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 NEWS - 02.01


Agora é com ele: Galípolo assume o BC com desafios amplificados / Novo presidente do Banco Central (BC) agrada em ‘test drive’, mas terá que lidar com orçamento apertado e avanço da agenda de inovação financeira, em meio a disparada no câmbio e questionamentos sobre independência do governo- O Globo 2/1


Thaís Barcellos


Ajudar a reverter o pessimismo com a economia, administrar a política de juros, domar o dólar e a inflação — que segundo as estimativas atuais do mercado deverá estourar a meta também este ano —, além de se provar independente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, são os maiores desafios de Gabriel Galípolo à frente do Banco Central (BC). Mas não são os únicos. Com o orçamento do BC cada vez mais apertado, o novo presidente do órgão tem a missão de dar continuidade à grande marca de seu antecessor, Roberto Campos Neto: a agenda de inovação financeira.


Também estão pendentes o regramento para as criptomoedas e um aperto na fiscalização de instituições de pagamento. São esperados ainda avanços na agenda verde, com a proximidade da COP30, a conferência anual do clima da ONU, em Belém. Tudo isso com um corpo funcional insatisfeito com o enxugamento nos últimos anos.


A seu favor, o novo presidente do BC tem o bom trânsito no governo e no Congresso e o conhecimento que acumulou sobre o funcionamento do órgão em um ano e meio como diretor de Política Monetária.


Além disso, com a transição suave tocada por Campos Neto, Galípolo teve a oportunidade de se antecipar nas mensagens de política monetária e no relacionamento com os servidores. Por fim, escalou técnicos respeitados para os cargos vagos na diretoria: Nilton David, Izabela Correa e Gilneu Vivan.


Já em 20 de dezembro, após Campos Neto fazer uma “live” de despedida, Lula convidou Galípolo para uma reunião e publicou um vídeo no qual afirmou que “jamais” vai interferir no BC.


'Choque de juros'


O primeiro passo da demonstração de autonomia foi visto como bem-sucedido. Sob desconfiança constante do mercado financeiro devido à sua proximidade com Lula, Galípolo surpreendeu ao apoiar integralmente um “choque de juros” na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).


O colegiado elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual em dezembro e prometeu mais duas altas da mesma magnitude para este mês e março.


O recado ficou ainda mais forte após Campos Neto revelar que a reunião foi um tipo de “test drive” do novo presidente à frente do Copom. A estratégia na transição foi dar gradativamente mais peso à avaliação de Galípolo, principalmente sobre a alta de juros.


Desconfiança menor


O economista-chefe a G5 Partners, Luis Otávio de Souza Leal, avalia como positivo o fato de Galípolo ter ficado com a responsabilidade de responder a perguntas sobre a política monetária, chancelando o aumento dos juros, mesmo antes de sua posse.


— Teve dois impactos positivos: diminui ainda mais a desconfiança sobre as primeiras reuniões do novo BC e controla a precificação do mercado que já apontava para uma alta de 165 pontos-base. Eu acho que a transição foi bem feita.


Souza Leal também avalia como acertada a atuação do novo presidente do BC no câmbio, ainda como diretor de Política Monetária, nos períodos mais tensos de dezembro. Após dias de “sangria” no câmbio, o BC entrou com tudo no mercado e fez a maior intervenção no dólar à vista desde 1999, quando foi instituído o câmbio flutuante.


— Houve muita crítica lá atrás de que Galípolo não tinha atuado quando o dólar estava forte e que ele não teria pulso firme. Daqui para frente, vão ter menos vontade de testar, até porque o novo diretor de Política Monetária é trader — disse Souza Leal sobre Nilton David.


Para o economista, os leilões do BC e do Tesouro são apenas paliativos diante da pressão fiscal. Leal avalia que o maior desafio do novo presidente do BC deve se dar no fim deste ano, por causa da proximidade das eleições presidenciais de 2026.


— Aí a pressão do governo vai ficar mais forte em cima do Galípolo.


Pessimismo


O novo presidente do BC assume com o aumento do pessismo da população com a economia. Pesquisa divulgada ontem pelo Datafolha mostra que 61% dos brasileiros consideram que a economia do país está no caminho errado. Para apenas 32% dos entrevistados pelo Datafolha o rumo está correto, e 6% não souberam responder.


Sobre a percepção da situação econômica nos últimos meses, 45% dos entrevistados disseram que ela piorou, 31% consideram que permaneceu como estava, e 22% acreditam que houve melhora.


Além disso, a pesquisa revelou que 67% dos participantes acreditam que a inflação aumentará em 2025. Outros 21% acham que permanecerá como está, e apenas 9% esperam uma redução.


A maioria dos entrevistados (41%) acredita que o desemprego vai aumentar, enquanto 33% acham que a taxa ficará estável. Para 24% o desemprego vai cair.


Inovação


O novo chefe do Banco Central também será testado na agenda de inovação financeira, principal marco de Campos Neto, que colocou o Pix de pé. A advogada Renata Cardoso, sócia da área de Serviços Financeiros do escritório Lefosse, afirma que existe grande expectativa sobre a atuação de Galípolo nessa área, mas a sinalização é de continuidade.


