Pular para o conteúdo principal

MACRO MERCADOS DIÁRIO Sexta-feira, 26/03/2021 "Peça de ficção"

Iniciamos esta sexta-feira (dia 26) repercutindo a aprovação do Orçamento de 2021 ao fim da noite anterior, cheio de emendas (R$ 48,8 bilhões). Isso deve obrigar o ministro Guedes a buscar alternativas “draconianas”, com cortes previstos de R$ 26,5 bilhões nas despesas obrigatórias, mais concentrados na Previdência (R$ 13,5 bilhões). Como estas despesas são obrigatórias, não podem ser mexidas, remanejamentos acabarão inevitáveis nas próprias emendas dos deputados. Isso nos leva a concluir que foi aprovada mais uma “peça de ficção” no Congresso ontem, e não um Orçamento a ser executável na sua plenitude. Nenhuma novidade. Sempre foi assim.

Nesta “festa de emendas”, inevitável será o corte de muitas delas e o contingenciamento na “boca do caixa” ao longo do ano. E o pior é que ainda existem mais R$ 28,6 bilhões em emendas não pagas nos anos passados. Se nada for feito, estouraremos o “teto dos gastos” e o TCU irá para cima do governo.

Neste ambiente de ameaça de “piora fiscal”, os mercados domésticos operaram “deslocados” de NY nesta quinta-feira (25/03). No mercado novaiorquino, o ótimo astral predominava depois que o presidente Biden anunciou 200 milhões de doses adicionais, nestes 100 dias de esforço concentrado, o que deve tornar possível o cumprimento da vacinação em massa, de todos os adutos, até o dia 1º de maio.

Realmente, os EUA se destacam do resto do mundo. Usam todo o seu poder de influência e devem retomar ao crescimento o mais breve possível. Isso fortalece o dólar no mercado global, e impacta as moedas dos emergentes, como o Brasil, atrasado nas sua campanhas de vacinação.

Por aqui, a bolsa de valores, se arrastando durante o dia, esboçou alguma reação ao fim. Além do efeito vacinas americanas, contribuiu também o “freio de arrumação tardio” no tratamento da pandemia e o processo de mobilização das autoridades públicas. Além disso, há de ressaltar a postura mais realista do Tesouro e do BACEN no gerenciamento das expectativas, depois do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), bem “hawkish”. Ao fim do dia, a Bovespa fechou em alta de 1,5%, a 113.749 pontos, com o dólar elevado em 0,55%, a R$ 5,6705, acumulando no ano +9%.

No front inflacionário, nesta quinta-feira saiu o IPCA-15, em alta de 0,93% em março, depois de 0,48% em fevereiro. No ano o índice acumula 2,21%, e em 12 meses 5,52%, acima do teto da meta de inflação, 5,25%. Mais “gasolina” na fogueira inflacionária, que corre por fora, ameaçando se espalhar.

Uma notícia boa, neste mar revolto, foi o anúncio do governador de SP, João Dória, de que o Instituto Butantã criou uma vacina contra o Covir 19 e já ingressou com autorização de testes na Anvisa. A diretoria acredita iniciar todos os testes já e conseguir mais de 40 milhões de doses antes do final do ano. Nesta quinta, o instituto recebeu o primeiro de quatro lotes da vacina Oxford, mais seis milhões de doses. Mais dois lotes devem chegar neste fim de semana. No computo da pandemia, já são mais de 300 mil mortes, 2.777 no dia de ontem.

Agenda Diária

Na agenda do dia, destaque para a Nota do Setor externo, com dados do saldo em conta corrente (9h30), no terceiro déficit seguido em fevereiro, US$ 2,4 bilhões, e os Investimentos Diretos no País (IDP), US$ 4,180 bilhões a US$ 7,0 bilhões.

Nos EUA, o PCE de fevereiro (9h30) é divulgado num momento em que o presiente do Fed, Jerome Powell, insiste de que as pressões inflacionárias de curto prazo são “transitórias” e que a postura acomodatícia ainda deve durar muito tempo. Na Alemanha, sai o índice Ifo de sentimento das empresas em março (6h).

