terça-feira, 1 de julho de 2025

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 NEWS - 01.07 - 2


Bancos veem corte da Selic este ano com juro real perto de 10% / Patamar tem alimentado percepção de que política monetária já atingiu grau de restrição suficiente para trazer inflação à meta de 3% ao longo do tempo- Valor 1/7


Por Gabriel Caldeira — De São Paulo


O ciclo de aperto monetário do Banco Central (BC), que elevou a taxa Selic para 15% em menos de um ano, e alguma moderação nas expectativas de inflação do mercado para o curto prazo têm provocado um crescimento constante do juro real do país, que já se aproxima de 10%, em seus maiores níveis desde janeiro.


Esse patamar tem alimentado a percepção de que a política monetária já atingiu um grau de restrição suficiente para trazer a inflação à meta de 3% ao longo do tempo, e importantes bancos locais e estrangeiros preveem o início de um ciclo de cortes da Selic ainda em 2025, apesar da sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) de que manterá os juros elevados por um “período bastante prolongado”.


Recentemente, o chamado “juro real ex-ante” passou a oscilar em torno de 9,6%, patamar que não era registrado desde o início de janeiro, de acordo com levantamento do Valor Data. O dado é obtido por meio da diferença entre o swap de juro de 360 dias e a inflação projetada para o período de um ano no relatório Focus, compilado pelo BC, e serve para medir o grau de aperto monetário ao qual a atividade econômica está submetida.


Entre os bancos que acreditam em um corte da Selic já em 2025, o Bradesco tem em seu cenário-base uma Selic de 14,50% no fim deste ano, após um corte de 0,5 ponto percentual em dezembro. De acordo com relatório assinado pelo economista-chefe Fernando Honorato, a forte apreciação do real e sinais “incipientes” de desaceleração da economia devem abrir caminho para o BC flexibilizar a política monetária antes do que a maioria dos economistas estima.


“Na nossa visão, caso os cenários de atividade e inflação evoluam como antecipamos, haverá espaço para início de cortes em dezembro, começando com 0,5 ponto percentual. Essa conclusão deriva da nossa réplica do modelo do Banco Central: ao manter a Selic estável, até lá, acreditamos que o modelo do BC apontará inflação ao redor ou abaixo da meta [de 3%] no horizonte relevante daquele período, tudo o mais constante”, diz Honorato, que projeta a taxa básica de juros em 11,75% no fim de 2026.


O superintendente de macroeconomia do Banco Safra, Eduardo Yuki, tem visão similar e também acredita em uma redução de 0,5 ponto da Selic em dezembro, à medida que o horizonte relevante do Copom avançar para o segundo trimestre de 2027.


“Acreditamos que uma moderada retração da atividade e o arrefecimento da inflação no próximo semestre permitirão iniciar um ciclo gradual de redução da restrição monetária em dezembro deste ano”, dizem Yuki e a equipe de economistas do Safra em relatório publicado pouco depois da última alta de juros do Copom.


Para o J. P. Morgan, os ruídos fiscais ampliados após o Congresso derrubar o decreto do governo que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) devem levar a um fim de ano mais volátil, e o BC fará um corte tímido de 0,25 ponto da Selic em dezembro, para 14,75%. No entanto, a partir de 2026, o ritmo da redução irá acelerar para 0,5 ponto e a Selic deve encerrar o ano que vem na casa de 10,75%, de acordo com a projeção dos economistas Cassiana Fernandez, Vinicius Moreira e Mirella Sampaio.


“Embora os diretores do BC estejam transmitindo a mensagem de que as taxas devem permanecer altas por algum tempo, acreditamos que um crescimento mais lento do PIB e um IPCA mais baixo até o final deste ano permitirão que o Banco Central reduza os juros mais rapidamente e mais do que o mercado está precificando atualmente”, projetam os economistas do J. P. Morgan.


Embora também reconheça o risco de que uma deterioração do quadro fiscal iniba um começo de ciclo de cortes mais agressivo, o Bank of America (BofA) crê em uma primeira redução de 0,5 ponto em dezembro. O chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do banco, David Beker, justifica a expectativa com base em uma inflação que deve continuar em trajetória descendente no segundo semestre.


“Nossa percepção é que os juros permanecerão no nível alto atual por mais tempo. A principal questão é: quanto tempo é suficiente? Em nossa opinião, o BC deve começar a cortar com 0,5 ponto percentual na reunião de dezembro”, diz relatório do BofA, assinado também pelos economistas Natacha Perez e Gustavo Mendes.


Entre os riscos listados para o cenário-base do banco, o relatório cita a evolução das medidas subjacentes de inflação, em particular do setor de serviços. “Se o mercado não migrar para a nossa visão e as expectativas de inflação para 2026 e 2027 seguirem acima da meta, o BC ficará sob muita pressão para manter os juros estáveis”, avaliam os economistas do BofA.


Honorato, do Bradesco, aponta também a comunicação conservadora do Copom como algo que pode frear o começo do ciclo de afrouxamento. “Se o corte ocorrer apenas quando as expectativas do Focus estiverem no centro da meta, então o tempo e o espaço para ajustes podem demorar mais e ser bastante menor. Nossa avaliação é que o modelo [do BC] terá um peso maior do que as expectativas, uma vez que ele já considera essa desancoragem em sua formulação”, pondera.


Bolsa é destaque no 1º semestre mesmo com Selic a 15% / Ibovespa sobe 15,4% no ano e índice de ações do setor imobiliário avança 46%; dólar cai e abre espaço para recuo de juros futuros- Valor 1/7


Por Adriana Cotias — De São Paulo


O primeiro semestre termina com forte alta da bolsa brasileira, com valorização de 15,4% para o Ibovespa. O índice de ações do setor imobiliário foi além, com ganhos de 46,4%, na liderança das aplicações financeiras até aqui. Nem parece que a Selic está em 15% ao ano, na maior taxa nominal desde 2006.


Quem segue no CDI já acumula valorização de 6,4% no ano. Mas o investidor que foi paciente para aguentar os trancos dos títulos prefixados e dos atrelados à inflação ganha 10,8% e 10,7%, respectivamente, considerando-se os índices de renda fixa IRF-M e IMA-B 5+, da Anbima, cestas que representam uma média desses ativos.


O dólar, nas idas e vindas das tarifas comerciais do presidente americano Donald Trump, questionamentos sobre o fim do crescimento excepcional e com a sucessão de conflitos geopolíticos acumula queda de 12,1% em relação ao real - em linha com outras moedas da América Latina e de outros mercados desenvolvidos.


O investidor chega à segunda metade do ano sob o dilema de aumentar suas fichas em classes de maior risco ou seguir na renda fixa brasileira, que assegura liquidez, retorno e segurança.


Com o pano de fundo da cena internacional, todas as classes de ativos de risco de mercado - prefixados, Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B), multimercados e bolsa - performaram bem no Brasil, um comportamento diferente do observado nos últimos 3,5 anos, quando todas as estratégias ficaram abaixo do CDI, afirma Dennis Kac, sócio e executivo-chefe de investimentos (CIO) da gestora de fortunas Brainvest no Brasil.


Uma das explicações vem da rotação de carteiras globais, com o investidor buscando geografias fora dos EUA. “Embora o Brasil esteja fora do radar do gringo, qualquer coisa de fluxo para o país acaba fazendo preço.”


Outra questão que o mercado começa a discutir é uma eventual troca no Planalto a partir da eleição presidencial de 2026. Com o quadro fiscal bagunçado, a virada do timão para alguma disciplina nas contas públicas permitiria ao Banco Central (BC) inverter o ciclo monetário e traria um novo rali para os ativos.


“Falta muito tempo, parece meio conversa de botequim, com muita coisa para acontecer, mas a gente começa a ver o governo [Lula] extremamente enfraquecido. De certa forma, nos dois primeiros anos, o ‘playbook’ foi de expansão fiscal significativa, desemprego baixo e uma inflação pressionada, mas que não se perdeu o controle”, diz Kac.


Embora a projeção para o IPCA esteja ainda fora da meta do BC, um índice entre 5% e 6% para o histórico do país não significa que essa batalha esteja perdida, continua o executivo da Brainvest. “Pode se questionar a qualidade, mas a economia segue com crescimento robusto. Em condições normais de temperatura e pressão, o governo deveria estar com uma popularidade superior. Se com todo ferramental utilizado a popularidade não se reverte - pelo contrário continua perdendo pontos -, cada vez é mais difícil acreditar que 2026 não venha a ter uma alternância de poder.”


Kac avalia que pouco disso está nos preços. O fluxo ainda não pende para o jogo pró-risco em cima da hipótese de um governo de centro-direita em Brasília. Com investidores machucados por anos consecutivos de desempenho frustrante e colocando na conta o CDI a 15% ao ano não há razão para apimentar as carteiras de antemão. “Tem oportunidade na renda fixa que faz com que o investidor não tenha que obrigatoriamente ir para a bolsa”, diz. “A NTN-B próxima de 7,5% é uma baita assimetria de risco/retorno.”