Há importantes novas funções pendentes, como o Pix automático e a ampliação do pagamento por aproximação, hoje disponível em apenas alguns bancos.


Outro ponto importante é buscar saídas para o Drex, a moeda digital do BC. Nos primeiros testes realizados pela autarquia, não foram encontradas soluções adequadas para garantir a segurança do sistema.


Criptomoedas e instituições de pagamentos


Na regulação, são esperadas com bastante expectativa as regras para as corretoras de criptomoedas, a maior parte em consulta pública. Além disso, estão em construção normas mais duras para as instituições de pagamento, que cresceram muito na última década, ganharam mercado, mas ainda têm controles mais frouxos do que os bancões.


Para essa missão, Galípolo vai contar com uma prata da casa. Gilneu Vivan, o novo diretor de Regulação, está no BC há 30 anos e é bastante elogiado por seus pares.


—Há certamente uma grande expectativa para ver se o novo diretor continuará a propor normas que abrem espaço para inovação, transparência e competitividade. Na minha visão, isso será mantido, sim, até porque Vivan é servidor de carreira do BC e era o chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro, o que dá a entender que haverá uma continuidade de gestão — diz a advogada.


Servidores


O indicado de Lula também se antecipou à posse oficial no contato com os servidores. Antes de assumir, Galípolo teve uma reunião com todos os funcionários e conseguiu “desarmar” o corpo técnico, insatisfeito há anos com redução de orçamento e quadros.


— Ele tentou trazer tranquilidade e ao mesmo tempo realidade. É um caminho que é difícil, mas ele está comprometido em resolver — disse Fabiana Amaral, vice-presidente da Associação Nacional de Analistas do BC (ANBCB).


A entidade defende o avanço da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que trata da autonomia financeira do órgão e espera que o novo presidente do BC possa fazer o “arremate” que garanta a aprovação do projeto.


A PEC está em discussão na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, onde passou por uma série de mudanças.


— É uma das prioridades do mandato dele também. Ele está bem ciente. Uma vantagem é que era diretor da casa. Não senta verde na cadeira, sem saber o que está acontecendo, já chega em condição melhor de fazer planejamento do mandato sabendo de todas essas questões. Estamos com um otimismo cauteloso — disse Fabiana Amaral.


Inflação acima da meta e choque de juros: o quadro desafiador que aguarda Galípolo no Banco Central / Economista que substitui Roberto Campos Neto no início de janeiro enfrentará um dos cenários mais difíceis para a política monetária desde o início do regime de metas, em 1999- Estadão 2/1


Por Alvaro Gribel


BRASÍLIA - O economista Gabriel Galípolo assumiu a presidência do Banco Central nesta quarta-feira, 1º de janeiro, tendo pela frente um dos quadros mais desafiadores para a política monetária desde o estabelecimento do regime de metas de inflação no Brasil, em 1999.


Se por um lado a transição no BC transcorreu com poucos sobressaltos, por outro, a inflação está acima do teto da meta, as expectativas do mercado financeiro estão “desancoradas” e as incertezas sobre a sustentabilidade da dívida pública vem promovendo uma forte alta do dólar que ainda não foi totalmente repassada para os índices de preços.


Mesmo que o BC tenha subido os juros nas três últimas reuniões e indicado duas novas altas no início de 2025 - o que levará a Selic de 10,5% ao ano em setembro de 2024 para 14,25% em março de 2025 -, os indicadores financeiros do País continuam se deteriorando. A explicação passa pelo temor do que os economistas chamam de “dominância fiscal”, quando a política monetária começa a perder eficácia, sem que a alta dos juros consiga domar a inflação.


Segundo o economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, o desafio de Galípolo é claro, porém se transformou em uma missão “quase impossível”, sem a ajuda da política fiscal (controle de gastos do governo). Isso porque o uso do único instrumento eficaz para o BC combater a inflação - a alta dos juros - terá um forte impacto sobre a dívida bruta do governo, o que irá agravar a percepção de risco sobre as contas públicas.


“Os desafios são claros, mas complexos. O desafio é cumprir o mandato do Banco Central de alinhar a inflação com a meta. Mas, neste contexto de elevado prêmio de risco e um governo que teima em não ajustar o fiscal, fica quase missão impossível para o Banco Central”, afirmou Ramos.


A diferença do momento atual para outros períodos é a dívida extremamente elevada. Para efeito de comparação, a ex-presidente Dilma Rousseff tomou posse em janeiro de 2011 com a dívida bruta em 52,2% do PIB. Deixou o cargo com o mesmo indicador em 66,6%, um aumento de 14 pontos em cinco anos e meio. Lula assumiu com a dívida em 71,3% e elevou o número para 77,7% - um aumento de seis pontos em menos de dois anos de mandato.


Se o déficit primário, sem incluir gastos com juros, do setor público foi de R$ R$ 192,8 bilhões em 12 meses até novembro, o déficit nominal, que inclui as despesas com juros, foi de R$1,1 trilhão. Ou seja, combater a inflação apenas com política de juros - sem que o governo federal reduza despesas - tem tido um forte efeito colateral sobre as contas públicas.


