MACRO MERCADOS DIÁRIO Quinta-feira, 25/03/2021 Austeridade seletiva

Não parece difícil fazer um balanço do governo Jair Bolsonaro nestes dois anos e mais alguns     meses no poder.

Podemos visualizar ma sucessão de decisões equivocadas, algumas bem intencionadas e poucas, realmente, meritórias. Sua agenda econômica é (ou era) até acertada, mas me parece que ele próprio não está muito convencido disto. São tantos os "estresses" gerados, que esta boa agenda, mais do ministro Guedes, e também do ministro da Infra foram se perdendo pelo caminho.


Quando recém eleito, assumindo, até cheguei a torcer para que desse certo, dada a equipe no ministério, as idéias aventadas, o ingresso do juiz Sergio Moro, Paulo Guedes, Tarcísio Freitas, Marcos Pontes, etc. No entanto, vendo como o presidente eleito se movimentava fui observando que não sairíamos do lugar neste ambiente de bate-bocas e confrontos inúteis. Um presidente eleito, cheio de rancor e ressentimentos, sem a mínima capacidade de governar, sem noção da sua responsabilidade, a não ser bravatas e ameaças.


É constrangedor ele passar pelo tal "cercadinho" do Alvorada e ficar batendo boca com jornalistas, além dos "fiéis". Sim, porque são simplesmente isso, fiéis. Numa simbiose com igrejas neopentecostais de duvidosa reputação (estou sendo elegante!), pastores muito ciosos dos seus ganhos pecuniários potenciais, Bolsonaro foi construindo seu frágil arco de alianças.

 

Continua nesta situação, agora com a participação do Centrão, e estes políticos não pegam leve, jogam pesado.


Fazendo um breve retrospecto.


Este presidente "viveu" 28 anos no Congresso, preocupado apenas com um objetivo: se reeleger e defender as corporações militares.

 

Sendo, assim foi um deputado "corporativista", defendendo interesses bem específicos. Sua produção legislativa sempre foi medíocre. Digamos que ele sentava nos fundos do "baixo clero". Nada de relevante produziu nestes anos todos, nenhuma lei, nada. Apenas brigava pelos militares e pregava uma agenda conservadora de costumes.


Em 2015, quando o país ingressou no segundo ano de recessão, provocada por uma sucessão de erros de política econômica do governo Dilma, Bolsonaro, e seus seguidores, montaram uma estratégia nas redes sociais para fazer do então deputado o candidato anti-PT, “anti-sistema”.

 

Com a Operação Lava-Jato fazendo estragos nas hostes, tanto do PT, quanto do PSDB, Lula encarcerado, o atual presidente tornou-se rapidamente um "fenômeno nas redes sociais". Ele bem aproveitou este váculo. Lembremos inclusive, que antes do pedido de prisão de Lula, ele liderava nas pesquisas eleitorais, com Bolsonaro meio que embolado com Ciro Gomes, Marina e outros.


Houve o estranho atentado, a facada, e ele acabou "beneficiado", pois em torno dele, estimulado pelas pregações evangélicas, surgiu a "idéia" de que ele tinha sido o "escolhido". Ingressamos no segundo turno das eleições com a polarização de extremos, pela esquerda e a direita. Bolsonaro foi “poupado” de participar dos debates contra o PT, de Fernando Haddad. Ao fim, num sentimento anti-PT acabou eleito.


Nesta breve transição foram chamando alguns expoentes da sociedade, muitos recusaram, outros, meio de lado, constrangidos, ficaram de pensar.

 

Acabou conseguindo um super ministro para a Economia - Paulo Guedes. Com ele, vieram vários bons quadros da área econômica, como Castello Branco na Petro, Sallim Mattar nas Privatizações, Mansueto Almeida na gestão pública, etc. Sergio Moro foi convidado e, pronto, talvez, seu grande erro de cálculo, aceitou a missão de Ministro da Segurança e da Justiça.

Entre contradições e paranóias

O problema é que Bolsonaro, como chefe de Estado, de uma das maiores economias do mundo, não se comporta como tal. Não é o caso de comparar com o PT. Todos sabemos o quanto foi nocivo o PT à governabilidade do País, meio que banalizando a propinagem e os esquemas de corrupção.

 

Por outro lado, não devemos cair nesta armadilha de comparações banais. E foram caindo, como "efeito dominó", vários quadros competentes, muitas vezes, por intrigas e fofocas, geradas no tal "gabinete do ódio".


Foram saindo. Gustavo Bebbiano, meio um "braço direito" do capitão, jurista, o orientava, o protegia. Dizem que caiu por ciúme do filho Carlos Bolsonaro. A averiguar. Todas suas declarações, depois, indicavam uma grande decepção. Foi uma aposta que fez, colocou todas suas fichas. Acabou caindo por fofocas. Morreu num enfarte logo depois, na verdade, de desgosto. Tivemos o general Santos Cruz, saindo pelos mesmos problemas, intrigas do tal "gabinete do ódio". E foram saindo. Três ministros da Saúde não aguentaram. Luiz Henrique Mandetta fez acusações graves, sobre o negacionismo do presidente em reconhecer a gravidade do quadro, Nelson Teich, um médico renomado, não aguentou, só um mês; depois, o general Pazuello, que conseguiu montar um cronograma de vacinas, mas não teve a aceitação devida. Dizem que serviu apenas para legitmar a estratégia torta do tratamento precoce, sem comprovação científica. Saiu escondido, pensando como sair dos processos. Agora, chegamos aos atual ministro, meio desorientado, no olho do furacão. Num cenário de mais de 300 mil mortos, mais de 3 mil ao dia!

Em paralelo, na seara da sustentação econômica dos "baixas rendas", dos informais, Bolsoanro conseguiu instituir o "maior programa de redução de pobreza da história do País". Foi usado um bem farto, com R$ 600 por pessoa, virou o ano e veio com mais um programa, mais austero, de R$ 300 em média. Até as vacinas. Uns acham que o seu negacionismo possui cálculo político. Segundo um analista, "ele esticou a corda na negação da gravidade do vírus e os governadores foram obrigados a adotar medidas rígidas de isolamento, cujo efeito tem sido afastá-los da popularidade. Bolsonaro será no momento agudo, aos olhos da população, o "pai da vacina". Será? Não creio. Medidas impopulares, às vezes, são necessárias. Não há como fazer "omelete sem quebrar os ovos".


O problema de Jair Bolsonaro é que ele age sempre "açodado", não tem auto-controle, não "conta até dez"....


É tudo na truculência, no confronto...


E sim! Boa parte do q estamos vivendo na pandemia tem a assinatura dele sim! É culpa dele sim! Ao ignorar a pandemia, não usar máscara, defender que as pessoas continuem vivendo normalmente, provocando aglomerações, Bolsonaro vai na contramão do mundo. Só agora pensa em Comitê de Crise. Em Portugal, a tal coordenação já está acontecendo há um ano, desde o início. Resultado. Mesmo com erros pontuais, são 8 a 11 mortos por dia.


Enquanto isso, Bolsoanro mergulha nas suas contradições e paranóias.


Vamos conversando.


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