Pular para o conteúdo principal

A judicialização do IOF

 A judicialização do IOF

XP Política



Mesmo sob alerta de aliados e resistência dentro do próprio governo, o presidente Lula decidiu bancar a judicialização do decreto que aumentava as alíquotas do IOF. A AGU protocolou nesta terça-feira (1º) uma Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) no Supremo Tribunal Federal, com solicitação de liminar, pedindo a retomada imediata da aplicação do decreto do Executivo, revertendo a decisão do Congresso que havia derrubado a medida na semana passada. 


A expectativa é de que o caso fique com o ministro Alexandre de Moraes, que já relata ações semelhantes. O pedido do governo é para que o STF reconheça que o Legislativo ultrapassou suas atribuições ao sustar um decreto presidencial constitucional. 


Segundo o advogado-geral da União, Jorge Messias, a ação será baseada em três alegações principais: 


1) comprometimento da função administrativa do Executivo; 


2) violação da separação de Poderes;


 3) Insegurança jurídica e risco econômico, uma vez que o decreto já produziu efeitos em junho, com fatos geradores e nova arrecadação.


Sabendo que sua relação com o Congresso está fragilizada, o governo optou por pedir ao Supremo que reconheça a validade de seu ato, sem atacar diretamente o decreto aprovado pelo Legislativo. A tensão, no entanto, não deve se dissipar por isso. 


Ainda plano político, chama a atenção o fato de o presidente Lula não ter se reunido com os presidentes da Câmara e do Senado após a derrota no Congresso, como era a expectativa.


A decisão do governo acontece em meio a uma escalada do tensionamento entre Legislativo e Executivo, depois que o PT divulgou peça publicitária estimulando uma disputa simbólica entre pobres e ricos. A leitura é de que o partido intensifica uma estratégia de confronto com o Legislativo, baseada na lógica do “nós contra eles”, em um ensaio antecipado da narrativa para 2026. A peça foi rebatida pelo centrão. 


Dentro desse ambiente de atrito, a decisão de judicializar pode ter efeito colateral sobre a agenda legislativa do próprio governo, com atrasos e ajustes nas compensações da ampliação da isenção do IR, além de mais ruídos na Medida Provisória voltada à recomposição de receitas, que deve ser alvo de forte disputa no segundo semestre.


Além disso, já no curto prazo, o governo precisa aprovar até a próxima quinta-feira (3) a MP do Fundo Social, que inclui o dispositivo que viabiliza o leilão do excedente de petróleo do pré-sal.


Na seara fiscal, a equipe econômica não descarta a contabilização das receitas do decreto do IOF no próximo relatório bimestral de receitas e despesas, previsto para 22 de julho, que garantiria R$ 12 bilhões a mais nos cofres em 2025 e ajudaria a fechar as contas de 2026. Para poder contabilizar esse montante no bimestral, porém, o governo precisa contar com uma liminar favorável no Supremo até a data de publicação. A Corte inicia o seu recesso nesta quarta-feira, mas o ministro Alexandre de Moraes, provável relator da ação, deverá trabalhar neste período.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Já deu...

  Fernando Haddad, mais um poste criado pelo Deus Lula, disse que o cidadão é o "maestro da Orquestra". Estamos fufu. Lula não tem mais a mínima condição de ser maestro de nada, nem da sua casa, em quem manda é a Janja. É o ocaso de um projeto de poder, do lulo-petismo, que foi se transformando num culto fajuto à personalidade, nas piores personificações das ditaduras corruptas de esquerda. Lula já não consegue concatenar ideias, está cansado e sim, mto velho. Já deu.

Abertura 2901

 Abertura: Brasil olha Vale e Petrobras antes de Copom; exterior fica misto à espera de Fed São Paulo, 29/01/2025 Por Silvana Rocha e Luciana Xavier* OVERVIEW.  As decisões de juros no Brasil e nos EUA, bem como os comentários de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), estão no centro das atenções dos mercados nesta super quarta. As sinalizações sobre o aumento de tarifas pelo governo de Donald Trump devem guiar também os negócios antes da divulgação de balanços de grandes empresas de tecnologia americanas, como Meta, Microsoft e Tesla. Internamente, serão acompanhados um leilão de linha de até US$ 2 bilhões no mercado de câmbio e reunião do Conselho de Administração da Petrobras para discutir preços de combustíveis. NO EXTERIOR.   Os mercados operam sem direção definida, com investidores atentos a balanços corporativos e esperando a decisão do Fed. A holandesa ASML, fabricante de equipamentos para a produção de semicondutores, superou expectativas em enc...

Matinal 0201

  Vai rolar: Dia tem PMIs e auxílio-desemprego nos EUA e fluxo cambial aqui [02/01/25] Indicadores de atividade industrial em dezembro abrem hoje a agenda internacional, no ano que terá como foco a disposição de Trump em cumprir as ameaças protecionistas. As promessas de campanha do republicano de corte de impostos e imposição de tarifas a países vistos como desleais no comércio internacional contratam potencial inflacionário e serão observadas muito de perto não só pela China, como pelo Brasil, já com o dólar e juros futuros na lua. Além da pressão externa, que tem detonado uma fuga em massa de capital por aqui, o ambiente doméstico continuará sendo testado pela frustração com a dinâmica fiscal e pela crise das emendas parlamentares. O impasse com o Congresso ameaça inviabilizar, no pior dos mundos, a governabilidade de Lula em ano pré-eleitoral. ( Rosa Riscala ) 👉 Confira abaixo a agenda de hoje Indicadores ▪️ 05h55 – Alemanha/S&P Global: PMI industrial dezembro ▪️ 06h00 –...