Pular para o conteúdo principal

Reflexões

 06/12/2025

Julio Hegedus Netto, economista

 

Reflexões

 

Estourou como uma bomba o anúncio nesta semana de que o “mito” Jair Bolsonaro, do PL, havia escolhido seu filho, Flavio Bolsonaro, o 01, para herdar seu espólio político. Dentre os Bolsonaros se tornou então o candidato “oficial”. Bom? Ruim? Será o senador por São Paulo competitivo para enfrentar a candidatura da frente de esquerda em 2026, ao que tudo indica, Luis Ignácio Lula da Silva, até porque não existem outras opções.

 

Diante disso, muitos já consideram a eleição de Lula, a quarta, no alto dos seus quase 80 anos, como “favas contadas”, não sendo surpresa se acontecer em primeiro turno em 2026.

 

Pode ser que sim, pode ser que não. Um ponto a salientar é o desgaste de Lula, da frente de esquerda, aqui incluso o PSOL, o PDT, o PSB, o Podemos, e outros. Todas as pesquisas indicam que Lula não é o franco favorito em 2026. Mais ainda. Existe elevada rejeição (também para Bolsonaro) e se o candidato adversário for Tarcísio de Freitas, as coisas podem mudar.

 

O fato é que Flavio Bolsonaro não tem bagagem para encarar uma eleição majoritária com o PT, contra a máquina pública, etc. Isso pode deixar o Tarcísio de Freitas nas portas de uma desistência, preferindo a reeleição do governo do Estado e deixando para 2030 um possível embate nacional. Ruim, muito ruim para os mercados, que no dia 05 operaram em forte realização, Ibovespa recuando mais de 4% e dólar, próximo a R$ 5,45.

 

Por outro lado, importante que se diga que a “famíglia” Bolsonaro, na sua incompetência costumaz, conseguiu entregar os anéis para esta turba hoje no poder, mas as eleições subjacentes, nos estados, Câmara, Senado, podem mostrar o contrário. Nas duas últimas eleições tivemos uma avalanche de votos da centro direita.

 

Há um sentimento “antiPT” na sociedade brasileira. Um cansaço por uma retórica gasta e repetitiva. Um modelo de gestão que só se repete na incompetência e na corrupção, dados os tantos esquemas. Não me eximo de sinalizar que em 2026, a eleição presidencial talvez seja disputada (vamos ver, ainda, quem irá para o segundo turno), mas não é difícil prever a surra q o PT vai levar, de novo, nos estados e no Congresso.

 

A ESQUERDA é sempre, burramente, "procrastinadora", não gosta de se expor, porque isso significa desgaste de popularidade. A partir daí, vai se observando governos de centro esquerda, notórios por “procrastinar” soluções impopulares, corretivas, mas duras.

 

Lembremos que foi isso a acontecer em Portugal, nos tantos anos da "geringonça", bloco de esquerda com o PSD; é isso a acontecer com o PT,se aliando aos bandidos e fisiológicos do Centrão. Mais de 20 anos no poder.

 

O Brasil mudou nestes 20 e tantos anos? Se mudou, foi pouco. Vários indicadores concretos só confirmam q continuamos um país injusto com elevada concentração de renda.

 

O fato é que o Brasil, e o mundo, pioraram em muitos aspectos neste século XXI. A violência explodiu nas grandes cidades, a vontade ir embora, uma realidade. São mais de 700 mil brasileiros tendo emigrado para os EUA, Miami e Boston em particular, para a Europa, Portugal como foco.

 

Além disso, são 16 milhões de brasileiros vivendo pessimamente em favelas, aos q os "politicamente corretos" cismam em chamar de "comunidade". Não, é favela mesmo, sem a mínima condição, sem saneamento, sem ventilação nos casebres, sem serviços públicos, em zonas de risco...é FAVELA sim e, mais do que isso, é invasão, ato este que o Brizola liberou no passado. A isso chamamos da “cultura da procrastinação”. Vivi isso em Portugal, com as portas escancaradas para a imigração, e muito poucas ações corretivas, endurecimentos, controles de aeroportos e fronteiras. Diante disso, houve uma invasão, paquistaneses, angolanos, brasileiros, venezuelanos, indianos, tibetanos, cabo verdianos, etc, etc. E muitos sem a mínima perspectiva, se empoleirando em pequenos apartamentos estourando...10 num quarto, inclusive, com fogareiro....vários incendios ocorreram a partir daí.