“O BC precisa de ajuda do fiscal, mas parece que o fiscal não só não ajuda como puxa na direção contrária. É sem dúvida um dos cenários mais complexos para a política monetária desde o início do regime de metas”, afirmou o economista.


A equipe econômica apresentou no final de novembro um pacote de medidas de contenção de gastos, que foi aprovado pelo Congresso e sancionado por Lula. As propostas, no entanto, foram vistas como insuficientes pelo mercado para controlar a trajetória da dívida pública.


Ramos aponta que a preocupação com o crescimento acelerado do endividamento se reflete nas projeções de inflação de longo prazo. Se a dívida de um governo sobe muito rapidamente, a sua moeda tende a desvalorizar também rapidamente, provocando inflação. Com isso, a solução para o Banco Central é subir os juros, o que torna mais cara a rolagem da dívida, provocando um círculo vicioso.


“O fato de as expectativas (de inflação) para 2027 terem começado a desancorar (subir) é muito preocupante. 2027 não tem nada ver com a necessidade de subir juro por uma economia sobreaquecida que está gerando pressões sobre a inflação. A desancoragem de 2027 reflete a perda de credibilidade do regime de metas de inflação e o Banco Central não pode validar isso. Estamos claramente vendo sintomas de dominância fiscal”, afirmou.


Blindagem


Depois de dois anos de fortes ataques contra Roberto Campos Neto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem evitando críticas diretas a Galípolo, mesmo com o aumento recente dos juros. Em meados de dezembro, Lula publicou um vídeo ao lado do economista e disse que ele será o chefe do BC com “mais autonomia” que a instituição já teve.


Para o professor da PUC-Rio, Luiz Roberto Cunha, o economista começará no cargo com duas blindagens: uma pelo próprio Lula, que fez elogios a Galípolo; outra pelo Banco Central, que deu o “guidance” (indicação futura) de mais duas altas de 1 ponto porcentual da Selic nas próximas reuniões.


“Acho que a decisão de (o Banco Central) blindá-lo, com a projeção de mais duas altas de 100 pontos (um ponto porcentual) nas próximas reuniões, e a fala do Lula ao lado dele são fundamentais para iniciar o ano com menos ruídos. Agora, é contar com alguma sorte na área externa e com um pouco de ajuda do Congresso quando novas propostas forem analisadas no primeiro semestre”, afirmou.


Cunha entende a sinalização de Lula como um entendimento de que custará caro ao governo federal interferir no Banco Central, mesmo com todas as críticas que vêm sendo feitas pelo Partido dos Trabalhadores com a condução da política de juros.


Cenário externo


Em relatório a clientes, o economista Luis Otávio Leal, da G5 Partners, apontou que o cenário externo é um desafio a mais para o Banco Central brasileiro em 2025. A eleição de Donald Trump provocou um movimento de forte valorização do dólar em todo o mundo, o que também contribuiu para o enfraquecimento do real.


Leal afirma que o índice DXY, que mede a força do dólar em relação a uma cesta de moeda, disparou 8% desde que Trump começou a despontar na frente das pesquisas eleitorais. Isso acontece porque duas promessas de campanha de Trump têm efeitos inflacionários nos EUA - restrição à imigração e aumento de barreiras comerciais -, o que levará o Federal Reserve (Fed, banco central americano) a cortar menos os juros do que o esperado.


“Com a inflação mais alta, o Federal Reserve teria que manter os juros em patamar superior ao esperado, e juros mais altos significam moeda mais forte; o detalhe é que, quando essa moeda forte é o dólar, o mundo inteiro padece”, afirmou Leal.


Leal explica que Trump promete elevar as tarifas em 10% para todos os países e em 35% para os produtos chineses. Isso pode levar o mundo a uma guerra comercial, com impacto inflacionário e reflexos também no Brasil.


Sem risco ‘Tombini’


Após um período de desconfiança inicial, o mercado financeiro retirou do cenário o que seria o “risco Tombini” para a política monetária - ou seja, um Banco Central leniente com a inflação. As falas duras de Galípolo, as indicações feitas para as demais diretorias do Banco e o “guidance” de duas altas da Selic passaram a confiança necessária.


Leal explica que a política fiscal é que tem levantado temores. Ele lembra que a alta dos juros vai provocar uma desaceleração da economia próxima ao ano eleitoral de 2026, e que isso pode levar o governo a dar mais estímulos fiscais para manter aquecido o nível de atividade.


“Com os juros nas alturas, a perspectiva de desaceleração da economia próxima da eleição de 2026 e uma falta de entendimento de boa parte do governo sobre o que seria e para que serve um ajuste fiscal, fica difícil acreditar que teremos notícias positivas nesse campo”, afirma.


Ramos entende, contudo, que a solução para o problema é clara e depende apenas de vontade política. “Não é um processo irreversível. É um problema que tem solução. Sabemos perfeitamente como chegamos neste ponto: irresponsabilidade fiscal. Então, a solução é inverter a marcha e andar para trás. Só falta vontade política para o fazer”, diz.


