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Abertura: IPCA-15 e reunião de Lula sobre alimentos ficam no foco; dólar se enfraquece
São Paulo, 24/01/2025
Por Luciana Xavier e Silvana Rocha*
OVERVIEW. O IPCA-15 é destaque local nesta sexta-feira, juntamente com a reunião do presidente Lula com ministros para debater os preços dos alimentos. No exterior, após uma série de índice de gerentes de compras (PMI) na Europa, é esperado o PMI composto dos Estados Unidos, além do índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan, com expectativas de inflação. O investidor também fica em compasso de espera pelas decisões sobre juros do Federal Reserve (Fed) e Comitê de Política Monetária (Copom), na próxima quarta-feira.
NO EXTERIOR. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segue mexendo com os mercados. O yuan negociado em Xangai se valoriza fortemente após ele dizer que preferiria não punir produtos chineses com tarifas. "Eu preferiria não ter que usar as tarifas, mas é um poder enorme sobre a China", disse à Fox News. O dólar se mostra mais fraco em geral no exterior. Já as bolsas operam mistas, com europeias em alta após dados da região e futuros de Nova York no vermelho. O euro ampliou ganhos ante o dólar após o PMIs da zona do euro e da Alemanha terem vindo acima do esperado. A libra passou a subir mais após o PMI composto do Reino Unido também superar as expectativas. O dólar cai ante o iene após o Banco do Japão (BoJ) elevar sua principal taxa de juros de 0,25% para 0,50% ao ano, como estimado. A Capital Economics considera que o BoJ deixou a porta aberta para apertos adicionais. Os mercados também estão à espera de manutenção dos juros pelo Fed na próxima quarta-feira.
POR AQUI. A reunião do governo para discutir os preços dos alimentos pode mexer com o humor do mercado, em meio a ruídos recentes de comunicação. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, descartou ontem a criação de uma rede de abastecimento popular como forma de diminuir o preço dos alimentos. "O governo não vai criar rede popular de alimentos, nem congelar preços, nem criar subsídios", disse. O dólar mais fraco ante maioria das moedas pode beneficiar o real. A deflação de 0,01% esperada para o IPCA-15 de janeiro, após alta de 0,34%, poderia trazer alívio à curva, uma vez que a inflação em 12 meses também pode desacelerar. Por outro lado, o mercado prevê aceleração da média dos núcleos, o que pode limitar o movimento. O dado não deve alterar a perspectiva para o Copom na próxima semana. Uma ampla maioria no mercado aposta em mais uma alta de 100 pontos-base da Selic, para 13,25%, em linha com o forward guidance do Banco Central.
NA POLÍTICA. O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Galassi, criticou “mentiras” difundidas nos últimos dias contra a proposta do setor para flexibilizar a validade de alimentos no País. O governo federal trabalha com o cenário no qual o bloqueio de recursos do programa Pé-de-Meia pelo Tribunal de Contas da União (TCU) será derrubado a tempo de o pagamento de fevereiro ser efetuado. A posse de Donald Trump abriu uma nova temporada de tretas entre o vereador Carlos Bolsonaro (PL-Rio) e o influenciador digital Pablo Marçal (PRTB-SP), evidenciando ainda mais o racha da direita bolsonarista de olho nos planos presidenciais para 2026.
AGENDA.
IPCA-15 E REUNIÃO DE LULA SOBRE ALIMENTOS EM FOCO - A agenda desta sexta-feira traz a divulgação do IPCA-15 de janeiro (9h). Antes, tem o dado de conta corrente de dezembro e 2024 (8h30). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz reunião com ministros para debater os preços dos alimentos (9h30). Nos EUA, sai o índice de gerentes de compras (PMI) composto preliminar de janeiro (11h45); vendas de moradias usadas (12h); índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan (12h), além dos balanços da American Express e Verizon.
O QUE SABEMOS.
PETROBRAS - A Petrobras deu início à fase vinculante para venda total de sua participação minoritária de 25% nos direitos de exploração, desenvolvimento e produção de óleo e gás natural no Campo de Tartaruga. O campo fica no município de Pirambu-SE, em águas rasas da Bacia de Sergipe-Alagoas, e é operado pela SPE Tiêta (Petrorecôncavo). De acordo com comunicado da estatal, os potenciais compradores habilitados para essa fase receberão carta-convite com instruções detalhadas sobre o processo, com orientações para a realização de due diligence e envio das propostas vinculantes.
EM TESE A operação deve ser bem recebida porque faz parte da estratégia de desinvestimento da estatal para focar em ativos mais rentáveis. Mas o impacto positivo nas ações e ADRs da estatal pode ser moderado, já que se trata de um ativo de menor relevância no portfólio da empresa. Os ADRs subiam 0,65% por volta das 6h30, refletindo ainda o ensaio de alta dos preços do petróleo, após quedas acumuladas nas últimas seis sessões.
