segunda-feira, 26 de maio de 2025

Bankinter Portugal Matinal 2605

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: Restará subir, com Nova Iorque fechada e após a mudança de Trump à sua mudança anterior. Já se sabe que quando as circunstâncias dão uma volta de 360º voltam ao seu estado original, que nada mudou. É o caso. Na sexta-feira, Trump assustou e reconduziu o fim de semana, confirmando, assim, a sua “política de psiquiátrico” em que o melhor que se pode fazer é reduzir riscos, porque os riscos estão há algum tempo a serem assimétricos, muito assimétricos.


Na sexta-feira à tarde, Trump afirmou que Apple deve pagar um imposto alfandegário de 25% pelos seus telemóveis fabricados fora dos EUA (como efetivamente se pode interpretar que aconteça, tendo em conta os seus componentes) e que irá impor um imposto alfandegário de 50% à UE, visto que as negociações comerciais não avançam. Mas hoje, segunda-feira, parece que já não… que a Europa tem até 9 de julho para negociar. Esta erraticidade apoia a nossa convicção de que o risco implícito do mercado é incoerente com as recentes subidas das bolsas. Este contexto confuso e instável torna conveniente uma estratégia cética e bastante conservadora. Porque na sexta-feira foram Apple e UE, mas Trump poderia ter escolhido qualquer outra coisa e teria acontecido o mesmo.


Hoje arrancamos com Nova Iorque fechada devido a feriado, depois de uma mudança para pior com base na reativação dos impostos alfandegários por parte de Trump. Mas, após a chamada adequada de Von Der Leyen este fim de semana, agora “concede” à Europa até 9 de julho para negociar. Continuamos fixos na política da ciclotimia, na política de psiquiátrico. Porque, após esta substituição da substituição anterior, hoje resta subir o retrocesso de sexta-feira. Ou pode ser que não, se Trump afirmar outra coisa esta tarde. Menos mal que é feriado em Nova Iorque.


Focando no que pode ser analisado, esta manhã sairão Pedidos de Bens Duráveis anormalmente baixos, depois do mês anterior ter sido anormalmente elevado (+9,2%) devido à antecipação de pedidos para contornar os impostos alfandegários e um pedido extraordinário de 192 aviões de Boeing. Um dado contrastará com outro. Também a Confiança do Consumidor americano, a melhorar um pouco desde um nível tão baixo como 86, semelhante ao observado durante alguns meses da pandemia. Na quarta-feira, após o fecho de Nova Iorque, publicação de Nvidia (EPS 0,88 $; +44%) e Salesforce (EPS 2,55 $; +4,5%). Consideramos improvável que Nvidia dececione, portanto influenciará positivamente na sessão de quinta-feira. Nesse mesmo dia sairá o PIB 1T americano revisto, que poderá ser menos mau do que -0,3% preliminar e ajudar um pouco. Igual a sexta-feira, com o Deflator de Consumo (PCE) americano, que se espera que retroceda 1 décima (+2,2% vs. +2,3%; Subjacente +2,5% vs. +2,6%) porque se trata do registo de abril, ainda, e as tensão inflacionistas não se deixarão ver até maio/junho. Isto também será bastante bom.


CONCLUSÃO: A chave será comprovar como o mercado absorve a política de psiquiátrico. Porque a complacência irá cobrar caro. De momento, hoje a Europa irá subir para contrastar com a descida de sexta-feira, com Nova Iorque fechada. O USD já alcançou 1,14/€, como temos vindo comentando. A yield das obrigações de longa duração deverá elevar-se pouco a pouco pelo term premium comentado, e isso não facilitará a situação às avaliações das bolsas, pelo contrário. Será um processo de reajusto prolongado e lento. Mas esta semana tem bom aspeto. Ou, pelo menos, arranca com bom aspeto. Depois Trump decide se a prejudica ou não.


S&P500 -0,7% Nq-100 -0,9% SOX -1,5% ES50 -1,8% IBEX -1,2% VIX 22,3% Bund 2,57% T-Note 4,51 Spread 2A-10A USA=+52pb B10A: ESP 3,20% PT 3,08% FRA 3,27% ITA 3,59% Euribor 12m 2,096% (fut.2,019%) USD 1,140 JPY 162,8 Ouro 3.348$ Brent 65,0$ WTI 61,7$ Bitcoin -0,7% (109.672$) Ether -3,7% (2.569$). 


FIM

BDM Matinal Riscala 2605

 Bom dia


[26/05/25]


… A semana começa com feriados nos EUA e Reino Unido, mas os futuros de NY operam normalmente e, no fim da noite deste domingo, saltavam com a decisão de Trump de adiar a tarifa de 50% à UE até 9 de julho, após telefonema com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Na 6ªF, ele estressou o mercado ao ameaçar adotar a taxa em 1º de junho. A agenda de indicadores é cheia, aqui e no exterior, com destaque para o PIB americano e brasileiro, além de dados da inflação (IPCA-15 e PCE). No calendário corporativo, a expectativa é para o balanço da Nvidia, na 4ªF. Ainda no Brasil, saem dados do emprego, com Caged e IBGE, e os números consolidados do setor público de abril, em meio ao desencontro das medidas fiscais que acompanharam o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas. No mercado, pesa o mal-estar causado pelo aumento do IOF com objetivo arrecadatório, embora a Fazenda tenha recuado poucas horas depois, evitando maior estrago.


… Em Brasília, o caso está sendo explorado politicamente pela oposição, em proporção comparada à crise do Pix e ao que ficou conhecido como o imposto das blusinhas. Mas para os investidores é ainda pior dessa vez, porque atingiu a credibilidade da Fazenda.


