BDM Matinal Riscala 2910

 Terça-feira, 29 de outubro de 2024.


EXPECTATIVA POR CORTES DE GASTOS MOBILIZA MERCADOS 

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*


… O relatório Jolts com a abertura de vagas em setembro nos EUA é o primeiro indicador de emprego desta semana, que termina com o payroll na 6ªF, o último antes da reunião do Fomc de novembro. O dado será conhecido às 11h. Wall Street também se movimenta com a série de balanços das big techs, que estreia hoje com Alphabet, após o fechamento. Aqui, tem Santander antes da abertura. O investidor repercute também o relatório de produção e vendas da Petrobras, divulgado ontem à noite. Ainda no começo do dia, Campos Neto participa de evento da Lide, em Londres (6h). Entre os indicadores, saem as contas externas (8h30), com déficit menor em setembro. A expectativa pelas medidas de revisão de gastos segue mobilizando a atenção do mercado.


… Com as eleições municipais finalizadas, investidores aguardam o anúncio do governo, que pode ser fundamental para reduzir a pressão sobre o real e a curva de juros, comentou Lucas Queiroz, estrategista de renda fixa do Itaú BBA.


… A falta de um plano concreto para controle de gastos mantém a cautela nos mercados, com o dólar em R$ 5,70 (abaixo).


… “O dólar está oscilando ao redor de R$ 5,70, o que mostra que o mercado está rígido e não quer ficar vendido. Pelo contrário, qualquer tendência negativa faz o dólar ir para cima”, disse o economista-chefe da Equador Investimentos, Eduardo Velho.


… Segundo ele, o mercado espera, a qualquer momento, uma medida de contingenciamento de gastos que o governo ainda não aprovou, e o possível impacto para o dólar cair dependeria do tamanho desse corte.


… Pelo cenário externo, a pressão vem das pesquisas indicando as chances de Trump vencer a eleição americana, com o mercado especulando sobre o risco protecionista, que geraria maior inflação e alta do dólar, em detrimento de moedas emergentes.


… “O sinal [do governo Lula] é positivo, mas se aguarda agora a sua materialização, o que será fundamental para o desempenho dos ativos locais nas próximas semanas, daqui até o fim do ano”, disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.


… O diretor da consultoria Eurasia Group, Silvio Cascione, disse em entrevista ao Broadcast que o tamanho do esforço fiscal que o Brasil precisa fazer, do ponto de vista de controle de gastos, parece ser maior do que a disposição política do governo.


… Nesta 2ªF, o ministro Haddad esteve com o presidente Lula no Alvorada, enquanto a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que o momento é de “coragem” para cortar gastos em políticas públicas que são ineficientes.


… Ainda o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que o Brasil tem um “problema fiscal” e por isso precisará fazer um ajuste nas contas públicas. Segundo ele, a meta de recuperar o grau de investimento está “muito próxima” de ser atingida.


… Em reunião com investidores organizada pelo Deutsche Bank, em Londres, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a questão fiscal tem recebido cada vez mais atenção nos encontros internacionais dos quais participa.


… “Se quisermos ser capazes de diminuir os juros e de viver com juros menores, provavelmente precisaremos estar dispostos a sinalizar para o mercado medidas que serão interpretadas como um choque positivo”, repetiu ele.


… RCN, no entanto, voltou a dizer que, na sua opinião, os prêmios parecem incompatíveis com os fundamentos fiscais.


PETROBRAS – Na primeira reação ao relatório trimestral, o ADR fechou estável no after hours (+0,07%).


… Segundo o Broadcast, apesar de a produção no 3Tri ter caído de forma expressiva na base anualizada (-8,2%), para 2,129 milhões de barris por dia (bpd), a tendência é de alta no último trimestre, com menos paradas programadas.


… Além disso, a antecipação da entrada de novas plataformas na frota da companhia pode melhorar a performance.


… Apesar da pressão do governo para que a Petrobras aumente a produção de gás natural, o volume produzido (525 mil boe/d) permaneceu estável contra um ano antes e registrou leve alta, de 3,3%, em relação ao 2Tri deste ano.


… O volume de vendas de derivados no mercado interno caiu 2,7%, para 1,771 milhões de barris por dia (Mbpd).


MAIS AGENDA – O mercado prevê déficit de US$ 5 bilhões das transações correntes em setembro (8h30), após rombo de US$ 6,589 bilhões em agosto. As estimativas, todas negativas, variam de US$ 6,080 bilhões a US$ 3,70 bi.


… Para o Investimento Direto no País (IDP), a mediana em pesquisa Broadcast indica entrada líquida de US$ 5,80 bilhões, contra saldo positivo de US$ 6,104 bilhões em agosto. As expectativas vão de US$ 3,20 bilhões a US$ 6,70 bi.


… À tarde (15h), são esperados os dados semanais da balança comercial.


NOS EUA – Além do relatório Jolts, saem os estoques no atacado em setembro (9h30) e o índice de confiança do consumidor medido pelo Conference Board em outubro (11h), que deve melhorar para 99,3, contra 98,7.


