Agência Estado
Bom dia!!
UM DIA DE CADA VEZ
Sexta-feira, 13 de Março de 2020
UM DIA DE CADA VEZ
Por ROSA RISCALA e MARIANA CISCATO*
... Os futuros de NY zeraram as quedas, passando a subir no meio da madrugada, o petróleo ia junto, sem que nenhuma notícia explicasse a reação, após mais um dia de circuit breakers e nervosismo. Pode não ser indicativo de nada, a não ser da alta volatilidade que sacode os mercados desde que a China exportou o coronavírus para o resto do mundo. Aqui, o estresse não só parou o Ibovespa duas vezes, mas pesou feio nos juros futuros, que bateram nos limites de oscilação, obrigando a B3 a elevar as margens para destravar os negócios.
... De ontem à noite, tem o adiamento da votação do pacote de medidas para conter o coronavírus na Câmara dos EUA, mas que pode ser aprovado hoje. No Japão, o BoJ anunciou a compra de 500 bilhões de ienes em bônus.
... Os países e os bancos centrais continuam improvisando iniciativas para lidar com os impactos da pandemia.
... Aqui, o presidente Bolsonaro deve assinar nesta 6ªF a MP que destina R$ 5 bilhões para a Saúde, enquanto o ministério da Economia começou a divulgar as primeiras ações emergenciais para socorrer o curto prazo.
... Está decidida a antecipação da primeira metade do 13º de aposentados do INSS para até o início de abril, com estimativa de que sejam injetados R$ 23 bilhões na economia. A liberação do FGTS foi descartada.
... A equipe econômica ainda deve propor a redução de juros do empréstimo consignado em folha de pagamento dos beneficiários do INSS e a ampliação do prazo e comprometimento do salário com o financiamento.
... Mas estes são sinais ainda tímidos diante das "20 semanas duras" que vêm pela frente, esse é o tempo que o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, estimou para a passagem do coronavírus pelo Brasil.
... As incertezas sobre a extensão do problema na vida social e econômica não deixam ninguém tranquilo.
... Em dias como ontem, o investidor só queria que os mercados fechassem até tudo isso passar, muita gente está machucada e sucumbiu ao pânico, que remete a dramas como a crise do Lehman Brothers e até o crash de 29.
... Alguns consideram o caos que se instalou um baita exagero, outros começam a acreditar que o coronavírus foi apenas o start de um movimento que estava previsto para acontecer mais cedo ou mais tarde.
... Nos EUA, o ciclo de 10 anos de expansão vinha resistindo por obra e graça de Trump, que foi pego no contrapé pela pandemia, que agora ameaça a força da "economia que dá inveja no mundo todo".
... Já se ouve que pode ser o fim de um ciclo, que a temida correção do S&P começou e vai dividir em dois.
... Japão e zona do euro, que já não estavam em grande forma, não passariam incólumes. E a China, que começou essa má fase, deve ser a primeira a se recuperar, não antes sem atingir, pesado, os emergentes.
... Guedes tem falado que agora é nossa vez, que o mundo está aterrissando e nós estamos decolando, mas quem consegue se animar com essa viagem, quando tudo parece estar desabando sobre as nossas cabeças?
... A resposta para enfrentar a crise, diz o ministro, está nas reformas. E esse é justamente o maior problema.
... Se o ano já era apertado para aprovar qualquer coisa, porque o segundo semestre está destinado às eleições municipais, como avançar nessa agenda com os próximos meses tomados pela guerra contra o coronavírus?
... Na Folha/hoje, Rodrigo Maia diz que, nos próximos 45 dias, o Congresso focará em propostas para enfrentar o coronavírus, enquanto Davi Alcolumbre já admite estudar um recesso parlamentar se houver infectados.
... A situação fica ainda mais preocupante com os sinais de que Executivo e Legislativo continuam em confronto.
... Nesta 5ªF, Bolsonaro desafiou o Congresso duas vezes, na live do Facebook, quando disse que o movimento de domingo era "um tremendo recado para o Parlamento", e no pronunciamento que fez em cadeia nacional.
... O presidente pediu que a manifestação fosse "repensada", devido ao coronavírus, mas apoiou a mobilização, afirmando que o povo continua "atento" e "as motivações da vontade popular continuam vivas e inabaláveis".
... É essa relação conflituosa entre os poderes que não dá segurança ao investidor, nem abastece o avião de Paulo Guedes, que continua parado na pista, com as projeções do PIB sendo reduzidas a cada dia mais um pouco.
AGENDA - Não há indicadores previstos aqui. Nos EUA, a leitura preliminar de março do índice de sentimento do consumidor dos EUA (11h), medido pela Universidade de Michigan, deve cair para 95, contra 101 em fevereiro.
... O índice de preços de importações (9h30) tem previsão de queda de 0,8% no mês passado, contra estabilidade em janeiro. À tarde (14h), a Baker Hugues divulga os poços e plataformas em atividade nos EUA.
TELECONFERÊNCIAS - Promovem conference calls hoje: Yduqs (9h), BRMalls (10h), Ânima, Qualicorp e Triunfo (11h), Taesa (11h30), Light (14h), Energisa (15h). Leia no Em tempo... os balanços divulgados ontem à noite.
PASSOU DOS LIMITES - Foram tão assustadores os gaps de tensão nos mercados domésticos ontem, que a B3 teve de se apressar a ampliar, ainda durante o pregão, os limites diários de oscilação do Ibovespa Futuro e do DI.
... Em stop loss, os juros futuros atingiram já nos minutos iniciais os topos permitidos, o dólar abriu escalando quase 6,5%, na máxima histórica de R$ 5,028, e a bolsa viveu o ineditismo de dois circuit breakers num dia só.
... Para sentir o drama, à turbulência externa, somou-se a investida do Congresso de relaxar uma das novas regras da Previdência (acesso ao BPC), detonando uma disparada do DI, que precipitou atuação histórica do Tesouro.
... Em ação coordenada com o BC, o Tesouro respondeu à pressão, anunciando leilões extraordinários de recompra e vendas simultâneas, na maior ofensiva em um único dia. A estratégica de choque foi bem-sucedida.
... Conseguiu tirar do high a curva do DI, que operava travada nas máximas do dia. Para hoje (11h), o Tesouro anunciou novo leilão de compra de NTN-B, com oferta de até 1 milhão de títulos, e venda de 300 mil NTN-B.
... Os leilões de compra de prefixados estão sendo realizados pelo Tesouro, diante da disfuncionalidade do mercado, que passou à ponta vendedora, no modo "pânico" que domina o ambiente dos negócios.
... Apesar dos esforços do Tesouro para dar saída a detentores dos papéis e de a B3 ter aumentado as margens de oscilação, ainda assim, os juros futuros voltaram a disparar em toda a curva DI, com mais força na ponta longa.
... É este o trecho que melhor reflete os riscos do coronavírus e a percepção fiscal no Brasil.
