domingo, 21 de dezembro de 2025

EMBRAER ENCARANDO AIRBUS E BOEING

 *O QUE É PRECISO PARA A EMBRAER CRIAR UM AVIÃO QUE CONCORRA DIRETAMENTE COM BOEING E AIRBUS?*


Por Luciana Dyniewicz, do Estadão


 São Paulo, 21/12/2025 - Especulada há aproximadamente um ano, a possibilidade de a Embraer desenvolver um avião de cerca de 200 lugares, que possa competir diretamente com as gigantes Boeing e Airbus, ganhou força neste mês em meio a comentários do CEO global da Lufthansa, Carsten Spohr. Em visita ao Brasil, o executivo alemão afirmou querer que a fabricante brasileira produza aeronaves maiores e disse que discutiria isso com a direção da Embraer. O apoio - e a encomenda - de companhias aéreas é chave para que o projeto se torne realidade.


 Hoje, a Embraer produz aviões de no máximo 146 lugares e um alcance de 5.556 quilômetros. Assim, o maior jato da brasileira compete apenas com os A220, da Airbus, cuja capacidade é de até 160 passageiros.


 Se passar a fabricar aeronaves maiores, a Embraer poderia brigar diretamente com a família do A320, da Airbus, cujos aviões têm de 120 a 244 lugares, e com a do 737, da Boeing, que tem jatos com 126 a 220 lugares. Aeronaves com capacidade para 150 a 180 passageiros são as mais demandadas na história da aviação comercial.


 Procurada para comentar o assunto, a Embraer afirmou, em nota, ter "produtos novos e competitivos em todos os segmentos" e estar focada em aumentar as vendas do portfólio atual. "Em paralelo, continuamos investindo em novas tecnologias, com o objetivo de estarmos prontos para o próximo ciclo de desenvolvimento de produtos no futuro, independentemente do segmento (aviação comercial, executiva ou de defesa). No entanto, não podemos fornecer uma data específica para essa decisão."


 O presidente da empresa, Francisco Gomes Neto, já admitiu que a companhia planeja desenvolver um produto novo, mas ainda não definiu qual será. Em julho, o executivo afirmou ao Estadão que o projeto de criar um novo jato ainda está em fase embrionária.


 "Estamos fazendo estudos para outros produtos para o futuro. Pode ser um avião executivo, um avião comercial, mas são estudos ainda. Não temos resposta sobre o produto que vai ser ou como vamos construir isso."


 Gomes Neto disse ainda que não tinha pressa para desenvolver um novo projeto, dado que quase 25% de seus 4 mil engenheiros estão trabalhando na criação do eVTOL (o carro voador que vem sendo desenvolvido pela subsidiária Eve) e outra parte importante desse time está focada em melhorias do portfólio atual.


 O desenvolvimento de um avião de cerca de 200 lugares demandaria entre US$ 8 bilhões (R$ 43,4 bilhões) e US$ 10 bilhões (R$ 55 bilhões), de acordo com o analista do setor Alberto Valerio, do UBS BB. Se o custo alcançar US$ 10 bilhões, ficaria próximo ao valor atual da companhia no mercado (R$ 59,5 bilhões). "A empresa tem competência para desenvolver um avião como esse. Mas tem um risco", diz Valerio.


 O analista acrescenta que, para desenvolver uma nova aeronave, a Embraer precisaria levantar capital no mercado emitindo ações e dívida, além de fechar parcerias com clientes e fornecedores de peças como motores e GPS. "Também precisaria de garantias de que terá um volume robusto de encomendas por parte das companhias aéreas." Valerio afirma que o ideal seria que "umas três" companhias do porte da Lufthansa fizessem encomendas de cerca de 300 aeronaves cada uma.


 Também analista do setor, André Mazini, do Citi, é outro a afirmar que a Embraer tem capacidade de engenharia para criar um novo avião. "A questão é mais fechar a parte financeira e garantir a capacidade de manutenção no pós-venda. Hoje, essa capacidade é boa, mas precisa continuar avançando", diz ele.


