sábado, 24 de maio de 2025

IOF governabilidade

 Aumento do IOF, seguido de recuo parcial, gera novo atrito dentro do governo e volta a dar munição à oposição


Impacto negativo, até aqui, ficou mais concentrado entre agentes econômicos, mas Executivo identificou potencial do desgaste escalar


Uma ala do Palácio do Planalto considerou equivocada a estratégia da Fazenda de anunciar um aumento nas alíquotas do IOF ao mesmo tempo em que divulgou bloqueios para 2025. No mesmo dia, houve um anúncio da contenção de R$ 31 bilhões em despesas do Orçamento, o que deveria ser uma boa notícia para os investidores. A Fazenda, no entanto, argumenta que os anúncios tinham que ser concomitantes para fechar as contas, ou então o contingenciamento do Orçamento teria que ser maior.


Essa não foi a primeira crise interna envolvendo anúncios — e recuos— da Fazenda. Durante o terceiro mandato de Lula, a taxação de 20% sobre produtos importados de até 50 dólares, a chamada “taxa das blusinhas”, gerou uma crise na comunicação do governo e impulsionou memes sobre o ministro, apelidado de “Taxad” por críticos. O episódio foi marcado pelo vaivém de anúncios, com críticas internas à política.


Já a regra da Receita Federal que ampliava a fiscalização financeira sobre movimentações via Pix foi revogada por determinação de Lula após uma campanha intensa da oposição.


Segundo o colunista Lauro Jardim, do GLOBO, Sidônio reclamou com interlocutores do governo que há uma determinação de Lula sobre anúncios de medidas importantes: todas têm que ser conversadas antes com a Secom com o objetivo de montar uma estratégia de comunicação adequada. Se isso não acontece, sobra ao marqueteiro da campanha de Lula em 2022 a função de “apagar incêndios”.


A interlocutores, Haddad tem dito que sua obrigação foi cumprida ao apresentar antes a medida a Lula. A Secom, segundo ele, também ciente da medida, deveria ter analisado como achasse melhor e procurado o diálogo.


O governo publicou na sexta-feira um decreto que mantém em zero a alíquota do IOF sobre aplicação de investimentos de fundos nacionais no exterior. O texto original da medida previa uma alta de 3,5%.


Além do mal-estar no mercado, a reação contrária nas redes sociais ao anúncio feito na quinta-feira também pesou na antecipação do comunicado de que parte do decreto seria revogado horas depois.


Mais de 70% das menções na internet ao aumento do IOF foram negativas, aponta levantamento feito pela consultoria Bites a pedido do GLOBO. Os dados reforçam que o anúncio foi malvisto pela opinião pública ao ser interpretado como um crescimento na taxação feita pelo governo a investimentos de brasileiros no exterior.


Desde quinta-feira, o assunto foi mencionado 144 mil vezes — 78,2 mil só na sexta-feira. O teor negativo esteve presente em 72,6% das postagens, enquanto o positivo alcançou 15%.


— Quase ninguém defendeu o governo nas redes, mesmo entre deputados do PT. Mais uma vez, houve um vai e vem no anúncio de medidas econômicas, o que enfraquece a gestão em relação à sua própria base, que não consegue criar uma linha de argumentação — afirma André Eler, diretor- adjunto da Bites: — Há o entendimento que o governo Lula taxa, aumenta impostos. Isso já vem da taxa das blusinhas. O caso atual reforçou a retomada do meme do “Taxad” pela direita. Não é um impacto negativo tão grande quanto o caso do Pix, mas foi um desgaste por nada, já que, na prática, nem vai ocorrer o aumento de arrecadação pretendido.


O pico de menções em assuntos econômicos no governo Lula ocorreu no primeiro mês de 2025, quando houve a discussão sobre a fiscalização do Pix. No dia 15 de janeiro, foram contabilizadas 261,1 mil postagens nas redes sobre o tema. O volume de posts sobre o IOF se aproximou, no entanto, do registrado em temas tributários, como quando houve isenção de tarifas de alimentos, em 7 de março (85,2 mil menções) ou em 18 de março, quando o governo confirmou a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês (93,9 mil menções).


