sábado, 20 de dezembro de 2025

Anatomia de uma fraude

 *Anatomia de uma fraude*


Como um desconhecido boêmio mineiro, com um histórico de fracassos empresariais, conseguiu liderar a maior fraude bancária da história do Brasil e prejudicar dezenas de milhares de funcionários públicos


19 dez 2025 - 10h16


Quando Daniel Vorcaro foi preso, estava sorrindo. As imagens da câmera de segurança do Aeroporto de Guarulhos (SP) mostram o diretor-presidente do Banco Master recebendo voz de prisão de um policial federal. O rosto parece entre o divertido e o incrédulo.


O executivo de 42 anos passava pelo controle de raio-X para embarcar em seu jato particular Falcon 7X, avaliado em R$ 200 milhões, que aguardava na pista com motores já ligados, pronto para decolar em direção à ilha de Malta, no Mediterrâneo.


Com camisa desabotoada até quase o umbigo, terno ajustado, cabelo com gel puxado para trás e celular na mão, deve ter achado tudo aquilo uma brincadeira. Ou estar confiante de que seus contatos poderosos em Brasília o libertariam em poucos minutos. Apenas o tempo de um telefonema.


Não foi assim. Cercado por 15 policiais federais, acabou sendo levado para o centro de detenção provisória da cidade aeroportuária, onde permaneceria por 12 dias. Aparentemente sem perder o sorriso, como mostram as fotos tiradas na prisão, nas quais aparece ao lado de um guarda armado de fuzil. De camiseta branca, boné verde do Los Angeles Dodgers e uma Bíblia de Estudo Almeida debaixo do braço.


Difícil saber se o riso era fruto da falta de noção sobre os acontecimentos ou da certeza da impunidade. Mesmo sendo o responsável pela maior crise bancária da história do Brasil, com um rombo de R$ 41 bilhões no Fundo Garantidor de Crédito (FGC) — mais do que dobrando o escândalo do Bamerindus, que em 1997 tinha acumulado um passivo de pouco menos de R$ 20 bilhões. Sem contar os outros bilhões de reais perdidos no Master por fundos de pensão de empresas públicas estaduais, que deixarão dezenas de milhares de trabalhadores sem aposentadoria.


Daniel Vorcaro nunca conseguiu administrar algo. Estudante medíocre e boêmio, aos 19 anos recebeu do pai, um empreiteiro de Minas Gerais, uma empresa de educação chamada PQS Empreendimentos Educacionais Ltda. e outra de livros didáticos. Seu objetivo era tocar os negócios, juntando as duas operações. Fracassou e foi forçado a vender para uma rede de escolas de Belo Horizonte.


Voltou a trabalhar com o pai, até que se tornou sócio de um fundo de investimento de cemitérios, que também deu com os burros n’água. Foi investigado por manipulação do mercado, mas optou por encerrar o caso por meio de um Termo de Compromisso e pagou R$ 2,2 milhões para evitar punições adicionais.


Tentou construir um hotel de luxo em Belo Horizonte, utilizando incentivos concedidos pela prefeitura para aumentar a capacidade de hospedagem às vésperas da Copa do Mundo de 2014. Adquiriu um prédio abandonado em uma região decadente da capital mineira e assim começaram as obras para o Golden Tulip, uma torre de vidro de 37 andares, com heliponto, restaurantes, SPA e um centro de convenções de 7 mil metros quadrados. A obra, orçada em R$ 200 milhões, em parte com dinheiro público, tinha que estar pronta até o dia 30 de março de 2014. O dinheiro acabou e o hotel não foi concluído.


Vorcaro foi resgatado novamente pela construtora do pai, até que encontrou Saul Sabbá, dono do Banco Máxima, praticamente falido. A gestão fraudulenta de Sabbá tinha provocado um rombo tão grande no caixa que o Banco Central (BC) foi forçado a inabilitá-lo. A solução foi oferecer o Máxima para Vorcaro, que aceitou na hora.


Com outros dois sócios, o empresário injetou a liquidez mínima para que o Máxima voltasse a funcionar. Pediu autorização para o Banco Central para operar, mas só a obteve dois anos depois, em 2019, após inúmeras viagens a Brasília.


O golpe de sorte foi a mudança na estratégia do BC em relação ao mercado bancário, tradicionalmente muito concentrado no Brasil. Para favorecer a concorrência, autorizou naquele período um grande número de entidades de crédito, entre bancos e fintechs.  


