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Leitura de domingo

 *Leitura de Domingo: W. Street prevê lucro mais fraco com tarifas de Trump e fareja gastos com IA*


Por Aline Bronzati, correspondente


Nova York, 13/10/2025 - Analistas em Wall Street esperam que o crescimento do lucro das empresas de capital aberto nos Estados Unidos desacelere no terceiro trimestre, à medida que se esgotam as estratégias para conter os efeitos do pacote de tarifas do presidente Donald Trump. Por outro lado, também procuram sinais de investimentos em inteligência artificial (IA), que têm impulsionado o rali no mercado ao longo do ano, apesar das turbulências provocadas pelas constantes mudanças nas políticas de Washington.


O lucro por ação (EPS, na sigla em inglês) das empresas listadas no S&P 500, que reúne as maiores companhias do mundo, deve apontar crescimento de 8% no terceiro trimestre deste ano, projeta a casa de análises americana FactSet. Trata-se de uma desaceleração em relação ao avanço de 11% apontado no segundo trimestre.


Apesar disso, Wall Street está mais otimista que o normal com os resultados trimestrais. Os analistas elevaram as estimativas de lucros para o terceiro trimestre de 2025 nos últimos três meses. "Em um trimestre típico, os analistas geralmente reduzem as estimativas de lucros durante o trimestre", diz o vice-presidente e analista sênior da FactSet, John Butters.


Um deles é o Bank of America, que espera que o lucro por ação do S&P 500 seja 4% maior que as expectativas de Wall Street. "O crescimento econômico, os primeiros balanços sólidos, orientações positivas e o suporte de um câmbio mais fraco apoiam uma recuperação mais ampla dos lucros, mas a última reviravolta tarifária representa riscos para o futuro", diz a analista de estratégia de ações do Bank of America, Savita Subramanian.


O principal motor para lucros maiores virá do setor de tecnologia. O Morgan Stanley estima que o avanço do lucro líquido da trupe das 'Sete Magníficas' seja de 24,3% contra 2% das demais companhias listadas no S&P 500. No entanto, o que analistas anseiam é quanto aos gastos das empresas com IA, o que pode tornar investidores mais céticos em um momento que crescem alertas quanto ao risco de correção das ações americanas diante dos excessivos valutions e um ambiente repleto de incertezas.


A temporada de balanços em Wall Street ganha tração nesta semana, com a divulgação de resultados dos grandes bancos americano. JPMorgan Chase, Bank of America, Wells Fargo, Goldman Sachs e Citigroup, além da BlackRock, divulgam números do terceiro trimestre amanhã (14).


A expectativa de analistas é de que os grandes bancos americanos continuem apresentando melhores resultados em áreas como bancos de investimento e tesouraria, como ocorreu no segundo trimestre. Dados do mercado já divulgados apontam para números melhores tanto na renda fixa quanto na variável, com mais emissões ocorrendo em Wall Street no terceiro trimestre, e também mais transações de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês).


Analistas estão, porém, em sinal de alerta depois quanto aos riscos de uma guerra comercial global em meio à mais nova deterioração na relação entre os EUA e a China. O presidente Donald Trump ameaçou impor tarifas de 100% a produtos chineses em retaliação às restrições de Pequim à exportação de terras raras na última sexta-feira, dia 10. Mas, ontem, abrandou o tom e disse que "tudo ficará bem" com a China.


"Grandes cortes de estimativas são inevitáveis se a ameaça de tarifa adicional de 100% da China se mantiver, o que é improvável em nossa visão, dado seu potencial de paralisar o crescimento dos lucros", alerta Subramanian, do Bank of America.


Nesse sentido, o JPMorgan anunciou hoje que vai investir até US$ 10 bilhões em indústrias críticas para a segurança econômica e resiliência dos EUA. A ofensiva faz parte da iniciativa de Segurança e Resiliência do banco, um plano de US$ 1,5 trilhão, com duração de 10 anos. "Ficou dolorosamente claro que os EUA permitiram que se tornassem excessivamente dependentes de fontes não confiáveis de minerais críticos, produtos e manufatura - todos essenciais para nossa segurança nacional", disse o presidente do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, em nota à imprensa.


Investidores também vão monitorar o sentimento do empresariado americano em meio à paralisação das máquina pública americana, o chamado shutdown, e o vai e vem tarifário. "O otimismo dos executivos das empresas do S&P 500 nas teleconferências de resultados do segundo trimestre caiu para seu nível mais baixo em dois anos", observam os estrategistas da XP, Raphael Figueredo e Maria Irene Jordão, em relatório a clientes.


Mas, ao menos por ora, as primeiras divulgações de resultados têm indicado melhora no ânimo. A Delta Air Lines sinalizou que a recuperação geral da demanda nas últimas seis semanas deve se manter à frente. Por sua vez, a Pepsico viu suas receitas trimestrais crescerem a despeito da queda do volume de vendas no terceiro trimestre, e o sentimento passado a analistas e investidores foi de "otimismo" com o que vem pela frente. Quanto ao shutdown, a Delta Air Lines estima impacto de menos de US$ 1 milhão por dia, descartando um "efeito material".


Contato: aline.bronzati@estadao.com


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