 Mazini afirma ainda que as companhias aéreas "claramente querem sair do duopólio". Como apenas Boeing e Airbus fabricam hoje jatos de 200 lugares, a entrada de uma terceira competidora no mercado poderia pressionar os preços das aeronaves para baixo. Em sua visita ao Brasil neste mês, o CEO da Lufthansa destacou que, se houvesse três fabricantes no segmento, a velocidade de inovação aumentaria. Afirmou também ver espaço no mercado para aviões de melhor qualidade e mais baratos.


 O analista do Citi lembra que executivos da Embraer já sinalizaram que a empresa não assumiria um projeto dessa magnitude sozinha e que gostaria que as companhias aéreas apoiassem o desenvolvimento da aeronave com encomendas. "Um modo para viabilizar o avião seria que as aéreas entrassem com uns US$ 3 bilhões (em encomendas), ajudando a custear o projeto. As fabricantes de motores, como GE, com mais US$ 3 bilhões. O BNDES, com outros US$ 2 bilhões, e a Embraer, com uns US$ 2 bilhões. Aí ficaria mais palatável", diz.


 Os dois analistas dizem acreditar que a companhia não vai tomar uma decisão no curto prazo. Para Valerio, nada será definido até 2027. "Antes de começar algo novo, a Embraer quer amadurecer a Eve." Subsidiária da Embraer que desenvolve um "carro voador", a Eve deve concluir o desenvolvimento e a certificação de sua aeronave no fim de 2027. "A equipe de engenharia está focada nisso", destaca o analista.


 Mazini também afirma que a Embraer pretende fazer com que a Eve "ande com as próprias pernas" antes de assumir um novo desafio. "Eles (a direção da fabricante brasileira) não querem estressar o balanço da empresa com muita coisa ao mesmo tempo."


 O analista pondera que hoje a Eve tem praticamente apenas cartas de intenção de compras. Essas cartas precisam virar pedidos firmes para a empresa receber pré-pagamentos. "Quando isso acontecer, vai entrar dinheiro no caixa. Aí as coisas podem começar a avançar."


 Para Mazini, a Embraer também vai aguardar uma nova geração de motores de aviões ser desenvolvida. O desenho dessa tecnologia deverá ser definido em 2027, e nenhuma fabricante de aeronaves desenvolverá um jato agora usando os motores antigos - daí a necessidade de aguardar. "Não dá para dissociar um novo avião de um novo motor. Não haverá anúncios (por parte da Embraer) agora, porque a empresa precisa de detalhes desse motor."


 Além de um anúncio não ser esperado para breve, o desenvolvimento do avião também não será rápido. As aeronaves colocadas mais rapidamente no mercado levaram cerca de quatro anos desde o momento do anúncio até o primeiro voo. Quando as fabricantes anunciam a realização do novo projeto, porém, elas costumam já estar há algum tempo trabalhando previamente nele.

O mapa da volatilidade do câmbio em anos eleitorais

 https://valor.globo.com/financas/intraday/post/2025/12/o-mapa-da-volatilidade-do-cambio-em-anos-eleitorais.ghtml

_No momento, mesmo após pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência, níveis atuais de volatilidade implícita permanecem baixos, segundo a Jubarte Capital_


Por Gabriel Roca, Valor — São Paulo


Em um país como o Brasil, onde normalmente os ativos financeiros possuem correlação positiva — isto é, se movem em bloco na mesma direção —, a volatilidade implícita do câmbio pode ser um instrumento útil para se analisar como o mercado incorpora as informações sobre um evento futuro e incerto, como as eleições presidenciais. Segundo estudo realizado pela Jubarte Capital, historicamente a volatilidade da moeda brasileira tende a aumentar entre três e seis meses antes do pleito e, à medida que o dia da votação se aproxima, crescem os chamados “riscos de saltos” caso a disputa se mostre competitiva.