Jair Bolsonaro e seus aliados exploraram o assunto nas redes. O ex-presidente ressaltou que baixou um decreto em março de 2022 que zerava a alíquota do IOF ligada ao câmbio até 2028.


“Infelizmente, o atual governo, em sua ânsia por elevar a arrecadação, reverteu essa política e anunciou um aumento generalizado nas alíquotas do IOF câmbio”, escreveu. Ele disse, em seguida, que o anúncio seria um desestímulo a investimentos e relatou que está em conversas com lideranças do PL para avaliar a possibilidade de “barrar mais esse aumento de impostos promovido pelo governo Lula”.


Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) descreveu a medida como “efeito direto do caos fiscal e da agenda econômica bizarra da extrema-esquerda”. “Pelo menos fica a lição: nunca acredite em um lulopetista”, escreveu. O parlamentar também republicou posts sobre o aumento no dólar, que abriu a sexta-feira cotado a R$ 5,71, e que se referiam a Haddad como “Taxad”.


O senador Sergio Moro (União-PR) também criticou o governo ao repostar o anúncio feito pela conta oficial do Ministério da Fazenda no X. “Estamos na República do improviso e parece que não tem ninguém responsável no governo Lula”, comentou.


O deputado André Fernandes (PL-CE), por sua vez, fez referência à crise do INSS e a críticas aos gastos da Presidência ao comentar a postura da gestão Lula. “Escândalos, gastos exorbitantes com viagens ao exterior e anúncios de mais impostos. Tudo isso se repete a todo momento no desgoverno petista”, escreveu.


O relatório encontrou postagens de 16 parlamentares sobre o caso. Apenas um saiu em defesa da gestão petista: o deputado Bohn Gass (PT), o que mostra mobilização tímida da esquerda em defender a medida.


O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), foi outro que usou o episódio para desgastar o governo.


—Essa medida precisa ser revogada imediatamente ou nós vamos entrar aqui numa crise de confiança (para investimentos) e um país que já está ruim vai piorar ainda mais — disse ele, em um vídeo publicado nas redes.


https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2025/05/24/aumento-do-iof-seguido-de-recuo-parcial-gera-novo-atrito-dentro-do-governo-e-volta-a-dar-municao-a-oposicao.ghtml?utm_source=aplicativoOGlobo&utm_medium=aplicativo&utm_campaign=compartilhar

Leitura de sábado

 Leitura de Sábado: Meta construirá 280km de cabo submarino e ampliará internet no Sul do Brasil


Por Luiz Araújo e Roseann Kennedy


Brasília, 20/05/2025 - A Meta, multinacional gigante da tecnologia, e a V.tal, empresa de infraestrutura digital, anunciam nesta terça-feira, 20, a construção de uma nova ramificação do cabo submarino Malbec, nas águas do Rio Grande do Sul. Em detalhamento obtido com exclusividade pelo Broadcast/Coluna do Estadão, a Meta explica que o objetivo é ampliar a capacidade da internet no Sul do Brasil e em países vizinhos do chamado "Cone Sul".


Cabos submarinos como o Malbec são responsáveis pela maior parte do tráfego de dados entre continentes. A nova rota permitirá conexões mais rápidas e estáveis, beneficiando diretamente usuários do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, além de melhorar o acesso digital em países como Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai. Conforme a Meta, a expansão deve posicionar a capital Porto Alegre como um novo hub regional de conectividade internacional e digital.


A nova ramificação do Malbec terá 280 quilômetros e deve estar concluída até 2027, somando-se aos atuais 2,5 mil quilômetros que conectam Rio de Janeiro, São Paulo e Buenos Aires. "Esse será um marco da conectividade na América do Sul, beneficiando milhões de pessoas no Brasil e consolidando Porto Alegre como o primeiro grande hub digital do Sul", afirma a diretora de Políticas Públicas, Conectividade e Infraestrutura da Meta para América Latina, Ana Luiza Valadares.


A iniciativa será oficializada durante encontro no escritório da Meta em Brasília, com participação do ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho; do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; da diretora da Meta para América Latina, Ana Luiza Valadares; do CEO da V.tal, Felipe Campos, além de secretários e representantes técnicos da área de infraestrutura.