Diferentemente da renda variável, em que o CDI pesa contra e o objetivo tem que ser o ganho de capital, na NTN-B é possível estar exposto a uma eventual melhora de Brasil “sem sangrar tanto mês a mês quando não há performance positiva”, diz Kac. O executivo lembra que os prêmios se equiparam ao da crise financeira de 2008, na quebra do banco americano Lehman Brothers, e ao segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, mas que o quadro atual não é equivalente.


“Do ponto de vista das finanças comportamentais, o investidor precisa ter um ano positivo em outras classes para ganhar confiança e efetivamente ir para as alternativas de risco como a bolsa, superdescontada por todas as métricas de valuation”, diz Kac. “Mais para frente vai estar mais caro, mas com um pouco mais de margem de segurança em termos informacionais.” O cenário é binário, reconhece, e se realmente houver uma alternância de poder, ele diz que o Brasil pode vivenciar um dos maiores ralis desde 2002.


O fluxo estrangeiro que tem alimentado a bolsa brasileira esbarra nas taxas de juros altíssimas, mas tem sido essa capacidade de atrair um pedaço da realocação de recursos que saiu dos EUA que fez as ações brasileiras se valorizarem, diz Ruy Alves, sócio e gestor macro da Kinea Investimentos. Mais do que uma aposta em crescimento de lucros ou da economia, o movimento provocou a queda do dólar e, por consequência, das taxas futuras de juros. “O país é da renda fixa até para a bolsa que sobe quando a ‘B’ [NTN-B] fecha [a taxa cai]”, diz. “Tem muito diferencial de juros para ir contra, mas para a bolsa andar é preciso que a percepção de risco mude.”


Se o Brasil não esboçar um ajuste nas contas públicas até a travessia de 2026, ano eleitoral, dificilmente vai evitar o “precipício fiscal” em 2027, diz Alves. Por enquanto, a bolsa avança pelo efeito de valorização do real, mas em dólar está parada desde 2006.


Para o brasileiro, Alves vê o risco da NTN-B e da bolsa como equivalente. Cabe ao investidor decidir se vale estar exposto a uma concessionária de serviços públicos na B3, que paga bons dividendos, ou ficar na renda fixa.


O gestor não acha que a eleição esteja sendo incorporada ao preço dos ativos locais. O Brasil se valeu da realocação dos EUA para outros emergentes, incluindo América Latina e Brasil, e para desenvolvidos como Europa e Japão. Só que nessas economias há uma série de empresas sem crescimento de lucros, o dinamismo continua vindo do mercado acionário americano, em especial das empresas de tecnologia e da inteligência artificial. E, diferentemente das americanas, nas companhias europeias e japonesas, uma queda do dólar se reflete também nos resultados.


“Vender Google, Microsoft, Nvidia para comprar Brasil, Vale, Petrobras e Ambev é vender o futuro para comprar empresas do passado. Pode funcionar, mas é mais difícil. Tem espaço para subir? Tem porque está barato.” A eleição, conforme avance 2026 vai começar a ser um fator e 2027 vai ser um ano fundamental para o Brasil porque o espaço fiscal é nulo.


O investidor global passou a buscar não só mercados descontados, mas também outros estilos de investimentos, diz Lucas Carvalho, chefe do departamento de análise da Toro Investimentos, do Santander. Com múltiplos esticados, “alguns papéis de tecnologia perderam um pouco da atratividade para um viés mais ‘value investing’', da velha economia, setores considerados estáveis como o bancário, commodities e energia e saneamento, não só no Brasil, mas lá fora também”, diz ele.


O especialista destaca o ouro como um ativo vencedor, com os investidores colhendo excelentes resultados pela visão clássica de reserva de valor e de proteção contra a inflação num ambiente global cheio de incertezas. “Vários BCs diminuíram a exposição em dólar e têm buscado o ouro, não à toa o dólar vem se enfraquecendo”, diz Carvalho.


Ele acrescenta que o metal tem correlação negativa (anda na direção oposta) das taxas de juros do Tesouro americano. Depois da divulgação do índice de preços ao consumidor nos EUA na semana passada, o mercado passou a incorporar três cortes de juros pelo Fed, cita. “A renda pessoal veio abaixo do esperado, os gastos dos consumidores bem abaixo, pode haver no segundo semestre quedas de juros, no plural, o que seria benéfico para o ouro e para ativos de risco.”


No Brasil, o analista da Toro diz que 2026 pode trazer ventos favoráveis para corte de juros. É o que vem beneficiando companhias mais alavancadas como as do setor de construção civil e de varejo. Se as taxas futuras seguirem caindo, são papéis que podem ter desempenho acima da média de mercado. A corretora revisou a projeção para o Ibovespa de 145 mil pontos para 160 mil pontos. No curto prazo, o investidor pode colocar o lucro no bolso e acompanhar o andamento da pautas fiscal, após a derrubada do decreto de aumento do IOF pelo Congresso.


 


MÚLTIPLOS E ROTAÇÃO MANTÊM ATRATIVIDADE DE AÇÕES BRASILEIRAS, ENQUANTO ELEIÇÃO ENTRA NO RADAR-Broadcast 30/6


Por Ana Paula Machado, Beth Moreira e Vinicius Novais


São Paulo, 30/6/2025 - Analistas consultados pela Broadcast veem potencial de valorização ainda maior para o Ibovespa nos próximos meses. Além da perspectiva de queda de juros, a Bolsa brasileira tem como fatores-chave para o segundo semestre a presença de múltiplos atrativos e ainda algum fôlego na rotação global de carteiras. Gradualmente, outros fatores locais podem entrar no radar do investidor, como o processo eleitoral de 2026.


A gestora de renda variável do Fator Gestão, Isabel Lemos, pontua que, comparada a pares emergentes, a Bolsa brasileira tem o múltiplo mais atrativo.


O indicador preço sobre lucro (P/L) do Brasil neste ano está em torno de 8 vezes. Na prática, é como se o investidor demorasse oito anos para ver o retorno do seu investimento. No México, esse indicador é de 13 vezes; no Chile, 14 vezes; e na Índia, 22 vezes.


Mesmo em relação à série histórica brasileira este índice está baixo, o que indica que a Bolsa brasileira está muito barata. A média dos últimos 20 anos é de 11,5 vezes o P/L.


"Olhamos múltiplos atrativos no Brasil e temos uma perspectiva no longo prazo de se iniciar a queda dos juros. Isso impulsiona um pouco mais a Bolsa. Além da desvalorização do dólar frente às outras moedas", afirma Lemos.


Há também aqui uma tendência de diversificação dos grandes portfólios globais. O head de Equity Research do Citi para a América Latina, André Mazini, lembra que a gestão "irrequieta" do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, favorece o fluxo para outros países.


"Ele é muito imprevisível e o investidor odeia isso. Há até no mercado a expressão TACO, o acrônimo de 'Trump Always Chickens Out' [Trump sempre volta atrás, em tradução livre], para se referir a ele, que nunca segue nas promessas. Isso faz com que as pessoas comecem a tirar o dinheiro dos Estados Unidos que teve 'boom market' por 15 anos. Agora, está um pouco mais volátil", diz Mazini.


Ao longo do primeiro semestre, como a Broadcast mostrou, a chegada de recursos ao Brasil decorreu de um processo global de diversificação de carteiras, principalmente em meio à queda do dólar mundialmente.


Segundo Mazini, qualquer fluxo, por menor que seja, que saia dos Estados Unidos para outras praças representa um volume importante de alocação no mercado mundial.


"Os índices americanos respondem por 75% dos índices globais; o Brasil, apenas 4%. Qualquer mínima alteração para fora dos EUA, principalmente para o mercado brasileiro representa um volume importante por aqui", ressalta o profissional do Citi.


O head do Citi ressalta que o mercado já vai precificar as eleições gerais de 2026 ao longo do segundo semestre de 2025.


"Há um viés positivo para a Bolsa, temos a questão da eleição no ano que vem ainda em aberto. Imagino que, se vier um governo mais fiscalista, mais preocupado com a questão fiscal, os juros poderão cair."


Diversificação


Em relatório publicado nesta segunda-feira, 30, o Bradesco BBI observa que, com os fortes ganhos já registrados e as taxas de juros ainda elevadas, investidores estão mais seletivos, buscando oportunidades que não apenas oferecem exposição doméstica, mas também proporcionem maior potencial de valorização.


Das 160 ações acompanhadas pelo banco, 132 tiveram alta. Os destaques foram os setores de Educação (+93%) e Imobiliário (+62%), enquanto ficaram para trás commodities (+3%) e Petróleo e Gás (-1%).


"Nesse contexto, revisamos nossa cobertura para identificar ações com desempenho abaixo do esperado", dizem os analistas Pedro Grimaldi e Ben Laidler.


Na lista final de oportunidades, segundo o banco, aparecem, entre outras, Nubank, Ambev, Weg, BRF, Rumo, RD Saúde, Klabin, Hapvida, Raízen, Natura, Cosan, CSN, São Martinho, Vamos e Petz. Essa cesta, segundo o Bradesco BBI, caiu 6% no acumulado do ano e está sendo negociada com múltiplos de 24 vezes o P/L, acima do múltiplo de 20 vezes do início do ano.