... No fechamento dos negócios, o vencimento de juro para jan/21 subia a 4,950% (de 4,215%); jan/22, 6,200% (de 5,032%); jan/23, 7,260% (de 5,923); jan/25, 8,220% (de 6,892%); e jan/27, 8,880% (de 7,602%).
... A onda de estresse esvazia cada vez mais a chance de o Copom cortar o juro na semana que vem. O JPMorgan, que ainda esperava uma ação agressiva na Selic (50 pontos), passou a apostar em juro estável este mês.
... Para o banco, "o BC não tem mais espaço para agir antecipadamente e deve adiar o afrouxamento monetário, até que tenha uma melhor visibilidade sobre a direção da política fiscal e da estabilização da taxa de câmbio".
... Também o Mizuho acredita que o BC desistirá de reduzir o juro e espera agora que o PIB cresça só 1% este ano, contra 1,5% antes. A SPX Capital já derrubou sua estimativa para um patamar inferior a 1%: aposta em só 0,9%.
... Em uma redução radical de sua perspectiva, a MCM Consultores acredita que o Brasil só vai crescer 1,4%, de 2,3% anteriormente. O JPMorgan diz que a economia "flerta com uma recessão" e o Fibra cogita retração no 2TRI.
A SAGA CREPÚSCULO - Na devastação que não acaba nos mercados globais, o BC teve de gastar US$ 1,780 bilhão em quatro leilões de venda no mercado spot para conter a escalada do dólar, que já abriu dando susto.
... Obrigando a ser rápido no gatilho, o BC elevou a oferta do primeiro leilão à vista do dia de US$ 1,5 bilhão para US$ 2,5 bilhões. Desse lote, vendeu US$ 1,278 bilhão. No segundo leilão, voltou a ofertar US$ 1,250 bilhão.
... Mas colocou só US$ 332 milhões. No terceiro leilão, ainda antes do almoço, não aceitou nenhuma proposta à oferta de mais US$ 1 bilhão. À tarde, sem anunciar o montante oferecido, vendeu mais US$ 170 milhões.
... A bala na agulha exibida pelo BC lançou o dólar para baixo de R$ 4,80 no fechamento, quando era cotado a R$ 4,7891 (+1,41%). Ainda assim, o patamar é recorde. No mês, a moeda americana sobe 6,5% e, no ano, 19%.
... Para hoje (10h15), o BC chamou dois leilões de linha de até US$ 2 bilhões em recursos novos.
... Na bolsa, a fúria vendedora quase acionou um terceiro circuit breaker, só evitado pelo US$ 1,5 trilhão do Fed e pela decisão da B3 de ampliar o limite de baixa do Índice Futuro para 15%, que congelou o Ibovespa.
... Naquele momento, o índice à vista raspava nos 20% de queda (caía 19,59%, a 68.488,29 pontos), que suspenderiam automaticamente o pregão pelo resto do dia. A bolsa só voltaria a operar hoje. Foi por um triz.
... No Broadcast, a manobra foi apelidada de "intervenção branca" e conseguiu evitar o pior.
... A primeira pausa na bolsa aconteceu logo no início do pregão, quando furou os 10% de queda (-11,65%). O pregão parou por meia hora. Às 11h, o segundo circuit breaker (uma hora) veio com queda de 15,43%.
... Só esta semana, o mecanismo foi acionado quatro vezes, fenômeno nunca visto antes. Com as barreiras de pessimismo sendo testadas, o Ibovespa fechou ontem em baixa de 14,78% (72.582,53 pontos).
... Estabeleceu, assim, de novo, a pior perda diária em termos porcentuais desde a crise russa.
ALVOS FÁCEIS - Gol (PN, -36,29%), Azul (PN, -32,89%) e CVC (ON, -29,11%) dominaram o ranking negativo do Ibovespa. No massacre do dia, as ações da Azul entraram 21 vezes em leilão ontem e Gol, oito.
... Entre as maiores baixas da série histórica, Petrobras PN derreteu 20,50%, a R$ 12,60, e ON, -21,08%, a R$ 12,92, depois de terem emplacado mais cedo queda livre de quase 30% no intraday, por mais um pregão.
... Lá fora, o petróleo pegou bem mais leve: Brent (maio), -7,18%, a US$ 33,22, e WTI (abril), -4,49%, a US$ 31,50.
... Ainda entre as blue chips das commodities, Vale (ON, -13,23%, a R$ 35,35) e as siderúrgicas voltaram a operar vulneráveis, com quedas firmes para CSN ON (-17,96%), Gerdau PN (-16,47%) e Usiminas PNA (-13,85%).
... Depois da interrupção geral da bolsa à tarde, Itaú foi o primeiro dos papéis de maior peso no índice a sair de leilão, com queda menor que a registrada antes da pausa. Ao final do pregão, caía 9,82%, a R$ 23,60.
... Bradesco PN perdeu 13,41%, a R$ 21,64, BB ON, -13,29%, a R$ 31,25, e as units do Santander caíram 13,47%. No novo normal da bolsa, nenhuma ação do Ibovespa fechou o dia em território positivo.
... Eletrobras (PNB, -19,33%, e ON, -18,24%) sentiu o comentário do secretário especial de Desestatização, Salim Mattar, de que o programa do governo de vender participações em estatais é atingido pelos efeitos da epidemia.
... IRB ON desvalorizou 27,95%, após o BTG cortar drasticamente o preço-alvo da companhia, de R$ 40 para R$ 15.
VIVEMOS NUM MUNDO DOENTE - A proibição de Trump de viagens da Europa aos EUA, por um mês, sem que a Casa Branca tenha anunciado até agora medidas concretas de estímulos fiscais, ofuscou os esforços do Fed/NY.
... O anúncio de injeção de US$ 1,5 trilhão via operações de recompra (repo), teve efeito momentâneo, mas foi insuficiente para evitar novo colapso. Em busca de caixa, o investidor vende ativos de risco e proteção.
... É uma tentativa de matar a sede por liquidez nestes tempos que ficarão gravados a ferro e fogo na memória.
... Historicamente defensivo, o ouro tem surpreendido com mínimas, porque os BCs estariam se desfazendo do metal para guardar arsenal contra o coronavírus e o investidor estaria vendendo para cobrir perdas nas bolsas.
... No piso intraday, ontem, o ouro para maio foi cotado a US$ 1.560.65 a onça-troy e só reduziu o fôlego de queda, para US$ 1.590,30 (-2,96%) no fechamento dos negócios, por causa da atuação agressiva do Fed/NY.
... Também os Treasuries têm desafiado o padrão de oscilações de crise, que a rigor seria de alta. Ao invés de se lançarem a uma corrida por proteção, players têm se desfeito dos bônus títulos para honrar prejuízo em bolsa.
... É o que explica as altas dos yields da Note de dez anos (0,884%, de 0,879% na véspera) e do T-Bond de 30 anos (1,476%, contra 1,372%). Só a taxa de dois anos caiu, a 0,477%, de 0,505%, porque o Fed ainda deve agir.
