de investimento voltam a ser engavetados.


"Estou ouvindo aqui de muitos banqueiros que revisarão seus orçamentos, dado o crescimento de aposta de inadimplência", contou outro executivo presente ao almoço da Febraban.


Mesmo o mercado de renda fixa e crédito privado pode ganhar novos contornos com a alta do juro, observou outro executivo. Em sua visão, o fluxo de entrada em fundos seguirá aumentando neste cenário, mas os gestores estarão mais seletivos, para evitar o risco da inadimplência nas empresas.


Em 2024, o mercado de renda fixa já bateu recorde de operações, com emissões superando os R$ 500 bilhões, e só debêntures ficando em R$ 381,4 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Em 2025, deve manter ao menos o mesmo patamar, na visão de um executivo de um grande banco.


Contatos: altamiro.junior@estadao.com ; matheus.piovesana@estadao.com; cynthia.decloedt@estadao.com


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