… De onde os técnicos da equipe econômica tiraram a ideia de que o ajuste “regulatório” colaria no mercado? Se eles mesmos reforçaram o impacto de arrecadação de R$ 20 bilhões este ano e mais de R$ 40 bilhões em 2026 com as mudanças do IOF?


… O fato de a Fazenda ter recuado na medida mais sensível, mantendo zeradas as alíquotas para os fundos e os investimentos de pessoas físicas no exterior, não apaga o que foi feito. Não se trata apenas de uma “correção de rota”, como disse o ministro.


… Haddad repetiu um milhão de vezes que não haveria aumento de impostos, trabalhou incansavelmente na reforma tributária para que não se elevasse a média geral de tributação, garantiu o tempo todo o apoio de Lula ao arcabouço e aos cortes necessários.


… É verdade que, no esforço de obter o equilíbrio fiscal e atingir as metas, buscou até o último centavo elevar a arrecadação. Mas quando esse caminho se fechou, tenta passar um atalho que mais se parece com um cavalo de pau e se confunde com controle cambial.


… Ninguém entende como os assessores da Fazenda não conseguiram prever o efeito negativo de um ajuste fiscal dessa natureza.


… É legítimo, portanto, que as desconfianças sejam ampliadas, sobretudo quando se aproxima o ano eleitoral e a inclinação para os gastos se torna mais urgente. Foi uma pisada de bola inexplicável e que ainda poderá custar caro ao governo.


… Em evento na 6ªF, ficou clara a posição contrária de Gabriel Galípolo, cujo nome foi usado em vão pelos secretários de Haddad naquela entrevista para explicar os motivos das mudanças no IOF. Não é assim que se ajuda o BC e a política monetária.


… Em reunião trimestral com os diretores Diogo Guillen e Paulo Picchetti do Banco Central, hoje em São Paulo (9h30), é provável que os economistas mencionem o episódio, que levou o mercado a zerar as apostas em nova alta da Selic (leia abaixo).


HADDAD – Em entrevista ao jornal O Globo, no fim de semana, o ministro Fernando Haddad disse que o aumento do IOF anunciado na última 5ªF é um tema que foi estudado pelo governo “há bastante tempo” e discutido na mesa do presidente Lula.


… “Essa regularização do IOF está sendo estudada há bastante tempo. Nós fizemos (o decreto) pela oportunidade de fazer um combo, prevendo (aumento de) receita, bloqueio, contingenciamento, mas essas medidas estão sendo analisadas há mais de um ano.”


… Sobre a eventual participação do presidente do BC nas discussões, Haddad disse que foi feita uma longa discussão no gabinete sobre muitos assuntos, incluindo as medidas, mas que Galípolo não participou da elaboração do decreto e nem leu o documento.


… Segundo o ministro, a decisão de voltar atrás e retomar a isenção de investimentos no exterior de brasileiros foi “absolutamente técnica” e tomada após a consulta da opinião de conselheiros próximos.


… A imposição da taxa, nesse caso específico, foi interpretada por agentes do mercado como uma tentativa de controlar o capital.


… Questionado se o episódio gerou descrédito na equipe econômica, ele afirmou que vê o contrário.


… “Quanto mais você dialoga, é franco e humilde, mais constrói reputação. Inclusive quando não reconhece mérito nas críticas e avança, como a taxação de fundos offshore, fundos fechados e reforma da renda. Não recuamos, porque eram justas as propostas.”


… Segundo Haddad, a reação do mercado em dezembro após o anúncio da isenção de imposto de renda para salários de até R$ 5 mil “não era justificável”. “Mas o que aconteceu agora é justificável. Por isso, atendemos prontamente ao pleito depois de uma revisão técnica.”


… Ao ser questionado sobre a possibilidade de novas revisões das medidas anunciadas, o ministro disse que está sempre reavaliando as medidas regulatórias da Fazenda para atingir os objetivos da política econômica.


… “A equipe está a todo momento calibrando CRI, CRA (certificados de recebíveis imobiliários e do agronegócio), LCI, LCA (letras de crédito imobiliário e do agro) e o IOF, sendo que várias dessas calibragens passam despercebidas.”


O QUE ESTÁ VALENDO – O IOF passou a ser de 3,5% para compras no exterior com cartões de crédito, débito ou pré-pago, compra e saque de moeda estrangeira em espécie e remessa para contas internacionais de banking.


… Alguns bancos, como o BTG Pactual, estão mantendo aos clientes especiais o IOF de 1,1% nas compras internacionais.


… Para as remessas de contas internacionais de investimento, o IOF passou de 0,38% para 1,1%; recebimento de valores do exterior, o IOF permanece em 0,38%; importações, exportações, lucros, dividendos e fundos no exterior: continuam com IOF zerado (0%).


MAIS AGENDA – Ainda hoje, o BC divulga o boletim Focus (8h25) e as transações correntes em abril (8h30), com previsão de déficit de US$ 2 bi, segundo mediana do Broadcast, pouco abaixo do saldo negativo de US$ 2,244 bilhões em março, graças às exportações de soja.


… Para o Investimento Direto no País (IDP), a mediana indica entrada líquida de US$ 5 bilhões em abril, menor que o saldo positivo que foi registrado no mês anterior, de US$ 6 bilhões. As expectativas vão de US$ 3,3 bilhões a US$ 7,8 bilhões.


… Ainda hoje, a FGV divulga a confiança do consumidor de maio (8h), que ficou em 84,8 em abril, e na Zona do Euro falam dois dirigentes do BCE: a presidente Christine Lagarde (11h30) e Joachim Nagel, presidente do Bundesbank (10h30).