O Master financiou vários eventos no Brasil e no exterior. Os convescotes reuniam empresários, políticos e, principalmente, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).


Em 2021, Vorcaro mudou o nome do banco para Master e começou a escalada. Em apenas cinco anos, a instituição passou de um patrimônio líquido de R$ 200 milhões para R$ 4,7 bilhões, com uma carteira de crédito que avançou de R$ 1,4 bilhão para R$ 40 bilhões. Um crescimento de quase 100% ao ano, todos os anos. Nenhum banco brasileiro, nas últimas três décadas, conseguiu ter uma expansão dessa magnitude em tão pouco tempo.


Isso deveria ter chamado a atenção de muita gente. Principalmente das autoridades de vigilância, e em especial pela forma como o Master captava recursos do mercado. O banco oferecia Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com juros 30% mais altos do que a concorrência.


O problema não era apenas a ousadia na remuneração de seus papéis, mas como os recursos captados eram aplicados. Com juros tão elevados, seria necessário investir em atividades com um retorno ainda maior para poder devolver o dinheiro aos clientes, algo muito difícil de ser encontrado no mercado. O Master fazia exatamente o oposto: desembolsava bilhões em empresas em recuperação judicial ou com sérios problemas econômicos, apostando que dariam a volta por cima e passariam a operar no azul. Não foi o que aconteceu e o banco não recebeu o dinheiro de volta.


Boa parte das empresas que receberam recursos do Master é controlada ou investida pelo empresário Nelson Tanure — entre elas, a Gafisa, a Oi, a Light — ou é de amigos dele, como a Ambipar. Tanure não aparece oficialmente como sócio do banco, mas a Polícia Federal e o Ministério Público Federal abriram um inquérito para verificar se Tanure seria o controlador real do Master. Relatórios técnicos e informações de mercado geraram a suspeita de que o empresário usaria uma série de fundos de investimento, denominados Aventti, Estocolmo e Banvox, para controlar indiretamente o banco.


Uma das operações que mais levantaram suspeitas sobre essa relação especial entre Tanure e o Master foi a compra de ações da Ambipar entre junho e agosto de 2024. Em poucas semanas, o valor dos papéis disparou mais de 800%, sem qualquer conexão com os resultados econômicos da empresa, que não conseguia produzir números positivos havia anos.


Segundo uma investigação aberta pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), foram realizadas operações coordenadas entre fundos associados ao Master e a Tanure na compra de ações da Ambipar, o que poderia se enquadrar no crime de manipulação de mercado. A suspeita é que essa operação tenha sido uma “troca de favores” que permitiu à empresa aumentar seu valor de mercado, elevou o patrimônio do Master e permitiu que Tanure conseguisse as garantias necessárias para outra operação: a compra da estatal paulista Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) em leilão.


*Amizades poderosas*


Além de Tanure, Vorcaro mantinha relações estreitas com o poder. Ele se gabava de ter feito “fortes amigos” em Brasília, de que “no Brasil não tem como andar se não tiver esse tipo de proteção” e de que, sem o apoio de poderosos, não estaria no lugar aonde chegou. “O networking é algo bem relevante para querer criar algum tipo de empreendimento”, disse durante uma palestra em 2024. “É necessário criar conexões que favoreçam seu negócio.”


Patrocinador de peso dos principais grupos de lobby do Brasil, como o Lide, do ex-governador João Doria, o Esfera, de João Camargo, e o Grupo Voto, de Karim Miskulin, o Master financiou vários eventos no Brasil e no exterior. Os convescotes reuniam empresários, políticos e, principalmente, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de outras cortes superiores.


Um dos mais falados foi o Fórum Jurídico Brasil de Ideias, realizado no Hotel Peninsula, um dos mais luxuosos de Londres, em abril de 2024. Entre os convivas, os ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Dias Toffoli, além do advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, o procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. O evento, cujo objetivo era discutir problemas do Brasil, ocorreu a 9 mil quilômetros de distância e a portas fechadas.