 


Mistura de dados e previsões no IBGE acende sinal de alerta / Ex-presidentes do instituto de pesquisas alertam que proposta vai contra recomendações de boas práticas internacionais- Valor 1/7


Lucianne Carneiro


Os ex-presidentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Wasmália Bivar e Roberto Olinto veem riscos para a credibilidade do instituto ao se misturar estatísticas com previsões em um instituto oficial e afirmam que o caminho vai contra as boas práticas internacionais.


O alerta veio após o lançamento pelo IBGE do Programa Nacional de Inteligência e Governança Estatística e Geocientífica, com objetivo de “subsidiar políticas públicas preditivas”. O plano é parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e teve a adesão de oito órgãos públicos.


No evento de divulgação, o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, defendeu que a iniciativa permitirá a união de diferentes bancos de dados, o que ajuda a reduzir custos e oferece melhores subsídios para políticas públicas.


A construção de um sistema nacional de estatísticas é uma das bandeiras da gestão de Pochmann. A ideia é que esse sistema, sob a coordenação do instituto, integre as informações de diferentes produtores de dados. O debate é antigo dentro do próprio IBGE, e a legislação prevê que o instituto coordene o sistema estatístico nacional, função que nunca foi exercida.


Agora, no entanto, Pochmann incluiu nessa discussão o papel das predições, termo que é sinônimo de previsões e tem sido usado no contexto das soluções de inteligência artificial. A IA preditiva identifica padrões para ajudar a prever o que ocorrerá no futuro.


No lançamento, o presidente do IBGE disse que políticas públicas têm sido realizadas com base em realidades do passado. Diante das mudanças atuais, no entanto, defendeu, é “fundamental trabalhar com a ideia de predições”: “Queremos dar um passo, e é um passo experimental, são pesquisas experimentais que vamos levar à frente a partir do IBGE”.


Procurada pelo Valor , a assessoria de imprensa do IBGE encaminhou link (ibge.gov.br/singed-programa-nacional) de nova área do site com explicações sobre o Programa Nacional de Inteligência e Governança Estatística e Geocientífica.


O texto cita o “Projeto Projeções de Força de Trabalho e Ocupações para Brasil 2040”, que “atua comprometido com a finalidade do desenvolvimento e aplicação, experimental, da metodologia de projeção de força de trabalho e de grupos ocupacionais no país para os próximos 15 anos”.


“Como o futuro é incerto, previsões estão sujeitas a falhas. Isso cria uma crise de credibilidade, fundamental para um instituto oficial de estatísticas. É uma ameaça enorme à credibilidade institucional e vai contra as boas práticas internacionais”, afirma Wasmália Bivar, que foi presidente da Comissão de Estatística da ONU.


Na sua avaliação, as acusações de manipulação das informações podem ocorrer de diferentes formas, tanto em caso de erros ou de acertos nas projeções.


Os planos da atual direção do IBGE contrastam com os “Princípios Fundamentais das Estatísticas Oficiais: orientações para divulgações de resultados pelo IBGE”. O documento determina que não se deve “especular sobre resultados futuros dos dados divulgados ou de fatores que irão influenciá-los”, com exceção das projeções da população e da produção agrícola.


A preocupação de Bivar é compartilhada pelo também ex-presidente Roberto Olinto. Um instituto oficial de estatísticas, diz, produz dados que descrevem a realidade geográfica, social, econômica de um país, enquanto previsões são sujeitas a erros.


“O risco de ter uma mistura das coisas, entre estatísticas e projeções, é muito grande. Sou radicalmente contra”, afirma.


Pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), Francisco Pessoa Faria celebra as ações do IBGE para coordenar e organizar diferentes bases de dados, como registros administrativos e estatísticas de diferentes fontes, mas condena projetos que envolvam produção de estimativas: “Trabalhar com previsões não faz parte do escopo de um instituto oficial de estatísticas. E eventuais benefícios não superam os riscos”.

A judicialização do IOF

 A judicialização do IOF

XP Política



Mesmo sob alerta de aliados e resistência dentro do próprio governo, o presidente Lula decidiu bancar a judicialização do decreto que aumentava as alíquotas do IOF. A AGU protocolou nesta terça-feira (1º) uma Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) no Supremo Tribunal Federal, com solicitação de liminar, pedindo a retomada imediata da aplicação do decreto do Executivo, revertendo a decisão do Congresso que havia derrubado a medida na semana passada. 


A expectativa é de que o caso fique com o ministro Alexandre de Moraes, que já relata ações semelhantes. O pedido do governo é para que o STF reconheça que o Legislativo ultrapassou suas atribuições ao sustar um decreto presidencial constitucional. 


Segundo o advogado-geral da União, Jorge Messias, a ação será baseada em três alegações principais: 


1) comprometimento da função administrativa do Executivo; 


2) violação da separação de Poderes;


 3) Insegurança jurídica e risco econômico, uma vez que o decreto já produziu efeitos em junho, com fatos geradores e nova arrecadação.


Sabendo que sua relação com o Congresso está fragilizada, o governo optou por pedir ao Supremo que reconheça a validade de seu ato, sem atacar diretamente o decreto aprovado pelo Legislativo. A tensão, no entanto, não deve se dissipar por isso. 


Ainda plano político, chama a atenção o fato de o presidente Lula não ter se reunido com os presidentes da Câmara e do Senado após a derrota no Congresso, como era a expectativa.


A decisão do governo acontece em meio a uma escalada do tensionamento entre Legislativo e Executivo, depois que o PT divulgou peça publicitária estimulando uma disputa simbólica entre pobres e ricos. A leitura é de que o partido intensifica uma estratégia de confronto com o Legislativo, baseada na lógica do “nós contra eles”, em um ensaio antecipado da narrativa para 2026. A peça foi rebatida pelo centrão. 


Dentro desse ambiente de atrito, a decisão de judicializar pode ter efeito colateral sobre a agenda legislativa do próprio governo, com atrasos e ajustes nas compensações da ampliação da isenção do IR, além de mais ruídos na Medida Provisória voltada à recomposição de receitas, que deve ser alvo de forte disputa no segundo semestre.


Além disso, já no curto prazo, o governo precisa aprovar até a próxima quinta-feira (3) a MP do Fundo Social, que inclui o dispositivo que viabiliza o leilão do excedente de petróleo do pré-sal.


Na seara fiscal, a equipe econômica não descarta a contabilização das receitas do decreto do IOF no próximo relatório bimestral de receitas e despesas, previsto para 22 de julho, que garantiria R$ 12 bilhões a mais nos cofres em 2025 e ajudaria a fechar as contas de 2026. Para poder contabilizar esse montante no bimestral, porém, o governo precisa contar com uma liminar favorável no Supremo até a data de publicação. A Corte inicia o seu recesso nesta quarta-feira, mas o ministro Alexandre de Moraes, provável relator da ação, deverá trabalhar neste período.

Israel

 *Excelente artigo de Alistair Heath, jornalista britânico do Daily Telegraph:*

Há algo em Israel que deixa as pessoas desconfortáveis, e não é o que dizem.
Eles apontam para política, assentamentos, fronteiras e guerras. Mas se você vasculhar a raiva, encontrará algo mais profundo. Desconfortável não com o que Israel faz, mas com o que Israel é. Uma nação tão pequena não deveria ser tão poderosa. Ponto final. Israel não tem petróleo. Nenhum recurso natural especial. Uma população que mal chega ao tamanho de uma cidade americana de médio porte. Eles estão cercados por inimigos. Odiados pela ONU. Alvos terroristas. Denunciados por celebridades. Banidos, vilipendiados e atacados.
E, no entanto, eles prosperam como se não houvesse amanhã. Nas forças armadas. Na medicina. Na segurança. Na tecnologia. Na agricultura. Na inteligência. Na moralidade. Na vontade pura e inquebrável. Eles transformam deserto em terras agrícolas. Eles produzem água do ar. Eles interceptam foguetes em pleno ar.
Eles resgatam reféns debaixo do nariz dos piores regimes do mundo. Sobrevivem a guerras que deveriam eliminá-los e vencem. O mundo assiste e não consegue entender. Então, eles fazem o que as pessoas fazem quando testemunham um poder que não conseguem entender. Eles presumem que deve ser uma farsa. Deve ser ajuda americana. Deve ser lobby estrangeiro. Deve ser opressão. Deve ser roubo. Deve ser algum truque obscuro que deu aos judeus esse tipo de poder. Deve ser chantagem. Porque Deus nos livre que seja qualquer outra coisa. Deus nos livre que seja real. Deus nos livre que seja comprado. Ou pior, a partir disso, estava destinado. O povo judeu deveria ter desaparecido há muito tempo.
É assim que a história de minorias exiladas, escravizadas e odiadas deveria terminar. Mas os judeus não desapareceram. Eles realmente voltaram para casa, reconstruíram sua terra, reviveram sua língua e trouxeram seus mortos de volta à vida — com memória, identidade e poder.
Isso não é normal. Não é político. É bíblico. Não existe um código de trapaça que explique como um grupo de pessoas retorna à sua terra natal após 2.000 anos. Não existe um caminho racional das câmaras de gás para a influência global.
E não há precedente histórico para sobreviver aos babilônios, aos romanos, aos cruzados, à Inquisição, aos pogroms e ao Holocausto, e ainda assim aparecer para trabalhar numa segunda-feira em Tel Aviv. Israel não faz sentido. A menos que você acredite em algo além da matemática. É isso que está deixando o mundo louco. Porque se Israel é real, se esta nação improvável, antiga e odiada ainda é de alguma forma escolhida, protegida e próspera, então talvez Deus não seja um mito, afinal. Talvez ele ainda esteja na história. Talvez a história não seja aleatória. Talvez o mal não tenha a última palavra. Talvez os judeus não sejam apenas um povo... mas um testemunho. É isso que eles não suportam.
Porque no momento em que você admite que a sobrevivência de Israel não é apenas impressionante, mas divina, tudo muda. Sua bússola moral precisa ser redefinida. Suas suposições sobre história, poder e justiça desmoronam. Você percebe que não está testemunhando o fim de um império. Está testemunhando o início de algo eterno. Então, eles negam. Eles difamam. E se enfurecem contra isso. Porque é mais fácil chamar um milagre de "fraude" do que encarar a possibilidade de que Deus cumpra suas promessas. E ele as cumpre silenciosamente.

