domingo, 15 de junho de 2025

Leitura de sábado 2

 Leitura de Sábado:Exportação da China ao Brasil é recorde, guerra tarifária é só um dos motivos


Por Daniel Tozzi Mendes


São Paulo, 11/6/2025 - As exportações da China ao Brasil atingiram US$ 29,5 bilhões no período de janeiro a maio, um recorde na série histórica iniciada em 1997, crescendo mais rápido que a de outros parceiros comerciais do País no mesmo período. No entanto, a expansão está relacionada a mais fatores do que à guerra tarifária lançada pelos Estados Unidos, segundo especialistas ouvidos pelo Broadcast.


Nos cinco primeiros meses de 2025, as importações brasileiras cresceram 9,22% em relação a igual período do ano passado, para US$ 112,5 bilhões, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A compra de produtos da China, porém, foi a que mais cresceu, com alta de 26,5%. As importações vindas de outros parceiros comerciais, como Estados Unidos (9,9%) e União Europeia (4%) cresceram bem menos, enquanto as de produtos do Mercosul caíram 1,8% no mesmo intervalo.


O crescimento nas importações da China, à primeira vista, corrobora a expectativa de que o país asiático teria de inundar outros mercados com seus produtos para compensar a queda no volume exportado aos Estados Unidos, com quem trava uma guerra tarifária desde fevereiro.


Especialistas, porém, apontam que o efeito do redirecionamento da produção da China ainda vai ganhar força no decorrer do ano, e que por enquanto a expansão reflete fatores como a atividade econômica interna aquecida. Além disso, também houve a compra de uma plataforma de petróleo vinda da China no mês de fevereiro, que custou cerca de US$ 2,7 bilhões e ajudou a inflar o número das transações comerciais entre os dois países no período.


  


O economista da corretora CM Capital Matheus Pizzani, que acompanha os dados da balança comercial brasileira mensalmente, observa que no início do ano o crescimento das importações chinesas no Brasil foi impulsionado pelos chamados bens de capital - maquinários e equipamentos usados pelas empresas para produzir outros bens e serviços. Os bens finais, como automóveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, só começaram uma tendência de aumento a partir de abril.


Esse movimento, segundo ele, pode refletir "em alguma medida" o efeito da guerra tarifária e o atrito entre China e Estados Unidos. Pizzani reforça que a continuidade do crescimento das importações dos bens finais dependerá do cenário da economia doméstica. "São bens que, no limite, não são essenciais. A demanda por eles depende diretamente no nível da atividade e da confiança das pessoas em adquiri-los", reforça.


  


Além da economia doméstica aquecida, a economista da Tendências Consultoria, Gabriela Faria, lembra que o crescimento das importações no ano até aqui foi beneficiado pelo bom momento do setor agropecuário, que demanda itens como adubos e fertilizantes. "A safra de soja foi muito boa e com boa remuneração aos produtores. Eles conseguiram se preparar para fazer novos investimentos", diz ela.


O presidente da Associação da Câmara de Comércio Exterior (AEB), José Augusto de Castro, destaca que a queda no preço de commodities nos últimos meses diminuiu o custo de muitos dos bens produzidos pela China, o que favoreceu a produção e, consequentemente, a exportação para o Brasil. "Era um cenário anterior ao tarifaço dos Estados Unidos. As medidas do Donald Trump vieram apenas consolidar uma tendência que já era imaginada", pontua.


Castro observa ainda que a China tem focado em produtos de alto valor agregado, o que ajuda a turbinar os valores envolvidos nas importações feitas pelo Brasil. "Invariavelmente, mais produtos que eles venderiam para os americanos vão chegar aqui. É claro que o Brasil não tem como substituir os Estados Unidos, afinal de contas nosso mercado é bem menor, mas devemos ficar com alguma coisa", avalia ele.


O presidente da Associação Brasileira de Importadores (Abimp), Michel Platini, considera que parte dos produtos chineses que agora chegam ao Brasil só entrou no País por causa do fechamento do mercado americano em meio à escalada tarifária.