"O impacto desse projeto será significativo para a economia digital local. Será uma infraestrutura única que atrairá operadoras, provedores de internet e outras empresas do setor", afirma Felipe Campos, CEO da V.tal. Ele destaca que o novo ecossistema trará melhorias para usuários finais, com uma internet mais estável e veloz.


O projeto também é visto como estratégico pelo governo federal. "Este é um passo fundamental para o avanço tecnológico da região Sul. Demonstra a confiança que o setor de telecomunicações tem no Brasil como um país atrativo para grandes investimentos", diz o ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho. Ele lembrou ainda que a iniciativa se insere no escopo da Política Nacional de Cabos Submarinos, lançada recentemente pelo Ministério.


Para o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), a nova rota fortalece a capacidade de resposta da infraestrutura local. "Esse investimento está plenamente alinhado ao nosso plano de desenvolvimento sustentável. Além de promover inovação, reforça a resiliência diante de eventos climáticos extremos, como as enchentes que afetaram as redes de telecomunicações em 2024."


Com a crescente demanda por inteligência artificial e serviços digitais, a aposta em infraestrutura robusta e distribuída é considerada crucial. "Capacidade, resiliência e alcance global são mais importantes do que nunca. A conectividade é a base para garantir que tecnologias emergentes estejam disponíveis para todos, independentemente de onde morem ou trabalhem", destaca a Meta.


Contato: luiz.araujo@estadao.com; roseann.kennedy@estadao.com


Broadcast+

Anatomia de uma crise 2405

 “*Anatomia de uma crise*” (Thomas Traumann)


Após meses afastado de Lula, o ministro Fernando Haddad retomou protagonismo ao convencê-lo de um bloqueio de R$ 30 bilhões em gastos públicos, o dobro do proposto por Rui Costa. Também acertou apresentar uma previsão fiscal mais realista, admitindo déficit de R$ 30 bilhões em 2026. Para reforçar o compromisso fiscal, incluiu aumento do IOF em diversas operações.


Mas o plano fracassou. O mercado reagiu mal à inclusão surpresa de IOF sobre fundos no exterior, interpretando a medida como controle de capitais, o que geraria fuga de recursos e colapso do setor de multimercados. A comunicação foi desastrosa: ministros ignoraram o impacto do IOF, Renan Filho vazou a informação antes do anúncio oficial, e os detalhes só vieram após o fechamento do mercado. O dólar disparou e a confiança evaporou.


Haddad, que esperava reação positiva, se viu isolado. Banqueiros criticaram duramente as medidas, o BC negou envolvimento e rumores indicaram ameaça de renúncia dentro da autoridade monetária. O governo recuou às pressas, publicando novo decreto às 22h30, excluindo os fundos no exterior da taxação.


*Conclusão*: Haddad mostrou capacidade de recuo, mas revelou um Ministério da Fazenda desconectado do mercado, mal coordenado e exposto a erros básicos de comunicação e timing político. Para um ministro já fragilizado, o episódio reforça sua perda de influência dentro e fora do governo.

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Elena Landau

 


Sebastião Salgado

 


Relatório Prisma Fiscal

 📊 *Resumo do Relatório Bimestral de Finanças Públicas (BTG Pactual, 22/05/2025)* 📈


O governo anunciou no 2º Relatório Bimestral de 2025 um ajuste fiscal mais rigoroso que o esperado:  

🔒 R$31,3 bi em ajustes: R$10,6 bi em bloqueios + R$20,7 bi em contingenciamento (bem acima dos R$5 bi previstos por BTG e R$10 bi do mercado).  

📈 Limite de gastos: Subiu R$12,4 bi com base na inflação (jun-dez/24), mas despesa total ainda cresceu R$5 bi em relação à LOA.  

✅ Meta fiscal: Ajustes garantem cumprimento da meta e limite de gastos em 2025. Contingenciamento pode ser revertido se arrecadação melhorar.  

📉 Receitas: Projeções de fontes incertas caíram de R$137 bi para R$46 bi (BTG previa R$53 bi). CARF, outorgas e desoneração zerados.  

💸 IOF: Aumento nas alíquotas de VGBL, crédito PJ e câmbio (arrecadação estimada: R$20 bi). Reação negativa no mercado, com chance de reversão na taxação de fundos no exterior.  