... O juro pode chegar a zero em maio ou ainda nesta semana, na aposta ousada da Pantheon. Para o ING, o BC americano pode optar por um corte de até 100 pontos e adotar o QE formalmente ainda agora em março.
... Em Wall Street, pela segunda vez esta semana, o circuit breaker foi acionado, logo na abertura do pregão, quando o S&P 500 atingiu o limite de baixa de 7% e exigiu a interrupção das operações por 15 minutos.
... A pausa nos negócios, porém, não dissipou o pessimismo, apressando o Fed/NY a injetar liquidez no sistema financeiro, sem que, nem assim, o investidor tenha segurado a onda negativa. É estresse na veia do mercado.
... Considerado um medidor do medo, o índice VIX de volatilidade subiu 40%, a 75,47 pontos, maior nível desde 2008, no auge da recessão global. Nas bolsas em NY, os três principais índices já operam agora em bear market.
... Foi o pior dia para o Dow Jones (queda 9,99%, 21.200,89 pontos) e para o S&P 500 (-9,51%, 2.480,64 pontos), desde o episódio da Black Monday, há 33 anos (1987), marcado pelo tombo de 22,61% do Dow.
... A Nyse já estuda fechar o seu pregão físico e ficar só com o sistema de negociação eletrônica, como aconteceu em Chicago, como resposta ao medo do coronavírus, num plano de contingência sem precedentes.
... Diante da dimensão da crise, foi com surpresa e frustração que os investidores receberam a decisão do BCE de optar por não cortar o juro neste momento, embora tenha anunciado um pacote de medidas de estímulos.
... O comitê de Lagarde vai expandir o seu programa de relaxamento quantitativo (QE) em 120 bilhões de euros para compras extras de bônus e lançar um novo programa de empréstimos baratos para os bancos.
... No câmbio, o euro caiu para US$ 1,1198 e o dólar também levou a melhor contra o iene (105,34/US$).
EM TEMPO... VALE advertiu que pode vir a adotar medidas de contingência ou eventualmente suspender operações em função do alastramento do coronavírus no mundo, ainda que não tenha sofrido impacto da doença.
BRMALLS registrou lucro de R$ 407,6 milhões no 4TRI (-44%). Ebitda somou R$ 725,7 mi (-32,2%).
RENNER. Grupo Schroder diminuiu fatia para 4,99%, de 5% ontem, passando a deter 39.688 mi de ações ON.
LIGHT passa de lucro para prejuízo de R$ 366 milhões no 4TRI.
ENERGISA teve lucro de R$ 353,3 mi no 4TRI, queda de 47,6%; Ebitda somou R$ 968,1 mi (-46,4%) no período.
TAESA. O lucro líquido da companhia recuou 34,1% no 4TRI, para R$ 177,4 milhões.
QUALICORP lucrou R$ 66,7 mi no 4TRI (-30,2%); Ebitda, -47,2% (R$ 126,4 mi); no ano, lucrou R$ 392,8 mi (-0,6%).
DASA antecipará campanha de vacinação contra gripe em função do coronavírus, a partir de sábado.
ODONTOPREV. Conselho aprovou o pagamento de JCP de R$ 0,0261 por ação, ou R$ 13,8 mi; ex-juro dia 18.
YDUQS registrou lucro de R$ 77 milhões no 4TRI/2019, salto de 372,6%; Ebitda subiu 99,7%, a R$ 177 milhões.
UNIDAS lucrou R$ 51,1 milhões no 4TRI, alta de 39% contra igual intervalo de 2018.
TRIUNFO reverteu prejuízo e lucrou R$ 30,61 milhões no 4TRI; Ebitda ajustado subiu 31,3% (R$ 130,4 milhões).
INVEPAR informou a venda de sua participação na concessionária Rota do Atlântico para a gestora Monte Equity.
WILSON SONS teve queda de 64,2% no lucro do 4TRI, para US$ 5,8 milhões; Ebitda caiu 32,8%, a US$ 24,8 mi.
UNICASA lucrou R$ 6,56 mi no 4TRI, em alta de 263,2%; receita foi de R$ 44,54 mi, avanço de 6,6% no período.
CYRELA aprovou programa de recompra de até 6,89% das ações em circulação no mercado.
ENAUTA informou que manterá investimentos bilionários no campo de Atlanta, na Bacia de Santos, apesar da queda do petróleo; previsão para o consórcio nesse projeto é de US$ 1 bi a US$ 1,5 bi, segundo a companhia.
BANCO INTER anunciou programa de recompra de até 10% das ações em circulação.
SINQIA. Conselho aprovou recompra de até 10% das ações em circulação no mercado, ou 8,4% do capital social.
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DESTAQUES DA NOITE: CORONAVÍRUS PODE LEVAR A REAVALIAÇÃO DA META FISCAL DE 2020
São Paulo, 13/03/2020 - Veja o resumo das reportagens que foram destaque na noite e na madrugada. Para mais detalhes, confira a íntegra da notícia na data e no horário informados:
21:40 - FONTE: META FISCAL PODE SER REAVALIADA CASO NECESSÁRIO, DADO O CORONAVÍRUS
Por Idiana Tomazelli
Brasília, 12/3/2020 - A equipe econômica poderá reavaliar a meta de resultado primário de 2020, caso seja necessário diante do avanço do novo coronavírus no Brasil, informou um integrante da equipe econômica ao Broadcast. A medida seria adotada em caso de necessidade para garantir os recursos demandados, sobretudo pelo Ministério da Saúde, e evitar uma paralisia do governo num momento crítico para o País. A meta fiscal permite hoje um déficit de até R$ 124,1 bilhões nas contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central.
06:25 - BOLSAS DA ÁSIA E PACÍFICO: MERCADOS SEGUEM TOMBOS DE NY E EUROPA, MAS SYDNEY SE RECUPERA
Por Sergio Caldas
São Paulo, 13/03/2020 - As bolsas asiáticas tiveram mais um pregão de fortes perdas nesta sexta-feira, na esteira de quedas históricas nos mercados acionários dos EUA e da Europa, em meio a persistentes temores com o avanço do coronavírus em países fora da China, onde a doença teve origem. Na Oceania, porém, a bolsa australiana conseguiu se recuperar parcialmente, num dia de extrema volatilidade.
05:02 - DJ/FONTES: BOJ NÃO DEVERÁ CORTAR JUROS, MAS OFERECER AJUDA A EMPRESAS AFETADAS POR CORONAVÍRUS
Tóquio, 13/03/2020 - O Banco do Japão (BoJ, pela sigla em inglês) está hesitante em se juntar ao Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e cortar juros, uma vez que sua taxa de depósito já é negativa, e deverá focar em prestar ajuda financeira a empresas afetadas pelo novo coronavírus, segundo fontes com conhecimento do assunto. Fonte: Dow Jones Newswires.