Ele explica que os custos estavam em baixa na China no início do ano, o que incrementou a produção, ao mesmo tempo em que os EUA anunciaram tarifas acima de 100% ao país asiático. "O investimento nessa produção já havia sido feito, mas um mercado importante [os EUA] foi praticamente fechado, houve essa necessidade de redirecionamento", diz ele.


O cenário, acrescenta Platini, "deu fôlego" a um movimento já bastante consolidado dos consumidores brasileiros, de comprar itens do segmento têxtil, utensílios domésticos e de bazar vindos da China a partir de plataformas como Mercado Livre, Amazon e Temu. Ele acrescenta que o aumento da entrada desses itens por aqui só não foi mais forte por conta da greve de servidores da Receita Federal em terminais alfandegários, que perdura desde novembro do ano passado.




Contato: daniel.mendes@estadao.com


Broadcast+

Mercado em resposta

 Leitura de Sábado: Resgate em ativos de risco desacelera, mas não por apetite de investidores


Por Bruna Camargo


São Paulo, 13/06/2025 - O resgate de investimentos em ações e multimercados está desacelerando, mas o movimento ainda não é resultado de um forte retorno do apetite a risco dos investidores. Embora a recuperação da Bolsa brasileira neste primeiro semestre ofereça algum ânimo, a cautela ainda predomina e impede grandes apostas para além do conforto da renda fixa. Por outro lado, o momento traz oportunidades, tanto para o investidor que quer voltar a inserir risco nas carteiras quanto para o assessor que pode reforçar relacionamentos e o educacional sobre a importância da diversificação.


Dados divulgados pela Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram que os fundos multimercados tiveram resgate líquido de R$ 16,2 bilhões em maio, valor inferior ao registrado em abril, de R$ 20,8 bilhões. Os fundos de ações também tiveram saídas líquidas em maio, de R$ 3,4 bilhões, menos que os R$ 7,7 bilhões em abril.


A avaliação de especialistas é que o principal motivo da desaceleração nos resgates de fundos é a diminuição dos estoques, não a volta do apetite a risco. “Como tivemos uma melhora no cenário de curto prazo, com a Bolsa ‘andando’ e o real com alguma valorização, o ímpeto de tirar dinheiro de posições de risco diminuiu e, como o estoque está baixo, ele incomoda menos nas carteiras”, observa Rodrigo Marcatti, economista e presidente executivo (CEO) da Veedha Investimentos.


“Temos duas formas de olhar os dados [da Anbima]. Quando olhamos o montante que tínhamos nos fundos de ações e nos multimercados há um ano, há 24 meses, vimos boa parte do estoque migrando para outras aplicações. Ficaram no estoque os investidores mais perenes, então o movimento de saída tende a ficar menor ao longo do tempo. De forma complementar, tem a dinâmica do histórico recente dessas classes ser um pouquinho melhor também. Então, a combinação dessas duas frentes acaba gerando esse efeito, com uma dinâmica marginalmente mais positiva”, avalia Pedro Vendramini, CEO da One Wealth. No entanto, na gestora de patrimônio, a alocação em risco segue em níveis historicamente baixos.


O apetite ainda não voltou, mas já voltou às conversas, segundo Marcatti, da Veedha. “A renda fixa ainda gera um prêmio que é difícil de abrir mão, com um carrego na casa de 14% ou 15%. Por que trocar isso por um ativo de mais incerteza em um cenário completamente nebuloso, sem saber se os juros de fato chegaram no teto, começo da discussão para as eleições do ano que vem, e vaivém de tributação? Analistas têm mil motivos para alocar em Bolsa neste momento, mas ao olhar os prêmios de risco, fica difícil tomar a decisão de mudança”, afirma o economista.