NA SEMANA – Os próximos dias têm ainda novos discursos de Fed boys, com John Williams e Christopher Waller amanhã (3ªF), Neel Kashkari, Thomas Barkin, John Williams (4ªF), Adriana Kugler (5ªF), Raphael Bostic e Austin Goolsbee (6ªF).


… Amanhã, o IPCA-15 de maio deve acelerar para 0,44%, um pouco acima da alta de 0,43% registrada em abril, enquanto o PIB/1Tri sai na 6ªF, com expectativa de forte expansão, após a prévia do BC, o IBC-Br, ter fechado o período com alta de 1,3%.


… Os resultados consolidados do setor público no Brasil saem na 6ªF, mesmo dia em que serão divulgados nos EUA o PCE de abril, que é o índice preferido de inflação do Fed, e o índice de confiança do consumidor medido pela Universidade de Michigan.


… Já o PIB americano sai na 5ªF, referente à 2ª prévia, sendo que a primeira mostrou retração de 0,3%, causada pelo setor externo.


… Na 4ªF, será divulgada a ata da última reunião de política monetária do Fed e, no Brasil, o Caged de abril. A taxa de desemprego do IBGE está prevista para 5ªF, junto com o IGP-M de maio e os dados de empréstimos bancários do Banco Central em abril.


… Encerrando a semana, a China divulga na noite de 6ªF os dados do PMI de maio.


CONGRESSO – Há expectativa de discussão de propostas esta semana para barrar a cobrança extra de IOF anunciada pelo governo, além da escolha do relator da MP do setor elétrico e de nova reunião da Comissão que analisa a reforma do Imposto de Renda.


… Na Câmara, Hugo Motta deve nomear o relator do projeto que vai mudar as regras nos descontos das aposentadorias do INSS.


… Na última contagem, passava de 2 milhões o número de beneficiários que não reconhecem os descontos em suas aposentadorias e que solicitaram reembolso. A porcentagem dos aposentados que autorizaram os descontos é de apenas 2,25%.


LULA – Deve realizar duas viagens pelo Brasil nesta semana, uma para a Paraíba e outra para Santa Catarina.


STF – No Supremo, mais testemunhas de defesa do núcleo central da ação da trama golpista de 8 de janeiro listadas pelo ex-presidente Bolsonaro e por Braga Netto devem ser ouvidas pelo ministro Alexandre de Moraes.


GRIPE AVIÁRIA – Levantamento da AE junto a economistas aponta que a suspensão da importação de carne de frango do Brasil em razão dos casos de gripe aviária deve trazer alívio entre 0,05pp e 0,10pp para o IPCA nos próximos meses.


… Destaca-se, porém, que, com a retomada das exportações, deve ocorrer o efeito “rebote” nos preços do frango, com efeito nulo para a inflação no longo prazo. A exportação de carne de frango produzida pelo País está suspensa para 20 destinos.


… No fim de semana, o ministro Carlos Fávaro (Agricultura) disse que há fortes indícios de que o foco da gripe aviária está contido, já que nenhuma outra ave morreu, além do registro em uma granja comercial em Montenegro (Rio Grande do Sul).


RÚSSIA VS UCRÂNIA – Forças russas lançaram no fim de semana o maior ataque aéreo contra cidades ucranianas, incluindo a capital Kiev, disparando 367 drones e mísseis, o que levou a Alemanha a defender novas sanções do Ocidente contra Moscou.


… Os ataques ocorreram em paralelo à troca de mil prisioneiros de guerra de cada país, no único passo concreto em direção à paz.


… O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que o silêncio dos EUA e da comunidade internacional tem encorajado Putin a realizar uma escalada nos ataques contra seu país.


… Também na guerra de Israel contra Gaza, novos ataques militares israelenses mataram pelo menos 30 palestinos neste domingo. Em meio às tensões, o petróleo subia no final da noite de domingo.


PÁ DE CAL – Uma semana atrás, em evento do Goldman Sachs, o mercado tinha lido na declaração de Galípolo de que a Selic ficaria elevada por mais tempo um recado de que a taxa básica alcançou o topo abaixo de 15%.

… Esta convicção só se fortaleceu agora com a decisão da Fazenda de cobrança da alíquota maior do IOF sobre o mercado de crédito, que vai equivaler a um aperto monetário e decretar o fim do ciclo, segundo economistas.  


… Na prática, o IOF é como se fosse uma alta de 0,25pp a 0,50pp, calculam o Bradesco e a XP, o que dispensaria a necessidade de o Copom seguir além, ainda que o BC deva conservar o juro alto por período prolongado.

… Embora o crédito (sobre onde incidirá o IOF) não seja o único canal de transmissão da política monetária, os economistas Caio Megale e Rodolfo Margato (XP) retiraram do cenário-base um último ajuste de 0,25pp (junho).


… Ainda assim, eles acreditam que o ritmo da economia doméstica seguirá aquecido. No geral, porém, gestores observam que o encarecimento no custo do crédito pode contribuir para o trabalho do BC de esfriar a atividade.


… Em entrevista à Globonews, com participação do Valor, na última 6ªF, o presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, disse que o IOF e a surpresa positiva do contingenciamento aliviam a pressão da política monetária.

… Questionado se isso levará a retração maior da economia, ele admitiu o risco. “Paciência, é bem importante o trabalho da política fiscal, para o juro cair lá na frente e derrubar [a relação] dívida pública sobre PIB.”


… No DI, a precificação de Selic estável mês que vem está agora em 72%, muito superior à chance de alta (22%).


… Assimilando o susto inicial com o IOF, após o recuo parcial da Fazenda, os juros futuros se acomodaram perto da estabilidade. Mais cedo, alguns trechos da curva haviam saltado mais de 20pb com a crise de última hora.


