quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Populismo

Excelente reflexão de Sérgio Goulart de Faria sobre o comentário da Monica de Bolle na quarta-feira (dia 8) na CBN a respeito do populismo sem ideologia:
"Acho que o populismo é o uso de discursos superficiais de grande aceitação popular. É aquele discurso que praticamente toda a maioria vai se identificar. Ou seja, o populismo é a busca superficial e estética pela unanimidade.
Populismo não é "o quê", populismo é "como".
Não é o cerne, o conteúdo, o objeto, mas a forma como o objeto é apresentado.
Ele é como uma fantasia que pode ser vestida em qualquer idéia para vendê-la melhor.
No entanto ele é conhecido erroneamente pela maioria apenas como fantasia para determinado grupo de idéias, àquelas mais ligadas ao combate à desigualdade social, rotuladas como 'esquerdistas'.
Dizem até que populismo é sinônimo de esquerdismo. Uma gafe.
No tempos atuais, a fantasia populista, por inúmeros motivos, está mudando de corpo. Está saindo (ou já saiu) do corpo das idéias unânimes sobre combate à desigualdade, exploradas historicamente pelas esquerdas, e está se vestindo no corpo das idéias unânimes ligadas à aversão política, aversão à esquerda, crença na figura estética de um gestor.
Se antes o populismo era defender o fim da pobreza, hoje o populismo é defender que a política não presta, que justiça social é coisa de vagabundo, que o mercado resolve qualquer problema, que corrupção é coisa de esquerdista, que qualquer gestor é mais eficiente e honesto que qualquer político.
Se antes, para ter popularidade fácil e superficial, era só um político colocar os termos "luta de classes", "fim da desigualdade" e "justiça social" em seu discurso, hoje, para se ter popularidade fácil é só um político colocar os termos "gestor", "fora PT", "não sou político" "esquerdista" e "mercado" em seu discurso.
Nunca foi tão fácil ganhar popularidade enganando a opinião pública. Ou talvez sempre tenha sido."

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