📊 Projeções macro: PIB real (2,38%), IPCA (5,04%), câmbio (R$5,81). Despesa com previdência (+R$16,6 bi) e BPC (+R$2,7 bi) ajustadas.  

⚖️ Resultado primário: Déficit projetado em -R$31 bi (meta), com margem apertada. Ajustes conservadores ampliam segurança contra choques.

🗣️  bit.ly/3zV4kL2

Abertura 2305

 *Abertura: Mercado reage a IOF e comunicado de Haddad em meio à cautela em NY antes de feriado*


São Paulo, 23/05/2025


Por Silvana Rocha e Maria Regina Silva*


OVERVIEW. Um comunicado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o aumento do IOF fica no foco local. Palestras do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e do diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Paulo Picchetti, no XI Seminário Anual de Política Monetária, promovido pela FGV IBRE, no Rio de Janeiro, também são destaques da agenda local nesta sexta-feira. Nos EUA, três dirigentes do Federal Reserve discursam e o mercado de Treasuries fecha mais cedo, às vésperas do feriado americano de Memorial Day, na segunda-feira,


NO EXTERIOR. Os índices futuros de Nova York amenizam as perdas diante de sinais de retomada das negociações tarifárias entre os EUA e seus parceiros comerciais. No entanto, a cautela fiscal persiste, pressionando os juros dos Treasuries e o dólar, em meio à expectativa por declarações de dirigentes do Fed antes do feriado e pela votação no Senado do projeto de orçamento de Donald Trump, um dos motivos para a recente perda do rating “triplo A” dos EUA pela Moody’s. Em meio às movimentações nos mercados, os EUA e a China tiveram o primeiro contato telefônico oficial desde a suspensão das tarifas e Trump conversou hoje com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, sobre a ida do ministro japonês da Revitalização Econômica, Akazawa Ryosei, a Washington para uma nova rodada de negociações comerciais. A União Europeia e os EUA planejam conversa hoje sobre tarifas em meio a divergências.  A presidente do BCE, Christine  Lagarde, afirmou que as  ameaças comerciais dos EUA podem ser oportunidade para as relações entre Canadá e UE. As bolsas europeias sobem majoritariamente, impulsionadas por dados positivos da Alemanha, cujo PIB foi revisado para cima, e do Reino Unido, onde o varejo superou expectativas.


POR AQUI. Os mercados locais seguem reagindo ao aumento do IOF anunciado pelo governo, que abrange seguros, crédito para empresas e câmbio, e o recuo do Ministério da Fazenda na alta do IOF para fundos nacionais no exterior (leia mais abaixo em O Que Sabemos). O ETF EWZ, principal fundo de índice brasileiro em Nova York, caía 1,31% no pré-mercado por volta das 6h46, indicando uma abertura negativa para o Ibovespa. O ADR do Itaú também recuava 0,91%; o da Petrobras cedia 0,76%, pressionado também pelo petróleo fraco, e o da Vale subia 0,52%, apesar da perda de 1,31% do minério de ferro na China. Pesquisa da XP com 60 investidores institucionais indica expectativa de forte desvalorização do real, com o dólar podendo chegar a R$ 5,85 na abertura. No entanto, a exclusão do IOF sobre operações de comércio exterior e fluxos de investimento estrangeiro pode moderar a reação no câmbio e juros, assim como a queda do dólar e dos retornos dos Treasuries no exterior. Galípolo fica em evidência, após o ministro Fernando Haddad afirmar que as medidas fiscais não foram negociadas com o Banco Central, contrariando declaração do secretário-executivo Dario Durigan. Haddad fará comunicado à imprensa às 8h15, em São Paulo.


NA POLÍTICA. Ambientalistas dizem que o Marco do Licenciamento Ambiental é o maior retrocesso legal em 40 anos. Para eles, é certo que o texto aprovado pelo Senado  - que voltou para análise da Câmara dos Deputados - será judicializado nos próximos meses. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que  o pedido de urgência para a votação do texto preocupa e que, se o Congresso não reparar o PL do Licenciamento, sua pasta trabalhará mecanismos no Executivo.  O ministro Alexandre de Moraes, do STF, manteve a prisão preventiva do general Walter Braga Netto no processo do golpe e a defesa do general disse que vai recorrer.