… No fechamento, o DI para Jan/26 marcava 14,725% (de 14,770% no pregão anterior); Jan/27, 13,985% (de 14,120%); Jan/29, 13,615% (13,720%); e Jan/31, a 13,840% (13,890%), depois de ter superado 14% na máxima.


… O DI também aproveitou para pegar carona no recuo do dólar e dos rendimentos dos Treasuries.


… Na primeira reação assustada do câmbio ao decreto do IOF, o dólar já abriu os negócios escalando quase 1,5%, para, aos poucos, devolver o estresse com a volta atrás do governo na medida sobre remessas de fundos.


… Mas só foi na reta final do pregão que a moeda americana perdeu fôlego a ponto de conseguir zerar a alta e trocar de sinal. Fechou em leve queda de 0,27%, cotado a R$ 5,6460, diante da recaída protecionista de Trump.


… Na esteira da expectativa de um dólar global mais fraco, o BTG Pactual reduziu na 6ªF a projeção do dólar tanto para o fim de 2025, de R$ 6,00 para R$ 5,60, quanto para o final do ano que vem, de R$ 6,10 para R$ 5,50.


SÓ CAUSA – Na noite deste domingo, Trump disse que vai estender o prazo para imposição de uma tarifa de 50% contra a UE até 9 de julho, após telefonema à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.


… Horas antes, Von der Leyen havia dito em sua conta no X que a Europa está pronta para avançar nas negociações de forma rápida e decisiva e que, para chegar a um bom acordo, precisa de tempo até 9 de julho.


… O recuo de Trump vem depois das ameaças de 6ªF, quando ele quebrou o clima de maior tranquilidade com as negociações comerciais e deu um jeito de renovar os inimigos para justificar a obsessão da guerra comercial.

… Naquele dia, além de ter ameaçado taxar a UE, escolheu outra vítima, exibindo o desejo de cobrar tarifas de 25% de iPhones produzidos fora dos EUA.


… Desconfortável com o estilo agressivo do republicano, NY renovou o nervosismo na 6ªF. Ninguém tem gostado de ver a reputação dos EUA abalada pela política tarifária e o efeito do plano de corte de impostos.


… Há três dias sem cair, o dólar não conseguiu mais resistir e voltou a ter a credibilidade afetada.


… O índice DXY caiu 0,85%, a 99,112 pontos. O euro subiu 0,76%, a US$ 1,1359. O dirigente do BCE Yannis Stournaras projetou mais um corte da taxa de juro em junho, seguido de uma pausa no ciclo de relaxamento.


… A libra ganhou 0,86%, a US$ 1,3529, e o iene avançou para 142,54/US$, já que a inflação japonesa ainda pressionada mantém no radar a probabilidade de o BoJ promover mais um aperto monetário este ano.


… À procura de apelo defensivo contra as ofensivas de Trump, os Treasuries de mais longo prazo subiram, derrubado a taxa da Note-10 anos a 4,514% (de 4,540% na véspera) e a do T-Bond-30 anos a 5,038%, de 5,052%.


… Dose natural de cautela na véspera do feriado prolongado nos EUA já seria justificável e, com Trump aprontando mais uma, o ambiente de preocupação dos investidores com a política fiscal e inflação só piorou.


… Alvo da vez, Apple (-3,02%) completou sequência de sete sessões em queda. O Nasdaq recuou 1%, aos 18.737,21 pontos, o Dow Jones caiu 0,61%, aos 41.603,07 pontos; e o S&P perdeu 0,67% (5.802,83 pontos).


… Os três principais índices de ações de Wall Street terminaram a semana afundando perto de 2,5%.


… Momentaneamente, as bolsas testaram algum alívio com os comentários de Bessent (Tesouro), que prevê grandes acordos comerciais nas próximas semanas e espera a retomada do diálogo com a China.


… Mas a melhora de humor durou muito pouco, com Trump esgotando as tentativas de otimismo. 

DRIBLE – Sorte foi o Ibov ter contornado a turbulência. Após a abertura difícil com a polêmica do IOF, quando entregou os 135 mil pontos, o índice à vista impressionou com reação de quase 3 mil pontos ante a mínima.


… É muito positiva para a bolsa doméstica a aposta de que a taxa Selic não deve subir mais. O Ibovespa fechou o pregão em alta de 0,40%, na máxima do dia, aos 137.824,29 pontos, e volume financeiro de R$ 20,7 bilhões.

… Braskem PNA (+9,15%, a R$ 11,09) liderou os ganhos, embalada pelo rumor, confirmado oficialmente após o fechamento, de que o empresário Nelson Tanure quer comprar a fatia da Novonor no controle da petroquímica.


… Raízen PN (+7,00%, a R$ 2,14) subiu forte pela terceira sessão seguida, com informação de interessados na compra de sua operação na Argentina. Em dia de dupla listagem nos EUA, JBS realizou lucro e caiu 1,23%.


… Mas a companhia acima terminou a semana com ganho acumulado de 7%. Pelas estimativas de analistas da Genial Investimentos, as ações da gigante ainda têm potencial de valorização de 29% com a listagem em NY.


… Com a aprovação da dupla listagem pelos acionistas, a expectativa é que a estreia dos papéis da JBS na Nyse ocorra em 12 de junho. Os BDRs, por sua vez, devem entrar no pregão em 9 de junho…


… Já as ações da JBS na B3 serão negociadas pela última vez em 6 de junho, conforme o cronograma divulgado.


… No setor bancário, apenas Banco do Brasil ON (-2,51%, a R$ 24,42) fechou no vermelho. Já Itaú PN subiu 1,21% (R$ 37,72); Bradesco PN ganhou 1,23% (R$ 15,64) e Santander Unit teve alta de 0,84% (R$ 29,93).


