Dissertando sobre o Brasil
By Dan Kawa12Dez25
Obs: Abaixo são opiniões e impressões pessoais, com base em alguns (poucos) dados e informações imperfeitas, mas que podem ajudar as explicar o momento atual.
Os últimos dias têm sido marcados por forte volatilidade nos ativos brasileiros, com um claro viés de pressão negativa. Embora o movimento tenha sido deflagrado pelo anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência, minha impressão é que a intensidade da deterioração e o aumento significativo da volatilidade também refletem o posicionamento prévio do mercado e a dinâmica sazonal típica de final de ano.
No que diz respeito ao posicionamento, olhando ex post, fica evidente que muitos fundos locais estavam estruturados para um cenário mais construtivo para o Brasil.
Quanto à sazonalidade, a combinação de encerramento de semestre e ano, após ciclos desafiadores para os ativos domésticos desde 2021, também pesa na dinâmica atual.
Esse período, somado ao fato de muitos fundos e gestores estarem com resultados positivos em 2025, faz com que qualquer surgimento de incerteza leve a uma postura mais defensiva (stops mais curtos e zeradas mais rápidas), independentemente da convicção sobre a relevância (ou sustentação) da nova informação.
Esses vetores tendem a tornar o mercado mais reativo ou defensivo na tentativa de preservar portfólios na janela de “ano fechado”, o que provavelmente contribuiu para amplificar os movimentos observados.
No quadro político local, Flávio Bolsonaro enfrenta dificuldades para aglutinar o Centrão em torno de sua candidatura, em parte devido ao seu elevado índice de rejeição. A aprovação do PL da Dosimetria representou um avanço relevante no diálogo entre os grupos bolsonaristas e a centro-direita, mas ainda insuficiente para consolidar um caminho comum. O cenário permanece fluido e sujeito a revisões, apesar das incertezas que continuam a marcar o processo político.
No mercado de juros, chama atenção o fato de que a postura mais cautelosa do Banco Central no início do ciclo de cortes contribuiu para um movimento de flattening da curva, algo que tende a ser positivo para o país no longo prazo.
Essa comunicação mais prudente reforça a credibilidade da autoridade monetária, que vinha sendo questionada em alguns momentos, e agora volta a se consolidar.
Com a credibilidade restabelecida ou ainda mais fortalecida, abre-se a possibilidade de cortes mais intensos à frente, desde que as condições macroeconômicas sigam compatíveis com esse avanço.
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