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: Governo pode entrar hoje no STF para manter IOF*


Dia tem ainda participação de Powell em fórum em Portugal


… Painel do Fórum de Sintra, em Portugal, reúne hoje (10h30) os presidentes do Fed, Jerome Powell; do BoJ, Kazuo Ueda; do BoE, Andrew Bailey; e do BCE, Christine Lagarde. A agenda internacional prevê, ainda, índices PMIs industriais na Europa e nos EUA, onde também será divulgado o relatório Jolts de abertura de vagas – importante na semana do payroll (5ªF), que acelera as expectativas de corte antecipado do juro. NY também acompanha as negociações para os acordos comerciais e os impactos do projeto fiscal de Trump. Aqui, em dia sem indicadores, será lançado o Plano Safra, enquanto o mercado monitora a crise político-institucional, que ameaça escalar com a decisão do governo de judicializar o caso para manter o decreto do presidente Lula que elevou as alíquotas do IOF.


… Segundo apurou o Valor, o governo deve entrar nesta 3ªF com uma ação no STF para questionar a derrubada do decreto que elevou as alíquotas do IOF. O Executivo será autor de um recurso próprio, em paralelo à ADIN do PSOL que já transmita na Corte.


… Um dos pontos do questionamento da AGU deverá ser o descumprimento de um dispositivo constitucional que permite ao Congresso “sustar os atos normativos do Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa”.


… No entendimento do governo, é direito do Executivo elevar as alíquotas do IOF, como ato do seu poder regulamentar.


… A arrecadação prevista com o decreto – estimada em R$ 12 bilhões pela Receita – é considerada fundamental pela equipe econômica para atingir a meta de déficit zero este ano, prevista no arcabouço fiscal.


… Apesar do recesso do Judiciário a partir de hoje, o ministro Alexandre de Moraes vai trabalhar e já analisa a ação do PSOL contra o PDL. Uma decisão liminar do ministro, designado como relator do caso, poderá sair a qualquer momento.


… Ao contrário das especulações de bastidores da semana passada, Lula decidiu não chamar Motta e Alcolumbre para conversar.


… O Planalto está convencido de que não pode deixar pra lá ou sairá desse embate ainda mais enfraquecido e nas mãos do Congresso. A indignação no governo é geral, baseando-se na avaliação de que os presidentes da Câmara e do Senado “quebraram um acordo”.


… Não só Haddad, mas também o presidente Lula reforçam o discurso da justiça tributária que transfere ao Congresso a responsabilidade de não atender os mais pobres, o que levou Motta a acusar o governo de promover uma “polarização social” no País.


… Nas redes sociais, logo pela manhã, divulgou vídeo no qual afirma que o Planalto “alimenta o nós contra eles”.


… No Globo, a colunista Bela Megale informou que Hugo Motta mandou um recado duro ao governo sobre as consequências de ir ao STF para questionar derrubada do IOF, afirmando que o gesto só fará o Congresso querer dobrar a aposta nos embates com o Planalto.


… “Se o governo judicializar, abrirá mão de governar com os parlamentares para governar com o STF.”


… Pouco depois, Haddad reagiu, dizendo que o governo Lula vai continuar fazendo justiça social. “Pode gritar, pode discutir, não podemos esquecer que estamos entre as dez piores economias do mundo entre distribuição de renda.”


… Também Lula disse, durante cerimônia no Palácio do Planalto, que um país “começa a ser justo pela tributação”.


… Em contrapartida à “traição” do Congresso, o presidente engaveta o projeto que aumentou o número de deputados de 513 para 531. Ele não deve vetar, mesmo porque os três líderes do governo votaram a favor, mas também não deve sancionar.


… Caberá ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, promulgar a matéria, arcando com o ônus da proposta que caiu muito mal.


HERÓI – Em rota de colisão com o governo após comandar a sessão que derrubou as mudanças no IOF, Hugo Motta recebeu homenagem de empresários e políticos da direita e da centro-direita em São Paulo, em jantar na casa de João Doria.


… Em discurso no evento, Motta afirmou que não quer “arroubos e nem criar instabilidade”, mas que a votação da última semana “foi o retrato de um Parlamento muito aguerrido, pronto para fazer um enfrentamento a favor do País”.


… Já Doria disse que Motta convenceu os parlamentares de que a derrubada do IOF não era contra o governo Lula e sim uma “decisão a favor do Brasil”. “Eu mandei mensagem pra ele essa semana e agora reafirmo: Hugo, você é o herói do Brasil”.


… Nas redes sociais, Doria escreveu: “Recebemos em nossa casa para jantar o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta, que tem se revelado uma grande liderança, dedicado às causas do Brasil. O empresariado aplaude sua postura, equilíbrio e firmeza.”


ACORDOS COMERCIAIS – A decisão do Canadá de revogar o imposto retroativo sobre serviços digitais deu impulso às negociações com os EUA, projetando a expectativa de que novos acordos comerciais poderão ser anunciados antes do dia 9.


… O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, garantiu que haverá uma “enxurrada de acordos” antes de acabar o prazo da trégua das tarifas recíprocas, afirmando que a decisão de estender o tempo de negociações dependerá de Trump.


… “Ainda podemos voltar às tarifas de 2 de abril. Se as nações forem recalcitrantes, as tarifas poderão aumentar novamente.”


… Segundo informou a Casa Branca, Trump planeja fazer uma reunião nesta semana com sua equipe de comércio para definir tarifas.


… Entre os países que estão com as negociações bem encaminhadas está a Índia, que deve fechar em breve um acordo. Já o Japão está na mira de Washington. Trump foi às redes sociais para dizer que enviará “apenas uma carta” ao governo de Tóquio.


… A União Europeia deve aceitar as tarifas universais, mas buscará isenções, segundo fontes da Bloomberg.


… A UE estaria disposta a aceitar uma tarifa de 10% sobre muitas de suas exportações. Em troca, negocia a isenção para os setores de automóveis e peças automotivas, além de uma redução de 50% sobre aço e alumínio exportados aos EUA.


MAIS CORTES – Goldman Sachs antecipou sua previsão de queda do juro pelo Fed, de dezembro para setembro, citando um impacto das tarifas na inflação menor que o esperado anteriormente. O banco agora espera três cortes neste ano.


… Trump voltou a pressionar o Fed e a dizer que os juros deveriam estar “em 1% ou até menos”. “Jerome, você está, como sempre, muito atrasado. Você está custando uma fortuna aos EUA — e continua fazendo isso. Você deveria reduzir os juros drasticamente!”


… No Brasil, o Bradesco manteve a expectativa de corte da Selic ainda este ano, afirmando que o cenário macroeconômico global positivo neste primeiro semestre permitirá ao Banco Central reduzir a taxa de juro básica em 0,50pp em dezembro.


… O banco ainda reduziu a projeção do dólar frente ao real para R$ 5,50, avaliando que as incertezas das tarifas e a política fiscal dos EUA enfraqueceram o dólar. A estimativa do IPCA/2025 foi revista de 5,4% para 5% e para o PIB subiu de 1,9% para 2,1%.


… Nesta 2ªF, com o dólar no menor valor desde setembro do ano passado (R$ 5,43), a expectativa de corte antecipado dos juros pelo Fed derrubou os yields dos Treasuries e afundou a curva do DI, influenciada também pelo Caged mais fraco (leia abaixo).


CHINA HOJE – PMI/Caixin industrial subiu de 48,3 em maio para 50,4 em junho, superando a expectativa de 49,8.


JAPÃO HOJE – O PMI industrial subiu de 49,4 em maio para 50,1 em junho. O indicador voltou a ficar no patamar neutro de 50, indicando estabilidade da atividade. Esse é o maior nível do PMI industrial japonês desde maio/24.