… Entre as blue chips das commodities, o dia foi de altas modestas: Vale ON (+0,17%, a R$ 54,32), Petrobras ON (+0,15%, a R$ 33,48) e PN (+0,22%, a R$ 31,40). O Brent/julho subiu 0,52%, a US$ 64,78, diante do dólar fraco.

EM TEMPO… BRASKEM confirmou que a Novonor recebeu uma proposta não vinculante do empresário Nelson Tanure, via Petroquímica Verde Fundo de Investimento em Participações, para aquisição de fatia da empresa…


… O acordo prevê um período de exclusividade de 90 dias para se buscar um acordo final. A Novonor detém 50,1% do capital votante e 38,3% do total da Braskem.


PETROBRAS informou que o conselho aprovou o encerramento antecipado do mandato do diretor executivo de Transição Energética e Sustentabilidade, Mauricio Tolmasquim, de forma negociada, no próximo dia 27…

… Também foi aprovada a nomeação do diretor executivo de Processos Industriais e Produtos, William França, para exercer, de forma cumulativa, as funções de Tolmasquim até a eleição e posse de novo diretor…


… A saída de Tolmasquim já era esperada, por ter sido indicado pela União para compor o conselho de administração da Eletrobras…


… A Petrobras informou ainda que a plataforma FPSO Alexandre de Gusmão entrou em produção no campo de Mero, do bloco de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, dois meses antes do previsto no plano de negócios…


… Ainda no noticiário da Petrobras, a empresa assinou memorando para trabalhar conjuntamente em pesquisa e desenvolvimento de projetos com estatal de Angola (Sonangol).


VALE. A Moody´s atribuiu o rating AAA.br à proposta da 11ª emissão de debêntures no valor de R$ 6 bilhões, anunciada na última 5ªF. A perspectiva é estável.


AZUL. Questionada pela CVM sobre empréstimo de US$ 600 milhões, a companhia aérea informou que não há nada formalizado ou aprovado pela sua administração…

… Empresa disse que continua “empenhada em fortalecer a sua estrutura de capital”.


ASSAÍ informou que a Antipodes Partners Limited reduziu participação para 4,6% das ações ON.

MOTIVA. O conselho de administração aprovou a 18ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em série única, totalizando R$ 1,320 bilhão.


ENERGISA registrou um consumo consolidado de 3.560,7 GWh de energia elétrica em suas áreas de concessão em abril, o que representa uma queda de 1,7% em relação ao mesmo mês do ano passado.


SANTOS BRASIL. Acionista controladora, CMA Terminals Atlantic, protocolou junto à CVM pedido de registro de uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) para compra de até 100% das ações ON, a R$ 13,60 por ação…


… Montante, que terá atualização pela Selic até a data de liquidação, representa prêmio de 44% sobre a média ponderada dos preços dos últimos 12 meses e de 30% sobre o preço justo estimado por laudo de avaliação.


BB vai oferecer a funcionalidade Pix Automático a todos os seus clientes pessoa física (como usuário pagador) e jurídica (como recebedor) a partir da próxima 4ªF, antes do lançamento oficial da modalidade, em 16 de junho.


BOEING fez acordo para pagar US$ 1,1 bilhão e evitar julgamento por acidentes com 737 Max.

sábado, 24 de maio de 2025

Previ

 https://oglobo.globo.com/blogs/capital/post/2025/05/previ-fundo-de-pensao-do-bb-esta-perto-de-zerar-deficit-acumulado.ghtml


*Previ, fundo de pensão do BB, está perto de zerar déficit acumulado*


Capital - Por Rennan Setti


A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, está perto de zerar seu déficit acumulado, que encerrou 2024 em R$ 3,16 bilhões.


O número de abril apurado pela fundação mostra um resultado acumulado de R$ 0,9 bilhão negativo. O desempenho no ano, que está positivo em R$ 2,2 bilhões, foi impulsionado sobretudo pelo bom resultado da renda variável. (A Bolsa sobe 14,5% no ano e opera em patamar recorde.)


A tendência é que o número acumulado continue caindo no resultado de maio, com a evolução positiva dos indicadores do mercado no período — isto é, se a instabilidade causada pelo vai-e-vem das medidas fiscais do governo e seu impacto nos ativos permitir...


Maior fundo de pensão do país, com mais de R$ 260 bilhões em patrimônio, a Previ registrou, em 2024, um déficit de R$ 17,6 bilhões. Como o resultado acumulado até 2023 fora um superávit de R$ 14,5 bilhões, o déficit acumulado no período ficou em R$ 3,16 bilhões. Os dados de desempenho referem-se ao Plano 1, do tipo benefício definido (BD), o mais antigo e que concentra a imensa maioria dos ativos da instituição.

Dorian Gray

 *O retrato de Dorian Gray: a economia americana*


Nesta semana, dados de atividade econômica nos Estados Unidos, combinados com a retomada das discussões tarifárias, pressionaram os ativos de risco globais. Os números de pedidos de seguro-desemprego e outros indicadores de atividade vieram levemente abaixo das expectativas. Paralelamente, pesquisas de confiança entre os agentes privados apontaram para uma retomada do otimismo, mas esse sentimento foi ofuscado pelas novas sinalizações do governo americano em relação ao comércio internacional.


Destaca-se a aprovação inicial do plano de isenção de impostos proposto por Donald Trump, ainda pendente de votação no Senado. A medida adiciona pressão ao já deteriorado quadro fiscal americano, principalmente por ter sido apresentada logo após o rebaixamento da nota de crédito dos EUA, sem uma contrapartida clara no lado das despesas. Essa combinação levou à elevação das taxas de juros de longo prazo, que atingiram os maiores patamares desde 2023.