Economistas esperam que economia brasileira desacelere em 2025, mas longe da estagnação / Juros elevados devem contribuir para crescimento mais próximo de 2% do que dos 3,5% esperados para 2024; BC não descarta surpresa positiva- Folha SP 2/1


O aumento da taxa básica de juros e a piora das condições financeiras são fatores que devem contribuir para um crescimento menor da economia brasileira em 2025. As expectativas, no entanto, estão longe de um cenário recessivo ou mesmo de estagnação.


O consumo deve continuar a crescer, impulsionado por fatores como mercado de trabalho aquecido, gastos governamentais ainda relevantes e safra agrícola contribuindo para as exportações. O impacto do aperto monetário sobre os investimentos, no entanto, é incerto.


A maioria dos economistas avalia que o PIB (Produto Interno Bruto) deve ter uma expansão de pelo menos 2%, depois de crescer por três anos seguidos no patamar de 3% a 3,5% —resultados que superaram as expectativas tanto do setor privado como do governo.


Em janeiro de 2024, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda dizia estar "otimista", cravando uma projeção de 2,2% para o resultado do ano. As previsões do Banco Central e dos analistas de mercado, na época, estavam pouco acima de 1,5%.


Na proposta de Orçamento de 2025, o governo trabalha com um crescimento real de 2,64% para o ano, acima dos 2% dos economistas consultados na pesquisa Focus e dos 2,1% esperados pelo Banco Central.


Para a autoridade monetária, os maiores riscos para esse cenário são um crescimento global menor que o de 2024 e um impacto da piora nas condições financeiras internas mais intenso que o esperado atualmente. O BC não descarta a possibilidade de novas surpresas positivas, pois avalia que parte do forte resultado nos últimos anos pode estar relacionada a reformas que elevaram o crescimento potencial do país.


Felipe Salles, economista-chefe do C6, afirma que uma expansão na casa de 2% significa trazer a economia para um ritmo mais próximo do seu potencial e que, em 2025, será sustentada em grande parte por estímulos do governo e pelo bom desempenho das exportações de commodities.


O principal motivo para a desaceleração será a alta de juros —o banco projeta uma taxa Selic de 15% ao ano— e seus efeitos sobre os investimentos (formação bruta de capital fixo), que não deve crescer, afirma o economista. Para ele, o mercado de trabalho continuará aquecido, mas com os bons indicadores atuais "andando de lado".


"Apesar da desaceleração da economia, a gente não vê aumento do desemprego ou deterioração no mercado de trabalho. Para isso acontecer, o PIB tem que ter um desempenho muito aquém desse 2%", afirma o economista-chefe do C6. "O mercado de trabalho vai continuar aquecido, mas não vai continuar aquecendo."


Andrea Damico, economista chefe da Armor Capital, projeta um crescimento de 1,8% no ano e não destaca a possibilidade de aumento do desemprego a partir do segundo semestre. Ela avalia que uma taxa básica chegando a 14,5% ao ano e medidas adicionais para conter o impulso fiscal vão contribuir para desacelerar a atividade, colocar a inflação abaixo do teto da meta (4,5%) e trazer o dólar para próximo de R$ 5,90.


"O governo, na nossa visão, vai em algum momento entregar alguma coisa a mais no fiscal. O próprio ministro Haddad já sugeriu isso. Se não houver mais nada, a gente tem que discutir um cenário um pouco pior, de um câmbio mais depreciado, ao redor desses R$ 6,10, R$ 6,20, uma inflação também mais alta e um juros mais alto", afirma.


Para ela, o consumo deve sentir menos essa política econômica contracionista. Já o investimento é um forte candidato a reagir de maneira mais intensa, impactado também por um câmbio que encarece a compra de bens de capital importados e pela queda na confiança do empresariado. "O setor empresarial também está preocupado. Essa piora da confiança não é só do mercado."


As projeções mais recentes do boletim Focus mostram um IPCA próximo de 5%, um câmbio de R$ 6,00 e uma taxa básica de juros de 15% ao ano no final de 2025.


 


Por dólar alto, varejo deve subir preços em janeiro e gera “alerta” de inflação / Insumos importados mais caros e favorecimento às exportações levou indústria a pressionar setor por reajustes- CnnBrasil 2/1


Danilo Moliterno


O mês de janeiro deve vir acompanhado de alta de preços no varejo. A indústria de bens de consumo, fornecedora de produtos, reforçou a pressão sobre o setor nos últimos meses por reajustes, enquanto a valorização do dólar elevou seus gastos com insumos importados e favoreceu suas exportações.


A CNN mostrou em dezembro que representantes do varejo não avaliavam ser possível suportar esta pressão. Assim, há um “alerta” de inflação mais alta em breve, com o reajuste dos preços de fornecedores repassados, seja integralmente ou parcialmente, para o consumidor final.


O varejo já admitia reajustar preços no final de 2024 enquanto o dólar escalava. Não houve alta, na avaliação de representantes do setor, porque estoques e ofertas de fim de ano — especialmente de olho nas compras de natal — já estavam preparados.


Há relatos de pedidos de renegociação por uma série de fornecedores que compram insumos do exterior: empresas de alimentos, higiene e limpeza, eletrodomésticos, entre outros.


A maior pressão no momento vem do setor de higiene e limpeza, que depende de componentes químicos derivados do petróleo, geralmente importados e cotados em dólar.