O Master financiou também a Lide Brazil Conference de Nova York, em novembro de 2022, eternizada pelo infame “perdeu, mané, não amola” pronunciado pelo ministro Luís Roberto Barroso contra um manifestante. O Fórum Esfera Internacional de Paris, em outubro de 2023, e o de Roma, um ano depois, ou o Fórum Empresarial Lide no Rio de Janeiro, em agosto de 2024. Todos os eventos locados em hotéis de luxo contaram com a presença de Moraes, Mendes, Barroso e Dias Toffoli, entre outros.


Além das mordomias, Vorcaro frequentemente emprestava seus três jatinhos de luxo para os amigos poderosos de Brasília se deslocarem dentro e fora do Brasil. Mais do que isso, os contratava diretamente. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, imediatamente após ter deixado o STF, se tornou membro do Comitê Consultivo Estratégico do Master, assim como dois ex-presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles e Gustavo Loyola.


Outra contratada pelo Master foi Viviane Barci, mulher do ministro Alexandre de Moraes. O escritório de advocacia dela receberia R$ 129 milhões ao longo de três anos por serviços prestados — um valor completamente fora dos padrões do mercado jurídico, principalmente pela inexistência de um escopo de atuação definido. Ela exercia a função desde janeiro de 2024.


O networking deve ter funcionado, pois Vorcaro foi liberado menos de duas semanas depois de ser preso e Dias Toffoli decretou sigilo máximo no processo do Master poucas horas após viajar de jatinho particular para Lima, no Peru, onde foi assistir à final da Copa Libertadores. No mesmo voo estava um dos advogados do Master, Augusto Arruda Botelho, ex-secretário de Justiça do governo Lula, que atua no processo defendendo o diretor de compliance do Banco, Luiz Antônio Bull.


Vorcaro tinha grandes aliados também no Legislativo, especialmente no centrão. É o caso do senador Ciro Nogueira (PP-PI), onipresente nos eventos patrocinados pelo Master, e que, em 2024, apresentou uma emenda para elevar de R$ 250 mil para R$ 1 milhão a cobertura do FGC. O jabuti foi incluído na PEC da Autonomia Financeira do Banco Central e não passou despercebido, tanto que ganhou a alcunha de “Emenda Master” por favorecer diretamente títulos como CDBs, carros-chefe do banco.


*Outro episódio mostrou o tamanho da força do Master. Em julho de 2024, dois gerentes da Caixa Econômica Federal, feudo do PP, opuseram-se à compra de um lote de R$ 500 milhões em letras financeiras do Banco Master*. Foram sumariamente demitidos. A área técnica de Renda Fixa da Caixa Asset tinha desaconselhado a aquisição, classificando-a como “arriscada” e “atípica” para os padrões da instituição estatal. Mesmo assim, a diretoria queria proceder. Diante da repercussão, a aquisição foi abortada.


Mas o mais grave foi a tentativa de aprovar um projeto de lei que permitiria ao Congresso Nacional demitir integrantes da diretoria do BC. Apresentado pelo deputado Cláudio Cajado (PP-BA), teve o apoio dos líderes das bancadas do MDB, PP, União Brasil, PL, PSB e Republicanos. Não prosperou pela oposição do corpo técnico do Banco Central. O projeto foi protocolado poucos dias antes da decisão do BC sobre a compra do Master pelo Banco de Brasília (BRB). Sentindo que a autorização não seria concedida, muita gente no Legislativo atuou para pressionar o Banco Central. Não adiantou, e a operação foi vetada.


*Desespero e fracasso*


A aquisição do Master pelo BRB foi uma última tentativa de Vorcaro de salvar o banco. Em 2025, o Master teria que reembolsar R$ 12 bilhões de CDBs em vencimento. Diante dos sérios problemas de balanço que a instituição financeira apresentava, em dezembro de 2024, Vorcaro e seus sócios foram convocados pelo então presidente do BC, Roberto Campos Neto, para uma reunião em Brasília. Na ocasião, foram intimados a recapitalizar o Master com R$ 2 bilhões até o dia 31 de março, ou o banco seria liquidado compulsoriamente. Dinheiro que eles não tinham, ou não queriam desembolsar.


Milagrosamente, no dia 28 de março, o BRB anunciou ao mercado a compra do Master e, contextualmente, a injeção de R$ 2 bilhões. Exatamente o valor do aporte de capital exigido pelo BC — uma operação considerada no mínimo ilógica pelo mercado.