À ESPERA DO NÚMERO MÁGICO – Travado pela falta de novidade sobre a agenda de corte de gastos prometida pelo governo, o mercado não relaxou a guarda: manteve o dólar engessado em R$ 5,70 e o DI preso a oscilações contidas.


… O risco fiscal é precificado nas expectativas e economistas ouvidos pelo Broadcast dizem que, sem um sinal de controle das despesas públicas, a tendência é que o impacto do ciclo de alta da Selic se esgote com facilidade.


… Segundo os profissionais, mesmo com juro maior, o Brasil corre o risco de continuar vendo as projeções de inflação desancoradas e falhando em convergir à meta, se o governo não der limite ao expansionismo das contas.


… No relatório Focus, a projeção suavizada do IPCA 12 meses à frente subiu de novo, de 4,01% para 4,04%. A mediana para 2024, que já estava no teto da meta (4,50%), rompeu este patamar, avançando para 4,55%.


… Para o ano que vem, a estimativa para a inflação foi ajustada marginalmente, de 3,99% para 4,00%. As projeções para a taxa Selic, no entanto, não foram alteradas. As medianas seguiram em 11,75% para 2024 e 11,25% para 2025.


… Menos pessimista do que a maior parte do mercado financeiro, o Citi ainda acredita que o cenário mais provável é de Selic terminal de 12%, em vez de 13% ou até mais, diante de “alguns sinais de fortalecimento da âncora fiscal”.


… Outro argumento do banco para apostar em um ciclo de aperto monetário mais curto, de 1,50pp, é a expectativa de que haja espaço para o real se apreciar, diante do aumento no diferencial de juro entre o Brasil e EUA.


… Esta percepção de alívio do dólar não é compartilhada pela maioria dos players, que neste momento projetam pressão dupla no câmbio (Trump trade + fiscal aqui) e pioram as projeções para o câmbio no levantamento Focus.


… A mediana para o dólar no final do ano subiu de R$ 5,42 para R$ 5,45. O Wells Frago espera bem mais: R$ 5,65.


… Já para o fim de 2025, a projeção do banco subiu de R$ 5,70 para R$ 6,30. No prazo ainda mais longo, para 2026, o Wells Fargo elevou a aposta para a moeda norte-americana de R$ 5,90 para R$ 6,50, citando os EUA e a China.


… O banco avalia que a economia robusta e resiliente dos EUA e o Fed mais cauteloso em seus cortes de juros, além da performance mais fraca da China, formam um cenário difícil para as moedas emergentes nos próximos dois anos.


… Ontem, o dólar fechou estável (+0,06%), a R$ 5,7088, em clima de esperar para ver o pacote de Haddad.


… Os juros futuros também preferiram não se arriscar na exposição aos riscos, mesmo porque as taxas dos Treasuries firmaram alta à tarde e o mercado não pôde ignorar a piora nas expectativas de inflação no Focus.


… Assim, o viés baixista da bandeira amarela da Aneel e da derrocada do petróleo foi neutralizado em boa parte.


… No fechamento, o DI para Janeiro de 2026 marcava 12,690% (de 12,695% no fechamento de 6ªF); Jan/27 pagava 12,820% (12,835%); Jan/29, 12,840% (12,835%); Jan/31, 12,800% (12,780%); e Jan/33, 12,720% (12,700%).


NÃO CHOROU O ÓLEO DERRAMADO – Foi uma surpresa muito positiva os papéis da Petrobras terem caído tão pouco, enquanto o petróleo sangrou 6%, após Israel poupar as instalações da commodity em ataque ao Irã.


… Essa demonstração de resistência da Petrobras (ON, -0,20%, a R$ 39,32; e PN, -0,17%, a R$ 36,09) contra o tombo do Brent para janeiro (-6,12%, a US$ 71,00) serviu de estímulo extra para o Ibovespa recobrar os 131 mil pontos. 


… Em primeiro plano, o impulso da bolsa foi puxado pelo rali do minério (+2,35%), em meio à esperança de que a China anuncie novos estímulos na semana que vem, o que embalou a Vale (+1,86%) para a máxima de R$ 62,88.


… CSN Mineração ganhou 1,85% (R$ 6,06). Entre as siderúrgicas, destaque para CSN (+2,20%; R$ 12,06) e Gerdau (+1,61%, R$ 18,28).


… Também o otimismo dos bancos, na contagem regressiva para a estreia da temporada dos balanços no setor, deu gás ao Ibovespa, que subiu 1,02%, aos 131.212,58 pontos, mas com volume bem fraco, de R$ 16,3 bilhões.


… Na véspera de seu resultado, Santander subiu 1,09% (R$ 28,87). Bradesco, que divulga seus números na 5ªF, teve alta de 1,68% (ON), a R$ 13,33. O papel PN subiu 1,81% (R$ 15,20). Itaú ganhou 1,22% (R$ 35,73).