02:28 - BOJ OFERECE COMPRAR 500 BILHÕES DE IENES EM JGBS EM OPERAÇÃO NÃO PROGRAMADA
Tóquio, 13/03/2020 - O Banco do Japão anunciou nesta sexta-feira uma operação não programada para comprar 500 bilhões de ienes em bônus do governo japonês (JGBs, na sigla em inglês) em um acordo de recompra a começar em 16 de março. Fonte: Dow Jones Newswires.
22:01 - EUA/PELOSI: CÂMARA E GOVERNO AINDA TRABALHAM EM PROPOSTA DE RECURSOS PARA COMBATER CORONAVÍRUS
Washington, 13/03/2020 - A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, afirmou na noite desta quinta-feira que a Casa e o governo do presidente Donald Trump ainda estão trabalhando em detalhes da projeto de lei para a liberação de recursos que serão usados no combate ao surto de coronavírus no país.
04:13 - ALEMANHA: INFLAÇÃO ANUAL SE MANTÉM EM 1,7% EM FEVEREIRO, CONFIRMA DESTATIS
Por Sergio Caldas
São Paulo, 13/03/2020 - O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da Alemanha subiu 1,7% em fevereiro ante igual mês de 2019, repetindo a variação anual observada em janeiro, segundo dados finais publicados hoje pela agência de estatísticas alemã, a Destatis. Em relação a janeiro, o CPI alemão subiu 0,4% em fevereiro.
(Equipe AE)
PSC: GOVERNO ADIANTA PARCELA DO 13º DO INSS; VOTAÇÃO DO PACOTE DE TRUMP DEVE OCORRER HOJE
Por Mateus Fagundes
São Paulo, 13/3/2020 - O Ministério da Economia anunciou na noite de ontem medidas para minimizar os efeitos do coronavírus na atividade. A principal delas: o adiantamento da primeira parcela do 13º do INSS para abril. A previsão é de uma injeção de R$ 23 bilhões.
As medidas foram discutidas no âmbito de um comitê de monitoramento instituído pelo Ministério para avaliar os impactos econômicos da pandemia no Brasil. O grupo é constituído por representantes das oito Secretarias Especiais da pasta e será coordenado pelo secretário-executivo, Marcelo Guaranys.
A pasta vai propor ainda na semana que vem ao Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) a redução do limite de taxa de juros para empréstimos consignados em folha de pagamento dos beneficiários do INSS. Em outra frente, uma proposta será enviada ao Congresso Nacional para ampliar a margem do salário que pode ser comprometida com a parcela do financiamento.
Guaranys informou que a liberação de R$ 5 bilhões para o Ministério da Saúde será feita por crédito extraordinário - mecanismo que fica de fora do alcance do teto de gastos. A Medida Provisória deve ser assinada hoje pelo presidente Jair Bolsonaro.
O secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, chegou a falar também que estava no radar da equipe econômica a liberação de parte do FGTS aos trabalhadores. O Ministério, porém, emitiu nota horas depois esclarecendo que a medida não está sendo estudada.
Por sua vez, nos Estados Unidos, o pacote relacionado ao coronavírus, proposto anteontem pelo presidente Donald Trump, deve ser votado somente hoje na Câmara dos Representantes.
Havia certa expectativa de que os deputados chegassem a um acordo final ainda na noite de quinta-feira, o que não se concretizou. A presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, ressaltou, contudo, que está próxima de um acordo com os republicanos e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.
Em reação, os futuros de Nova York chegaram a cair 3% e a Bolsa de Tóquio teve tombo de 10% no pior momento da sessão. Sobre os mercados asiáticos pesa ainda um ajuste à forte queda dos índices americanos, em especial o do Dow Jones, cuja queda (-9,99%) foi a maior desde a Segunda-Feira Negra (19 de outubro de 1987).
Telegráficas
Ajuste. A equipe econômica poderá reavaliar a meta de resultado primário de 2020, caso seja necessário diante do avanço do novo coronavírus no Brasil, informou um integrante da equipe econômica à repórter Idiana Tomazelli. A meta fiscal atual permite um déficit de até R$ 124,1 bilhões nas contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central. A avaliação é que, diante da situação excepcional, mexer na meta fiscal, caso necessário, pode dar ao governo os instrumentos necessários para garantir despesas emergenciais diante da pandemia, sem comprometer a confiança no País.
Operação. O Banco Central anunciou, no fim da tarde de ontem, dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) de até US$ 2 bilhões em recursos novos para hoje. A oferta ocorrerá das 10h15 às 10h20. A oferta do BC será na modalidade pós-fixado Selic. A taxa de câmbio utilizada na venda será a do boletim das 10 horas da ptax. As operações de venda da autoridade monetária serão liquidadas no dia 17 de março. Já as liquidações de compra ocorrerão em duas datas, 5 de maio (leilão A) e 2 de julho (leilão B).
Operação 2. Por sua vez, o Tesouro Nacional vai ofertar, para venda, até 300 mil NTN-B, a serem distribuídas entre os vencimentos de 15/5/2035, 15/8/2040, 15/5/2045, 15/8/2050 e 15/5/2055. Para os mesmos vencimentos, a oferta de recompra é de até 1 milhão de títulos.
Hipótese. A Vale informou que pode enfrentar dificuldades operacionais relacionadas à força de trabalho por conta da pandemia do coronavírus. "Podemos ter que vir a adotar medidas de contingência ou eventualmente suspender operações", diz a companhia, ressaltando que, até o momento, não sofreu qualquer impacto material ou teve qualquer funcionário infectado por conta do avanço da doença no mundo.
Desmobilização. Nas redes sociais e em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, o presidente Jair Bolsonaro defendeu o adiamento de atos pró-governo, inicialmente marcados para domingo (15), por causa do coronavírus. No Facebook, Bolsonaro destacou que o movimento ocorre de forma "espontânea" e que não foi ele quem programou as manifestações, mas que os políticos precisam estar abertos a esse tipo de protesto.
De molho. Com Bolsonaro à espera do resultado para o Covid-19, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que o presidente pode ficar em isolamento domiciliar caso teste positivo. "Se der positivo o presidente vai ter que despachar daqui (Palácio da Alvorada). A gente vai recomendar o isolamento domiciliar. Se não der, ou der outro vírus, que é mais comum, que é o Influenza, a gente libera, vida que volta normal", declarou, ao lado de Bolsonaro na live semanal. Os dois e a tradutora de libras estavam com máscaras na transmissão.
Alerta. O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, decretou estado de emergência na cidade, afirmando que o surto de coronavírus "poderia facilmente ser uma crise de seis meses". Locais que recebem muitas pessoas, como o Barclays Center e o Madison Square Garden, devem ser fechados por meses para tentar conter a disseminação da doença, informou a autoridade em entrevista coletiva.