“A volatilidade implícita do real tem sido uma das primeiras a reagir a diversos riscos eleitorais”, afirma o chefe de pesquisa da Jubarte Capital, Benjamin Mandel.


De acordo com o profissional, há, na literatura de finanças, diversas maneiras de modelar como o risco eleitoral se incorpora à volatilidade. “A antecipação é o modelo mais simples, pois assume um aumento contínuo da volatilidade à medida que o evento se aproxima, permitindo também que a volatilidade reaja mais fortemente a más notícias do que a boas”, aponta.


Já a “intensidade de saltos” se refere à probabilidade que os mercados atribuem a um choque discreto no preço de um ativo e é geralmente considerada uma variá́vel ao longo do tempo. “Esse conceito tem a característica realista de permitir que a volatilidade aumente antes mesmo de o salto ocorrer, simplesmente como função do acirramento da disputa eleitoral”, explica.


Em um ano eleitoral típico, aponta Mandel, a volatilidade implícita do câmbio começa a se elevar antes da eleição presidencial, em vez de disparar apenas no momento do voto. Esse aumento da volatilidade, explica, costuma ser “convexo”, o que significa que a volatilidade cresce a uma taxa cada vez maior quanto mais equilibrada está a disputa entre os candidatos.


“À medida que a eleição se aproxima, o foco do mercado migra para o risco de saltos, à medida que aumenta a incerteza em torno de um resultado binário. Em suma, a volatilidade eleitoral no Brasil é impulsionada por uma combinação de antecipação, convexidade e risco de saltos”, aponta.


Ao observar para as disputas passadas, Mandel lembra que cada eleição acaba apresentando uma característica própria. “Em 2006 e 2010, por exemplo, a volatilidade implícita do real permaneceu em um padrão lateral e irregular até cerca de cinco meses antes da eleição, quando apresentou um breve pico e depois arrefeceu”, aponta.


Segundo ele, as transições de liderança à época — de Lula para Lula e de Lula para Dilma — continham elementos de risco de evento, mas, no fim das contas, apresentavam risco limitado de cauda em termos de política econômica. “O resultado foi uma baixa precificação de antecipação e de risco de saltos nos mercados de opções entre três e seis meses antes do pleito”, afirma.


Já em 2018, por outro lado, a eleição foi vista como uma ruptura de regime mais clara entre Bolsonaro e os governos anteriores; de forma semelhante a eleições passadas, a volatilidade começou a subir seis meses antes do evento, mas continuou acelerando de maneira convexa quase até o primeiro turno, à medida que as pesquisas se tornaram mais apertadas e o risco de saltos aumentou — atingindo um pico de 2,5 desvios-padrão.


“Em 2022, com dois candidatos amplamente conhecidos, a alta da volatilidade implícita foi menos convexa e mais persistente do que em 2018, mas ainda assim alcançou níveis comparáveis no dia da eleição, conforme as pesquisas se estreitaram”, lembra o profissional.


Mandel nota que o lançamento da pré-candidatura à Presidência do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), há duas semanas, causou um aumento da incerteza política e da especulação de que a volatilidade eleitoral de mercado já esteja atualmente em curso.


“Ainda assim, os níveis atuais de volatilidade implícita permanecem baixos e, a mais de dez meses da eleição, isso ocorreria bem antes do padrão típico de alta da volatilidade, que costuma se materializar entre três e seis meses antes do pleito. Quando esse momento chegar, os padrões observados em eleições recentes sugerem alta convexidade e aumento do risco de saltos caso as pesquisas indiquem uma disputa apertada”, conclui.

Mercado de carnes

 *Carnes/EUA: Mercado de proteína animal contribui com US$ 57,3 bi para a economia, aponta estudo*


Por Jean Mendes


São Paulo, 21/12/2025 - A indústria de processamento de carne e aves contribui com US$ 57,3 bilhões para a economia dos Estados Unidos e fornece 584 mil empregos, segundo pesquisa do The Meat Institute (Instituto da Carne) dos EUA, divulgado ontem. O estudo também informa que toda a indústria de carne e aves, incluindo produção pecuária, alimentação animal, fabricação de equipamentos, transporte e outros, contribui com US$ 347,7 bilhões para a economia dos EUA, gerando cerca de 3,2 milhões de empregos.