AZUL - A partir de 10 de março, a Azul suspenderá operações em 12 cidades do País, a maioria no Nordeste. Estão no plano, Campos e Cabo Frio (RJ); Correia Pinto (SC); Crateús, São Benedito, Sobral e Iguatú (CE); Mossoró (RN); São Raimundo Nonato e Parnaíba (PI); Rio Verde (GO); e Barreirinha (MA). Segundo a empresa, a suspensão decorre de uma série de fatores, como aumento nos custos operacionais da aviação, impactados pela crise global na cadeia de suprimentos e a alta do dólar, somadas às questões de disponibilidade de frota e de ajustes de oferta e demanda.
EM TESE: A suspensão de operações da Azul em 12 cidades pode pressionar as ações no curto prazo, refletindo desafios operacionais e financeiros. Porém, a readequação da malha aérea pode melhorar a eficiência da companhia no médio prazo e amenizar o impacto nos preços de seus papéis, mas consumidores enfrentarão menos opções de voos e possíveis aumentos de preços. A medida beneficia concorrentes, como Gol e Latam, e pode afetar a economia local das cidades envolvidas, prejudicando o turismo e os negócios.
OVERNIGHT.
PREÇO DOS ALIMENTOS - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a regulamentação da portabilidade do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) pode ter um efeito positivo no curto prazo no preço dos alimentos. Embora a lei que permite a portabilidade dos cartões de Vale-Alimentação e Vale-Refeição já tenha sido aprovada, ainda falta regulamentação, responsabilidade do Banco Central. Haddad mencionou possíveis reduções entre 1,5% e 3%, mas não especificou se esses porcentuais se referem aos preços dos alimentos ou às taxas cobradas pelas empresas do setor.
IBGE - A presidência do IBGE informou que a servidora Maria do Carmo Dias Bueno assumirá o cargo de diretora de Geociências, em substituição à servidora Ivone Lopes Batista, enquanto o servidor Gustavo de Carvalho Cayres da Silva assumirá a diretoria-adjunta, em substituição à servidora Patricia do Amorim Vida Costa. Nos últimos meses, o sindicato dos servidores do instituto tem realizado diferentes mobilizações de trabalhadores, incluindo paralisações temporárias, contra o que chamam de "autoritarismo" da gestão Pochmann.
NUBANK - O Nubank, que anunciou que já tem 10 milhões de clientes no México, acaba de ultrapassar o Itaú em número de clientes no Brasil. Com isso, se tornou o terceiro maior banco do país em número de correntistas, com 100,8 milhões. O Itaú tem 98,5 milhões, de acordo com dados do Banco Central desta quinta-feira. O banco com mais clientes no Brasil é a Caixa Econômica Federal, com 154,2 milhões. Em seguida aparece o Bradesco, com 109 milhões. O Itaú é o quarto e o Banco do Brasil ocupa a quinta posição, com 78 milhões.
USIMINAS - A Usiminas informou que, no âmbito da oferta de recompra em dinheiro (Tender Offer) de senior notes com vencimento em 2026 e taxa de 5,875% emitida pela Usiminas International S.à r.l, foram recebidas propostas válidas com relação a US$ 224.068.000,00 no valor principal agregado das Notes. Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa destaca que a condição financeira (Financing Condition, definida na Offer to Purchase) foi totalmente satisfeita. A ofertante espera aceitar e fazer com que a emissora efetue o pagamento de todas as Notes que validamente aceitaram a Tender Offer em 28 de janeiro.
AMBIPAR - A Fitch deu rating "BB-" à proposta de emissão de títulos verdes da Ambipar, que deve somar US$ 500 milhões. Segundo fontes, a expectativa é que a operação vá a mercado no começo da próxima semana. Os recursos captados serão destinados à gestão de passivos.
GOL - A Gol informou que não firmou nenhum acordo de investimento com terceiros, como companhias aéreas, sobre um aporte de capital. A empresa confirmou a intenção de levantar até US$ 1,85 bilhão por meio de uma linha de crédito relacionada ao Chapter 11, para quitar o financiamento Debtor-in-Possession e garantir liquidez para sua estratégia futura. O comunicado foi uma resposta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que questionou rumores sobre negociações com grandes companhias aéreas internacionais para aportes financeiros.
BOEING - A Boeing reconhecerá os diversos impactos financeiros quando divulgar os resultados do seu quarto trimestre, em 28 de janeiro, informou a companhia nesta quinta-feira. Entre as dificuldades enfrentadas pela empresa que serão reconhecidas no balanço estão os impactos da paralisação e acordo trabalhista com o sindicato, encargos de determinados programas de Defesa, Espaço e Segurança e custos associados às reduções da força de trabalho anunciadas no ano passado. A empresa espera registrar no quarto trimestre uma receita de US$ 15,2 bilhões e prejuízo por ação de US$ 5,46. O caixa e os investimentos em títulos negociáveis totalizaram US$ 26,3 bilhões no final do trimestre.
PANAMÁ - O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, fará sua primeira viagem oficial ao exterior na próxima semana para a América Central, incluindo uma parada no Panamá - país que tem gerado irritação junto ao presidente Donald Trump, que citou a possibilidade de tentar recuperar o Canal do Panamá. Rubio, ex-senador da Flórida e filho de imigrantes cubanos, também visitará El Salvador, Guatemala, Costa Rica e República Dominicana, disse a porta-voz do departamento, Tammy Bruce.