Além de elevar o custo para a importação de insumos, o câmbio depreciado torna o mercado externo mais atrativo para uma série de setores, como a agroindústria.


A pressão também é considerável por renegociações em setores exportadores, como o de soja, milho e de carne bovina.


Os setores da indústria pedem reajustes de, em média, 8% e 10%, disse uma fonte à CNN.


O dólar encerrou 2024 cotado a R$ 6,18, acumulando alta de 27% no ano — sendo que metade desta escalada aconteceu no último trimestre.


 


Governo Lula prioriza projetos econômicos e sociais em 2025 mirando eleições de 2026; veja apostas / Aprovação de pautas prioritárias para base governista no Congresso é vista como fundamental para as pretensões da sigla em 2026; o Planalto, contudo, conta com uma base fragmentada e frágil, o que torna medidas como a reforma ministerial indispensáveis para sucesso do Executivo- Estadão 2/1


Por Hugo Henud


O governo Lula inicia 2025 com a missão de aprovar projetos prioritários nas áreas econômica, social e de segurança pública, com o objetivo de fortalecer a avaliação da gestão petista e pavimentar o caminho para as eleições presidenciais de 2026. O Planalto, contudo, enfrentará um Congresso fragmentado, no qual a obtenção de apoio para matérias de interesse do Executivo será ainda mais desafiadora, especialmente em um ano pré-eleitoral, intensificando a necessidade de articulação política e de medidas como a reforma ministerial — considerada indispensável para ampliar a base aliada e assegurar respaldo às pautas governistas.


Em 2023 e 2024, com muito custo, o governo conseguiu avanços importantes no Congresso, incluindo a aprovação do novo marco fiscal, que estabelece regras para o controle de gastos públicos, e a reforma tributária, voltada para simplificar o sistema de impostos. O professor de ciência política do Insper, Leandro Consentino, ressalta que esses avanços foram conquistados por meio de intensas negociações e concessões, incluindo a liberação de emendas parlamentares às vésperas de votações cruciais para o governo. Como mostrou o Estadão, o governo desembolsou, por exemplo, R$ 7,1 bilhões em emendas em apenas dois dias para tentar destravar o pacote de corte de gastos no Congresso Nacional.


Consentino avalia que essas vitórias, embora significativas, revelam uma governabilidade frágil, exigindo do Planalto articulação política até os momentos finais de cada votação.


“Esse processo de negociação pauta a pauta, sem o suporte de uma base sólida e confiável no Legislativo, revelou a fragilidade da articulação política do governo, que em diversas ocasiões precisou ceder a pressões de aliados para garantir os votos necessários”, explica. Como exemplo, o professor cita o pacote fiscal, aprovado pelo Congresso, mas que enfrentou forte resistência e acabou sendo desidratado pela oposição.


No próximo ano, o professor de ciência política analisa que o governo enfrentará um cenário ainda mais desafiador, marcado por um Congresso fragmentado e uma polarização crescente às vésperas das eleições presidenciais de 2026. O professor destaca que, com parlamentares focados em suas bases eleitorais, a aprovação de projetos prioritários será mais difícil, sobretudo diante de interesses conflitantes e da resistência de uma oposição fortalecida.


“Por isso, a reforma ministerial é considerada inevitável, com o objetivo de abrir espaço para partidos do Centrão ou aliados, garantindo que o governo consiga, ao menos, aprovar suas pautas — algo crucial para 2026″, pontua, lembrando que os favoritos para assumir as duas Casas, Hugo Motta (Republicanos-PB), na Câmara, e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), no Senado, não figuram entre os aliados de primeira hora do governo, o que adiciona uma camada extra de complexidade às articulações políticas.


Projetos econômicos e sociais devem prevalecer


Para o professor de ciência política do IDP, Vinicius Alves, entre as prioridades do governo para o próximo ano estarão temas nas áreas social, de segurança pública e econômica, como a reforma do Imposto de Renda (IR), que prevê a ampliação da isenção para quem ganha até R$ 5 mil — um projeto que ficou para 2025. Alves explica que esses projetos têm o potencial de melhorar a qualidade de vida dos brasileiros, ao gerar impacto positivo nos indicadores econômicos e sociais, criando condições favoráveis para a reeleição de Lula.


“Entendo que, entre as prioridades do governo para o próximo ano estarão temas relacionados à economia e políticas sociais, com o objetivo de melhorar os indicadores econômicos e reduzir a pobreza”, explica, destacando que o grande desafio será equilibrar condições fiscais menos onerosas para as faixas de renda mais baixa, a oferta de políticas sociais ampliadas e o controle das contas públicas.


O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), atual vice-líder do governo no Congresso e futuro líder da base governista na Câmara em 2025, também aposta na aprovação de projetos econômicos como estratégia para melhorar a avaliação do governo.


“O presidente falou que é hora de consolidar o governo. A economia é muito importante. Acho que vai continuar sendo a principal questão do governo aqui. A questão do governo aqui é dar tranquilidade, consolidar os números, os resultados do governo. Terá uma turma nova que vai estar na ‘frequência’. Vejo, com bons olhos, também esse novo momento no Parlamento”, disse.


