*Abertura: Galípolo e Powell concentram atenções hoje*
São Paulo, 01/12/2025 -
Por Luciana Xavier e Maria Regina Silva
OVERVIEW. Dezembro começa com as atenções no presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que participa de palestra da XP Investimentos em São Paulo, e no presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, em evento nos EUA. A semana traz ainda, no Brasil, a divulgação do PIB do terceiro trimestre e produção industrial de outubro. No exterior são esperados o PCE dos EUA e produção industrial do país, enquanto na Europa saem dados de inflação e PIB da zona do euro.
NO EXTERIOR. As bolsas internacionais operam no vermelho nesta segunda-feira. Na Europa, índices de gerentes de compras (PMI) da indústria da zona do euro, Alemanha, China e Japão ficaram abaixo de 50 em novembro, apontando contração da atividade. O PMI industrial do Reino Unido, no entanto, subiu de 49,7 para 50,2, como previsto. O petróleo sobe ao redor de 2%, após a Opep+ confirmar planos para manter a produção no primeiro trimestre do próximo ano. O dólar cai ante o iene após o presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, afirmar que o banco discutirá detalhadamente a possibilidade de um aumento da taxa de juros em sua próxima reunião. O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou ontem que escolheu quem será o próximo presidente do Federal Reserve e fará o anúncio em breve. Segundo probabilidades feitas pelo mercado de previsão Kalshi, Kevin Hassett, atual diretor do Conselho Nacional de Economia do governo americano, tem 72% de chance de ser nomeado. Hassett disse que aceitaria o convite e ficaria feliz em servir.
POR AQUI. A cautela das bolsas no exterior pode limitar o fôlego do Ibovespa, embora a alta do petróleo seja favorável. O presidente Lula afirmou ontem a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil deve injetar R$ 28 bilhões na economia, resultando em aumento do consumo. O mercado fica atento com os riscos para inflação desse dinheiro a mais que deve ser injetado na economia. No Congresso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-PP), deve pedir a presidência do Banco do Brasil em troca do favorecimento de Jorge Messias no Senado, onde será sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no próximo dia 10 de dezembro. Messias foi indicado por Lula a uma cadeira no STF. Com a piora da relação entre o governo Lula e lideranças do Congresso, uma série de projetos com impacto fiscal pode ir à votação e agravar o desequilíbrio das contas públicas. Somente quatro medidas em tramitação na Câmara e no Senado, se aprovadas, poderiam gerar impacto aos cofres públicos acima de R$ 100 bilhões em 2026 e 2027.
NA POLÍTICA. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região determinou na sexta-feira a soltura do empresário Daniel Vorcaro e de outros quatro investigados pela Polícia Federal no caso envolvendo o Banco Master. Os governadores de direita Tarcísio de Freitas (Republicanos - SP), Ratinho Junior (PSD-PR), Romeu Zema (Novo - MG) e Ronaldo Caiado (União Brasil - GO) se manifestaram contra a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e indicaram que concederiam anistia a ele caso ocupem a cadeira de presidente, como resultado do próximo pleito, em 2026. Tarcísio escolheu o delegado Osvaldo Nico Gonçalves como novo secretário estadual de Segurança Pública, no lugar de Guilherme Derrite (PP). A defesa de Bolsonaro ajuizou embargos infringentes no Supremo Tribunal Federal (STF) na sexta-feira para tentar reverter sua prisão mesmo após a decretação do trânsito em julgado.
AGENDA.
PIB E PRODUÇÃO INDUSTRIAL EM DESTAQUE - Nesta segunda-feira, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que participa de palestra da XP Investimentos em São Paulo. Saem o IPC-S de novembro (8h), o Boletim Focus (8h25) e o PMI da indústria de transformação (10h). Ao longo da semana, a terça traz como destaque a produção industrial de outubro. Na quarta, serão divulgados o PMI de serviços e o PMI composto da S&P Global. Na quinta, saem o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre e a balança comercial de novembro. Na sexta-feira tem o IGP-DI de novembro.
POWELL E PCE DOS EUA NO FOCO - A agenda internacional tem a divulgação, nos EUA, do PMI industrial pela S&P (11h45 e pelo ISM (12h), ambos de novembro. É esperado ainda o PMI industrial global de novembro pela S&P (13h). O presidente do Fed, Jerome Powell discursa em evento do Hoover Institution (22h). Os EUA assumem a presidência do G20. A terça traz dados de inflação da zona do euro, taxa de desemprego e indicadores industriais da Ásia e Oceania. A quarta-feira reúne PMIs de serviços e compostos da zona do euro, Alemanha e Reino Unido, relatório ADP de emprego e produção industrial dos EUA. Na quinta, saem vendas no varejo da zona do euro, pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos e discursos de dirigentes do Banco Central Europeu e do Federal Reserve. A sexta-feira concentra o PIB da zona do euro, indicadores do Reino Unido, PCE dos Estados Unidos e índice de sentimento do consumidor pela Universidade de Michigan.
O QUE SABEMOS.