"A indústria avícola e de carne é uma parte crítica e crescente da economia dos EUA, com uma importância descomunal para as economias rurais", disse a presidente e CEO do Meat Institute, Julie Anna Potts.


O estudo também mostra que a indústria de carne e aves paga US$ 12,5 bilhões em impostos locais, estaduais e federais nos EUA e tem um total de vendas na casa dos US$ 311 bilhões. A pesquisa fez um levantamento indireto dos setores, revelando que a contribuição econômica gerou cerca de US$ 77 bilhões em impostos.


"Nossas empresas associadas são muitas vezes os maiores empregadores em suas comunidades rurais, e seu impacto vai além dos empregos. Além dos impostos que pagam, elas investem em suas comunidades com generosas doações de alimentos e fazem contribuições financeiras e outras insubstituíveis para infraestrutura local, como moradia, espaços comunitários, escolas e cuidados infantis", diz Potts, em nota.


Contato: jean.mendes@broadcast.com.br


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Um retrato claro de poder econômico em uma imagem

 


Um retrato claro de poder econômico em uma imagem.


Poucos grupos concentram dezenas de marcas que fazem parte do dia a dia do consumidor. No supermercado parece concorrência. Na estrutura real, é escala, domínio de canal e eficiência financeira.

A lógica é:

• Marcas diferentes para públicos diferentes
• Um único grupo capturando volume, margem e recorrência
• O consumidor escolhe a marca, o capital escolhe o grupo

Quem entende essa dinâmica para de competir por preço e começa a competir por posicionamento.

No jogo grande, vantagem competitiva vem de portfólio, distribuição e percepção.

Negócio não é ter uma marca forte.
É ter várias, ocupando todos os espaços.

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Mercados emergentes entram em 2026 com expectativas elevadas após ano forte

O que pode estar em andamento é uma mudança mais estrutural nos fluxos globais de investimento, com gestores buscando diversificar para além dos EUA


Por Bloomberg


Os mercados emergentes estão prestes a iniciar 2026 como uma das apostas preferidas de Wall Street, com gestores de recursos apostando que um novo ciclo de entrada de investimentos está em curso. A corrida de capital para o setor neste ano a melhor desde 2009 considerando todos os ativos de mercados emergentes — é um sinal de que mais investidores estão voltando a alocar recursos em uma classe que ficou em segundo plano após anos de desempenho morno.


Pela primeira vez desde 2017, as ações de mercados emergentes superam as dos EUA; o diferencial entre os rendimentos dos títulos emergentes e os dos Treasuries americanos caiu para o menor nível em 11 anos; e estratégias de carry trade — que basicamente envolvem tomar empréstimos em ativos de menor rendimento para financiar compras em ativos de maior retorno — registraram os melhores ganhos desde 2009.


O entusiasmo pelo setor ficou evidente na recente conferência de investimentos do Bank of America em Londres. O banco reuniu 300 investidores em 170 encontros e encontrou praticamente nenhum pessimismo em relação aos mercados emergentes. O veredicto de David Hauner, chefe de renda fixa emergente do BofA, foi direto: “Os pessimistas de emergentes entraram em extinção”.


O que pode estar em andamento é uma mudança mais estrutural nos fluxos globais de investimento. Gestores de portfólio buscam diversificar para além dos EUA e, ao mesmo tempo, se mostram cada vez mais atraídos pelos avanços dos países em desenvolvimento na redução do endividamento e no controle da inflação.


É uma reviravolta que poucos previram. Até pouco tempo atrás, investidores evitavam essa classe de ativos após anos de retornos fracos e com o temor de uma guerra comercial liderada pelos EUA. Gestores tinham dificuldade para vendê-la a clientes, enquanto fundos hedge diziam enxergar as melhores oportunidades justamente em apostar contra os mercados emergentes.