Na mesma linha, o vice-líder do governo na Câmara, deputado Rogério Correia (PT-MG), destaca a importância das matérias econômicas e sociais, afirmando que 2025 será um “ano de entrega” para o governo, considerado essencial para as pretensões da sigla em 2026. O parlamentar menciona o projeto de lei que propõe a alteração das regras para a aposentadoria de militares, com o objetivo de equilibrar as contas públicas, além da proposta de redução da renúncia fiscal, que busca diminuir os benefícios tributários concedidos a determinados setores da economia, aumentando a arrecadação e possibilitando a destinação de mais recursos para áreas prioritárias, como saúde, educação e programas sociais.


“Agora, precisamos de alguns programas para acertar a economia, que promovam a divisão de renda — uma marca que o PT busca estabelecer e que o governo do presidente Lula tem como compromisso”, resume.


O também vice-líder do governo na Câmara, Rubens Pereira Júnior (PT-MA), concorda com os temas prioritários, mas ressalta que pautas de costume não terão tanto espaço na Casa, especialmente em ano pré-eleitoral. “Menos assuntos polêmicos, com a proximidade da eleição”, afirma.


No Senado, a expectativa é semelhante à da Câmara. A senadora Teresa Leitão (PT-PE) destaca que a base governista na Casa dará prioridade tanto aos projetos econômicos quanto aos sociais, incluindo o Plano Nacional de Educação (PNE), que estabelece diretrizes para o desenvolvimento da educação no Brasil.


Além das pautas sociais e econômicas, Vinicius Alves pontua que os temas de segurança pública, em especial a possibilidade de avanços nos esforços de coordenação liderados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública no enfrentamento ao crime organizado, podem se tornar arenas de disputa entre governo e oposição no próximo ano, com potencial de impactar diretamente a aprovação do governo.


“Considero que o termômetro decisivo será o patamar de aprovação ou rejeição do presidente Lula, que está diretamente ligado ao desempenho e à avaliação de sua gestão. A percepção e avaliação sobre o governo passa pela aprovação desses projetos em 2025. Por isso, garantir a aprovação é crucial, mesmo em um cenário de dificuldades no Congresso”, conclui.


ESTADÃO: LULA QUER REPACTUAR ALIANÇA COM CENTRO-DIREITA- 2/1


Brasília, 01/01/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou a segunda metade do seu mandato, neste ano novo, no modo reeleição. Embora nem a cúpula do PT saiba se Lula vai mesmo disputar mais uma vez o Palácio do Planalto, em 2026, toda a organização do governo, a partir de agora, tem como meta esse cenário político.


Há um diagnóstico no Planalto de que os principais ministérios da área social, como Saúde e Educação, precisam acelerar o passo para construir vitrines. O slogan do terceiro mandato do PT é União e Reconstrução, mas o País continua dividido, e o julgamento da trama golpista neste ano promete acirrar ainda mais os ânimos dos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.


INCERTEZA. Lula aguarda a escolha dos novos presidentes da Câmara e do Senado, em fevereiro, para fazer a reforma ministerial. Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP), respectivamente, já são considerados eleitos, mas há incertezas sobre como será a relação com o Congresso.


Nos dias que antecederam a virada do ano foram muitas as cabeçadas entre o governo e o Congresso por causa do bloqueio de emendas parlamentares ao Orçamento determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino. Mas não foi só: ao sancionar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025, Lula também restringiu a liberação de emendas, mesmo as impositivas, para cumprir os limites de gastos do arcabouço fiscal. Além disso, barrou um novo cálculo para o aumento do Fundo Partidário.


Nos bastidores, interlocutores do presidente já esperam a retaliação em votações assim que terminarem as férias parlamentares, sem contar uma cobrança maior de fatura, em troca da renovação do apoio. Com um detalhe importante: nem o Orçamento de 2025 foi votado ainda. É sob esse sistema de “toma lá, dá cá” cada vez mais forte que Lula tentará fazer uma repactuação com partidos aliados de centro e de direita que hoje não estão comprometidos com o projeto da reeleição, embora comandem ministérios com orçamentos robustos. Nesta lista figuram o MDB, o PSD e o PP.


Um dos interlocutores de Lula disse, sob reserva, que a amarração feita pelo presidente com os partidos, em 2023, era para a sustentação do governo. Agora, porém, essa solda precisa levar em conta as disputas de 2026. O PT fará tudo para ampliar a bancada no Senado, hoje com nove representantes, e deter o avanço do bolsonarismo.


Secretário de Governo de Tarcísio de Freitas, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, classificou como remota a possibilidade de seu partido estar com Lula e muito menos com outro candidato petista, em 2026. O PSD comanda três ministérios - Minas e Energia, Agricultura e Pesca - e pode ganhar mais espaço na reforma da equipe de Lula.


Dividido, o MDB tem uma ala que quer continuar na aliança com o PT em 2026, desde que o candidato a vice na chapa seja emedebista, e não mais Geraldo Alckmin (PSB). Hoje, o nome mais citado pelo MDB, que também controla três ministérios - Transportes, Cidades e Planejamento - é o do governador do Pará, Helder Barbalho. Um outro grupo do partido, no entanto, quer candidatura própria.