MAIS AGENDA – Índices PMI industrial de junho (leitura final) serão divulgados à primeira hora do dia na Alemanha, Zona do Euro e Reino Unido. Nos EUA, o dado da S&P Global (10h45) tem previsão de 49,3 (52 em maio). Às 11h, sai o ISM, que deve ficar em 49,1.


… Também às 11h, o Depto do Trabalho divulga o relatório Jolts, com abertura de vagas em maio. Previsão de estabilidade: 7,30 milhões.


… O Fórum de Sintra, em Portugal, reúne em painel às 10h30 os presidentes de Fed, do BCE, BoE e BoJ. O Brasil é representado em painel mais cedo (8h30) pelo diretor de Política Monetária do Banco Central, Diogo Guillen.


… O IPC-S de junho (8h) deve registrar alta de 0,21%, na mediana de pesquisa do Broadcast.


PLANO SAFRA – Será apresentado no Planalto, com a presença do presidente Lula, com previsão de R$ 8 bilhões a mais para o período de 2025/2026, com um total de R$ 516,2 bilhões para a agricultura empresarial, segundo apurou o Estadão.


TRUMPOLIM – As notícias de que as negociações comerciais dos EUA estão avançando pouco antes do deadline da retomada das tarifas recíprocas (9/7) enfraqueceram o dólar globalmente e deram uma injeção de ânimo ao real.


… Desde setembro, a moeda brasileira não valia tanto contra a rival americana, que caiu 0,89% ontem, para R$ 5,4341. O real foi tão bem nesta 2ªF, que marcou o melhor desempenho da lista das divisas mais líquidas do mundo.


… Houve sim o fator especulativo da briga de fim de mês da ptax (-0,34%; R$ 5,4571), com a atuação mais firme dos vendidos. Mas a queda de quase 5% do dólar em junho e de 12% no primeiro semestre revela tendência de baixa.


… Por si só, a Selic alta do jeito que está já explicaria, em grande medida, o fluxo para o câmbio, justificando a apreciação do real. Mas tem o “plus a mais” do exterior, com a reputação do dólar em xeque e cortes do Fed à vista.


… Se Trump aliviar a barra do tarifaço e esvaziar as pressões inflacionárias contratadas, a leitura do mercado é de que, eventualmente, o juro dos EUA possa cair até três vezes este ano (setembro, outubro e dezembro).


… Trump diz que todo o conselho do Fed deveria “se envergonhar por permitir taxas tão altas”.


… Mas como Powell, o dirigente Raphael Bostic resiste à pressão. “O Fed tem tempo para esperar para ver”, defende. “Precisamos de mais informações [tarifas] para saber o que vem a seguir em termos de política monetária”.


… Mas é promissor ver Bessent falando em uma “onda de acordos comerciais” nos próximos dias, enquanto as negociações com o Canadá serão retomadas e a UE estaria disposta a aceitar tarifa universal de 10%.  


… Na medida em que uma redução dos riscos protecionistas pode reprecificar o tamanho da flexibilização do Fed, o índice DXY atingiu ontem seu menor valor em três anos. Fechou em queda de 0,54%, abaixo dos 97 pontos (96,875).


… Foi um semestre difícil para o índice do dólar (-10,7%), com a supremacia da moeda americana sendo posta à prova, diante de toda a turbulência armada por Trump, que abalou as convicções do mercado em relação ao câmbio.


… Ontem, o iene (144,15/US$), o euro (+0,60%, a US$ 1,1780) e a libra (+0,09%, a US$ 1,3722) voltaram a subir.


#TMJ – Sem desperdiçar a oportunidade, a curva do DI aproveitou para colar na queda do dólar e derreter na ponta longa para o menor nível do ano, refletindo os progressos nas negociações comerciais com os EUA e o Caged fraco.


… A criação de 148,9 mil vagas de empregos formais, abaixo da mediana das estimativas, de 171,8 mil, levantou a lebre de que o mercado de trabalho possa estar, finalmente, exibindo os primeiros sinais de redução de ritmo.


… Até agora, a mão-de-obra vinha bombando e era um dos melhores argumentos para o Copom não se precipitar sobre o início do ciclo de cortes do juro. A se confirmar a perda de fôlego do emprego, o jogo da Selic pode mudar.


… Também as expectativas de inflação para este ano não param de cair na Focus. A mediana das apostas para o IPCA está agora em 5,20%, contra 5,68% no início de março. Segue muito acima ainda da tolerância da meta, de 4,5%.


… Mas alguns economistas ouvidos pelo Valor já veem inflação em 5% ou menos este ano, diante da fraqueza global do dólar, da melhora nos preços dos alimentos e de um arrefecimento recente na inflação do setor de serviços.


… Pelo menos três casas revisaram ontem o cenário para o IPCA. O Banco Inter já espera inflação abaixo de 5,0% no ano, de 4,9%, contra 5,3% anteriormente. A Santander Asset Management Brasil (SAM) reduziu de 5,3% para 5,1%.


… O Bradesco, como se viu, diminuiu sua estimativa de 5,4% para 5,0% e mantém a expectativa de corte da Selic em dezembro, apesar de o Copom se lançar a todos os esforços contra um início prematuro do ciclo de queda.


… De ponta a ponta, os juros futuros caíram ontem, despencando no trecho longo ao menor nível desde novembro.


… No fechamento, o DI para Jan/26 marcava 14,925% (de 14,931% no ajuste anterior); Jan/27, 14,095% (contra 14,181% na última 6ªF); Jan/29, 13,070% (de 13,316%); Jan/31, 13,170% (de 13,477%); e Jan/33, 13,270% (13,600%).


… O tombo dos juros deu um choque de otimismo nas ações mais sensíveis ao ciclo econômico (varejo, consumo e construtoras). MRV (+7,6%) teve o preço-alvo elevado pelo Citi de R$ 6,40 para R$ 6,70 e liderou os ganhos do Ibov.


… Eztec avançou 3,42% e Cyrela, +2,03%. No varejo, o dia foi de rali para a Magalu (+5,91%), Vivara (+3,25%), Assaí (+1,99%) e Natura (+1,66%). Azzas 2154 disparou 4,70%, após divulgar mudanças em seu conselho de administração.


NA TORCIDA – Além de o Ibov ter incorporado o impacto positivo da queima de prêmios no DI, refletiu o cenário externo, com a esperança de que a guerra comercial seja superada e libere o Fed para baixar o juro o quanto antes.


… O índice à vista da bolsa doméstica terminou o dia com ganho de 1,45%, aos 138.854,60 pontos, e giro de R$ 20,5 bilhões. No acumulado de junho, o Ibovespa avançou 1,33%. No primeiro semestre, ligou o turbo e subiu 15,44%.


… Foi o melhor resultado para o período desde 2016, segundo dados compilados pelo Valor. As incertezas sobre a política tarifária dos EUA favoreceram a rotação global de portfólios e uma entrada de k externo na bolsa brasileira.


… Destaques de alta na primeira metade do ano, os bancos faturaram os balanços fortes do 1Tri. Bradesco PN disparou mais de 50% desde que 2025 começou. Ontem, o papel operou em alta de 1,57%, cotado a R$ 16,83.


… As ações do setor financeiro começaram a semana subindo em bloco: Bradesco ON com valorização de 1,61%, a R$ 14,51; Itaú PN avançou 1,87%, a R$ 36,95; Santander unit, +1,85%, a R$ 29,69; e BB ON, +1,66%, a R$ 22,09.


… Vinda de uma escala recentes, as ações da Vale aproveitaram para testar alguma realização de lucros no pregão de ontem (-0,66%, a R$ 52,65), tendo como gatilho o PMI oficial industrial da China, abaixo de 50 há três meses.


… CSN perdeu 0,80%, a R$ 7,44, e Usiminas, -0,72%, a R$ 4,12. O Valor noticiou que o Cade deu 60 dias para a CSN apresentar plano de venda das ações que detém na Usiminas, no imbróglio que se arrasta há mais de uma década.


… Petrobras ON avançou 0,86% (R$ 34,09) e PN subiu 0,54% (R$ 31,38), apesar de o petróleo Brent ter caído 0,24%, a US$ 67,61 por barril, antecipando aumento da produção pela Opep+ no próximo domingo, em 411 mil bpd.


… Caso confirmado, esse será o quarto aumento consecutivo na oferta pelo cartel e os seus aliados e o acréscimo total atingirá 1,78 milhão de bpd no ano, o equivalente a mais de 1,5% da demanda global total.


TOMORROWLAND – Como disse a equipe de estrategistas de ações americanas do Morgan Stanley, o mercado acionário de NY não vai esperar por um sinal explícito de mudança mais dovish do Fed e tende a se antecipar.


… Pensando lá na frente e de olho nas negociações comerciais de Trump, o S&P 500 (+0,52%, a 6.204,95 pontos) e o Nasdaq (+0,47%, a 20.369,73 pontos) renovaram os picos históricos. O Dow Jones subiu 0,63%, a 44.094,77 pontos.


… No mês de junho, as altas acumuladas pelos três principais índices acionários de Wall Street foram de, respectivamente, 4,96%, 6,57% e 4,32%. Nos últimos seis meses, foram de 5,50%, 5,48% e 3,64%, pela ordem.