A movimentação do presidente pode ser interpretada como uma tentativa de reverter a queda recente em sua popularidade, mas o impacto fiscal relevante aumentou os juros futuros e, consequentemente, o custo de financiamento da dívida — fator ao qual Trump demonstrou sensibilidade em ocasiões anteriores. Diante disso, observou-se uma retomada do foco do governo em medidas alternativas que possam mitigar os efeitos do pacote de isenção.


Nesse contexto, foi anunciada a imposição de tarifas de 50% sobre produtos da União Europeia, com vigência a partir de 1º de junho. Adicionalmente, foi comunicada a aplicação de uma tarifa de 25% sobre celulares da Apple não produzidos nos EUA, o que levou a ação da companhia a recuar 7,6% na semana. As pressões repercutiram de forma ampla nos mercados: o S&P 500 e o Russell 2000 caíram 2,6% e 3,5%, respectivamente, enquanto o Nasdaq recuou 2,4% e o Dow Jones, 2,5%.


Um dos principais pontos de atenção segue sendo o comportamento da curva longa de juros nos EUA. As taxas dos títulos públicos de 10 e 30 anos subiram 1,4% e 2,6%, respectivamente, alcançando 4,5% e 5,0% ao ano. Como resultado, os preços dos títulos de longo prazo caíram 2,0%. Essa parte da curva é especialmente sensível à percepção de risco fiscal e à credibilidade das políticas públicas. O destaque é que esse movimento ocorreu em conjunto com a queda de 1,9% do dólar globalmente, sugerindo saída de capitais dos EUA — um padrão típico de países emergentes. Já os juros de dois anos permaneceram estáveis em 4,0%.


Normalmente, o aumento das taxas longas em países desenvolvidos tende a fortalecer suas moedas. O movimento contrário observado nesta semana reforça a percepção de vulnerabilidade institucional. Além disso, após a perda do rating AAA na semana anterior, fundos de pensão asiáticos, cuja regulação restringe investimentos a ativos de nota máxima, começaram a discutir a possibilidade de vendas forçadas de títulos do Tesouro americano. Estima-se que esse movimento possa alcançar até 215 bilhões de dólares.


Ainda que seja cedo para afirmar uma mudança estrutural, os fatores recentes reforçam a tese de que os EUA podem estar entrando em um ciclo prolongado de perda de fluxo de capitais para outras regiões, o que beneficiaria países emergentes.


O ambiente internacional foi predominantemente negativo: o DAX caiu 0,6%, o Nikkei recuou 3,0% e os mercados emergentes tiveram variação praticamente estável, com alta de apenas 0,1%. A bolsa de tecnologia da China caiu 1,4%, enquanto o índice tradicional subiu 0,7%. O ouro se valorizou 5,3% diante do aumento do risco global, enquanto o petróleo recuou 1,0% com a perspectiva de desaceleração da atividade econômica.


*Os Miseráveis versão política brasileira*


Localmente, o principal destaque da semana foi o aumento do IOF anunciado na quinta-feira pelo ministro Fernando Haddad, seguido por um recuo parcial das medidas na sexta-feira. O anúncio inicial previa a elevação do IOF para todas as modalidades, atingindo 3,5%, o que gerou forte reação negativa por parte dos investidores. A notícia impactou imediatamente os mercados, com o EWZ (ETF da bolsa brasileira negociado nos EUA) recuando mais de 4,0% antes da abertura do mercado local.


O maior estresse se deu em torno da taxação de remessas ao exterior para fins de investimento, tanto por pessoas físicas quanto por fundos, também sujeitas à alíquota de 3,5%. A medida foi interpretada por parte dos agentes de mercado como um primeiro passo em direção a um controle mais rígido da conta de capitais. Diante da reação negativa, o governo voltou atrás e anunciou a exclusão dessa categoria da mudança antes da abertura dos mercados na sexta-feira.


A elevação do IOF foi apresentada em conjunto com o congelamento de mais de R$ 30 bilhões em despesas públicas, como parte do esforço para adequar o orçamento às regras do novo arcabouço fiscal. Haddad também indicou que houve superestimação nas receitas projetadas anteriormente, justificando a necessidade de ajustes adicionais. Apesar da volatilidade provocada, alguns técnicos em finanças públicas consideraram as medidas como o primeiro movimento concreto em direção a um cenário fiscal mais crível e estruturado.


Vale destacar que o IOF é o único imposto que pode ser alterado por decreto, sem necessidade de aprovação do Congresso Nacional. O uso dessa prerrogativa levanta questionamentos sobre a capacidade de articulação política do governo e reforça a percepção de fragilidade institucional no atual cenário.


Nesse contexto, o Ibovespa recuou 1,0% na semana, enquanto o dólar teve leve queda de 0,3%, acompanhando o movimento global. As taxas dos títulos públicos com vencimento em 2030 foram pressionadas pela aversão ao risco nos mercados internacionais e pelas incertezas fiscais internas: a taxa do prefixado subiu 0,4%, encerrando a semana em 13,7% ao ano, enquanto a NTN-B de mesmo vencimento avançou 0,9%, sendo negociada a IPCA + 7,4%.


O episódio reforça a base do nosso conservadorismo no atual patamar de preços. À medida que as eleições de 2026 se aproximam, é provável que medidas fiscais expansionistas ganhem força — como vimos recentemente com a proposta de isenção nas contas de luz —, o que pode pressionar ainda mais o equilíbrio fiscal ou exigir novas medidas arrecadatórias. Ainda que o valuation dos ativos brasileiros nos pareça atrativo no horizonte de médio e longo prazo, optamos por manter um posicionamento mais cauteloso, especialmente diante das dificuldades estruturais na dinâmica orçamentária e da balança comercial no segundo semestre.