… No pano de fundo, ainda a acomodação da curva do DI do estresse recente assegurou um pregão de ganhos para quase 80% da carteira teórica do Ibovespa, com apenas 20 ações tendo fechado no campo negativo nesta 2ªF.


… Azul liderou as altas com +13,99% (R$ 6,11), após anúncio de acordo com credores.


… JBS avançou 4,19% (R$ 36,07), quarta maior alta do Ibovespa. A aprovação pela SEC (CVM dos EUA) para registro de ofertas de troca de 13 séries de bonds antigos por novos animou os investidores.


… Para a Genial, as ofertas de troca representam um “passo estratégico” para otimizar a estrutura de dívida da JBS, aumentando a liquidez dos títulos, reduzindo restrições regulatórias e melhorando a percepção de crédito.


… JBS ganhou mais de R$ 3 bilhões em valor de mercado e alcançou R$ 80,07 bi, maior cifra desde agosto.


… Já na ponta negativa, seguindo o petróleo, Prio caiu 1,68%, a R$ 40,95. Brava Energia recuou 1,35% (R$ 16,80) e Petrorecôncavo perdeu 0,65% (R$ 16,85). Com realização de lucro, Hypera afundou 8,70%, a R$ 23,92.


OTIMISMO PRÉ-TURBILHÃO – O “Trump trade” novamente deu as cartas no mercado de Treasuries, mas a alta dos juros ontem não impediu o avanço das bolsas de ações.


… Motivados pela semana pesada em balanços de big techs, de onde se esperam bons números, e à espera de indicadores importantes que preparam o cenário para a próxima decisão do Fed, investidores saíram às compras.


… O fato de o ataque de Israel não ter atingido instalações de petróleo ou nucleares no Irã amenizou o sentimento de risco e operou a favor das ações em Wall Street.


… Cinco de sete magníficas divulgam balanços esses dias – começando pela Alphabet hoje – e o mercado vai estar atento ao guidance das big techs, especialmente aos gastos futuros em IA.


… O Dow Jones teve alta de 0,65%, aos 42.387,57 pontos. O S&P 500 ganhou 0,27% (5.823,52) e o Nasdaq avançou 0,26% (18.567,19). Ford subiu 2,71% antes da divulgação de seus resultados do 3Tri, depois do fechamento.


… Em meio a apostas de vitória de Trump, o juro da note-10 anos subiu a 4,273%, maior nível desde 10 de julho, de 4,242% na 6ªF. O retorno da note-2 anos avançou a 4,131% (de 4,112%).


… Segundo o Citi, investidores estão “uniformemente” esperando uma vitória de Trump e maioria republicana na Câmara, no que seria uma “varredura vermelha”.


… Mas o banco pondera que analistas políticos projetam uma corrida acirrada, perto de um empate, e duvidam do “controle vermelho” da Câmara.


… O Citi conclui que, até mesmo na noite do dia da eleição, em 5 de novembro, será improvável saber quem será o futuro presidente dos EUA. O suspense promete dominar a cena até os 45 minutos do segundo tempo.


… Praticamente estável, o dólar (DXY, +0,05%, a 104,316 pontos) operou ontem num cabo de guerra: caiu contra o euro (-0,20%, a US$ 1,0818) e a libra (-0,13%, a US$ 1,2977), mas avançou 0,60% sobre o iene, para 153,24/US$.


… Apesar de o governo japonês ter perdido, pela primeira vez em 15 anos, a maioria parlamentar na eleição do fim de semana, o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, disse que permanecerá no cargo.


EM TEMPO… VALE comunicou ao mercado a emissão de R$ 6 bilhões em debêntures destinadas exclusivamente a investidores profissionais…


… A mineradora é assessorada na emissão por Itaú BBA, XP Investimentos, UBS Brasil, UBS BB, Bradesco BBI, BTC Pactual e Santander.


AZUL fará resgate antecipado das debêntures simples, não conversíveis, da 2ª emissão, no valor de R$ 134,4559 por título a ser resgatado.


OI. Conselho de Administração homologou aumento de capital de R$ 1,389 bilhão, mediante emissão de 264.091.364 novas ações ordinárias.


JBS negou ter fechado, até o momento, qualquer contrato ou compromisso vinculante para a aquisição da Oscar Mayer; informação surgiu após questionamento da CVM sobre notícias relatando o interesse da compra.


LIGHT informou que a High Court of Justice da Inglaterra e País de Gales sancionou o Scheme of Arrangement, aprovado em 18 de outubro, durante assembleia de credores (bondholders), no Reino Unido.


TENDA. O conselho de administração aprovou a celebração de contratos derivativos referenciados em até 3.032.100 ações de sua própria emissão, com prazo máximo de liquidação até 29 de abril de 2026…


… A operação ocorre em virtude do vencimento do contrato atual assinado com o Santander, aprovado em 4 de maio de 2023.


GRUPO MATEUS. Citi reduziu preço-alvo da ação de R$ 10,50 para R$ 10,00, mantendo recomendação de compra; redução refletiu revisão do banco sobre resultados da companhia projetados para este ano e para o próximo.

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