“2025 foi um ponto de inflexão”, afirmou Sammy Suzuki, chefe de ações de mercados emergentes da AllianceBernstein, em Nova York. “Há um ano, a pergunta era se os mercados emergentes eram sequer investíveis, mas isso já não é mais algo que ouvimos.”


*Mais espaço para alta*


Bancos como JPMorgan Chase & Co. e Morgan Stanley se juntaram ao coro otimista, prevendo que os mercados emergentes se beneficiarão da fraqueza do dólar e do boom de investimentos em inteligência artificial. O JPMorgan projeta até US$ 50 bilhões em entradas em fundos de dívida emergente no próximo ano.


“Uma de nossas melhores ideias continua sendo manter dívida local de mercados emergentes”, disse Bob Michele, chefe global de renda fixa do JPMorgan Asset Management. “Devemos ter um pouco de valorização de preços, receber o carry e acreditamos que as moedas emergentes ainda têm algum potencial de alta.”


O Morgan Stanley também recomenda que clientes mantenham títulos em moeda local e aumentem posições em dívida emergente denominada em dólar. O BofA espera que os títulos emergentes em moeda forte repitam os retornos de dois dígitos deste ano.


Um fator-chave pode ser o posicionamento: apesar da valorização recente, os fluxos de investimento ainda são relativamente modestos. ETFs dos EUA focados em ações emergentes absorveram quase US$ 31 bilhões em 2025, segundo estimativas da Strategas Securities. Fundos de dívida emergente captaram mais de US$ 60 bilhões, de acordo com dados da EPFR Global compilados pelo BofA — mas isso vem após saídas de US$ 142 bilhões nos três anos anteriores. Ou seja, os mercados emergentes ainda estão sub-representados nos portfólios globais.


“O ano marcou o retorno dos alocadores de ativos após um período brutal de cinco anos”, disse Todd Sohn, estrategista sênior de ETFs e análise técnica da Strategas, em Nova York. “Muitos perceberam que estavam excessivamente expostos a ações americanas de grandes empresas de crescimento e buscaram diversificação global.”


Enquanto isso, a participação dos mercados emergentes nos principais índices globais de ações e títulos segue em alta. As ações ganharam mais de um ponto percentual de peso em relação aos mercados desenvolvidos, aproximando-se de 13% no índice Bloomberg World Large & Mid Cap, enquanto a dívida emergente também aumentou sua participação no Bloomberg Global Aggregate Total Return Index.


Para Rajeev De Mello, da Gama Asset Management, os investidores finalmente estão voltando a se engajar com os mercados emergentes, mas ainda há espaço para avançar rumo a um “sobrepeso mais significativo”.



*A questão do dólar*


A recuperação deste ano pode estar mascarando vulnerabilidades da classe de ativos. A China, presa a um ciclo deflacionário, pode representar um desafio ao exportar excesso de capacidade para outros países em desenvolvimento, pressionando as indústrias locais.


Mas o maior teste está no dólar. A queda de 8% da moeda americana neste ano ajudou a impulsionar os ativos emergentes, mas muitos acreditam que ela pode se recuperar caso o Federal Reserve entregue menos cortes de juros do que o esperado. Estrategistas do Citigroup, por exemplo, aconselham clientes a comprar apenas ativos emergentes capazes de resistir a uma eventual valorização do dólar.


Ainda assim, o banco projeta retornos totais de 5% para os títulos emergentes no próximo ano. Michele, do JPMAM, também mantém posições otimistas em ívida emergente; ele espera que os rendimentos reais “muito elevados” continuem atraindo investidores mesmo em um cenário de dólar mais forte.