RESULTADO OPERACIONAL DA AZUL SOMA R$ 484,4 MILHÕES EM OUTUBRO - A Azul apresentou à corte de Nova York o seu relatório operacional mensal com informações financeiras, referentes ao período de 1º a 31 de outubro deste ano, exigidas no contexto do processo voluntário de Chapter 11. No mês passado, a aérea apresentou receita líquida total de R$ 1,9 bilhão. O resultado operacional ajustado, descontando itens não recorrentes relacionados à reestruturação, foi de R$ 484,4 milhões, correspondendo a uma margem operacional de 25,5%.
EM TESE: Os investidores vão se debruçar sobre os números da Azul, cujos papéis fecharam com perdas de 9,65% em novembro na B3. Além dos dados acima, o Ebitda ajustado atingiu R$ 716,4 milhões, com margem Ebitda ajustada de 37,7%. Em outubro, a Azul possuía R$ 1,848 bilhão em caixa e equivalentes de caixa e aplicações financeiras de curto prazo. As contas a receber totalizavam R$ 2,817 bilhões. Os dados são preliminares e não auditados têm por objetivo manter o mercado informado sobre a evolução da posição financeira e operacional da Azul durante todo o seu processo de reestruturação, informou a companhia.
OVERNIGHT.
ISENÇÃO DO IR - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a população terá até janeiro para se planejar em relação à isenção do Imposto de Renda. Segundo disse em entrevista ao Jornal da Record, espera-se que essa medida traga alívio financeiro, permitindo melhor planejamento para o ano seguinte.
BRB - O Banco de Brasília (BRB) pedirá à Justiça Federal de Brasília para ingressar como assistente de acusação na ação movida contra o Banco Master. A decisão, que partiu do conselho de administração da estatal na sexta-feira, foi revelada pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmada pelo Estadão/Broadcast.
DE SAÍDA - As empresas Liqi, GCB, Coinbase e Avenia confirmaram a saída da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto). Para a ABCripto, trata-se de uma “dinâmica natural”. Porém, a informação vem em meio a uma crise interna tornada pública após a diretoria da entidade decidir processar quatro de seus conselheiros sob a acusação de conspiração para tentar destituir o presidente Bernardo Srur.
INADIMPLÊNCIA - Estudo da Serasa Experian aponta que 65% da inadimplência no consignado privado é devido a falhas sistêmicas, afetando uma em cada três empresas, enquanto 35% são por problemas de pagamento.
BLACK FRIDAY - As vendas no varejo brasileiro cresceram 1,9% na Black Friday, puxadas por alta no e-commerce de 16,1%. Embora menor que 2019, o resultado se deve à base elevada e coincidência com pagamento do 13º, segundo o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA).
CORREIOS - A crise nos Correios levou o governo a aumentar a previsão de déficit de estatais para R$ 9,2 bilhões. Outras empresas estatais também despertam preocupação no Tesouro Nacional devido à situação financeira. E o empréstimo de R$ 20 bilhões para socorrer os Correios, aprovado no sábado, terá juros a 136% do CDI.
CONTENÇÃO ORÇAMENTÁRIA - O governo publicou decreto com bloqueio de R$ 7,7 bilhões no orçamento após avaliação do 5º bimestre fiscal. A contenção inclui R$ 2,6 bilhões em emendas parlamentares para garantir regras fiscais. Os Ministérios da Saúde e Cidades são os que mais foram influenciados.
TÍTULOS - O Conselho Monetário Nacional alterou regras para operações compromissadas com renda fixa. Segundo pessoas com conhecimento do assunto, trata-se de um esforço para melhorar a precificação dos títulos.
RESOLUÇÃO DO BC - A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) avaliou como "positivas" as novas normas do Banco Central para o "Banking as a Service" (BaaS) e o Open Finance, anunciadas na sexta-feira. Para a entidade, a regulamentação de BaaS fortalece a segurança jurídica, a previsibilidade e a transparência para bancos, fintechs, plataformas digitais e clientes que usam serviços financeiros integrados por tecnologia. A resolução afeta nomes de fintechs como Nubank e PagBank.
ENERGISA - A Energisa informa que a Rede Energia incorporará Rede Power e realizará aumento de capital superior a R$ 2,3 bilhões. A estratégia envolve capitalização da Energisa Mato Grosso, reforçando o setor elétrico.
BANDEIRA AMARELA - A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou na sexta-feira que o último mês do ano terá o acionamento da bandeira amarela, um alívio em relação às tarifas adicionais de cor vermelha que vigoravam desde junho. A classificação para dezembro representará um custo adicional de R$ 1,88 para cada 100 kWh consumidos - ante os R$ 4,46 de novembro. O anúncio vem em linha com as expectativas de especialistas do setor elétrico. Como era algo esperado, não altera projeções para a inflação, segundo especialistas.
AMBIPAR - Credores da Ambipar se reunirão nos EUA para discutir dívidas. Após a empresa entrar no Chapter 11, há queixas sobre transparência e pedidos para justiça não ampliar prazos para a companhia.
BCE/NAGEL - O dirigente do Banco Central Europeu (BCE) e presidente do BC da Alemanha (Bundesbank), Joachim Nagel, disse que as taxas de juros da zona do euro estão próximas do nível "neutro" e descreveu a postura de política do BCE como "amplamente adequada" à medida que as projeções de inflação se estabilizam.