Qualquer necessidade estou à disposição.

um abraço, Breno - Rubik capital.

IOF governabilidade

 Aumento do IOF, seguido de recuo parcial, gera novo atrito dentro do governo e volta a dar munição à oposição


Impacto negativo, até aqui, ficou mais concentrado entre agentes econômicos, mas Executivo identificou potencial do desgaste escalar


Uma ala do Palácio do Planalto considerou equivocada a estratégia da Fazenda de anunciar um aumento nas alíquotas do IOF ao mesmo tempo em que divulgou bloqueios para 2025. No mesmo dia, houve um anúncio da contenção de R$ 31 bilhões em despesas do Orçamento, o que deveria ser uma boa notícia para os investidores. A Fazenda, no entanto, argumenta que os anúncios tinham que ser concomitantes para fechar as contas, ou então o contingenciamento do Orçamento teria que ser maior.


Essa não foi a primeira crise interna envolvendo anúncios — e recuos— da Fazenda. Durante o terceiro mandato de Lula, a taxação de 20% sobre produtos importados de até 50 dólares, a chamada “taxa das blusinhas”, gerou uma crise na comunicação do governo e impulsionou memes sobre o ministro, apelidado de “Taxad” por críticos. O episódio foi marcado pelo vaivém de anúncios, com críticas internas à política.


Já a regra da Receita Federal que ampliava a fiscalização financeira sobre movimentações via Pix foi revogada por determinação de Lula após uma campanha intensa da oposição.


Segundo o colunista Lauro Jardim, do GLOBO, Sidônio reclamou com interlocutores do governo que há uma determinação de Lula sobre anúncios de medidas importantes: todas têm que ser conversadas antes com a Secom com o objetivo de montar uma estratégia de comunicação adequada. Se isso não acontece, sobra ao marqueteiro da campanha de Lula em 2022 a função de “apagar incêndios”.


A interlocutores, Haddad tem dito que sua obrigação foi cumprida ao apresentar antes a medida a Lula. A Secom, segundo ele, também ciente da medida, deveria ter analisado como achasse melhor e procurado o diálogo.


O governo publicou na sexta-feira um decreto que mantém em zero a alíquota do IOF sobre aplicação de investimentos de fundos nacionais no exterior. O texto original da medida previa uma alta de 3,5%.


Além do mal-estar no mercado, a reação contrária nas redes sociais ao anúncio feito na quinta-feira também pesou na antecipação do comunicado de que parte do decreto seria revogado horas depois.


Mais de 70% das menções na internet ao aumento do IOF foram negativas, aponta levantamento feito pela consultoria Bites a pedido do GLOBO. Os dados reforçam que o anúncio foi malvisto pela opinião pública ao ser interpretado como um crescimento na taxação feita pelo governo a investimentos de brasileiros no exterior.


Desde quinta-feira, o assunto foi mencionado 144 mil vezes — 78,2 mil só na sexta-feira. O teor negativo esteve presente em 72,6% das postagens, enquanto o positivo alcançou 15%.


— Quase ninguém defendeu o governo nas redes, mesmo entre deputados do PT. Mais uma vez, houve um vai e vem no anúncio de medidas econômicas, o que enfraquece a gestão em relação à sua própria base, que não consegue criar uma linha de argumentação — afirma André Eler, diretor- adjunto da Bites: — Há o entendimento que o governo Lula taxa, aumenta impostos. Isso já vem da taxa das blusinhas. O caso atual reforçou a retomada do meme do “Taxad” pela direita. Não é um impacto negativo tão grande quanto o caso do Pix, mas foi um desgaste por nada, já que, na prática, nem vai ocorrer o aumento de arrecadação pretendido.


O pico de menções em assuntos econômicos no governo Lula ocorreu no primeiro mês de 2025, quando houve a discussão sobre a fiscalização do Pix. No dia 15 de janeiro, foram contabilizadas 261,1 mil postagens nas redes sobre o tema. O volume de posts sobre o IOF se aproximou, no entanto, do registrado em temas tributários, como quando houve isenção de tarifas de alimentos, em 7 de março (85,2 mil menções) ou em 18 de março, quando o governo confirmou a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês (93,9 mil menções).


Jair Bolsonaro e seus aliados exploraram o assunto nas redes. O ex-presidente ressaltou que baixou um decreto em março de 2022 que zerava a alíquota do IOF ligada ao câmbio até 2028.


“Infelizmente, o atual governo, em sua ânsia por elevar a arrecadação, reverteu essa política e anunciou um aumento generalizado nas alíquotas do IOF câmbio”, escreveu. Ele disse, em seguida, que o anúncio seria um desestímulo a investimentos e relatou que está em conversas com lideranças do PL para avaliar a possibilidade de “barrar mais esse aumento de impostos promovido pelo governo Lula”.


Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) descreveu a medida como “efeito direto do caos fiscal e da agenda econômica bizarra da extrema-esquerda”. “Pelo menos fica a lição: nunca acredite em um lulopetista”, escreveu. O parlamentar também republicou posts sobre o aumento no dólar, que abriu a sexta-feira cotado a R$ 5,71, e que se referiam a Haddad como “Taxad”.


O senador Sergio Moro (União-PR) também criticou o governo ao repostar o anúncio feito pela conta oficial do Ministério da Fazenda no X. “Estamos na República do improviso e parece que não tem ninguém responsável no governo Lula”, comentou.


O deputado André Fernandes (PL-CE), por sua vez, fez referência à crise do INSS e a críticas aos gastos da Presidência ao comentar a postura da gestão Lula. “Escândalos, gastos exorbitantes com viagens ao exterior e anúncios de mais impostos. Tudo isso se repete a todo momento no desgoverno petista”, escreveu.