AGENDA.


GALÍPOLO E DIRIGENTES DO FED EM DESTAQUE -  Nos EUA, os dirigentes do Fed de St. Louis, Alberto Musalem, e de Kansas City, Jeffrey Schmid, participam de bate-papo às 9h30; e a diretora do Fed, Lisa Cook discursa em Conferência Anual de Mulheres em Macroeconomia às 13h.  O resultado das vendas de moradias novas no país em abril será publicado às 11h.  O mercado de Treasuries fecha às 15h. Na Alemanha, a dirigente do BCE, Isabel Schnabel, também  discursa às 13h.  No Brasil, a terceira previa do IPC-S de maio sai às 8h. O presidente do BC, Gabriel Galípolo, profere palestra às 14h; e o  diretor de Assuntos Internacionais, Paulo Picchetti, às 16h30. O presidente Lula recebe o presidente de Angola, João Lourenço, que faz viagem de Estado ao Brasil, às 10h. Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reúne-se em São Paulo com a presidente do Conselho de Administração da Magalu Cloud, Luiza Helena Trajano, às 10h. Às 18h, a montadora chinesa GAC faz o lançamento da marca no Brasil, com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin.


O QUE SABEMOS.


IMPACTO DO IOF -  O governo federal publicou no início da noite de ontem edição extraordinária do Diário Oficial da União (DOU) com mudanças no decreto do IOF. As mudanças abrangem três eixos: seguro, crédito para empresa e câmbio. De acordo com o Ministério da Fazenda, os ajustes no IOF podem gerar impacto na arrecadação de R$ 20,5 bilhões em 2025 e de R$ 41 bilhões em 2026. Dentre as mudanças, o tributo passará a incidir sobre entidades abertas de previdência complementar e outras entidades equiparadas a instituições financeiras.


EM TESE: EM TESE: O aumento inesperado do IOF para uma série de operações feita ontem pelo governo deve ofuscar o também surpreendente anúncio de contenção de R$ 31,3 bilhões em despesas do Orçamento para tentar cumprir a meta de déficit fiscal zero prevista para o ano. A expectativa é que a arrecadação com as novas alíquotas do tributo alcance R$ 20,5 bilhões este ano e a R$ 41 bilhões em 2026. Os valores dão a dimensão do impacto da proposta, que vai atingir não só empresas, como disse a Fazenda, mas também as pessoas físicas, principalmente por meio do mercado de câmbio. A medida poderia ajudar o Banco Central a conter o crédito e a combater a inflação, mas como foi algo grandiosos e inesperado, assustou e seu efeito ser negativo. Para o presidente da ABBC, entidade que representa os bancos médios e de nicho, Leandro Vilain, o aumento do IOF elevará o custo do crédito e terá impacto negativo na atividade econômica. A Warren avalia que o decreto tem dimensões amplas e o fato de o efeito fiscal estimado pelo governo ter pouco detalhamento representa um novo risco no cenário. A economista-chefe da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro, diz que o anúncio da alteração nas alíquotas do IOF não visou a harmonização das políticas fiscal e monetária, como afirmaram o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, e o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas. Já o economista da XP Investimentos Tiago Sbardelotto, a elevação do IOF tem a vantagem de reforçar o trabalho da política monetária.  O economista-chefe da Monte Bravo, Luciano Costa, por sua vez, avalia que as mudanças no IOF trazem uma receita adicional que terá impacto "bastante relevante" para o fiscal em 2026, pois trará um impacto de encarecimento do crédito - potencialmente tendo efeito na concessão dos empréstimos.


REBAIXAMENTO DA SABESP - O UBS BB elevou o preço-alvo da Sabesp de R$ 118 para R$ 136, 17,3% acima do fechamento de ontem na B3. As perspectivas positivas, entretanto, não são suficientes para manter a recomendação, que passou de compra para neutra.