E NOS MERCADOS.
FUTUROS DE NY E EUROPA - Os índices futuros de ações de Nova York e as bolsas europeias caem em um sinal de cautela. Os investidores estão à espera de indicadores sobre a atividade industrial e de serviços, além dos dados mais recentes da ADP sobre a vagas do setor privado nos EUA para validarem se o Federal Reserve (Fed) poderá reduzir as taxas de juros em sua próxima reunião. Relatos sobre desempenho das vendas do varejo durante o fim de semana após a Black Friday também ficam no radar ao longo da sessão. Em Londres, a Fresnillo subia 5,5%, renovando máximas históricas, diante das projeções para os preços do ouro e prata. Outras mineradoras também tinham uma sessão de ganhos, como a Endeavour e Antofagasta, que subiam 2,01% e 1,20%, respectivamente. Às 7h17, os futuros do Dow Jones e S&P 500 cediam 0,41% e 0,55%, respectivamente. O Nasdaq futuro recuava 0,69%. Na Europa, a bolsa de Londres tinha alta de 0,01%, a de Paris recuava 0,39% e a Frankfurt cedia 0,93%.
TREASURIES - Os juros dos Treasuries têm leve alta hoje na retomada dos negócios após sessão mais curta na sexta-feira. A agenda de indicadores da semana e o petróleo em alta também fica no radar como vetor de sustentação para avanço dos rendimentos dos títulos, assim como relatos preliminares indicando resiliência do consumo no início da temporada de pico de vendas nos EUA. Às 7h19, o juro da T-note de 2 anos subia a 3,494%, ante 3,493% no fim da tarde de sexta-feira e o da T-note de 10 anos avançava a 4,040% (de 4,014%), enquanto o rendimento do T-bond de 30 anos tinha alta a 4,699% (de 4,664).
MOEDAS FORTES - O dólar opera em queda ante o iene após o presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, afirmar que o banco discutirá detalhadamente a possibilidade de um aumento da taxa de juros em sua próxima reunião. A moeda americana segue ainda pressionada pela expectativa de alívio monetário nos EUA. Já o euro tem leve alta ante o dólar, após o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, reiterar que a taxa de juros atual é "adequada. Às 7h19, o índice DXY, que mede a variação da moeda ante uma cesta de pares fortes, cedia 0,16%, a 99,29 pontos, após fechar em queda de 0,11%, a 99,459 pontos, na sexta-feira. O dólar recuava a 155,24 ienes, de 156,10 ienes no fim da tarde de sexta-feira em Nova York. O euro subia a US$ 1,1620 (US$ 1,1605) e a libra recuava a US$ 1,3223 (de US$ 1,3245).
PETRÓLEO - Os contratos futuros do petróleo avançam, após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) confirmar planos para manter a produção no primeiro trimestre do próximo ano. A declaração do presidente dos EUA, Donald Trump, de que o espaço aéreo da Venezuela deveria ser considerado "totalmente fechado" ainda gera insegurança, mesmo após notícias de que o chefe do Executivo americano conversou com o presidente venezuelano Nicolás Maduro. A Venezuela pediu ainda apoio da Opep+ para conter agressão do governo americano. Às 7h21, o petróleo WTI para janeiro avançava em 1,88%, a US$ 59,65 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex). Já o Brent para fevereiro, negociado na Intercontinental Exchange de Londres (ICE), subia 1,76, a US$ 63,48.
BOLSAS DA ÁSIA- As bolsas asiáticas fecharam sem rumo único nesta segunda-feira, com Tóquio em baixa de quase 2% em meio a declarações do presidente do Banco do Japão (BoJ), Kazuo Ueda, indicando possibilidade de alta da taxa de juros ainda neste ano. Ações de empresas ligadas a moedas digitais cederam em Hong Kong após alerta do Banco do Povo da China. O índice Nikkei caiu 1,9% em Tóquio. As ações da Tokyo Electric despencaram 9,7%, seguidas pela Fujikura (-8,9%) e Mitsui Kinzoku (-6,8%). Ueda disse que o BoJ discutirá cuidadosamente um possível aumento das taxas de juros em sua próxima reunião de política monetária, em 18 e 19 de dezembro, o que reforçou as apostas de um aperto ainda este ano. As ações de empresas listadas em Hong Kong com exposição a ativos digitais despencaram depois que o Banco do Povo da China alertou sobre atividades ilegais ligadas a moedas digitais e o ressurgimento da especulação, segundo comunicado. Ações da Yunfeng Financial, empresa apoiada por Jack Ma, derreteram 11%. A Bright Smart Securities caiu 5,9%. O índice Hang Seng terminou o pregão em alta de 0,7% em Hong Kong. Na China continental, o Xangai Composto apresentou alta de 0,65% e o menos abrangente Shenzhen Composto computou ganho de 1%. Em Seul, o índice de referência Kospi caiu 0,2%. O índice Taiex de Taiwan cedeu 1%. Na Oceania, o S&P/ASX 200 fechou em baixa de 0,57% em Sydney.
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