BALANÇOS – Resultados da Cemig e da PDG Realty, depois do fechamento do mercado. Teleconferências: CPFL Energia, Banco BMG, Cogna e Triunfo (11h), Ser Educacional (11h30) e Locaweb (15h).

Bons negócios e bom feriado a todos!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

BDM 181024

 China e Netflix contratam otimismo Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato* [18/10/24] … Após a frustração com os estímulos chineses para o setor imobiliário, Pequim anunciou hoje uma expansão de 4,6% do PIB/3Tri, abaixo do trimestre anterior (4,7%), mas acima da estimativa de 4,5%. Vendas no varejo e produção industrial, divulgados também nesta 6ªF, bombaram, sinalizando para uma melhora do humor. Já nos EUA, os dados confirmam o soft landing, ampliando as incertezas sobre os juros, em meio à eleição presidencial indefinida. Na temporada de balanços, Netflix brilhou no after hours, enquanto a ação de Western Alliance levou um tombo. Antes da abertura, saem Amex e Procter & Gamble. Aqui, o cenário externo mais adverso influencia os ativos domésticos, tendo como pano de fundo os riscos fiscais que não saem do radar. … “O fiscal continua sentado no banco do motorista”, ilustrou o economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel, à jornalista Denise Abarca (Broadcast) para explicar o pa...

Falsificação chinesa

 ‘Luxo fake’: por dentro do mercado trilionário de roupas e bolsas de grife falsificadas na China No topo do ranking de Países que mais movimentam o mercado de produtos falsificados, metrópoles do país asiático são um polo de venda de réplicas ilegais de gigantes como Prada, Chanel, Hermès, Dior e outras Wesley Gonsalves XANGAI - Em um inglês quase ininteligível e com um sorriso no rosto, Li Qin, de 60 anos, aborda turistas que caminham pela avenida Sichuan, região central de Xangai, na costa leste da China. Quase sussurrando ela diz: “Bags? Louis Vuitton, Chanel, Prada?”, enquanto mostra um cartão com imagens de algumas bolsas falsificadas. No centro de compras da cidade, a vendedora trabalha há 20 anos tentando convencer o público - quase sempre ocidental - que caminha pela região a visitar sua loja de réplicas de bolsas de luxo, um mercado gigantesco na China. O Estadão visitou lojas de roupas, bolsas e sapatos falsificados na maior cidade do país asiático para entender como fun...

Call Matinal ConfianceTec 3110

 CALL MATINAL CONFIANCE TEC 31/10/2024  Julio Hegedus Netto,  economista. MERCADOS EM GERAL FECHAMENTO DE QUARTA-FEIRA (30) MERCADO BRASILEIRO O Ibovespa encerrou o pregão na quarta-feira (30) em queda de 0,07%, a 130.639 pontos. Em outubro, fechou em queda de 0,89%, no ano, recuando 2,64%. Já o dólar encerrou em alta marginal de 0,04%, próximo da estabilidade, a R$ 5,7619. Em outubro, valorização foi de 5,8%, no ano, 18,82%. Vértice da curva de juros segue pressionado, em função do "mal amarrado" pacote fiscal. Mercados hoje (30): Bolsas asiáticas fecharam, na sua maioria, em queda; bolsas europeias em queda e Índices Futuros de NY na mesma toada. RESUMO DOS MERCADOS (06h40) S&P 500 Futuro, +0,23% Nasdaq, -0,58% Londres (FTSE 100),-0,70% Paris (CAC 10), -0,86% Frankfurt (DAX), -0,58% Stoxx600, -0,86% Shangai, +0,43% Japão (Nikkei 225), -0,50%  Coreia do Sul (Kospi), -1,45% Hang Seng, -0,31% Austrália (ASX), -0,25% Petróleo Brent, +0,57%, a US$ 72,57 Petróleo WTI...