Na KAT Investimentos, o movimento é de maior estabilidade, uma vez que a valorização de quase 14% do Ibovespa neste ano ajuda a trazer o investidor brasileiro “de volta ao jogo”, segundo Carlos Gonçalves, líder de produtos da assessoria. “Muito do movimento de alta foi devido ao fluxo estrangeiro, com a rotação [de carteiras] que está acontecendo no mundo, com uma melhora do ambiente para trabalhar a classe de ativos”, diz Gonçalves, acrescentando ver com bons olhos risco em mercados emergentes e Europa neste momento.


Chance de aproximação


Em cenários como o atual, um dos pontos positivos para os assessores de investimentos é a chance de reforçar o vínculo com seus clientes. “Quando há um horizonte de mais diversificação e apetite a risco tem mais oportunidade de falar de cenário e construir raciocínio com o cliente do que quando só se está vendendo taxa de produto. Quando o cenário obriga a diversificar mais, o investidor separa ‘o joio do trigo’, pois verá se a conversa do profissional tem fundamento”, afirma Marcatti, da Veedha. “O educacional é o nosso dia a dia, e temos que trazer o cliente de volta para conversas mais maduras”, concorda Gonçalves, da KAT.


Como levar o risco de volta aos portfólios?


O dinheiro “novo” de clientes com perfil para tomada de risco tem para onde ir. Marcatti, da Veedha, considera um asset allocation completo, olhando para oportunidades em renda variável - via ações diretas ou fundos - e fundos de investimento imobiliário (FIIs). Mas a dificuldade ainda paira sobre a alocação em multimercados, que historicamente já representou de 20% a 30% de uma carteira moderada ou arrojada, hoje encolheu para um ou dois fundos, no máximo, de nomes “consagrados” que o cliente tope investir. “O investidor ‘médio’ vai procurar se expor a um pouco mais de risco de forma mais conservadora. Ele não vai ‘de peito aberto’”, observa Vendramini, da One Wealth.


Gonçalves, da KAT, prefere a exposição a risco via fundos de fundos (FoFs, na sigla em inglês), uma vez que dá acesso a produtos “de ótima gestão e que muitas vezes estão fechados na indústria”, diz. “É preciso um olhar para o futuro. O Brasil não consegue seguir com os juros nesse patamar, então entendemos que quem já se posicionar agora, fazer o ‘dever de casa’ e se beneficiar do ‘carrego’”, afirma.


Contato: bruna.camargo@estadao.com


Broadcast+

Ataques de Israel

 https://valor.globo.com/mundo/noticia/2025/06/14/produo-de-gs-suspensa-em-parte-do-campo-de-south-pars-no-ir-aps-ataque-israelense.ghtml


*Produção de gás é suspensa em parte do campo de South Pars, no Irã, após ataque israelense*


_Campo é uma das duas principais instalações de produção de hidrocarbonetos do país_


Por da Reuters e Parisa Hafezi e Enas Alashray — Londres


A produção de gás foi suspensa em parte do campo South Pars, no Irã, após um ataque israelense ao local neste sábado, informou a agência de notícias semioficial Tasnim. "Devido a um incêndio em uma das quatro unidades da Fase 14 de South Pars, a produção de 12 milhões de metros cúbicos de gás da plataforma da Fase 14 foi temporariamente interrompida até que esta seção da refinaria volte a operar", disse a Tasnim.


O ataque resultou em um incêndio que, segundo o ministério do petróleo iraniano, foi posteriormente controlado. O campo South Pars, localizado na província de Bushehr, no sul do Irã, é uma das duas principais instalações de produção de hidrocarbonetos do país.


Na sexta-feira, Israel lançou uma ofensiva aérea abrangente contra o Irã, matando comandantes e cientistas, além de bombardear instalações nucleares e infraestrutura energética, em uma tentativa declarada de impedir o desenvolvimento de uma arma atômica.

Resumo Semanal

 *O átimo de inflexão do dólar*


A semana terminou bastante agitada nos mercados globais após os ataques israelenses a instalações iranianas, o que ofuscou os dados econômicos divulgados. Foram publicados indicadores de inflação nos Estados Unidos levemente abaixo do esperado, especialmente no núcleo do índice de preços ao consumidor, acompanhados de uma surpresa negativa nos pedidos de seguro-desemprego. Adicionalmente, o resultado orçamentário do governo americano apresentou déficit superior ao previsto.