Contato: mateus.fagundes@estadao.com
*Com colaboração de Idiana Tomazelli, Denise Abarca, Julia Lindner, Pedro Caramuru e Iander Porcella
UM DIA DE CADA VEZ
Sexta-feira, 13 de Março de 2020
UM DIA DE CADA VEZ
Por ROSA RISCALA e MARIANA CISCATO*
... Os futuros de NY zeraram as quedas, passando a subir no meio da madrugada, o petróleo ia junto, sem que nenhuma notícia explicasse a reação, após mais um dia de circuit breakers e nervosismo. Pode não ser indicativo de nada, a não ser da alta volatilidade que sacode os mercados desde que a China exportou o coronavírus para o resto do mundo. Aqui, o estresse não só parou o Ibovespa duas vezes, mas pesou feio nos juros futuros, que bateram nos limites de oscilação, obrigando a B3 a elevar as margens para destravar os negócios.
... De ontem à noite, tem o adiamento da votação do pacote de medidas para conter o coronavírus na Câmara dos EUA, mas que pode ser aprovado hoje. No Japão, o BoJ anunciou a compra de 500 bilhões de ienes em bônus.
... Os países e os bancos centrais continuam improvisando iniciativas para lidar com os impactos da pandemia.
... Aqui, o presidente Bolsonaro deve assinar nesta 6ªF a MP que destina R$ 5 bilhões para a Saúde, enquanto o ministério da Economia começou a divulgar as primeiras ações emergenciais para socorrer o curto prazo.
... Está decidida a antecipação da primeira metade do 13º de aposentados do INSS para até o início de abril, com estimativa de que sejam injetados R$ 23 bilhões na economia. A liberação do FGTS foi descartada.
... A equipe econômica ainda deve propor a redução de juros do empréstimo consignado em folha de pagamento dos beneficiários do INSS e a ampliação do prazo e comprometimento do salário com o financiamento.
... Mas estes são sinais ainda tímidos diante das "20 semanas duras" que vêm pela frente, esse é o tempo que o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, estimou para a passagem do coronavírus pelo Brasil.
... As incertezas sobre a extensão do problema na vida social e econômica não deixam ninguém tranquilo.
... Em dias como ontem, o investidor só queria que os mercados fechassem até tudo isso passar, muita gente está machucada e sucumbiu ao pânico, que remete a dramas como a crise do Lehman Brothers e até o crash de 29.
... Alguns consideram o caos que se instalou um baita exagero, outros começam a acreditar que o coronavírus foi apenas o start de um movimento que estava previsto para acontecer mais cedo ou mais tarde.
... Nos EUA, o ciclo de 10 anos de expansão vinha resistindo por obra e graça de Trump, que foi pego no contrapé pela pandemia, que agora ameaça a força da "economia que dá inveja no mundo todo".
... Já se ouve que pode ser o fim de um ciclo, que a temida correção do S&P começou e vai dividir em dois.
... Japão e zona do euro, que já não estavam em grande forma, não passariam incólumes. E a China, que começou essa má fase, deve ser a primeira a se recuperar, não antes sem atingir, pesado, os emergentes.
... Guedes tem falado que agora é nossa vez, que o mundo está aterrissando e nós estamos decolando, mas quem consegue se animar com essa viagem, quando tudo parece estar desabando sobre as nossas cabeças?
... A resposta para enfrentar a crise, diz o ministro, está nas reformas. E esse é justamente o maior problema.
... Se o ano já era apertado para aprovar qualquer coisa, porque o segundo semestre está destinado às eleições municipais, como avançar nessa agenda com os próximos meses tomados pela guerra contra o coronavírus?
... Na Folha/hoje, Rodrigo Maia diz que, nos próximos 45 dias, o Congresso focará em propostas para enfrentar o coronavírus, enquanto Davi Alcolumbre já admite estudar um recesso parlamentar se houver infectados.
... A situação fica ainda mais preocupante com os sinais de que Executivo e Legislativo continuam em confronto.
... Nesta 5ªF, Bolsonaro desafiou o Congresso duas vezes, na live do Facebook, quando disse que o movimento de domingo era "um tremendo recado para o Parlamento", e no pronunciamento que fez em cadeia nacional.
... O presidente pediu que a manifestação fosse "repensada", devido ao coronavírus, mas apoiou a mobilização, afirmando que o povo continua "atento" e "as motivações da vontade popular continuam vivas e inabaláveis".
... É essa relação conflituosa entre os poderes que não dá segurança ao investidor, nem abastece o avião de Paulo Guedes, que continua parado na pista, com as projeções do PIB sendo reduzidas a cada dia mais um pouco.
AGENDA - Não há indicadores previstos aqui. Nos EUA, a leitura preliminar de março do índice de sentimento do consumidor dos EUA (11h), medido pela Universidade de Michigan, deve cair para 95, contra 101 em fevereiro.
... O índice de preços de importações (9h30) tem previsão de queda de 0,8% no mês passado, contra estabilidade em janeiro. À tarde (14h), a Baker Hugues divulga os poços e plataformas em atividade nos EUA.
TELECONFERÊNCIAS - Promovem conference calls hoje: Yduqs (9h), BRMalls (10h), Ânima, Qualicorp e Triunfo (11h), Taesa (11h30), Light (14h), Energisa (15h). Leia no Em tempo... os balanços divulgados ontem à noite.
PASSOU DOS LIMITES - Foram tão assustadores os gaps de tensão nos mercados domésticos ontem, que a B3 teve de se apressar a ampliar, ainda durante o pregão, os limites diários de oscilação do Ibovespa Futuro e do DI.
... Em stop loss, os juros futuros atingiram já nos minutos iniciais os topos permitidos, o dólar abriu escalando quase 6,5%, na máxima histórica de R$ 5,028, e a bolsa viveu o ineditismo de dois circuit breakers num dia só.
... Para sentir o drama, à turbulência externa, somou-se a investida do Congresso de relaxar uma das novas regras da Previdência (acesso ao BPC), detonando uma disparada do DI, que precipitou atuação histórica do Tesouro.
... Em ação coordenada com o BC, o Tesouro respondeu à pressão, anunciando leilões extraordinários de recompra e vendas simultâneas, na maior ofensiva em um único dia. A estratégica de choque foi bem-sucedida.
... Conseguiu tirar do high a curva do DI, que operava travada nas máximas do dia. Para hoje (11h), o Tesouro anunciou novo leilão de compra de NTN-B, com oferta de até 1 milhão de títulos, e venda de 300 mil NTN-B.
... Os leilões de compra de prefixados estão sendo realizados pelo Tesouro, diante da disfuncionalidade do mercado, que passou à ponta vendedora, no modo "pânico" que domina o ambiente dos negócios.
... Apesar dos esforços do Tesouro para dar saída a detentores dos papéis e de a B3 ter aumentado as margens de oscilação, ainda assim, os juros futuros voltaram a disparar em toda a curva DI, com mais força na ponta longa.
... É este o trecho que melhor reflete os riscos do coronavírus e a percepção fiscal no Brasil.