Por ora, o dinheiro segue entrando: fundos de dívida emergente captaram US$ 4 bilhões na semana encerrada em 17 de dezembro, o maior fluxo semanal desde julho. E, se os mercados emergentes resistirem a mudanças no dólar e na política do Fed, investidores mais cautelosos podem se convencer de que uma realocação estrutural está de fato em curso, segundo Suzuki, da AllianceBernstein. “Essa incerteza oferece aos investidores uma janela de oportunidade para entrar”, disse ele. “Quando todos acreditarem nisso, pode ser tarde demais.”


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O Homem Que Venceu o Tempo e o Mercado

Ninguém quer ficar rico devagar, mas ele quis

Um marco histórico está para acontecer no mercado financeiro: Warren Buffett vai se aposentar aos 95 anos.

2025 deve ser o último ano de atuação ativa de Warren Buffett como CEO e chairman da Berkshire Hathaway, a lendária firma de investimentos do meio-oeste americano. Isso é relevante para o mercado financeiro não apenas porque se encerra a carreira do maior investidor da história, mas também porque se encerra uma forma específica de estar no mundo, de pensar o dinheiro, o tempo e a própria ideia de sucesso, que parece cada vez mais rara. A Carta de hoje é baseada nas impressões do investidor Seth Klarman sobre o “Oráculo de Omaha”, como ficou conhecido Buffett.

Num ambiente financeiro dominado por velocidade, narrativas, vaidade intelectual e uma ansiedade quase patológica por novidade (quem leu “Flash Boys”, de Michael Lewis, vai lembrar da disputa por quem ficava à menor distância da bolsa de valores e quem tinha os cabos ópticos de transmissão de ordens mais rápidos…), Buffett construiu sua fortuna fazendo algo “banal”: comprando negócios bons, pagando um preço razoável e esperando. Esperando por anos, às vezes por décadas… Esperando enquanto o mundo gritava, corria, se desesperava ou se apaixonava por modas passageiras.

Sua genialidade era silenciosa, quase provinciana, profundamente enraizada numa ética de trabalho, numa curiosidade constante e numa capacidade rara de não se distrair com aquilo que não importava. Ele nunca foi o arquétipo do gênio performático: não era um artista, um inventor, um visionário carismático de palco, um showman à la Trump. O próprio Buffett, inclusive, sempre descreveu o que fazia da maneira mais honesta possível: “investir é simples, mas não é fácil”.

Milhões de pessoas compram e vendem ações todos os dias, mas nenhuma fez isso melhor, de forma tão consistente e por tanto tempo quanto Buffett. E a parte mais surpreendente dessa história é justamente que não houve truque, não houve atalho, não houve genialidade mística: houve método, temperamento e uma relação quase filosófica com o tempo. O “Value investing” levado à cabo pelo menino disciplinado do meio-oeste americano.

Buffett começou cedo: aos 11 anos, comprou sua primeira ação. Ainda adolescente, vendia jornais, amendoins em estádios, produzia guias de apostas de corridas de cavalo e, aos 17, juntou dinheiro suficiente para comprar máquinas de pinball e instalou elas em barbearias, criando uma pequena máquina de fluxo de caixa antes mesmo de saber nomear esse conceito.

O ponto de inflexão veio quando ele encontrou Benjamin Graham, na Universidade de Columbia. Graham ensinava algo que hoje, em um mercado habitado por firmas de HFT, parece quase heresia: ações representam frações de negócios reais, e o mercado, apesar de parecer sofisticado, erra o tempo todo. Para Graham, preço é o que você paga e valor é o que você recebe. E Buffett não apenas aprendeu isso, ele internalizou o ensinamento e utilizou como norte nas suas decisões de investimentos.

“O Investidor Inteligente”: a Bíblia dos value investors

Quando abriu sua firma de investimentos, ainda jovem, Buffett parecia enxergar com nitidez algo que a maioria só aprende depois de errar muito: se você consegue identificar bons negócios e permanecer fiel a eles por tempo suficiente, os juros compostos fazem o trabalho pesado por você. Desde cedo, ele se comprometeu a operar dentro do seu círculo de competência, recusando a tentação de entender tudo e preferindo entender profundamente poucas coisas (algo diametralmente oposto à moda do “jalecos de especialistas” que as redes sociais geram nos dias atuais, não é mesmo?).