… “O mercado financeiro parece ter a impressão de que os argumentos para cortes de juros pelo Fed cresceram, conforme os efeitos das tarifas do governo Trump seguem nulos”, avalia o banco canadense BMO, em nota.


… O juro da Note de 2 anos caiu a 3,722%, contra 3,737% no pregão anterior, e o de 10 anos, a 4,237%, de 4,273%.


EM TEMPO… TELEFÔNICA BRASIL, dona da Vivo, declinou de informar se procede a informação da imprensa espanhola sobre potencial venda de parte da companhia. “A empresa não vai comentar”, afirmou ao Broadcast…


… Segundo o veículo El Economista, o grupo espanhol Telefónica, controlador da Telefônica Brasil, está analisando alternativas para levantar recursos que lhe permitam fazer aquisições e consolidar o mercado na Europa…


… Para isso, o grupo poderia realizar um aumento de capital e vender cerca de 20% do capital da Telefônica Brasil, do qual atualmente detém 70%.


RD SAÚDE aprovou pagamento de R$ 131,8 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,0769 por ação, com pagamento até 5/12; ex em 4/7.


EQUATORIAL ENERGIA anunciou a realização da sua nona emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em série única, no valor de R$ 300 milhões.


NEOENERGIA concluiu venda de 70% da usina hidrelétrica de Baixo Iguaçu para a Copel por R$ 1,05 bilhão; com a venda, a empresa não detém mais nenhuma participação na usina.


ENEVA contratou financiamento de R$ 500 mi junto ao Banco da Amazônia, com repasse de recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), para avançar na construção e implementação do Projeto Azulão.


AMBIPAR informou que sua AGE, iniciada e suspensa em 25/6, foi retomada ontem, mas acabou sendo cancelada pelos acionistas presentes…


… Assembleia tinha como objetivo deliberar sobre a proposta de reorganização societária divulgada em fato relevante de maio…


… De acordo com a companhia, assembleia será reconvocada oportunamente, após confirmação das formalidades para implementação da primeira etapa…


… Empresa fez parceria com a B3 Digitas para a negociação de créditos de carbono tokenizados; cada token AMBI equivale a uma tonelada de crédito de carbono certificado e a negociação dos ativos deve começar no dia 8 de julho.


BB SEGURIDADE aprovou a distribuição de R$ 3,770 bilhões em dividendos; valores a serem distribuídos por ação e data de pagamento serão informados após a divulgação dos resultados do 2TRI, prevista para 4/8.


REVISÃO DO NOVO MERCADO. Conselho do ASSAÍ aprovou 21 das 25 cláusulas da proposta da B3; CBA aprovou 20 itens; ENEVA aprovou 18 itens; JHSF aprovou 16 itens; e EZTEC aprovou 13 itens…


… COGNA, ALLOS, MAGAZINE LUIZA, EQUATORIAL, HAPVIDA e LWSA rejeitaram integralmente a proposta; BRAVA ENERGIA rejeitou quatro propostas e se absteve em relação às outras 21 medidas.


LWSA. Conselho aprovou aumento do capital social, em decorrência do 14º plano de opção de compra de ações da empresa, no valor de R$ 5.447.274,00, mediante a emissão de 3.112.728 ações ON, com o preço de R$ 1,75 cada…


… Com o aumento, capital social passou a ser de R$ 2.825.298.694,67, repartido em 565.999.206 papéis ON.

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Economic Outlook

 *ECONOMIC OUTLOOK | JUL25*


*Desde o final do ano passado, houve mudança positiva na percepção de riscos, especialmente por conta de vetores externos.* Para o Brasil, houve apreciação da taxa de câmbio e redução das pressões inflacionárias e sobre as curva de juros.


*A economia se manteve aquecida no primeiro semestre, mas há sinais incipientes de moderação.* Esperamos desaceleração do PIB de 1,4% para 0,4% no trimestre atual. No segundo semestre, a política monetária restritiva seguirá atuando sobre a economia. De toda forma, ajustamos nossas projeções de crescimento para 2,1% em 2025 e 1,5% em 2026.


*O câmbio mais apreciado levou nossa projeção de IPCA para 5,0%, neste ano.* Esperamos que a taxa de câmbio encerre o ano em R$/US$ 5,50, com inflação de 3,8% em 2026.


*O quadro fiscal permanece incerto, mas mantemos expectativa de cumprimento do arcabouço em 2025-2026.* Apesar disso, contamos com estímulos fiscais e creditícios em nosso cenário para 2026.


*Por fim, acreditamos que haverá espaço para corte de juros no final desse ano, para 14,5%, encerrando o ciclo em 11,75% em 2026.* Isso manterá o juro real restritivo ao redor de 7,5%.


*Fernando Honorato*

Economista-Chefe Bradesco

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: Feriado nos EUA encurta semana do payroll*