... No fechamento dos negócios, o vencimento de juro para jan/21 subia a 4,950% (de 4,215%); jan/22, 6,200% (de 5,032%); jan/23, 7,260% (de 5,923); jan/25, 8,220% (de 6,892%); e jan/27, 8,880% (de 7,602%).
... A onda de estresse esvazia cada vez mais a chance de o Copom cortar o juro na semana que vem. O JPMorgan, que ainda esperava uma ação agressiva na Selic (50 pontos), passou a apostar em juro estável este mês.
... Para o banco, "o BC não tem mais espaço para agir antecipadamente e deve adiar o afrouxamento monetário, até que tenha uma melhor visibilidade sobre a direção da política fiscal e da estabilização da taxa de câmbio".
... Também o Mizuho acredita que o BC desistirá de reduzir o juro e espera agora que o PIB cresça só 1% este ano, contra 1,5% antes. A SPX Capital já derrubou sua estimativa para um patamar inferior a 1%: aposta em só 0,9%.
... Em uma redução radical de sua perspectiva, a MCM Consultores acredita que o Brasil só vai crescer 1,4%, de 2,3% anteriormente. O JPMorgan diz que a economia "flerta com uma recessão" e o Fibra cogita retração no 2TRI.
A SAGA CREPÚSCULO - Na devastação que não acaba nos mercados globais, o BC teve de gastar US$ 1,780 bilhão em quatro leilões de venda no mercado spot para conter a escalada do dólar, que já abriu dando susto.
... Obrigando a ser rápido no gatilho, o BC elevou a oferta do primeiro leilão à vista do dia de US$ 1,5 bilhão para US$ 2,5 bilhões. Desse lote, vendeu US$ 1,278 bilhão. No segundo leilão, voltou a ofertar US$ 1,250 bilhão.
... Mas colocou só US$ 332 milhões. No terceiro leilão, ainda antes do almoço, não aceitou nenhuma proposta à oferta de mais US$ 1 bilhão. À tarde, sem anunciar o montante oferecido, vendeu mais US$ 170 milhões.
... A bala na agulha exibida pelo BC lançou o dólar para baixo de R$ 4,80 no fechamento, quando era cotado a R$ 4,7891 (+1,41%). Ainda assim, o patamar é recorde. No mês, a moeda americana sobe 6,5% e, no ano, 19%.
... Para hoje (10h15), o BC chamou dois leilões de linha de até US$ 2 bilhões em recursos novos.
... Na bolsa, a fúria vendedora quase acionou um terceiro circuit breaker, só evitado pelo US$ 1,5 trilhão do Fed e pela decisão da B3 de ampliar o limite de baixa do Índice Futuro para 15%, que congelou o Ibovespa.
... Naquele momento, o índice à vista raspava nos 20% de queda (caía 19,59%, a 68.488,29 pontos), que suspenderiam automaticamente o pregão pelo resto do dia. A bolsa só voltaria a operar hoje. Foi por um triz.
... No Broadcast, a manobra foi apelidada de "intervenção branca" e conseguiu evitar o pior.
... A primeira pausa na bolsa aconteceu logo no início do pregão, quando furou os 10% de queda (-11,65%). O pregão parou por meia hora. Às 11h, o segundo circuit breaker (uma hora) veio com queda de 15,43%.
... Só esta semana, o mecanismo foi acionado quatro vezes, fenômeno nunca visto antes. Com as barreiras de pessimismo sendo testadas, o Ibovespa fechou ontem em baixa de 14,78% (72.582,53 pontos).
... Estabeleceu, assim, de novo, a pior perda diária em termos porcentuais desde a crise russa.
ALVOS FÁCEIS - Gol (PN, -36,29%), Azul (PN, -32,89%) e CVC (ON, -29,11%) dominaram o ranking negativo do Ibovespa. No massacre do dia, as ações da Azul entraram 21 vezes em leilão ontem e Gol, oito.
... Entre as maiores baixas da série histórica, Petrobras PN derreteu 20,50%, a R$ 12,60, e ON, -21,08%, a R$ 12,92, depois de terem emplacado mais cedo queda livre de quase 30% no intraday, por mais um pregão.
... Lá fora, o petróleo pegou bem mais leve: Brent (maio), -7,18%, a US$ 33,22, e WTI (abril), -4,49%, a US$ 31,50.
... Ainda entre as blue chips das commodities, Vale (ON, -13,23%, a R$ 35,35) e as siderúrgicas voltaram a operar vulneráveis, com quedas firmes para CSN ON (-17,96%), Gerdau PN (-16,47%) e Usiminas PNA (-13,85%).
... Depois da interrupção geral da bolsa à tarde, Itaú foi o primeiro dos papéis de maior peso no índice a sair de leilão, com queda menor que a registrada antes da pausa. Ao final do pregão, caía 9,82%, a R$ 23,60.
... Bradesco PN perdeu 13,41%, a R$ 21,64, BB ON, -13,29%, a R$ 31,25, e as units do Santander caíram 13,47%. No novo normal da bolsa, nenhuma ação do Ibovespa fechou o dia em território positivo.
... Eletrobras (PNB, -19,33%, e ON, -18,24%) sentiu o comentário do secretário especial de Desestatização, Salim Mattar, de que o programa do governo de vender participações em estatais é atingido pelos efeitos da epidemia.
... IRB ON desvalorizou 27,95%, após o BTG cortar drasticamente o preço-alvo da companhia, de R$ 40 para R$ 15.
VIVEMOS NUM MUNDO DOENTE - A proibição de Trump de viagens da Europa aos EUA, por um mês, sem que a Casa Branca tenha anunciado até agora medidas concretas de estímulos fiscais, ofuscou os esforços do Fed/NY.
... O anúncio de injeção de US$ 1,5 trilhão via operações de recompra (repo), teve efeito momentâneo, mas foi insuficiente para evitar novo colapso. Em busca de caixa, o investidor vende ativos de risco e proteção.
... É uma tentativa de matar a sede por liquidez nestes tempos que ficarão gravados a ferro e fogo na memória.
... Historicamente defensivo, o ouro tem surpreendido com mínimas, porque os BCs estariam se desfazendo do metal para guardar arsenal contra o coronavírus e o investidor estaria vendendo para cobrir perdas nas bolsas.
... No piso intraday, ontem, o ouro para maio foi cotado a US$ 1.560.65 a onça-troy e só reduziu o fôlego de queda, para US$ 1.590,30 (-2,96%) no fechamento dos negócios, por causa da atuação agressiva do Fed/NY.
... Também os Treasuries têm desafiado o padrão de oscilações de crise, que a rigor seria de alta. Ao invés de se lançarem a uma corrida por proteção, players têm se desfeito dos bônus títulos para honrar prejuízo em bolsa.
... É o que explica as altas dos yields da Note de dez anos (0,884%, de 0,879% na véspera) e do T-Bond de 30 anos (1,476%, contra 1,372%). Só a taxa de dois anos caiu, a 0,477%, de 0,505%, porque o Fed ainda deve agir.