OPÇÕES. O PP tem o Ministério do Esporte e a Caixa e pode aumentar sua cota no governo, embora, até agora, nada indique que ficará com Lula ou quem ele escolher como sucessor. Partidos como Republicanos e União Brasil também estão oficialmente no barco de Lula e discutem chapas próprias para 2026. Apesar das negativas, Tarcísio tem chance de ser candidato pelo Republicanos, com aval de Bolsonaro. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), tenta, por sua vez, se consolidar para disputar a cadeira de Lula.


É nessa balbúrdia política que surge o fator decisivo: a economia. A ascensão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como possível sucessor de Lula está atrelada ao sucesso nessa seara. A alta de juros sinalizada pelo Banco Central, no entanto, já indica o encolhimento econômico. O dólar acima de R$ 6 e os juros serviram como biombo para esconder conquistas do governo, como o indicador da extrema pobreza abaixo de 5%, pela primeira vez na história, e a queda do desemprego. O crescimento de 2024, em torno de 3,5%, não deve se repetir em 2025, já batizado por analistas como “o ano da desaceleração”.


De qualquer forma, Lula está convencido de que precisa atrair a classe média e a faixa de eleitores que recebe acima de dois salários mínimos, os “remediados”, além dos evangélicos. Como fazer isso é outra história que nem o governo sabe. (Vera Rosa)


 


Christopher Garman: Novo governo Trump pode impactar popularidade de Lula / Diretor-executivo para as Américas da Eurasia Group avalia impacto da política dos EUA no Brasil- CnnBrasil 1/1


Da CNN


O terceiro ano deste terceiro mandato do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se apresenta como um período desafiador, tanto por fatores internos quanto externos, segundo análise do cientista político Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas da Eurasia Group. Em sua avaliação, Garman destaca os principais obstáculos que o presidente brasileiro enfrentará em 2025.


No cenário doméstico, o diretor da Eurasia aponta uma grave crise de confiança nas contas públicas como o maior desafio. “A desvalorização do real em 27% ao longo de 2024 tem contribuído para pressionar o Banco Central a aumentar a taxa de juros”, explica Garman, ressaltando que o governo Lula não demonstra disposição política para uma nova rodada de reformas fiscais, considerando a proximidade das eleições presidenciais de 2026.


Impacto econômico e aprovação popular


Garman prevê que os efeitos desse desequilíbrio econômico devem se intensificar no segundo semestre de 2025. “Com taxas de juros mais elevadas e câmbio desvalorizado, a inflação doméstica tende a aumentar”, alerta.


Esse cenário, segundo o cientista político, pode resultar em uma queda nos índices de aprovação popular do presidente Lula, tornando mais difícil a governabilidade.


Cenário internacional e a influência de Trump


No campo externo, Garman destaca a possibilidade de o novo governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, como fator de preocupação. “Os mercados têm reagido positivamente à perspectiva de um governo com menos regulação e mais amigável ao setor privado”, observa. No entanto, ele alerta para os riscos de medidas protecionistas agressivas e deportações em massa, prometidas pelo republicano.


“Se o governo Trump cumprir essas promessas, podemos ter mais inflação e taxas de juros mais elevadas nos Estados Unidos”, adverte Garman.


Para Garman, esse cenário seria particularmente prejudicial para mercados emergentes como o Brasil, pois fortaleceria o dólar e enfraqueceria moedas como o real. “Isso pode dificultar ainda mais as perspectivas de corte de juros aqui no Brasil”, conclui.


Acerto com Vale gerou receita de R$ 4 bilhões ao Tesouro em 2024 / Recursos fazem parte da revisão dos termos da renovação de contrato das ferrovias Vitória-Minas e Carajás- Valor 1/1


Rafael Bitencourt


O acerto entre a Vale e o Ministério dos Transportes na última segunda-feira (30) gerou a receita de R$ 4 bilhões ao Tesouro Nacional ainda no exercício de 2024, informou uma fonte oficial a par das negociações. Os recursos fazem parte da revisão dos termos da renovação de contrato das ferrovias Vitória-Minas (EFVM) e Carajás (EFC), fechados na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.


Em comunicado ao mercado, a mineradora informou que o acerto com o governo limita a transferência de recursos ao montante de R$ 11 bilhões. Isso porque outra parte da negociação, de R$ 7 bilhões, ainda precisa avançar. O governo também conta com esse segundo montante para ajudar a compor o resultado primário nos anos subsequentes.


Mesmo com o repasse aos cofres da União, o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), comemorou a entrada dos recursos no caixa do governo como previsão de investimento na infraestrutura ferroviária do país. A ideia é usar o mecanismo criado pelo novo marco legal das ferrovias (Lei 14.274/21), que vincula esse tipo de recurso a futuros investimentos no setor conforme houver “espaço” fiscal.


A lei estabelece que “valores não tributários, multas, outorgas e indenizações que a União auferir junto a operadoras ferroviárias devem ser reinvestidos em infraestrutura logística ou de mobilidade de titularidade pública”. A estratégia, desenhada pela Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário, também teria seguido ritos da Lei de Responsabilidade Fiscal e a Portaria 37, de 2024, da Secretaria de Orçamento Federal, do Ministério da Fazenda.