A compra da Berkshire Hathaway, originalmente uma empresa têxtil decadente, foi tida como um erro clássico de value investing: era um ativo barato, mas estruturalmente ruim. Ainda assim, foi desse erro que nasceu uma das estruturas de capital mais bem-sucedidas da história: Buffett transformou a Berkshire num veículo de capital permanente, alavancado por seguradoras e pelo conceito de float.

Float é um dinheiro que não é exatamente seu, mas que pode ser investido enquanto você espera o dia de honrar compromissos futuros. Esse detalhe técnico, aparentemente trivial, foi decisivo: o float permitiu a Buffett investir com horizonte longo, sem pressão de resgates, sem necessidade de agradar cotistas trimestralmente e sem a ansiedade típica do mercado. Com isso, ele construiu um conglomerado que reúne ferrovias, seguradoras, empresas de energia, indústrias e participações relevantes em empresas como Apple, Coca-Cola e American Express.

Buffett concentrou quase toda a sua riqueza em um único veículo: não diversificou para parecer sofisticado e diversificou apenas quando fazia sentido econômico. Para ele, diversificação excessiva sempre foi, no fundo, uma confissão de ignorância. Daí, inclusive, nasce uma de suas metáforas mais famosas: o cartão de 20 investimentos para toda a vida. Se você soubesse que só poderia tomar 20 decisões realmente importantes, pensaria com muito mais cuidado antes de agir e, quando agisse, faria isso com convicção. Buffett esperava a onda perfeita, e quando ela vinha, entrava com tudo, de corpo e alma.

Esse comportamento, porém, exige algo que é pouco discutido: temperamento. Value investing não é apenas técnica, é personalidade. Buffett comprava mais quando os preços caíam, sentia-se confortável quando os outros estavam em pânico, não buscava consenso e desconfiava profundamente quando suas ideias se tornavam populares demais. Enquanto outros perseguiam a disrupção, ele observava retorno sobre capital, geração de caixa e vantagens competitivas sustentáveis.

Buffett nunca tentou ficar rico rápido: não porque fosse moralmente superior, mas porque entendeu que ir devagar, de forma consistente, era mais seguro e, no fim, infinitamente mais lucrativo. O gráfico de sua riqueza ao longo do tempo é a ilustração perfeita do poder dos juros compostos: uma curva que sobe lentamente no início e, depois, quase desafia a intuição humana.

Buffett é paciente e entendeu que o tempo é o fator exponencial da riqueza

Durante décadas, Buffett foi a prova viva de que os mercados não são perfeitamente eficientes: enquanto teorias acadêmicas insistiam que ninguém poderia bater o mercado de forma consistente, ele o fez por quase três quartos de século. A reação da academia foi curiosa: tratá-lo como uma exceção estatística, um caso isolado, algo a ser explicado, e não algo a ser estudado (ah, a arrogância dos acadêmicos….). Buffett ironizava dizendo que quanto mais pessoas acreditassem na eficiência absoluta dos mercados, menor seria a concorrência para quem faz análise fundamentalista.

E tem algo mais impressionante ainda na sua trajetória: Buffett permaneceu quase que essencialmente o mesmo homem ao longo de toda a vida adulta. Viveu na mesma casa em Omaha, manteve amizades antigas, não colecionou símbolos óbvios de status (penthouses em cidades globais, carros importados de última geração, uma esposa nova a cada ano,etc). Comia hambúrguer, bebia Cherry Coke e via o dinheiro mais como uma forma de manter o placar do jogo do que como um passaporte para outra identidade.E quando decidiu fazer filantropia, fez em escala histórica, doando dezenas de bilhões de dólares, depois co-fundando o “Giving Pledge” e ajudando a criar um modelo de compromisso filantrópico que deve perdurar por gerações. Buffett demonstrou que dinheiro amplifica quem você já é.