... O juro pode chegar a zero em maio ou ainda nesta semana, na aposta ousada da Pantheon. Para o ING, o BC americano pode optar por um corte de até 100 pontos e adotar o QE formalmente ainda agora em março.
... Em Wall Street, pela segunda vez esta semana, o circuit breaker foi acionado, logo na abertura do pregão, quando o S&P 500 atingiu o limite de baixa de 7% e exigiu a interrupção das operações por 15 minutos.
... A pausa nos negócios, porém, não dissipou o pessimismo, apressando o Fed/NY a injetar liquidez no sistema financeiro, sem que, nem assim, o investidor tenha segurado a onda negativa. É estresse na veia do mercado.
... Considerado um medidor do medo, o índice VIX de volatilidade subiu 40%, a 75,47 pontos, maior nível desde 2008, no auge da recessão global. Nas bolsas em NY, os três principais índices já operam agora em bear market.
... Foi o pior dia para o Dow Jones (queda 9,99%, 21.200,89 pontos) e para o S&P 500 (-9,51%, 2.480,64 pontos), desde o episódio da Black Monday, há 33 anos (1987), marcado pelo tombo de 22,61% do Dow.
... A Nyse já estuda fechar o seu pregão físico e ficar só com o sistema de negociação eletrônica, como aconteceu em Chicago, como resposta ao medo do coronavírus, num plano de contingência sem precedentes.
... Diante da dimensão da crise, foi com surpresa e frustração que os investidores receberam a decisão do BCE de optar por não cortar o juro neste momento, embora tenha anunciado um pacote de medidas de estímulos.
... O comitê de Lagarde vai expandir o seu programa de relaxamento quantitativo (QE) em 120 bilhões de euros para compras extras de bônus e lançar um novo programa de empréstimos baratos para os bancos.
... No câmbio, o euro caiu para US$ 1,1198 e o dólar também levou a melhor contra o iene (105,34/US$).
EM TEMPO... VALE advertiu que pode vir a adotar medidas de contingência ou eventualmente suspender operações em função do alastramento do coronavírus no mundo, ainda que não tenha sofrido impacto da doença.
BRMALLS registrou lucro de R$ 407,6 milhões no 4TRI (-44%). Ebitda somou R$ 725,7 mi (-32,2%).
RENNER. Grupo Schroder diminuiu fatia para 4,99%, de 5% ontem, passando a deter 39.688 mi de ações ON.
LIGHT passa de lucro para prejuízo de R$ 366 milhões no 4TRI.
ENERGISA teve lucro de R$ 353,3 mi no 4TRI, queda de 47,6%; Ebitda somou R$ 968,1 mi (-46,4%) no período.
TAESA. O lucro líquido da companhia recuou 34,1% no 4TRI, para R$ 177,4 milhões.
QUALICORP lucrou R$ 66,7 mi no 4TRI (-30,2%); Ebitda, -47,2% (R$ 126,4 mi); no ano, lucrou R$ 392,8 mi (-0,6%).
DASA antecipará campanha de vacinação contra gripe em função do coronavírus, a partir de sábado.
ODONTOPREV. Conselho aprovou o pagamento de JCP de R$ 0,0261 por ação, ou R$ 13,8 mi; ex-juro dia 18.
YDUQS registrou lucro de R$ 77 milhões no 4TRI/2019, salto de 372,6%; Ebitda subiu 99,7%, a R$ 177 milhões.
UNIDAS lucrou R$ 51,1 milhões no 4TRI, alta de 39% contra igual intervalo de 2018.
TRIUNFO reverteu prejuízo e lucrou R$ 30,61 milhões no 4TRI; Ebitda ajustado subiu 31,3% (R$ 130,4 milhões).
INVEPAR informou a venda de sua participação na concessionária Rota do Atlântico para a gestora Monte Equity.
WILSON SONS teve queda de 64,2% no lucro do 4TRI, para US$ 5,8 milhões; Ebitda caiu 32,8%, a US$ 24,8 mi.
UNICASA lucrou R$ 6,56 mi no 4TRI, em alta de 263,2%; receita foi de R$ 44,54 mi, avanço de 6,6% no período.
CYRELA aprovou programa de recompra de até 6,89% das ações em circulação no mercado.
ENAUTA informou que manterá investimentos bilionários no campo de Atlanta, na Bacia de Santos, apesar da queda do petróleo; previsão para o consórcio nesse projeto é de US$ 1 bi a US$ 1,5 bi, segundo a companhia.
BANCO INTER anunciou programa de recompra de até 10% das ações em circulação.
SINQIA. Conselho aprovou recompra de até 10% das ações em circulação no mercado, ou 8,4% do capital social.
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DESTAQUES DA NOITE: CORONAVÍRUS PODE LEVAR A REAVALIAÇÃO DA META FISCAL DE 2020
São Paulo, 13/03/2020 - Veja o resumo das reportagens que foram destaque na noite e na madrugada. Para mais detalhes, confira a íntegra da notícia na data e no horário informados:
21:40 - FONTE: META FISCAL PODE SER REAVALIADA CASO NECESSÁRIO, DADO O CORONAVÍRUS
Por Idiana Tomazelli
Brasília, 12/3/2020 - A equipe econômica poderá reavaliar a meta de resultado primário de 2020, caso seja necessário diante do avanço do novo coronavírus no Brasil, informou um integrante da equipe econômica ao Broadcast. A medida seria adotada em caso de necessidade para garantir os recursos demandados, sobretudo pelo Ministério da Saúde, e evitar uma paralisia do governo num momento crítico para o País. A meta fiscal permite hoje um déficit de até R$ 124,1 bilhões nas contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central.
06:25 - BOLSAS DA ÁSIA E PACÍFICO: MERCADOS SEGUEM TOMBOS DE NY E EUROPA, MAS SYDNEY SE RECUPERA
Por Sergio Caldas
São Paulo, 13/03/2020 - As bolsas asiáticas tiveram mais um pregão de fortes perdas nesta sexta-feira, na esteira de quedas históricas nos mercados acionários dos EUA e da Europa, em meio a persistentes temores com o avanço do coronavírus em países fora da China, onde a doença teve origem. Na Oceania, porém, a bolsa australiana conseguiu se recuperar parcialmente, num dia de extrema volatilidade.
05:02 - DJ/FONTES: BOJ NÃO DEVERÁ CORTAR JUROS, MAS OFERECER AJUDA A EMPRESAS AFETADAS POR CORONAVÍRUS
Tóquio, 13/03/2020 - O Banco do Japão (BoJ, pela sigla em inglês) está hesitante em se juntar ao Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e cortar juros, uma vez que sua taxa de depósito já é negativa, e deverá focar em prestar ajuda financeira a empresas afetadas pelo novo coronavírus, segundo fontes com conhecimento do assunto. Fonte: Dow Jones Newswires.