Raramente se viu um banco menor tentar absorver um banco de maior dimensão. Muito menos um banco estatal e regional como o BRB em relação a um banco privado e nacional como o Master. Mas a pressão do governo do DF, controlador do BRB, foi mais forte. Sem contar que o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, é apadrinhado por Nogueira e já havia ocupado uma vice-presidência da Caixa. A compra foi vetada pela justiça do DF por suspeitas de irregularidades, mas mesmo assim a Assembleia Legislativa local votou a toque de caixa uma lei autorizando a transação. Em setembro, o Banco Central proibiu a compra.


Mesmo com essas negativas, o BRB já tinha transferido cerca de R$ 12 bilhões para os cofres do Master com a compra de uma carteira de crédito que se descobriu ser fictícia. Vorcaro jurou ter adquirido a carteira de duas associações de servidores públicos da Bahia: a Asteba e a Asseba. Os contratos, contudo, eram atribuídos a pessoas físicas que residiam em outros Estados. As apurações do BC mostraram que os papéis foram comprados pelo Master de uma outra fonte, a Tirreno Promotoria de Crédito, considerada pela Justiça como uma empresa de fachada.


O dinheiro dos investidores financiou a dolce vita de um mineiro bon-vivant, que conseguiu — com a cumplicidade de muita gente — dar o maior golpe da história do Brasil.


Foi essa a razão que levou à prisão de Vorcaro no aeroporto de Guarulhos e ao afastamento do presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, em seguida demitido pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha.


*Fraude dos aposentados*


Mais uma vez, as maiores vítimas da fraude do Banco Master serão os brasileiros mais vulneráveis, como trabalhadores de empresas públicas de vários Estados e municípios brasileiros, que confiaram suas poupanças compulsórias a fundos de pensão que lhes deveriam garantir uma aposentadoria digna. Dezoito fundos de pensão de servidores públicos compraram papéis do Master muito além da cobertura oferecida pelo FGC, como mostrou a reportagem da edição 297 de Oeste. É o caso da Rioprevidência, responsável pela aposentadoria dos servidores do Estado do Rio de Janeiro, que aplicou quase R$ 1 bilhão em títulos do banco. Agora que o Master quebrou, receberá apenas R$ 250 mil.


A operação Compliance Zero está apurando se essas operações foram realizadas pela atratividade dos CDBs do Master ou por pressão dos amigos poderosos de Vorcaro. Empresas públicas e privadas também embarcaram nos papéis do Master, como a rede de tratamento de câncer Oncoclínicas, que investiu R$ 433 milhões, e a concessionária fluminense de saneamento Cedae, com R$ 200 milhões.


*Aparentemente, o Master usou recursos de fundos de pensão estaduais desde o começo de sua trajetória. Se a Justiça brasileira funcionasse, Vorcaro teria sido preso há pelo menos seis anos. Em 2019, um juiz federal de Rondônia decretou sua prisão em um processo por aplicações financeiras feitas pelo Instituto de Previdência Social dos Servidores Públicos do município de Rolim de Moura (RO), o Rolim Previ*. A ordem nunca foi cumprida. Vorcaro também tentou manter esse caso em segredo de Justiça, alegando que a exposição poderia prejudicá-lo. E conseguiu: ainda hoje o processo permanece inacessível.


*Luxo e ostentação*


Com a avalanche de dinheiro que ingressou no banco em pouco tempo, Vorcaro dedicou-se àquilo que melhor sabia fazer: ostentar uma vida de luxo. Nas redes sociais, o banqueiro aparecia constantemente surfando em praias paradisíacas, nos Alpes suíços ou em festas de altíssimo padrão. Sempre rodeado de mulheres deslumbrantes. “O principal item que eu posso falar sobre é ter um propósito”, disse em 2024, quando convidado para discursar na Brazil Conference do MIT de Boston. “Sem propósito, não tem meta, nem projeção de onde chegar.”


Em menos de cinco anos, Vorcaro comprou mansões no Brasil e no exterior por centenas de milhões de reais — como a de Trancoso, no litoral baiano, adquirida por R$ 280 milhões, rodeada por um enorme parque privativo de Mata Atlântica. Outra propriedade, em Miami, foi comprada por R$ 460 milhões — a transação mais cara já realizada na cidade americana. Também adquiriu três jatinhos Falcon 7X, Dassault Falcon 2000 e Gulfstream GV-SP por um valor total superior a R$ 1 bilhão.