… Semana mais curta com o feriado de 4 de Julho nos EUA, que fecha os mercados em NY mais cedo desde a véspera, tem como destaque o fórum do BCE em Sintra, com a participação de vários banqueiros centrais, além da expectativa com avanço nos acordos comerciais de Trump, quando se aproxima o deadline da trégua das tarifas “recíprocas”, no dia 9. Na agenda dos indicadores, o payroll será divulgado na 5ªF, com potencial para ajustar as expectativas para os juros, enquanto índices PMI da indústria e de serviços medem a atividade global. No Brasil, saem hoje os dados consolidados do setor público e o Caged e, na 4ªF, a produção industrial de maio. A crise institucional entre governo e Congresso segue no radar do investidor, com a possibilidade de o Planalto recorrer ao STF para manter o decreto do IOF.
… No Valor, a jornalista Maria Cristina Fernandes escreveu que Lula ficou “indignado com a usurpação da competência do Executivo pelo Congresso” e que a decisão de judicializar tenta evitar que o precedente criado no caso do IOF vire uma regra.
… O presidente pediu à AGU uma avaliação sobre a constitucionalidade da derrubada do decreto presidencial que elevou o IOF e havendo um parecer favorável, o Supremo será acionado. Segundo Haddad, Lula não pode abrir mão de recorrer.
… Em entrevista à GloboNews na 6ªF, o ministro afirmou que o ambiente político não está colaborando para um alívio no Orçamento. Em 2024, disse ele, o governo encaminhou “seis ou sete medidas ao Congresso que fechariam as contas, mas nem tudo foi bem recebido”.
… Haddad reiterou que não tem a intenção de mudar a meta fiscal, como muita gente no mercado já acredita para 2026, dizendo que vai perseguir aquilo que já foi anunciado. A meta para o ano que vem é de um superávit de 0,25% do PIB (R$ 34,3 bilhões).
… Para 2025, mesmo sem o IOF, com o qual a equipe econômica esperava arrecadar R$ 12 bilhões, o consenso é de que as chances de se atingir a meta de déficit zero são boas, já que o governo congelou R$ 31,3 bilhões e contará com receitas extraordinárias.
… Tanto Lula como Haddad estão marcando posição contra “o andar de cima” nesse embate.
… Em evento na Faculdade de Direito da USP, o ministro disse que os mais ricos querem fazer um ajuste fiscal no Brasil para o “pobre da periferia pagar”. “Quando chama o pessoal da cobertura para pagar o condomínio, o ajuste deixa de ser interessante.”
… Ainda na entrevista, Haddad disse que não consegue entender o que aconteceu depois da reunião com líderes naquele domingo, no dia 9 de junho. “Eu saí de lá com a sensação de que estava 100% resolvido o encaminhamento da MP e o novo decreto do IOF.”
… Ele disse que “não quer crer” que a motivação do rompimento do acordo com Motta e Alcolumbre tenha sido eleitoral, acrescentando que não foi informado da mudança de comportamento dos presidentes da Câmara e do Senado. “Não fui informado, nada.”
… Há informações de que Lula deve chamar Motta e Alcolumbre para conversar, mas a disposição de levar o caso ao STF continua de pé. O Planalto nem precisaria entrar, já que o PSOL se antecipou e já recorreu ao Supremo com uma Ação de Inconstitucionalidade.
… O ministro Gilmar Mendes foi sorteado como relator, mas o decano pediu ao presidente da Corte, Luiz Roberto Barroso, para passar o caso para Alexandre de Moraes, que relatou o processo movido pelo PL, no início do mês, pela derrubada do decreto do IOF.
TARIFAS – Em entrevista à Fox News neste domingo, Trump defendeu sua política tarifária, cuja pausa se encerra na próxima semana, no dia 9 de julho. Ele afirmou que seu governo “está indo bem” nas negociações que envolvem as taxas.
… E voltou a ameaçar: “Quando a pausa nas tarifas acabar, os países que não fecharam acordos receberão uma carta dizendo: Parabéns, você pode comercializar com os Estados Unidos, uma honra para nós. Mas, você terá que pagar uma tarifa de 25%.”
… O presidente também sinalizou que qualquer retaliação escalará a crise. “Daremos a resposta será equivalente.”
… Mas a cada hora, Trump diz uma coisa. Ainda na 6ªF, evitou cravar o deadline, afirmando que “9 de julho não é uma data final para os acordos”. Há especulações de que a data possa ser estendida até o Dia do Trabalho dos Estados Unidos, em 1º de setembro.
… O presidente disse que já foram fechados acordos com China, Reino Unido e “outros quatro países”, repetindo que espera fechar com a Índia em breve. Já com o Canadá, Trump encerrou as negociações, após o país impor tributação retroativa sobre serviços digitais.
… Também o secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse que os EUA devem anunciar acordos comerciais com vários países antes do prazo de 9 de julho, mas admitiu em entrevista à CNBC que “outros 20 países podem voltar às tarifas recíprocas de 2 de abril”.
… Bessent disse que o acordo com a China é uma continuação do pacto de Genebra, envolvendo terras raras e os ímãs. Pequim confirmou o avanço nas negociações para a venda de minerais essenciais aos EUA e a retirada dos controles de Washington para seus produtos.
… Ainda no domingo, Trump afirmou que já há um grupo interessado em comprar a operação americana do TikTok; falta a China aprovar.
… Na Bloomberg, faltando poucos dias para a retomada das tarifas recíprocas, espera-se que apenas acordos com cerca de uma dúzia dos maiores parceiros comerciais dos EUA sejam concluídos até o prazo final de 9 de julho.
… Mas, segundo os principais assessores da Casa Branca, “provavelmente não serão acordos abrangentes, e sim um conjunto limitado de tópicos, que deixarão muitos detalhes para serem negociados posteriormente”.
… Entre os parceiros menores, os EUA estão se aproximando de acordos com Taiwan, Indonésia, Vietnã e Coreia do Sul.
… Não há notícias sobre um acordo com a União Europeia. Segundo Trump, negociar com o bloco é “desafiador”.
BIG BEAUTIFUL BILL – Outra questão que está nas preocupações do mercado em NY é o projeto de corte de gastos e impostos, que Trump chama de “grande e lindo projeto”, e pode significar um grande e feio prognóstico para a dívida dos EUA.
… Na mesma entrevista à Fox News, o presidente atacou os democratas, dizendo que eles não querem colaborar com o bem do país, mas a verdade é que os republicanos do Senado também estão divididos e, neste domingo, mexeram em um item essencial da proposta.
… Os principais cortes do Medicaid, o programa de seguro saúde para pobres e deficientes, que compensariam parcialmente as perdas de receita decorrentes dos cortes de impostos no projeto de Trump, foram restaurados, em vitória dos conservadores do partido.
… Pelo menos oito republicanos moderados têm pressionado para reduzir os cortes do Medicaid e podem votar contra Trump, que quer o projeto aprovado até 4 de Julho. A versão original pode levar 11,8 milhões de pessoas a perderem seus benefícios de saúde até 2030.
… Se houver acordo, a votação pode acontecer ainda nesta 2ªF, e se o Senado modificar a proposta, voltará para aprovação da Câmara.
AFTER HOURS – Se depender das ações dos bancos dos EUA, que passaram no teste de estresse do Fed, as bolsas em NY podem renovar hoje os recordes históricos estabelecidos no último pregão pelo S&P 500 e pelo Nasdaq (abaixo).
… O Fed indicou resiliência a um cenário hipotético de recessão severa. No after market da 6ªF, o setor subiu em bloco: Wells Fargo (+1,76%), Bank of America (+1,00%), Goldman Sachs (+2,20%), JPMorgan (+0,52%) e Citi (+0,04%).
MAIS AGENDA – O BC divulgará hoje às 8h30 os dados do setor público consolidado de maio, que devem apontar para um déficit primário de R$ 42,7 bilhões, segundo a mediana de pesquisa Broadcast, após saldo positivo de R$ 14,150 bilhões em abril.
… Para 2025, a mediana indica déficit primário de R$ 66,5 bilhões, com as projeções entre -R$ 90 bilhões e -R$ 41,8 bilhões.
… O saldo negativo do governo central deve sustentar o déficit do setor público consolidado em maio, de acordo com economistas.
… Já no início da tarde (às 14h30), os dados do Caged devem mostrar a criação líquida de 171,8 mil vagas com carteira assinada, abaixo do que foi registrado em abril, quando houve saldo positivo de 257.528 vagas.
… Na 6ªF, a taxa de desemprego da Pnad Contínua caiu de 6,6%, no trimestre móvel terminado em abril, para 6,2% no trimestre encerrado em maio, patamar mais baixo para o período em toda a série histórica da Pesquisa iniciada em 2012 pelo IBGE.
… Ainda hoje, sai o Boletim Focus (8h25), que poderá trazer novas revisões em baixa para as expectativas inflacionárias, após as surpresas positivas com o IPCA-15 abaixo do esperado e a deflação do IGP-M, também acima da mediana das estimativas (abaixo).
… Lula participa nesta 2ªF, às 11h, da cerimônia de lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar 2025/2026, no Palácio do Planalto. Serão anunciados o valor previsto de financiamento e juros para o setor.
BANDEIRA DA ANEEL – O anúncio de bandeira tarifária vermelha 1 às contas de energia em julho, feito pela Aneel no final da tarde de 6ªF, provocou ajuste marginal na projeção da Quantitas para o IPCA de julho, de 0,35% para 0,38%.
PAYROLL – A expectativa para o relatório do emprego nos EUA é de leve desaceleração na geração de emprego, de 139 mil em maio para 129 mil em junho, com a taxa de desemprego mantida em 4,2%, confirmando um mercado de trabalho ainda robusto.
… Só um resultado muito diferente [para pior] poderia mudar a disposição do Fed de esperar mais um tempo antes de reduzir os juros. No mercado, a aposta majoritária ainda aponta para dois cortes de 25pbs cada, nas últimas duas reuniões do Fomc.
… Essa projeção é corroborada pelas mensagens de Powell e de muitos Fed boys, considerando as incertezas com o impacto das tarifas na inflação e no emprego, embora alguns membros mais dovish do Comitê já estejam defendendo uma ação antecipada.
… Na 6ªF, a aceleração de 2,7% do núcleo do PCE em maio esvaziou os argumentos de quem esperava o primeiro corte no fim desse mês. Mas há de tudo, quem ainda acredita em três quedas este ano, a partir de setembro, e os mais pessimistas, em apenas uma.
… O Fed espera para ver o efeito das tarifas, que podem ser elevadas no próximo dia 9, data-limite para que os países apresentem as suas propostas para o governo americano. Existe também a possibilidade de que Trump possa estender esse prazo das negociações.