O relatório encontrou postagens de 16 parlamentares sobre o caso. Apenas um saiu em defesa da gestão petista: o deputado Bohn Gass (PT), o que mostra mobilização tímida da esquerda em defender a medida.


O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), foi outro que usou o episódio para desgastar o governo.


—Essa medida precisa ser revogada imediatamente ou nós vamos entrar aqui numa crise de confiança (para investimentos) e um país que já está ruim vai piorar ainda mais — disse ele, em um vídeo publicado nas redes.


https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2025/05/24/aumento-do-iof-seguido-de-recuo-parcial-gera-novo-atrito-dentro-do-governo-e-volta-a-dar-municao-a-oposicao.ghtml?utm_source=aplicativoOGlobo&utm_medium=aplicativo&utm_campaign=compartilhar

Leitura de sábado

 Leitura de Sábado: Meta construirá 280km de cabo submarino e ampliará internet no Sul do Brasil


Por Luiz Araújo e Roseann Kennedy


Brasília, 20/05/2025 - A Meta, multinacional gigante da tecnologia, e a V.tal, empresa de infraestrutura digital, anunciam nesta terça-feira, 20, a construção de uma nova ramificação do cabo submarino Malbec, nas águas do Rio Grande do Sul. Em detalhamento obtido com exclusividade pelo Broadcast/Coluna do Estadão, a Meta explica que o objetivo é ampliar a capacidade da internet no Sul do Brasil e em países vizinhos do chamado "Cone Sul".


Cabos submarinos como o Malbec são responsáveis pela maior parte do tráfego de dados entre continentes. A nova rota permitirá conexões mais rápidas e estáveis, beneficiando diretamente usuários do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, além de melhorar o acesso digital em países como Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai. Conforme a Meta, a expansão deve posicionar a capital Porto Alegre como um novo hub regional de conectividade internacional e digital.


A nova ramificação do Malbec terá 280 quilômetros e deve estar concluída até 2027, somando-se aos atuais 2,5 mil quilômetros que conectam Rio de Janeiro, São Paulo e Buenos Aires. "Esse será um marco da conectividade na América do Sul, beneficiando milhões de pessoas no Brasil e consolidando Porto Alegre como o primeiro grande hub digital do Sul", afirma a diretora de Políticas Públicas, Conectividade e Infraestrutura da Meta para América Latina, Ana Luiza Valadares.


A iniciativa será oficializada durante encontro no escritório da Meta em Brasília, com participação do ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho; do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; da diretora da Meta para América Latina, Ana Luiza Valadares; do CEO da V.tal, Felipe Campos, além de secretários e representantes técnicos da área de infraestrutura.


"O impacto desse projeto será significativo para a economia digital local. Será uma infraestrutura única que atrairá operadoras, provedores de internet e outras empresas do setor", afirma Felipe Campos, CEO da V.tal. Ele destaca que o novo ecossistema trará melhorias para usuários finais, com uma internet mais estável e veloz.


O projeto também é visto como estratégico pelo governo federal. "Este é um passo fundamental para o avanço tecnológico da região Sul. Demonstra a confiança que o setor de telecomunicações tem no Brasil como um país atrativo para grandes investimentos", diz o ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho. Ele lembrou ainda que a iniciativa se insere no escopo da Política Nacional de Cabos Submarinos, lançada recentemente pelo Ministério.


Para o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), a nova rota fortalece a capacidade de resposta da infraestrutura local. "Esse investimento está plenamente alinhado ao nosso plano de desenvolvimento sustentável. Além de promover inovação, reforça a resiliência diante de eventos climáticos extremos, como as enchentes que afetaram as redes de telecomunicações em 2024."


Com a crescente demanda por inteligência artificial e serviços digitais, a aposta em infraestrutura robusta e distribuída é considerada crucial. "Capacidade, resiliência e alcance global são mais importantes do que nunca. A conectividade é a base para garantir que tecnologias emergentes estejam disponíveis para todos, independentemente de onde morem ou trabalhem", destaca a Meta.


Contato: luiz.araujo@estadao.com; roseann.kennedy@estadao.com


Broadcast+

Anatomia de uma crise 2405

 “*Anatomia de uma crise*” (Thomas Traumann)


Após meses afastado de Lula, o ministro Fernando Haddad retomou protagonismo ao convencê-lo de um bloqueio de R$ 30 bilhões em gastos públicos, o dobro do proposto por Rui Costa. Também acertou apresentar uma previsão fiscal mais realista, admitindo déficit de R$ 30 bilhões em 2026. Para reforçar o compromisso fiscal, incluiu aumento do IOF em diversas operações.


Mas o plano fracassou. O mercado reagiu mal à inclusão surpresa de IOF sobre fundos no exterior, interpretando a medida como controle de capitais, o que geraria fuga de recursos e colapso do setor de multimercados. A comunicação foi desastrosa: ministros ignoraram o impacto do IOF, Renan Filho vazou a informação antes do anúncio oficial, e os detalhes só vieram após o fechamento do mercado. O dólar disparou e a confiança evaporou.


Haddad, que esperava reação positiva, se viu isolado. Banqueiros criticaram duramente as medidas, o BC negou envolvimento e rumores indicaram ameaça de renúncia dentro da autoridade monetária. O governo recuou às pressas, publicando novo decreto às 22h30, excluindo os fundos no exterior da taxação.


*Conclusão*: Haddad mostrou capacidade de recuo, mas revelou um Ministério da Fazenda desconectado do mercado, mal coordenado e exposto a erros básicos de comunicação e timing político. Para um ministro já fragilizado, o episódio reforça sua perda de influência dentro e fora do governo.

Fabio Alves