Além disso, Vorcaro se tornou acionista do Atlético Mineiro, comprando 20% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) que controla o time por R$ 300 milhões.


Sem contar as extravagâncias imobiliárias de um banco pequeno, mas com claros sinais de megalomania. Como a sede faraônica na Vila Olímpia, em São Paulo, ou o aluguel recorde no 830 Brickell Plaza, em Miami, prédio mais alto da cidade, no qual nunca ocupou o escritório de quase 2,5 mil metros quadrados. A mesma coisa em Londres, onde o Master alugou um espaço no 22 Bishopgate, o prédio mais alto e um dos mais exclusivos da capital britânica, em que nem sequer os bancões brasileiros ousariam se instalar.


O negócio começou a ficar grotesco quando se descobriu que Vorcaro tinha doado um apartamento de R$ 4,4 milhões para uma “sugar baby”, Karolina Santos Trainotti, cujo nome apareceu em uma operação contra o tráfico internacional de cocaína.


Vorcaro gastou cerca de R$ 20 milhões na festa de 15 anos da filha, realizada em agosto de 2023 em Nova Lima (MG). O evento viralizou com um bufê caríssimo, shows dos DJs Alok, The Chainsmokers, Dennis DJ, entre outros, e um bolo de R$ 25 mil, que chegou de avião de São Paulo. Para deixar os 500 convidados mais à vontade, o executivo asfaltou uma rua, deu vinhos Sassicaia e ofereceu diárias no Hotel Fasano aos vizinhos incomodados com o barulho.  


Aparentemente imune às críticas ou a preocupações, e mesmo com o Master no olho do furacão, Vorcaro decidiu festejar o Carnaval 2025 com pompa e circunstância. O banqueiro bancou um camarote na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, com 2,5 mil metros quadrados distribuídos em três andares, recheado de modelos internacionais e com chefs estrelados que prepararam pratos saboreados com bebidas de luxo. Custo total: R$ 40 milhões. A entrada era gratuita, desde que fosse amigo do dono.


Quando os credores do Master tentarem penhorar o patrimônio do banco para recuperar as perdas, dificilmente encontrarão algo. Boa parte acabou nas taças de champanhe, nas bandejas prateadas e nas luzes que iluminaram as noites infinitas de Daniel Vorcaro. O dinheiro dos investidores financiou a dolce vita de um mineiro bon-vivant, que conseguiu — com a cumplicidade de muita gente — dar o maior golpe da história do Brasil.


https://revistaoeste.com/revista/edicao-301/anatomia-de-uma-fraude/

sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Fabio Alves

 


Luiz Alberto Esteves

 


Novo lançamento: Asset Bubbles and Macroeconomic Policy (The Tel Aviv Lecture Series)

Autor: Gadi Barlevy, Senior Economist e Economic Advisor no Federal Reserve Bank of Chicago
Data: 23 de dezembro de 2025

A obra apresenta uma análise rigorosa sobre bolhas de ativos e sua interação com a política macroeconômica. Entre os principais pontos:
* Definição e caracterização das bolhas: preços acima do valor presente descontado dos dividendos esperados.
* Revisão histórica de episódios de boom-and-bust, do século XVIII às bolhas recentes (dot-com, imobiliária).
* Discussão sobre condições de impossibilidade e cenários que permitem a ocorrência de bolhas:
* Ineficiência dinâmica
* Fricções nos mercados de crédito
* Informação privada
* Crenças subjetivas
* Risco moral
* Modelos teóricos, previsões empíricas e implicações para política econômica.

Leitura recomendada para profissionais e pesquisadores em macroeconomia, estabilidade financeira e regulação.

📖 Pré-venda disponível: https://lnkd.in/dw4AU_yX

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


NY +0,8% US tech +1,5% US semis +2,5% UEM +1,1% España +1,2% VIX 16,9% Bund 2,85% T-Note 4,14% Spread 2A-10A USA=+67pb B10A: ESP 3,28% PT 3,13% FRA 3,56% ITA 3,50% Euribor 12m 2,264% (fut.2,462%) USD 1,172 JPY 182,9 Ouro 4.323$ Brent 59,7$ WTI 56,0$ Bitcoin +0,7% (87.074$) Ether +3,4% (2.925$).