O conjunto recente de dados tem apontado para uma desaceleração marginal da economia americana, ainda que com uma inflação persistentemente acima da meta e com maior resistência para convergir aos níveis desejados pelo Federal Reserve. Nesse contexto, Donald Trump tem mantido um tom crítico ao presidente do FED, Jerome Powell, por não ter retomado o ciclo de cortes de juros, mesmo com sinais de perda de tração na atividade. Esse debate ganha ainda mais importância ao considerarmos o atual déficit nominal dos EUA, de 7,3% do PIB — sendo 3,6% de déficit primário (diferença entre receitas e despesas do governo) e 3,7% referentes aos juros da dívida. Dessa forma, a manutenção da política monetária restritiva torna-se especialmente sensível diante da necessidade de refinanciamento de cerca de US$ 10 trilhões nos próximos 12 meses.


Nesse ambiente, o ataque de Israel ao Irã pode gerar desdobramentos de segunda ordem bastante relevantes, sobretudo por se tratar da principal região exportadora de petróleo do mundo. Vale destacar que, nas últimas semanas, os EUA davam sinais de avanço nas negociações com o Irã para retirada de algumas sanções, o que permitiria ao país ampliar suas exportações da commodity. Com isso, a expectativa de aumento de oferta vinha pressionando os preços do petróleo para baixo.


Após os ataques, no entanto, os contratos da commodity encerraram a semana com alta de 10,7%. Caso o conflito se prolongue ou afete a infraestrutura logística da região, há potencial para um repique inflacionário global, o que poderia comprometer a capacidade do FED de retomar cortes de juros no curto prazo.


Esse cenário levou à retirada de risco por parte de investidores globais, resultando em quedas de 0,4% no S&P 500 e de 1,4% no Russell 2000, além de retrações no Dow Jones (-1,3%) e no Nasdaq (-0,6%).


As taxas de juros americanas recuaram ao longo de toda a curva, influenciadas tanto pelos sinais de desaceleração da atividade quanto pela busca por ativos mais seguros. Os yields dos títulos de 2 e 10 anos fecharam a semana cotados a 3,9% e 4,4%, respectivamente, após recuarem 2,2%. Esse movimento impulsionou a valorização dos títulos públicos de longo prazo, que subiram 1,2%.


O aumento da percepção de risco também elevou a demanda por ativos tradicionais de proteção, como o ouro, que avançou 3,6%. Caso o conflito no Oriente Médio se intensifique, será possível avaliar se o dólar perderá sua função histórica de porto seguro — hipótese levantada por alguns agentes do mercado, dada a deterioração institucional dos EUA e o elevado nível de endividamento público. Nesta semana, a moeda americana recuou 1,1%, apesar da recuperação parcial após os ataques.


A retirada de risco foi generalizada e afetou a maioria dos ativos globais. O índice DAX caiu 3,2%, e o Nikkei recuou 0,2%. Já os mercados emergentes apresentaram leve alta de 0,4%, sustentados pelo avanço nos preços do petróleo, mesmo com quedas nas bolsas chinesas: -0,7% na de tecnologia e -0,3% na tradicional.


Não realizamos grandes alterações na alocação global dos fundos. Mantemos uma postura conservadora em relação à bolsa americana, com viés vendido, e seguimos alocados em títulos prefixados, aproveitando o cenário de desaceleração econômica. Adicionalmente, apesar de vermos um quadro estrutural desafiador para o dólar, entendemos que a conjuntura atual permite a manutenção de uma posição tática comprada, como já destacado anteriormente.