Ao fechar a negociação com a Vale, Renan Filho comemorou a possibilidade de injeção do total de R$ 17 bilhões no setor. Os R$ 6 bilhões restantes não passarão pelo orçamento da União, mas o investimento será feito de forma direta pela Vale. Em divulgação oficial, o ministério chegou a indicar a destinação dos recursos para o trecho de ferrovia EF-118, no Espírito Santo, entre as cidades de Cariacica e Anchieta.


Megaleilão injetará um Portugal em energia no Brasil / Ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) assinou portaria para contratação de energia para horários de pico; certame está previsto para junho- Painel S. A- Folha SP 2/1


O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, assinou a portaria que libera o aguardado leilão de reserva de capacidade. A medida deve ser publicada no Diário Oficial da União desta quinta (2). O leilão está previsto para junho deste ano e só devem participar hidrelétricas e usinas movidas a gás e biocombustíveis.


Durante um seminário em Belém (PA) no fim de novembro de 2024, Silveira sinalizou que a portaria sairia até o fim do ano passado, mas houve atrasos na definição das diretrizes.


Uma das principais discussões envolveu o veto à contratação de geradoras a diesel e carvão. Nenhuma empresa do ramo poderá participar da disputa.


Em contrapartida, pela primeira vez, haverá espaço cativo para a energia proveniente de biocombustíveis.


O leilão se destina à ampliação de energia garantida ao Sistema Interligado Nacional nos momentos de pico, a chamada rampa de consumo.


Apesar do crescimento acelerado de fontes limpas, como eólica e solar, elas não dão conta de atender à demanda imediata, o que pode ser feito pelas hidrelétricas e termelétricas.


"Será uma grande oportunidade de adicionar potência ao sistema com recursos de menor valor para o consumidor", disse Marisete Pereira, ex-secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia que hoje preside a Abrage (Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica).


Segundo ela, o leilão permitirá que as usinas existentes possam acrescentar 7,5 GW (Gigawatts) com inserção de novas turbinas e outros 11 GW com modernização de equipamentos.


"Será um bom reforço para dar conta das projeções de aumento da rampa de consumo que, até 2028, deve passar de 38 GW do horário entre 16h e 20h, para 58 GW."


"Hoje, há excesso de energia, mas as fontes solar e eólica não conseguem garantir a confiabilidade do sistema nos horários de maior consumo."


O consumo de um país a mais


Segundo dados do ONS (Operador Nacional do Sistema), operadores de mercado estimam que o governo terá de contratar energia equivalente ao consumo de Portugal só para atender à rampa.


A ideia do governo é destinar mais energia para esse grupo e para térmicas a gás.


No caso das térmicas, nada muda. Nas hidrelétricas, o governo quer ampliar a capacidade de geração das usinas já existentes.


Ou seja: quem vencer o leilão, terá, por exemplo, de instalar mais turbinas nas barragens. A ideia é que ampliem a produção. Não haverá contratação de novas usinas.


Hoje, diversas delas têm como ampliar a capacidade já instalada. É o caso de Bento Munhoz da Rocha Neto, da Copel, e de Porto Primavera, da Cesp.


O maior estímulo será para os parques movidos a biocombustíveis, como etanol ou biodiesel. Eles terão uma cota de energia reservada e não competirão com as demais fontes.


As usinas novas desse grupo terão contratos de 15 anos e as existentes, de sete anos, desde que ofereçam tarifa mais baixa do que as novas.


As entregas de energia começarão a partir de setembro de 2025 e, de 2026 até 2030, em julho.


Com Diego Felix


Passagem de ônibus vai aumentar para R$ 4,70 no Rio, a partir do próximo domingo, 5 de janeiro / Último reajuste ocorreu em janeiro de 2023, quando passou para R$ 4,30- O Globo 1/1


Por João Vitor Costa — Rio de Janeiro


Logo após tomar posse na Câmara dos Vereadores, o prefeito Eduardo Paes detalhou, em coletiva de imprensa, que a tarifa de ônibus terá um aumento de R$ 0,40 neste início de ano. O Diário Oficial desta quinta feira trará, segundo ele, decreto que institui o novo preço da passagem, que passará a R$ 4,70. Novo valor passa a vigorar no dia 5 de janeiro, próximo domingo.


Ao lado do presidente da Câmara, vereador Carlo Caiado, e de seu vice, Eduardo Cavaliere, Paes reforçou ser importante cultivar a “cultura do reajuste anual”.


— Estamos aplicando o IPCA do período em que não houve ajuste. Quero sempre lembrar: o município passou a subsidiar a passagem. É o orçamento municipal que é gasto se a gente não faz esse reajuste e é importante se ter essa cultura do reajuste anual, sim, para que a gente não venha a ter orçamento do município desequilibrado — explicou Paes sobre o aumento da passagem.


Segundo o prefeito, que não detalhou quando a nova tarifa passa a ser cobrada nas catracas, a despesa com esse subsídio foi de R$ 1,3 bilhão neste ano.


O último reajuste dos ônibus foi concedido no começo de 2023. Na ocasião, a tarifa passou de R$ 4,05 para R$ 4,30. No ano passado não teve aumento de tarifa.

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