“*Anatomia de uma crise*” (Thomas Traumann)
Após meses afastado de Lula, o ministro Fernando Haddad retomou protagonismo ao convencê-lo de um bloqueio de R$ 30 bilhões em gastos públicos, o dobro do proposto por Rui Costa. Também acertou apresentar uma previsão fiscal mais realista, admitindo déficit de R$ 30 bilhões em 2026. Para reforçar o compromisso fiscal, incluiu aumento do IOF em diversas operações.
Mas o plano fracassou. O mercado reagiu mal à inclusão surpresa de IOF sobre fundos no exterior, interpretando a medida como controle de capitais, o que geraria fuga de recursos e colapso do setor de multimercados. A comunicação foi desastrosa: ministros ignoraram o impacto do IOF, Renan Filho vazou a informação antes do anúncio oficial, e os detalhes só vieram após o fechamento do mercado. O dólar disparou e a confiança evaporou.
Haddad, que esperava reação positiva, se viu isolado. Banqueiros criticaram duramente as medidas, o BC negou envolvimento e rumores indicaram ameaça de renúncia dentro da autoridade monetária. O governo recuou às pressas, publicando novo decreto às 22h30, excluindo os fundos no exterior da taxação.
*Conclusão*: Haddad mostrou capacidade de recuo, mas revelou um Ministério da Fazenda desconectado do mercado, mal coordenado e exposto a erros básicos de comunicação e timing político. Para um ministro já fragilizado, o episódio reforça sua perda de influência dentro e fora do governo.
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