02:28 - BOJ OFERECE COMPRAR 500 BILHÕES DE IENES EM JGBS EM OPERAÇÃO NÃO PROGRAMADA
Tóquio, 13/03/2020 - O Banco do Japão anunciou nesta sexta-feira uma operação não programada para comprar 500 bilhões de ienes em bônus do governo japonês (JGBs, na sigla em inglês) em um acordo de recompra a começar em 16 de março. Fonte: Dow Jones Newswires.
22:01 - EUA/PELOSI: CÂMARA E GOVERNO AINDA TRABALHAM EM PROPOSTA DE RECURSOS PARA COMBATER CORONAVÍRUS
Washington, 13/03/2020 - A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, afirmou na noite desta quinta-feira que a Casa e o governo do presidente Donald Trump ainda estão trabalhando em detalhes da projeto de lei para a liberação de recursos que serão usados no combate ao surto de coronavírus no país.
04:13 - ALEMANHA: INFLAÇÃO ANUAL SE MANTÉM EM 1,7% EM FEVEREIRO, CONFIRMA DESTATIS
Por Sergio Caldas
São Paulo, 13/03/2020 - O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da Alemanha subiu 1,7% em fevereiro ante igual mês de 2019, repetindo a variação anual observada em janeiro, segundo dados finais publicados hoje pela agência de estatísticas alemã, a Destatis. Em relação a janeiro, o CPI alemão subiu 0,4% em fevereiro.
(Equipe AE)
PSC: GOVERNO ADIANTA PARCELA DO 13º DO INSS; VOTAÇÃO DO PACOTE DE TRUMP DEVE OCORRER HOJE
Por Mateus Fagundes
São Paulo, 13/3/2020 - O Ministério da Economia anunciou na noite de ontem medidas para minimizar os efeitos do coronavírus na atividade. A principal delas: o adiantamento da primeira parcela do 13º do INSS para abril. A previsão é de uma injeção de R$ 23 bilhões.
As medidas foram discutidas no âmbito de um comitê de monitoramento instituído pelo Ministério para avaliar os impactos econômicos da pandemia no Brasil. O grupo é constituído por representantes das oito Secretarias Especiais da pasta e será coordenado pelo secretário-executivo, Marcelo Guaranys.
A pasta vai propor ainda na semana que vem ao Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) a redução do limite de taxa de juros para empréstimos consignados em folha de pagamento dos beneficiários do INSS. Em outra frente, uma proposta será enviada ao Congresso Nacional para ampliar a margem do salário que pode ser comprometida com a parcela do financiamento.
Guaranys informou que a liberação de R$ 5 bilhões para o Ministério da Saúde será feita por crédito extraordinário - mecanismo que fica de fora do alcance do teto de gastos. A Medida Provisória deve ser assinada hoje pelo presidente Jair Bolsonaro.
O secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, chegou a falar também que estava no radar da equipe econômica a liberação de parte do FGTS aos trabalhadores. O Ministério, porém, emitiu nota horas depois esclarecendo que a medida não está sendo estudada.
Por sua vez, nos Estados Unidos, o pacote relacionado ao coronavírus, proposto anteontem pelo presidente Donald Trump, deve ser votado somente hoje na Câmara dos Representantes.
Havia certa expectativa de que os deputados chegassem a um acordo final ainda na noite de quinta-feira, o que não se concretizou. A presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, ressaltou, contudo, que está próxima de um acordo com os republicanos e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.
Em reação, os futuros de Nova York chegaram a cair 3% e a Bolsa de Tóquio teve tombo de 10% no pior momento da sessão. Sobre os mercados asiáticos pesa ainda um ajuste à forte queda dos índices americanos, em especial o do Dow Jones, cuja queda (-9,99%) foi a maior desde a Segunda-Feira Negra (19 de outubro de 1987).
Telegráficas
Ajuste. A equipe econômica poderá reavaliar a meta de resultado primário de 2020, caso seja necessário diante do avanço do novo coronavírus no Brasil, informou um integrante da equipe econômica à repórter Idiana Tomazelli. A meta fiscal atual permite um déficit de até R$ 124,1 bilhões nas contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central. A avaliação é que, diante da situação excepcional, mexer na meta fiscal, caso necessário, pode dar ao governo os instrumentos necessários para garantir despesas emergenciais diante da pandemia, sem comprometer a confiança no País.
Operação. O Banco Central anunciou, no fim da tarde de ontem, dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) de até US$ 2 bilhões em recursos novos para hoje. A oferta ocorrerá das 10h15 às 10h20. A oferta do BC será na modalidade pós-fixado Selic. A taxa de câmbio utilizada na venda será a do boletim das 10 horas da ptax. As operações de venda da autoridade monetária serão liquidadas no dia 17 de março. Já as liquidações de compra ocorrerão em duas datas, 5 de maio (leilão A) e 2 de julho (leilão B).
Operação 2. Por sua vez, o Tesouro Nacional vai ofertar, para venda, até 300 mil NTN-B, a serem distribuídas entre os vencimentos de 15/5/2035, 15/8/2040, 15/5/2045, 15/8/2050 e 15/5/2055. Para os mesmos vencimentos, a oferta de recompra é de até 1 milhão de títulos.
Hipótese. A Vale informou que pode enfrentar dificuldades operacionais relacionadas à força de trabalho por conta da pandemia do coronavírus. "Podemos ter que vir a adotar medidas de contingência ou eventualmente suspender operações", diz a companhia, ressaltando que, até o momento, não sofreu qualquer impacto material ou teve qualquer funcionário infectado por conta do avanço da doença no mundo.
Desmobilização. Nas redes sociais e em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, o presidente Jair Bolsonaro defendeu o adiamento de atos pró-governo, inicialmente marcados para domingo (15), por causa do coronavírus. No Facebook, Bolsonaro destacou que o movimento ocorre de forma "espontânea" e que não foi ele quem programou as manifestações, mas que os políticos precisam estar abertos a esse tipo de protesto.
De molho. Com Bolsonaro à espera do resultado para o Covid-19, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que o presidente pode ficar em isolamento domiciliar caso teste positivo. "Se der positivo o presidente vai ter que despachar daqui (Palácio da Alvorada). A gente vai recomendar o isolamento domiciliar. Se não der, ou der outro vírus, que é mais comum, que é o Influenza, a gente libera, vida que volta normal", declarou, ao lado de Bolsonaro na live semanal. Os dois e a tradutora de libras estavam com máscaras na transmissão.
Alerta. O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, decretou estado de emergência na cidade, afirmando que o surto de coronavírus "poderia facilmente ser uma crise de seis meses". Locais que recebem muitas pessoas, como o Barclays Center e o Madison Square Garden, devem ser fechados por meses para tentar conter a disseminação da doença, informou a autoridade em entrevista coletiva.
Contato: mateus.fagundes@estadao.com
*Com colaboração de Idiana Tomazelli, Denise Abarca, Julia Lindner, Pedro Caramuru e Iander Porcella
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