*Entre moinhos e tributos*


Os ativos locais se beneficiaram da alta do petróleo e do resultado de inflação abaixo das expectativas, superando os efeitos negativos da proposta de aumento de impostos via Medida Provisória enviada pelo governo. O principal destaque entre os dados econômicos recentes foi o desempenho da inflação, que surpreendeu amplamente os agentes financeiros com um resultado significativamente abaixo do esperado. Esse dado reforça a visão de desaceleração econômica e aumenta a incerteza quanto à necessidade de nova alta da taxa Selic na próxima reunião do Copom.


No início da semana, o governo enviou ao Congresso a Medida Provisória com as alternativas ao aumento do IOF. A proposta, no entanto, enfrentou forte resistência, especialmente após as críticas públicas do deputado Hugo Motta, mesmo após reuniões divulgadas no final de semana anterior. Isso evidencia uma crescente deterioração da articulação política do governo, que tem encontrado dificuldades para obter apoio legislativo para novas medidas arrecadatórias, diante de um Congresso reticente à criação de novos impostos e que pressiona por cortes de gastos do Executivo.


Nesse contexto, o Ibovespa subiu 0,8% na semana, desempenho que foi exclusivamente sustentado pela valorização de 9,8% das ações da Petrobras, impulsionadas pela alta do petróleo. Excluindo esse efeito, o índice teria registrado queda de 0,7%. O recuo nos demais setores refletiu tanto o impacto da proposta de aumento da tributação — sobretudo sobre os Juros sobre Capital Próprio (JCP) — quanto a retirada de risco por parte dos investidores globais. Ainda assim, o dólar acompanhou a tendência internacional e recuou 0,3%.


As taxas dos títulos públicos com vencimento em 2030 apresentaram comportamento atípico. A taxa do título prefixado caiu 1,5%, encerrando a semana em 13,6%, beneficiada pelo alívio nos juros globais e pelo resultado benigno da inflação. Em contrapartida, a taxa do título indexado à inflação subiu 0,3%, para IPCA + 7,5%, refletindo abertura da taxa de juro real, mesmo diante da perspectiva de menor inflação.


Mantemos posicionamento conservador nos ativos locais, especialmente na bolsa, por acreditarmos que a sensibilidade a uma possível desaceleração global pode comprometer o atual patamar de preços. Adicionalmente, a aproximação do calendário eleitoral, em um ambiente de queda de popularidade do governo, pode levar à intensificação do uso de políticas fiscais expansionistas. Ainda assim, avaliamos que o ciclo de alta de juros esteja em sua fase final, o que motiva o aumento do nosso posicionamento em títulos prefixados e indexados à inflação — movimento que implementamos ao longo desta semana.


Qualquer necessidade estou à disposição.

Um abraço, Breno - Rubik Capital

Bancos e a IA

 ESTADÃO: INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS SE ABREM À INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL


19:03 14/06/2025 

Por Matheus Piovesana


São Paulo, 14/06/2025 - A inteligência artificial (IA) já começa a entrar de forma mais efetiva nas operações dos bancos brasileiros. Ainda são operações não tão significativas, mas poucos têm dúvida de como isso deve avançar nos próximos anos.

No evento Febraban Tech, realizado em São Paulo na semana passada, o diretor da Caixa Pedro Pedrosa disse, por exemplo, que o banco tem adotado a lA generativa (que usa uma base de dados já existente para criar algo novo) para uma série de processos.Ao mesmo tempo, afirmou que é preciso ter cuidado e encarar os projetos como experimentação, para evitar perdas ou erros.Um dos casos de uso, segundo ele, é o da novação de dívidas (a transformação de uma dívida em outra, com extinção da antiga) contidas no Fundo de Compensação por Variações Salariais (FCVS), um legado do antigo Banco Nacional da Habitação absorvido pela Caixa. Com o auxílio de lA, nos testes iniciais, os analistas responsáveis por avaliar os processos aumentaram de um para até 20 o número de processos avaliados ao dia.Por outro lado, segundo Pedrosa, com a forte demanda do mercado por soluções de lA generativa, é preciso ser cuidadoso com a adoção das ferramentas. "Primeiro, como esse termo está muito no hype, tem uma corrida para usar, e eu acho que a gente precisa encarar como uma experimentação antes de ganhar escala. Temos tomado um pouco de cuidado e tentado tocar na experimentação", disse Pedrosa. Mas ressaltou que já está muito claro que a lA generativa fará parte das estratégias de negócio das empresas, incluindo as não financeiras.