O encontro anual da Berkshire Hathaway virou o Lollapalooza do mercado financeiro

Ele também foi, talvez sem perceber, um dos maiores educadores do capitalismo moderno: suas cartas aos acionistas são aulas de clareza mental, escritas como se fossem destinadas a um parente inteligente, mas leigo. Isso porque Buffett acreditava que entender algo de verdade significa conseguir explicá-lo de forma simples – novamente, algo diametralmente oposto à prática dos bancos de investimento de Wall Street, sempre sisudos e cheios de termos técnicos que, por muitas vezes, mais confundem do que explicam os pequenos investidores.

Agora, com sua aposentadoria, não perdemos apenas um investidor extraordinário: perdemos uma referência moral, um ponto fixo num sistema cada vez mais barulhento, ansioso e curto-prazista. Buffett é a lembrança viva de que disciplina, paciência, integridade e constância ainda funcionam: não apenas no mercado, mas na vida. Num mundo obcecado por atalhos e respostas imediatas, ele escolheu o caminho longo. E deu certo.

Suicidio dos farialimers

 *O SUICÍDIO RITUAL DOS FARINHALIMERS*


​Os farinhalimers brasileiros não cansam de surpreender pela sua vocação para o abismo. Não é difícil concluir que o maior inimigo do capitalismo no Brasil são os próprios capitalistas. É o que Plínio Corrêa de Oliveira diagnosticou com precisão e que Vladimir Lênin previu com cinismo diabólico: eles estão vendendo a corda com a qual serão enforcados.


Não estamos falando de erro de cálculo. Estamos falando de uma patologia. Quando o Santander financia o vilipêndio da fé no Queermuseu, ou quando a Natura decide que a melhor forma de vender perfume no Dia dos Pais é desconstruir a paternidade biológica com Thammy Miranda, o que vemos não é "marketing moderno". É a Mentalidade Revolucionária ocupando os conselhos de administração.


Essa gente sofre de uma "favelização mental" crônica. Ricos no bolso, mas indigentes no espírito, eles morrem de medo de parecerem "atrasados" diante da patota intelectual que os despreza. Para serem aceitos nos jantares de Paris, os Grão-Senhores do Brasil, nossos metacapitalistas, pagam o pedágio ideológico para a esquerda.


Os farinhalimers, na sua ingenuidade de "Inocentes Úteis" — termo que Plínio usava para descrever essa elite que colabora com a própria destruição —, acreditam que estão domesticando a onça. Ledo engano. Estão apenas caindo no velho truque da NEP (Nova Política Econômica) de Lênin.


Assim como os bolcheviques enganaram os investidores ocidentais fingindo moderação para salvar a economia soviética antes de confiscar tudo, o lulopetismo usa os farinhalimers para manter a máquina girando enquanto afia a guilhotina. Lula é mestre nisso: janta com os banqueiros e discursa para o MST. Uma lâmina da tesoura afaga o mercado, a outra corta as liberdades.


E os farinhalimers? Aplaudem, crentes que o "Lulinha Paz e Amor" é real.


O Magazine Luiza cria "apartheid do bem" com trainee segregado, a Mondelez (Bis) patrocina Felipe Neto para cuspir na cara de metade do país, e os grandes bancos impõem a Agenda 2030 e o crédito social ESG como se fossem ONGs, e não empresas.


Eles não entenderam nada. A Revolução não quer o dinheiro deles; quer o poder total, o "poder de matar", como dizia o texto clássico. Ao financiar a destruição dos valores que sustentam o Ocidente (família, fé, propriedade), os farinhalimers estão serrando o galho onde estão sentados.


Quando a "fase moderada" acabar e a tesoura se fechar, não adianta chorar. O carrasco não dá recibo, e a corda que compraram não aceita devolução.


Ou acordam enquanto há tempo, ou continuem patrocinando o próprio funeral.


​O caixão já foi encomendado -pela BlackRock, e tem logotipo ESG.

                                     https://x.com/orepublicano25/status/2002228153763213408?s=48

Leitura de domingo

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