SESSÃO: Tíbia e sem direção clara (-0,2%/+0,1%?) depois da forte subida de ontem, principalmente da tecnologia (finalmente, esse movimento tão óbvio quanto esperado!) graças aos resultados e guidance de Micron (+10% ontem) na noite de quarta-feira, mas também a uma inflação americana muito bem publicada ontem (+2,7% a/a vs. +3,1% esperado). O normal será ter um mercado fraco e com pouca atividade, porque temos a Freaky Friday (vencimento de futuros e opções sobre índices e ações) a partir das 11 h na Europa, e 14:30 h em Wall St., portanto, o volume será para a segunda metade da sessão. Além disso, podemos dar 2025 por terminando em termos práticos. A próxima semana provavelmnte terá um tom melhor, porque já qualquer movimento será pensado em como se está a posicionar para 2026, que não oferece de todo mau aspeto, mas deverá ser bastante continuista em positivo, embora claramente menos do que este excelente 2025.


O Japão subiu taxas de juros (+25 p.b., até 0,75%). O BoJ retira da sua mensagem a afirmação de que o PIB e o IPC se estancarão devido aos impostos alfandegários e indica claramente que continuará a subir (textualmente: "Given that real interest rates are at significantly low levels, the BOJ will continue to raise interest rates"), o que é substanciamente mais hawkish/duro do que o que pensamos. Parece abandonar a ideia de que a inflação (agora +3%, tanto Geral como Subjacente) se suavizará para o seu +2% de objetivo, o que é de um pragmatismo esmagador, uma vez que leva nada menos 44 meses acima. Já está na hora de o aceitar abertamente. Principalmente ao ter em conta que a expansão do seu PIB poderá situar-se no intervalo +0,7/+0,8% em 2026/27, portanto pode aguentar taxas de juros um pouco superiores.


Nike 2T bate, mas débil na China (25% das vendas) e cai em aftermarket. FedEx publicou bons resultados, mas quase não se move em aftermarket, porque admite que terá custos extra pela imobilização de aviões após o recente acidente de Boeing. Portanto, hoje, a frente corporativa não ajudará.


A UE irá empresar 90.000 M€ à Ucrânia que não deixarão de colocar como garantia os ativos russos em Euroclear (184.000 M€), mas que serão mais dívida europeia convencional (emissão de dívida que será garantida com o orçamento da UE). Isto irá debilitar as obrigações europeias desta semana manhã (elevação de yield), embora possam aguentá-lo agora, porque nestas datas normalmente já não há emissões. Geoestrategicamente, é uma boa decisão, porque a Rússia teria interpretado como apreensão se os ativos russos tivessem sido dados como garantia e isso, além dos problemas legais para a Bélgica (Euroclear está em Bruxelas) por uma possível demanda russa, poderia ter sido argumentado como “casus belli” por parte da Rússia, abrindo-se um cenário diferente, muito mais perigoso para a extensão da guerra para o oeste da Europa.


CONCLUSÃO: Sessão fraca, com a atividade focada na tarde com a Freaky Friday. Certamente aborrecida. O desenvolvimento apresenta-se indefinido, do estilo +0,1%/-0,2%. Na próxima semana, o tom irá melhorar um pouco, porque já qualquer decisão tomada será a pensar na conta de resultados de 2026 e o FOMO (Fear Of Missing Out) continuará a forçar assumir posições bastante longas, porque ficar de fora pode sair muito caro, principalmente se o mercado começar a correr desde janeiro.


FIM

BDM Matinal Riscala

 Bom dia mercado.


Sexta-feira,19 de dezembro de 2025.


*Japão sobe juro e Congresso vota Orçamento*


A disposição dos parlamentares para trabalhar em plena sexta-feira, às vésperas do Natal, tem uma razão de ordem prática: sem votar o PLOA, não tem emendas


… O Japão elevou hoje o juro em 25pbs, para 0,75%, nível mais alto em três décadas, em uma decisão amplamente esperada pelo mercado. Trecho do comunicado apontou que a taxa básica pode continuar subindo. Investidores avaliam hoje os comentários do presidente do BoJ, Kazuo Ueda, sobre ajustes adicionais para buscar a taxa neutra. Já nos EUA, o CPI abaixo do esperado estimulou algumas apostas em novo corte em janeiro, enquanto, no Brasil, Galípolo ajudou um pouco, ao comentar que não há uma decisão tomada para o próximo Copom. Em Brasília, o Congresso encerra o ano legislativo com a votação do Orçamento de 2026, em sessão marcada para o meio-dia.