MODELOS DE IA. A vice-presidente de Negócios Digitais e Tecnologia do Banco do Brasil, Marisa Reghini, por sua vez, afirmou que o banco está integrando dois modelos de inteligência artificial generativa aos canais internos para ganhar eficiência no atendimento aos clientes e também aos funcionários.

Duas soluções fazem parte deste esforço: uma que tira dúvidas dos funcionários sobre normativos do Banco Central durante atendimentos aos clientes, e outra que tira dúvidas sobre transações. "No próximo passo, estamos integrando essas duas soluções com os canais internos do banco", disse a executiva.


O CIO e diretor das áreas de Inovação e Sistemas do Bradesco, Edilson Reis, disse que as ferramentas de lA generativa têm conseguido resolver dúvidas e demandas dos clientes em um grau alto, o que reduz a demanda pelo atendimento humano:"Temos 3 milhões de clientes digitais que têm o chat com a BIA (a assistente virtual do Bradesco, um chatbot de lA generativa). Temos um grau de resolutividade da ordem de 85% a 90%. Para todo atendimento que esse cliente faz no chat pessoa física, apenas de 10% a 15% derivam para um atendimento humano."A BIA, criada em 2016, tem ganhado novos papéis dentro do banco. Além do atendimento aos clientes, foram criadas frentes destinadas aos funcionários e às equipes de tecnologia, por exemplo.AGENTES DE IA. Os maiores bancos do País acreditam que os chamados agentes de inteligência artificial, que usam dados de outros sistemas para realizar tarefas e comandos, passarão a ter um uso amplo em breve, talvez no próximo ano. Na visão de executivos de tecnologia das instituições, é possível que haja estruturas para o uso dessa tecnologia ainda em 2025.

"Eu acredito que vamos ter uma infraestrutura adequada para o uso de agentes até o final do ano. Tem protocolos indo nessa direção para ajudar", disse o CIO do Santander

Brasil, Richard da Silva. “Para mim, será a nova transformação digital que vamos viver, porque não é só tecnologia pela tecnologia, vamos ter de revisitar a arquitetura dos nossos sistemas, e os modelos internos do banco", disse Marisa Reghini, do BB. Reis, do Bradesco, afirmou que a evolução de fato tem sido rápida, mas que a tecnologia ainda precisa caminhar. "Para casos específicos a gente já começa fazer, mas eu concordo que a tecnologia ainda não está pronta."

sábado, 14 de junho de 2025

PT nao sabe o q fazer sem Lula

 PT NÃO SABE O QUE FAZER SEM LULA


Editorial Estadao, 14/06/2025


A esquerda brasileira está encurralada entre o passado e o risco de se tornar irrelevante, dada sua profunda dependência da reeleição do presidente Lula da Silva para continuar no poder. Em recente entrevista ao programa _Conversa com Bial_, a ministra de Relações Institucionais e ex-presidente do PT, Gleisi Hoffmann, reconheceu, sem disfarçar um certo tom de lamento, que, “infelizmente, Lula terá de ser candidato” em 2026. Segundo ela, seu partido e a esquerda até “têm quadros políticos”, mas nenhum com “pegada popular” nem tampouco força eleitoral para “fazer disputa e ganhar da extrema direita” na próxima eleição presidencial.


É de reconhecer que a ministra está certa em um ponto. De fato, sem o nome de Lula nas urnas, um candidato que sempre será competitivo – e ainda mais com a força de incumbente movendo a máquina pública federal a seu favor –, não apenas o PT como a esquerda em geral amargarão anos a fio, é possível inferir, sem ter uma perspectiva de poder em âmbito nacional. Basta lembrar quão difícil foi até para Lula derrotar Jair Bolsonaro, um dos piores presidentes da Nova República, na eleição passada. Gleisi, no entanto, omitiu um fato e distorceu outro em sua análise da conjuntura política de seu campo ideológico.