EM TESE:  As ações da Sabesp podem reagir positivamente à elevação, ainda que acumule ganhos fortes em 2025, de quase 35%. Mesmo após a privatização, o UBS BB avalia que o papel da empresa ainda tem espaço para subir. A Sabesp  era negociada ontem na faixa de R$ 118 ante R$ 67 antes da oferta. Mas, com iniciativas de redução de custos, oportunidades de crescimento, otimização da estrutura de capital e crescimento orgânico, há ainda um potencial de valorização de cerca de 15% em relação ao preço atual das ações, segundo o banco. As perspectivas positivas, entretanto, não são suficientes para manter a recomendação, que passou de compra para neutra.


OVERNIGHT.


CONSULTA SOBRE IOF - O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, foi consultado pelo Palácio do Planalto sobre sua avaliação a respeito das medidas anunciadas ontem pelo Ministério da Fazenda relacionadas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A "consultoria" foi feita antes de a pasta recuar das novas alíquotas sobre transferências de recursos destinadas à aplicação em fundos de investimento no exterior e de manter em 1,1% a alíquota sobre remessas destinadas a investimentos por pessoas físicas. Sua avaliação teria sido "decisiva", segundo fontes. Porém, no X, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que nenhuma medida fiscal anunciada pela nesta quinta-feira pasta foi negociada com o Banco Central.


EMISSÃO - O conselho de administração da Vale aprovou ontem, por unanimidade, a 11ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, no valor de R$ 6 bilhões. A emissão será realizada em três séries, com prazos de sete anos, dez anos e 12 anos, respectivamente. Os títulos terão valor nominal unitário de R$ 1.000.


BANCO PAN - O Banco Pan informou que Leonardo Ricci Scutti renunciou ao cargo de diretor de Relações com Investidores nesta quinta-feira. André Luiz Calabro, que ocupa também o posto de diretor presidente da companhia, foi indicado para substituí-lo.


GRIPE AVIÁRIA - O Ministério da Agricultura descartou a ocorrência de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em um aviário comercial de Ipumirim, no oeste de Santa Catarina. Ao mesmo tempo, há 12 investigações de suspeita de gripe aviária em andamento no País, conforme atualização mais recente da plataforma de Síndrome Respiratória e Nervosa das Aves. Os dados foram atualizados às 19h de ontem e indicam que as coletas de amostras já foram realizadas, mas ainda não há resultado laboratorial conclusivo.


LCIS E LCAS - O Conselho Monetário Nacional reduziu o prazo mínimo de vencimento das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e das Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) emitidas sem a previsão de atualização por índice de preços de nove meses para seis meses. As mudanças foram deliberadas em reunião ordinária do CMN ontem. O CMN também elevou os porcentuais de recursos de diferentes fontes que devem ser aplicados obrigatoriamente ao crédito rural, o que é conhecido como exigibilidade.


ACORDO FECHADO - A Unigel Participações celebrou acordo com a Petrobras em audiência no Tribunal Arbitral da Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional (CCI), que prevê o encerramento de todos os contratos entre as partes, inclusive os contratos de arrendamento das plantas de fertilizantes (FAFENs), localizadas na Bahia e em Sergipe. Com isso, será restabelecida a posse dessas unidades pela estatal em data a ser definida pelas partes.


ALINHAMENTO COMERCIAL - O vice-secretário de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau, e o vice-ministro executivo das Relações Exteriores da China, Ma Zhaoxu, conversaram por telefone. Durante a ligação, as autoridades reconheceram a importância do relacionamento bilateral para os povos de ambos os países e do mundo, discutiram uma ampla gama de questões de interesse mútuo e concordaram sobre a importância de manter as linhas de comunicação abertas.


RETROCESSO NOS EUA - O setor de energia solar em telhados, que já enfrentava dificuldades, sofreu um golpe potencialmente fatal depois que a Câmara dos Representantes aprovou uma versão mais rígida do amplo pacote de impostos e gastos do presidente Trump. O projeto de lei elimina importantes créditos de energia renovável, como esperado, mas inclui disposições mais rigorosas e prazos mais breves para as mudanças, o que foi considerado sombrio para energia solar em telhados. E segundo a Reuters, Trump assinará ordens executivas na sexta-feira com o objetivo de impulsionar o setor de energia nuclear.