ÚLTIMA SESSÃO – O Congresso transferiu para hoje a votação do projeto de Orçamento para 2026. A peça será analisada às 9h pela Comissão Mista de Orçamento (CMO). Em seguida, às 12h, está marcada uma sessão conjunta de deputados e senadores para analisar o texto.


… A disposição dos parlamentares para trabalhar em plena sexta-feira, às vésperas do Natal, tem uma razão de ordem prática: sem votar o PLOA, não tem emendas. E no ano que vem eles conseguiram emplacar um calendário para receber 55% do valor até o início de julho.


… Com a aprovação das medidas fiscais desta semana, em especial, o corte de benefícios tributários e o aumento da taxação de JCP, fintechs e bets, o governo acredita que fechará as contas de 2026 e cumprirá o piso da meta, que permite um déficit zero.


… Mas, nos cálculos da Instituição Fiscal Independente, para zerar o primário, o governo terá que fazer um esforço fiscal de R$ 26,5 bilhões.


… Relatório divulgado nesta quinta pela IFI aponta que a diferença entre as suas estimativas e da equipe econômica está na projeção para a receita líquida do governo central. A IFI projeta uma receita líquida R$ 60,2 bilhões inferior à apresentada no PLOA 2026.


… Além disso, alerta que o incremento nas receitas de 2026, com R$ 116,4 bilhões obtidos por medidas extraordinárias, dificilmente será mantido nos anos seguintes, já que os efeitos de algumas medidas arrecadatórias tendem a se esgotar ao longo do tempo.


… Nesse contexto, o ministro Fernando Haddad confirmou que está de saída.


… Em encontro de confraternização de fim de ano com jornalistas, ontem, Haddad disse que deixará o Ministério da Fazenda “no mais tardar” em fevereiro, já que tem a intenção de participar do programa de campanha à reeleição do presidente Lula.


… O ministro repetiu que não quer ser candidato a nenhum cargo em 2026, nem senador, governador de São Paulo ou vice de Lula.


… “Manifestei desejo de colaborar com a campanha do presidente Lula, e isso é incompatível com o cargo de ministro da Fazenda. Mas acho bom alguém tomar as rédeas aqui [na Fazenda] porque há providências que precisam ser tomadas no começo do ano.”


… Questionado se o seu secretário-executivo, Dario Durigan, será o novo titular da pasta, Haddad não respondeu, mas disse que tem orgulho da sua equipe e que, ao longo desses três anos, levou os secretários frequentemente para despacharem com o presidente.


… Mais cedo, em café da manhã com a imprensa, Lula disse que gostaria que Haddad fosse candidato em 2026. “Não vou obrigá-lo a disputar as eleições, mas minha vontade seria ver Haddad no Senado e Geraldo Alckmin no governo paulista.”


… Saindo agora, Haddad estaria dentro do prazo de desincompatibilização, que se encerra em abril.


LULA – Na conversa com os jornalistas que cobrem o Planalto, o presidente falou do PL da Dosimetria, do Acordo União Europeia-Mercosul e de juros. “Estou sentindo cheiro de que logo, logo, a taxa de juros vai baixar. Espero que Galípolo esteja sentindo o mesmo cheiro.”


… Lula disse que tem 100% de confiança em Galípolo e jamais faria pressão para que ele tome qualquer decisão.


… “É Galípolo quem tem de tomar a decisão, mas, se ele fizer isso [baixar o juro], vai ser bom pra ele, vai ser bom pra mim, vai ser bom para o Brasil, vai ser bom para a indústria, vai ser bom para o desemprego, vai ser bom para o salário, vai ser bom pra todo mundo.”


… Sobre a aprovação do PL da Dosimetria, que reduziu as penas para os condenados por tentativa de golpe de Estado, o presidente negou acordo com a oposição para facilitar a votação. “Se teve acordo, não fui informado, mas, na hora que chegar à minha mesa, eu vou vetar.”


ACORDO FRUSTRADO –Lideranças da UE não conseguiram desbloquear a assinatura imediata do acordo comercial com o Mercosul, após a Itália unir-se à objeção da França. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, adiou o cronograma ao menos até janeiro.