Se o destino da esquerda, para o bem ou para o mal, é profundamente atrelado ao destino de Lula, e não de hoje, a responsabilidade por essa dependência é exclusivamente do presidente. Lula sempre sabotou qualquer movimento de renovação tanto no PT quanto no chamado “campo progressista” – seja o arejamento de lideranças, seja de ideias. Todos os que ousaram, ainda que timidamente, projetar sombra sobre Lula foram logo abatidos no nascedouro, restando ao incauto o culto à personalidade do demiurgo e/ou a posição de “poste” acaso desejasse ter alguma projeção política. Aí estão os exemplos de Dilma Rousseff e Fernando Haddad para desencorajar qualquer um que queira pôr à prova a lulodependência da esquerda.


Outra malandragem de Gleisi foi omitir que a razão para a esquerda “até ter quadros políticos”, mas nenhum deles ser eleitoralmente competitivo, é o fato de a esquerda não ter um projeto para o País, e sim, se tanto, um projeto para aferrar Lula ao poder sabe-se lá até quando. A esquerda brasileira é atrasada. Não enxerga nem o Brasil nem o mundo pelas lentes do século 21. Há uma profusão de análises e pesquisas, na imprensa profissiona  e na academia, demonstrando a desconexão que se estabeleceu entre a esquerda, em suas múltiplas derivações, e o eleitorado que, historicamente, sempre apoiou seus candidatos. O exemplo mais notório dessa desconexão, claro, é o próprio Lula, que, malgrado estar em seu terceiro mandato presidencial, é recalcitrante em reconhecer erros e se mostra incapaz de oferecer à sociedade um mero esboço de plano coerente, exequível e sustentável para o desenvolvimento do País.


Diante desse deserto propositivo, não resta alternativa a Lula, em particular, e à esquerda, em geral, a não ser apelar para essa suposta ameaça de retorno do que chamam de “extrema direita” à Presidência da República. Foi exatamente o que Gleisi vocalizou na entrevista, antecipando o tom da campanha eleitoral de Lula ou de quem ele ungir em 2026. Qualquer adversário do PT no ano que vem será invariavelmente tratado como o representante das forças do atraso, do golpismo e “das elites” – tudo isso empacotado como “extrema direita”.


Ocorre que o verdadeiro representante da extrema direita, Bolsonaro, está inelegível. Logo, não representa mais ameaça alguma à ordem democrática. A rigor, não é improvável que ao tempo da eleição o ex-presidente esteja preso por ordem do Supremo Tribunal Federal. Assim, será muito difícil formar uma nova “frente ampla” em torno da candidatura petista sob a bandeira da “defesa da democracia”, que, como é notório, prevaleceu sobre seus inimigos. Sem a retórica do medo, quase nada sobra para uma esquerda anacrônica e incapaz de inspirar esperança para a maioria dos brasileiros. E sem propostas concretas para lidar com os reais problemas do País, resta-lhe o risco de desaparecer como força de transformação social, reduzida a um grupo fechado em torno de Lula e de um discurso vazio de sentido.

Mario Ssbino

 *Não critiquem Israel pelo ataque fulminante ao Irã. Agradeçam a Israel*


_Ao contrário do que você pode ser levado a pensar, o mundo está mais seguro desde que Israel lançou o seu ataque contra o Irã_


Pouco antes do ataque, a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) divulgou que o regime iraniano havia violado o acordo assinado em 2015, com Estados Unidos, China, Rússia, França, Alemanha e Reino Unido, e que o país já contava com urânio enriquecido suficiente para fabricar nove bombas nucleares. “A Aiea declara que não pode garantir que o programa atômico iraniano seja exclusivamente pacífico”, disse a agência


Junte-se a isso a recusa do Irã em ceder a Donald Trump nas exigências pelo cumprimento do acordo, não restava outro caminho a Israel, se não o de atacar instalações nucleares e militares do país. O regime iraniano é uma ameaça existencial ao país. É objetivo declarado da ditadura dos aiatolás eliminar o Estado judaico.