 

É neste contexto que abriram espaço para o crescimento da direita mais radical, ou conservadora, com o partido do André Ventura, o "Chega". O mesmo aconteceu para esta direita evangélica e messiânica aqui no Brasil.

 

Retornando às pobres cidades brasileiras, vamos nos espantando com o péssimo nível das governanças, dos governos municipais e estaduais. Zero de planejamento urbano, de visão de cidade, etc.

 

Aaahh isso é culpa da ditadura e do vácuo de 20 anos. Mentira. A ditadura acabou em 1985, 40 anos atrás! Desde então tivemos uma péssima Constituição, cheia de penduricalhos e exageros, q não trouxe grandes melhorias, só excessos e mais soluções mal engedradas. É o caos na Educação Pública, na segurança.

 

Somos o país dos puxadinhos, das gambiarras. E as coisas só pioram. Sempre me espanto.

 

Ahhh, precisamos importar tudo !! Somos pobres estruturalmente. Não, não somos! Somos uma potência em recursos. Temos energia limpa e barata, recursos naturais em abundância, terra a não acabar mais. Por que então tantos atrasos?

 

Perguntem aos 20 e tantos anos de lulo petismo, por exemplo. Precisaríamos de mais 20 anos de um governo equilibrado no poder, enxugando o Estado, privatizando empresas, saneando outras, para pensarmos num ciclo virtuoso. Infelizmente, o PT ganhou. E vai ganhar de novo se a oposição não apresentar alternativas e se unir.

 

Agora, é tentar juntar e resgatar os cacos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Guerra comercial pesada

 

Livros

  " O livro de Marshall B. Reinsdorf e Louise Sheiner oferecem, em The Measure of Economies: Measuring Productivity in an Age of Technological Change, uma análise pertinente e necessária ao panorama económico contemporâneo. Este trabalho, publicado em 2024, desafia os métodos tradicionais de medição do PIB, argumentando que as práticas do século XX são inadequadas para avaliar a produtividade no contexto do século XXI, marcado pela transformação tecnológica. Com capítulos assinados por peritos em economia, a obra não se limita a apresentar os problemas inerentes às práticas actuais, mas propõe alternativas inovadoras que abrangem áreas como a economia digital, os cuidados de saúde e o ambiente. A estrutura é equilibrada, alternando entre a crítica aos métodos estabelecidos e as propostas de solução, o que proporciona uma leitura informativa e dinâmica. Um dos pontos fortes deste livro é a sua capacidade de abordar questões complexas de forma acessível, sem sacrificar a profundidad...

Matinal 0201

  Vai rolar: Dia tem PMIs e auxílio-desemprego nos EUA e fluxo cambial aqui [02/01/25] Indicadores de atividade industrial em dezembro abrem hoje a agenda internacional, no ano que terá como foco a disposição de Trump em cumprir as ameaças protecionistas. As promessas de campanha do republicano de corte de impostos e imposição de tarifas a países vistos como desleais no comércio internacional contratam potencial inflacionário e serão observadas muito de perto não só pela China, como pelo Brasil, já com o dólar e juros futuros na lua. Além da pressão externa, que tem detonado uma fuga em massa de capital por aqui, o ambiente doméstico continuará sendo testado pela frustração com a dinâmica fiscal e pela crise das emendas parlamentares. O impasse com o Congresso ameaça inviabilizar, no pior dos mundos, a governabilidade de Lula em ano pré-eleitoral. ( Rosa Riscala ) 👉 Confira abaixo a agenda de hoje Indicadores ▪️ 05h55 – Alemanha/S&P Global: PMI industrial dezembro ▪️ 06h00 –...