PMI DO JAPÃO - O índice de gerentes de compras (PMI) composto do Japão subiu de 50,5 em dezembro para 51,1 em janeiro, segundo pesquisa preliminar da S&P Global em parceria com o Jibun Bank. O PMI industrial cedeu de 49,4 para 48,0, ainda em território de contração, enquanto o PMI de serviços teve alta de 50,9 para 52,7. A expansão da atividade permaneceu liderada pelo setor de serviços, com taxa de crescimento atingindo recorde de quatro meses, mas a produção industrial caiu para o menor valor desde abril passado.
E NOS MERCADOS.
TREASURIES - Os rendimentos dos Treasuries operam em baixa, depois do comportamento misto da sessão anterior, enquanto investidores aguardam indicadores dos EUA, incluindo PMIs preliminares e o índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan, e seguem atentos a eventuais falas do presidente americano, Donald Trump. Às 7h15, o juro da T-note de 2 anos caía a 4,268% (ante 4,289% no fim da tarde de ontem), o da T-note de 10 anos recuava a 4,634% (de 4,644%) e o do T-bond de 30 anos diminuía a 4,866% (de 4,872%).
FUTUROS DE NY - Os índices futuros das bolsas de Nova York recuam, depois de Wall Street acumular ganhos nos últimos pregões. Investidores aguardam dados dos EUA, incluindo PMIs preliminares e o índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan, além de balanços trimestrais da American Express e da Verizon. Às 7h15, no mercado futuro, o Dow Jones caía 0,10%, o S&P 500 recuava 0,13% e o Nasdaq tinha perda de 0,18%.
BOLSAS EUROPEIAS - As bolsas europeias operam na maioria em alta nesta sexta-feira, ampliando ganhos de ontem, em meio a um alívio nos temores de que o presidente dos EUA, Donald Trump, possa elevar tarifas agressivamente. Investidores reagem também aos PMIs preliminares alemães de janeiro acima do esperado. Na Zona do Euro, o PMI industrial veio acima do esperado, mas o de serviços decepcionou. Às 7h15, a Bolsa de Paris avançava 0,87% e a de Frankfurt ganhava 0,32%, mas a de Londres caía 0,31%.
MOEDAS - O dólar opera em baixa ante outras moedas de países desenvolvidos, estendendo perdas de ontem, após o presidente dos EUA, Donald Trump, dizer, em entrevista à Fox News, que preferiria não impor tarifas a produtos chineses. O yuan negociado em Xangai se valoriza fortemente com alívio em temores de que os EUA venham a impor tarifas a importações da China. O iene avança após elevação a elevação de juros pelo Banco do Japão. O euro e a libra ganham força após os dados de PMIs da Alemanha e Reino Unido acima das previsões. Às 7h16, o euro subia a US$ 1,0496 (de US$ 1,0421), a libra avançava a US$ 1,2432 (de US$ 1,2358) e o dólar recuava a 155,75 ienes (de 155,92 ienes). Já o índice DXY do dólar - que acompanha as flutuações da moeda americana em relação a outras seis divisas relevantes - tinha baixa de 0,55%, a 107,457 pontos.
PETRÓLEO - Os contratos futuros do petróleo buscam recuperação e sobem levemente, após acumular perdas nas últimas seis sessões. Ontem, o presidente dos EUA, Donald Trump, detalhou planos de impulsionar a produção doméstica e disse que irá pedir à Arábia Saudita e à Opep que reduzam os preços da commodity. Às 7h17, o barril do petróleo WTI para março subia 0,35% na Nymex, a US$ 74,88, enquanto o do Brent para abril ganhava 0,27% na ICE, a US$ 77,77.
BOLSAS DA ÁSIA - As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em alta nesta sexta-feira em meio a um alívio em relação à postura tarifária do recém-empossado presidente dos EUA, Donald Trump, mas a de Tóquio caiu após o Banco do Japão elevar seu juro básico. Na China continental, o Xangai Composto subiu 0,70% e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 1,21%, a 1.936,34 pontos, à medida que o sentimento melhorou após Trump dizer que preferiria não impor tarifas a produtos chineses. No Japão, o Nikkei fechou em baixa de 0,07%, após o BoJ aumentar sua principal taxa de juros em 25 pontos-base, para 0,50%. Em Hong Kong, o Hang Seng subiu 1,86%, após dois dias consecutivos de perdas. O índice Kospi avançou 0,85% em Seul, antes de um feriado na Coreia do Sul que deixará a bolsa local fechada até dia 30. Em Taiwan, o mercado não opera desde ontem por causa de feriados, e só retomará os negócios no dia 3 de fevereiro. Na Oceania, o S&P/ASX 200 subiu 0,36% em Sydney.
Colaborou Sergio Caldas
Contatos: luciana.xavier@estadao.com e silvana.rocha@estadao.com
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