PENNY - O governo dos EUA está eliminando gradualmente o centavo, o penny, cujo uso já dura mais de dois séculos. O Departamento do Tesouro deixará de colocar novas moedas de um centavo em circulação no início do ano que vem. Depois disso, não haverá centavos suficientes para usar em transações corriqueiras em dinheiro, e as empresas precisarão começar a arredondar para cima ou para baixo os valores.


AMEAÇAS COMERCIAIS - A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse que "em toda ameaça há uma oportunidade" e que as tarifas dos Estados Unidos podem servir para melhorar as relações entre o Canadá e a União Europeia. Aliás, hoje a União Europeia e os EUA pretendem fazer um balanço das negociações tarifárias bilaterais, informa a Bloomberg.


E NOS MERCADOS.


TREASURIES - Os rendimentos dos Treasuries operam em baixa, estendendo perdas de ontem, enquanto investidores nos EUA aguardam dados sobre vendas de moradias novas e comentários de autoridades do Federal Reserve (Fed). Por causa do feriado de Memorial Day, que os EUA comemoram na segunda-feira, os negócios no mercado de Treasuries serão encerrados mais cedo hoje. Às 7h33, o juro da T-note de 2 anos caía a 3,984%, ante 3,992% no fim da tarde de ontem em Nova York. O rendimento da T-note de 10 anos recuava a 4,526%, após 4,540%, e o do T-bond de 30 anos diminuía a 5,033% (de 5,052%).


FUTUROS DE NY - Os índices futuros das bolsas de Nova York operam em queda modesta, após o fechamento divergente e de variações contidas de ontem, em dia de agenda fraca antes do feriado de Memorial Day. Às 7h34, no mercado futuro, o Dow Jones cedia 0,12%, o S&P 500 caía 0,05% e o Nasdaq tinha recio de 0,06%.


EUROPA - As bolsas europeias operam sem direção única na manhã desta sexta-feira, tentando se recuperar parcialmente de perdas de ontem, na esteira de dados locais positivos e enquanto investidores aguardam novidades de negociações tarifárias dos EUA. O PIB da Alemanha cresceu mais do que inicialmente estimado no primeiro trimestre. O setor varejista do Reino Unido, por sua vez, garantiu aumento mensal de 1,2% nas vendas de abril, surpreendendo analistas que previam queda no período. Às 7h36, a Bolsa de Londres subia 0,02%, a de Paris caía 0,47% e a de Frankfurt avançava 0,20%.


PETRÓLEO -  Os contratos futuros do petróleo operam com indefinição após perdas recentes, quando foram pressionados por temores de que a Opep+ implemente um novo grande aumento em sua produção em julho, em um momento em que o mercado já enfrenta excesso de oferta. Às 7h38, o barril do petróleo WTI para julho subia 0,05% na Nymex, a US$ 63,95, enquanto o do Brent para agosto tinha alta de 0,10% na ICE, a US$ 61,26.


MOEDAS - O dólar opera em baixa significativa antes moedas de outras economias desenvolvidas, revertendo ganhos de ontem, após a revisão para cima no PIB alemão e o desempenho melhor do que o esperado do varejo do Reino Unido. Às 7h39, o euro subia US$ 1,135, ante US$ 1,128 no fim da tarde de ontem em Nova York. A libra avançava a US$ 1,349, de US$ 1,3428, e o dólar caía a 143,31 ienes, ante 144,00 ienes na véspera. Já o índice DXY do dólar - que acompanha as flutuações da moeda americana em relação a outras seis divisas relevantes - tinha queda de 0,62%, a 99,34 pontos, após alta de 0,40%, a 99,96 pontos ontem.


ÁSIA - As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta sexta-feira, enquanto investidores seguiram avaliando os efeitos das políticas dos EUA nas áreas fiscal e comercial. O índice japonês Nikkei subiu 0,47% em Tóquio e o Hang Seng avançou 0,24% em Hong Kong, enquanto os mercados de Seul e de Taiwan registraram perdas apenas modestas, com baixa de 0,06% do sul-coreano Kospi e declínio de 0,09% do Taiex. Na China, o Xangai Composto recuou 0,94% e o menos abrangente Shenzhen Composto caiu 0,89%. Na Oceania, o S&P/ASX 200 da bolsa australiana subiu 0,15% em Sydney.


*colaborou Sergio Caldas

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