MAIS EMPREGO – Antes do payroll, que nesta semana sairá excepcionalmente na 5ªF, devido ao feriado de 4 de Julho, serão divulgados o relatório Jolts (amanhã, 3ªF) e a pesquisa ADP (na 4ªF), com o emprego no setor privado dos Estados Unidos.
… Dois Fed boys têm falas marcadas para hoje: Raphael Bostic/Atlanta (11h) e Austan Goolsbee/Chicago (14h).
… Ainda nos Estados Unidos hoje (10h45), o PMI de Chicago pode melhorar para 42,7 em junho, após registrar 40,5 em maio.
NA EUROPA – Estão previstos o PIB/Reino Unido do 1Tri (de madrugada) e a prévia de junho da inflação ao consumidor da Alemanha (9h), com projeções que apontam para o consenso de +0,2% (de +0,1% em maio).
O FÓRUM DE SINTRA – Movimenta o noticiário econômico desta semana, com painéis que devem reunir os presidentes de Fed, Jerome Powell; do Banco da Inglaterra (BoE), Andrew Bailey; e do Banco do Japão (BoJ), Kazuo Ueda, amanhã (3ªF).
… A presidente do BCE, Christine Lagarde, que organiza o evento em Portugal, faz o discurso de abertura hoje às 16h (Brasília).
… O Brasil estará representado na abertura do fórum por Diogo Guillen, diretor de Política Econômica do BC.
CHINA HOJE – O PMI industrial oficial avançou para 49,7 em junho, contra 49,5 em maio. O resultado do indicador veio acima da previsão (49,5), mas foi o terceiro seguido em terreno de contração (abaixo de 50,0).
… O PMI de serviços caiu de 50,2 em maio para 50,1 em junho, em linha com a previsão dos analistas.
… No final da noite (22h45), o consenso para o PMI industrial Caixin é de leve melhora, para 49, da retração de 48,3 em maio.
ARMANDO O RINGUE – Preocupa o mercado que Lula esteja fazendo cálculos políticos e tenha ventilado a chance de judicializar a derrubada do IOF, mesmo sob risco de acentuar a guerra aberta entre o Congresso e governo.
… Está agora tudo nas mãos da AGU, que, se considerar que o decreto aprovado pelos parlamentares usurpou a prerrogativa, colocará o presidente em córner, na posição em que não poderá abrir mão de recorrer.
… Na 6ªF, simultaneamente à entrevista do ministro da Fazenda e ao comentário de Trump sobre rompimento da negociação sobre tarifas com o Canadá, os mercados domésticos assumiram posições mais defensivas à tarde.
… O Ibovespa anulou a leve alta da manhã, a curva do DI começou a zerar as quedas e se aproximar da estabilidade, enquanto o dólar se afastou da mínima de R$ 5,4600 mais cedo e desacelerou a queda de 0,70% para 0,29%.
… Fechou cotado a R$ 5,4829, de olho no clima em Brasília e no jogo duro do protecionismo americano.
… O fato de a moeda americana ainda ter resistido em leve queda aqui, contrariando a alta lá fora, foi atribuído ao diferencial de juro (carry trade), com dois cortes à vista pelo Fed e o Copom que defende os 15% por muito tempo.
… O BC de Galípolo não quer nem ouvir falar de uma flexibilização da Selic. Durante o Barclays Day, na 6ªF, Guillen afirmou que um debate sobre corte da taxa básica de juro ainda está muito distante e não faz parte hoje do Copom.
… Na tentativa de afastar qualquer esperança de um desaperto monetário prematuro, ele reiterou o desconforto do BC com as expectativas de inflação desancoradas e reforçou postura contracionista por tempo prolongado.
… Guillen manteve o discurso conservador, apesar de o IGP-M ter aprofundado a deflação para 1,67% em junho, de 0,49% em maio, um dia depois de o IPCA-15 de junho (+0,26%) ter vindo menor que a mediana das apostas (+0,30%).
… Ouvidos pelo Broadcast, José Faria Júnior (da Wagner Investimentos) disse que, dificilmente, o Copom mexerá no juro antes de seis meses, e Luciano Rostagno calculou que a curva do DI exibe chance de corte de janeiro em diante.
… “O DI para Janeiro de 2026 vai ficar parado, porque não tem nada de alta e nem de corte de juros para este ano mais. O Janeiro 2027 é o que vai indicar a visão do mercado para ciclo de cortes de juros no ano que vem”, resumiu.
… No último pregão, o contrato para Janeiro de 2026 marcou 14,935% (de 14,933% no ajuste anterior); Jan/27, 14,165% (de 14,179%); Jan/29, 13,295% (de 13,318%); Jan/31, 13,440% (de 13,496%); e Jan/33, 13,550% (13,624%).
… Durante a reunião de economistas com diretores do BC, na 6ªF, o risco fiscal e o comportamento do crédito dominaram as atenções, apurou o Broadcast. Analistas relataram receio de populismo econômico-eleitoral.
… A expansão do crédito foi citada como um fator que pode diminuir a potência da transmissão da política monetária. Alguns participantes também advertiram para o perigo de que o governo revise a meta fiscal de 2026.
SÓ LOVE – É curioso que o investidor estrangeiro continue apostando alto na B3, ignorando todos os ruídos fiscais domésticos, que vêm crescendo, e também a perspectiva de que a Selic vai continuar bem alta por bastante tempo.
… A melhor explicação para o interesse do k externo na bolsa brasileira é o Fed. Powell resiste às pressões de corte antecipado do juro, mas a verdade é que já está com a bala na agulha para aliviar a política monetária em setembro.
… Reportagem do Broadcast indica que, até a última 4ªF, o fluxo estrangeiro à B3 no acumulado do ano somava R$ 25,2 bilhões. É o saldo mais positivo para o período em três anos (em 2022, houve ingresso de R$ 70,5 bilhões).
… O apetite gringo pela bolsa doméstica mantém no radar o sonho de que o Ibovespa possa revisitar recordes históricos (perto dos 140 mil), respaldado pelo fluxo. Na última 6ªF, porém, foi dia de alguma cautela nos negócios.
… A chance de o governo judicializar a derrubada do IOF pelo Congresso e o risco no radar de uma eventual revisão da meta fiscal para 2026, caso a elevação do imposto não seja retomada, desencorajou o investidor a assumir risco.
… O Ibov caiu de leve (-0,18%), a 136.865,79 pontos, com giro fraco de R$ 16,5 bi. Teria caído mais, não fosse a Vale ter atuado de estrela do dia (+1,92%; R$ 53,00), impulsionada pelo otimismo do acordo comercial entre EUA/China.
… Nos últimos dois pregões, as ações da mineradora acumulam um rali de 5%.
… De seu lado, Petrobras vem sentindo o tombo de mais de 11% do petróleo desde que Trump anunciou o (frágil) cessar-fogo entre Israel e o Irã. Os papéis da estatal recuaram 5% no acumulado da semana passada.
… Na 6ªF, Petrobras ON perdeu 1,23%, a R$ 33,80, e PN recuou 0,79%, para R$ 31,21, apesar de o barril do tipo Brent para setembro ter feito uma pausa nas quedas e testado leve recuperação de 0,16%, negociado a US$ 66,80.
… A novidade do dia foi a Opep+ ter informado que poderá fazer um outro aumento de produção de petróleo na reunião do próximo domingo. O mercado cogita que seja repetida a dose de 411 mil bpd na alta da oferta.
… Entre as blue chips do setor financeiro, os sinais foram mistos no último pregão: Itaú, -0,11%, a R$ 36,27; Bradesco PN, +0,12%, a R$ 16,57; Bradesco ON, -0,20%, a R$ 14,28, BB, +0,60%, a R$ 21,73; e Santander, -0,51%, a R$ 29,15.
NO SEU TEMPO – O mantra de Powell, de que é cedo para cortar o juro em julho, ganhou respaldo do PCE na 6ªF.
… O núcleo do índice subiu 0,2% em maio contra abril, acima da aposta de 0,1% e, na comparação anual, avançou 2,7%, também superando a projeção de 2,6%. No CME, a chance de o Fed agir na próxima reunião é de só 18%.
… Setembro continua como probabilidade majoritária e ampla (92,4%) para o início do ciclo de alívio monetário, elevando a cólera de Trump contra Powell. “Gostaria que renunciasse, porque não há qualquer inflação”, disse.
… “Vou nomear alguém que queira cortar [os juros]”, enfatizou, defendendo que os EUA adotem uma taxa de juros entre 1% e 2%, contra os 4,25% a 4,50% atuais. Trump afirmou já ter em mente nomes para substituir Powell.
… Mas, durante coletiva de imprensa na Casa Branca, evitou responder diretamente à pergunta sobre relatos de um possível anúncio antecipado do próximo presidente do Fed. Também Scott Bessent (Tesouro) desconversou.
… “Não acho que alguém esteja necessariamente falando sobre isso”, disse. Ao ser questionado na CNBC sobre o rumor de que ele próprio poderia ser indicado sucessor de Powell, Bessent respondeu que fará o que Trump quiser.
… O tarifaço continua impondo resistência para o juro do Fed cair antes do 3Tri. Depois de anunciar o encerramento imediato das conversas com o Canadá na 6ªF, Trump ameaçou com o anúncio de tarifas nos próximos sete dias.
… O rompimento das negociações com o governo canadense pressionou o dólar e os juros dos Treasuries. Momentaneamente, as bolsas em NY perderam fôlego, mas deram a volta por cima e renovaram recordes.
… O acordo firmado entre os EUA e China na questão das terras raras embalou os picos históricos do S&P 500 (+0,52%; 6.173,07 pontos) e do Nasdaq (+0,52%; 20.273,46 pontos). O Dow Jones subiu 1,00% (43.819,27 pontos).
… No câmbio, o índice DXY fechou em alta de 0,26%, a 97,401 pontos. O euro caiu 0,15%, a US$ 1,1708, a libra esterlina recuou 0,10%, a US$ 1,3714, e o iene registrou desvalorização para 144,75/US$.
… O juro da Note de 2 anos subiu a 3,737%, contra 3,711% na véspera, e o de 10 anos foi a 4,273%, de 4,240%.
EM TEMPO… A planta da JBS S.A. de Mozarlândia (Goiás), unidade da Friboi, foi o primeiro frigorífico brasileiro habilitado pelo Vietnã para a exportação de carne bovina resfriada e congelada ao país.
JBS USA concluiu a recompra de US$ 894 milhões, em dinheiro, de todas as suas Notas Sêniores 2,500%, com vencimento em 2027. O lance total estava limitado a US$ 1 bilhão, sem incluir juros acumulados e não pagos.
MARFRIG inaugurou a ampliação de seu parque industrial de Promissão (SP), após investimento de R$ 500 milhões na unidade.
LOJAS RENNER aprovou a distribuição de R$ 203,1 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,2030 por ação, com pagamento em 15/7; ex em 3/7…
… Conselho de administração da Renner decidiu aprovar todos os 25 itens da proposta para a alteração do Regulamento do Novo Mercado da B3…
… TOTVS aprovou 22 itens; C&A aprovou 22 itens; HYPERA aprovou 20 itens; PETRORECÔNCAVO aprovou 11 itens e RD SAÚDE, YDUQS, ÂNIMA, GRUPO MATEUS, LOJAS QUERO-QUERO e SMARTFIT rejeitaram a totalidade dos itens.
BRAVA ENERGIA. Conselho de Administração aprovou aumento do capital social da companhia, por subscrição particular, no valor de R$ 104.737,50, mediante emissão de 6.650 ações ON, com preço de R$ 15,75 cada…
… Assim, capital social da empresa passou a ser de R$ 11.971.692.645,03, representados por 464.187.462 papéis ON.

Fabio Alves