Até que Israel reagisse ao massacre de 7 de outubro de 2023, o Irã vinha promovendo uma guerra por procuração contra o seu grande inimigo, via Hamas e Hezbollah, principalmente. Mas a invasão bárbara do território israelense mostrou a Tel Aviv que o confronto direto com Teerã era questão de pouco tempo, a necessária etapa seguinte à dizimação dos grupos de sicários palestino e libanês.


Em abril do ano passado, Israel bombardeou a embaixada iraniana em Damasco para matar oficiais graduados da Força Quds, unidade do exército do Irã responsável por treinar, equipar e financiar os terroristas aliados do regime dos aiatolás.


Em retaliação, o Irã lançou centenas de drones e mísseis contra o território de Israel. O que era para ser uma demonstração de força virou o seu contrário: o ataque inédito e aparentemente grandioso causou mais ansiedade do que vítimas entre os israelenses.


Ficou evidente que o Irã era um tigre de papel, mas um tigre de papel com ambições atômicas que não poderiam prosperar.


Com ou sem Benjamin Netanyahu, Israel empreenderia uma guerra contra o Irã para destruir as suas instalações nucleares. Os israelenses nunca acreditaram na conversa fiada de que o programa atômico iraniano tinha fins pacíficos.


Só não atacaram antes porque o acordo firmado em 2015 criou obstáculos políticos no plano internacional, que foram removidos pelo 7 de outubro e, agora, pelo reconhecimento da AIEA que, durante todo esse tempo, os iranianos levaram no bico os países que acreditaram que a assinatura de aiatolás e de seus prepostos valia alguma coisa.


Ontem, Israel apenas começou o serviço no qual as suas forças armadas operam em conjunto com agentes do serviço secreto, o Mossad, infiltrados em território iraniano. Outros ataques virão nas próximas duas semanas, como anunciado


Além de destruir parte das instalações nucleares e militares do Irã, os israelenses mataram os cientistas que conduziam o programa nuclear e os comandantes das Forças Armadas do Irã. Outros oficiais graduados também foram eliminados.


A cadeia do comando militar iraniano foi quebrada por mais uma ação prodigiosa de Israel, e isso explica também a falta de reação à altura dos iranianos. Até o momento, o Irã conseguiu lançar apenas pífios cem drones contra o inimigo.


Os israelenses prestam um grande serviço a si mesmos, ao Oriente Médio e, portanto, ao mundo ao atacar as instalações onde o regime medieval dos aiatolás, opressor do próprio povo e patrocinador de grupos terroristas que desestabilizam perigosamente a região, vinham preparando bombas atômicas e fabricando mísseis que as pudessem carregar, ao mesmo tempo que mentiam sobre as suas reais intenções.


Os protestos ouvidos contra Israel dos governos de países muçulmanos e ocidentais são a expressão da hipocrisia habitual da qual o país é alvo.


Enfraquecer e derrubar o regime iraniano, tanto pela mão militar como pela política, é passo fundamental a ser dado para a paz no Oriente Médio, o que inclui, finalmente, a constituição de um Estado palestino que conviva em harmonia com o Estado israelense, objetivo impossível de ser alcançado enquanto houver aiatolás e cúmplices para ressuscitar continuamente Hamas e Hezbollah.


Não critiquem Israel pelo ataque ao Irã. Agradeçam a Israel.


PS: a nota do Itamaraty é mais do mesmo. O Brasil se compraz na sua irrelevância.


https://www.metropoles.com/colunas/mario-sabino/nao-critiquem-israel-pelo-ataque-fulminante-ao-ira-agradecam-a-israel


*BK*

Fabio Alves