… A sede da União Europeia foi palco de protestos de agricultores, que bloquearam vias, incendiaram uma praça e entraram em confronto com os policiais, na véspera da Cúpula de Líderes do Mercosul, marcada para este sábado (20), em Foz do Iguaçu (PR).


… O presidente Lula contou ter telefonado para a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, dizendo que ela pediu mais tempo, mais algumas semanas, para tentar convencer o agro italiano de que eles estariam protegidos e com as mesmas regras dos demais.


… Lula havia ameaçado desistir do acordo durante seu governo se os europeus não seguissem o combinado, mas ontem afirmou que pretende levar a posição de bloqueio na Europa aos demais presidentes do Mercosul para decidir o que fazer.


EM STAND BY – Um dos líderes mais poderosos do Centrão e presidente do PP, o senador Ciro Nogueira disse que, se até março, a candidatura de Flávio Bolsonaro não mostrar viabilidade eleitoral, a tendência é de o ex-presidente recuar. “Ele não vai arriscar.”


… Ao Valor, afirmou que o projeto presidencial de Tarcísio não está “enterrado”. “Vai depender da viabilidade eleitoral de Flávio.”


BOLSONARO – O ministro Alexandre de Moraes (STF) autorizou que o ex-presidente conceda entrevista ao portal Metrópoles no dia 23, na sede da Polícia Federal – onde está preso – a partir das 11h. A conversa poderá durar uma hora.


CORREIOS – O Tesouro Nacional aprovou a concessão de garantia da União ao empréstimo de R$ 12 bilhões à empresa pública federal, após avaliar o plano de reestruturação apresentado pela estatal. 


MAIS AGENDA – O BC divulga às 8h30 o saldo da conta corrente e o Investimento Direto no País (IDP) de novembro.


… A moderação no saldo comercial deve impulsionar o déficit maior das transações correntes na base anualizada, para US$ 5,05 bilhões (mediana no Broadcast), após saldo negativo de US$ 5,121 bilhões em outubro.


… As estimativas, todas de déficit, variam de US$ 6,60 bilhões a US$ 4,0 bilhões.


… Para o IDP, a mediana indica entrada líquida de US$ 6,35 bilhões em novembro, com uma desaceleração contra o saldo positivo de US$ 10,937 bilhões em outubro. As expectativas vão de US$ 5,1 bilhões a US$ 9,9 bilhões.


… O câmbio ainda monitora hoje, às 10h30, a realização de dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra), de até US$ 2,0 bilhões no total das operações, que não estão atreladas à rolagem de vencimentos.


… Às 10h, Lula e Haddad participam da cerimônia de encerramento da 12ª edição da Expocatadores, em São Paulo.


LÁ FORA – Nos Estados Unidos, saem as vendas de moradias usadas em novembro (12h) e o sentimento do consumidor medido pela Universidade de Michigan em dezembro, com as expectativas de inflação de 1 e 5 anos.


… Rússia (7h) e Colômbia (15h) decidem juros. O PPI na Alemanha e vendas do varejo no Reino Unido saem às 4h.


AFTER HOURS – Oracle saltou 5,6% no after hours, após o TikTok, controlado pela chinesa ByteDance, vender suas operações nos Estados Unidos para a empresa e à Silver Lake e MGX, para que possa continuar operando no país.


DEIXOU NO AR – Os comentários de Galípolo após a divulgação do RPM confirmaram o viés conservador da política monetária, embora ele tenha dito que não há ainda uma definição sobre o próximo ajuste da Selic em janeiro.


… Galípolo disse que o mercado costuma buscar “dicas em um texto que não tem dica”, em referência à comunicação do Copom. “É por isso que a gente está dizendo que está dependendo dos dados, porque não decidimos o que vamos fazer.”


… “Não há setas e não há portas fechadas”, afirmou, confirmando que um corte em janeiro ainda não saiu de cena.


… Depois dessa fala, os contratos futuros dos juros devolveram parte da pressão e fecharam perto dos ajustes, estimulados também pela esperança de que Tarcísio ainda pode desbancar Flávio na corrida ao Planalto.


… No fechamento, o DI para janeiro de 2027 marcava 13,860% (contra 13,826% no ajuste anterior); Jan/29 voltava a 13,345% (de 13,330% na véspera); Jan/31, a 13,635% (contra 13,631%); e Jan/33, a 13,755% (de 13,724%).


… Apesar de Galípolo ter deixado as opções em aberto, o Citi passou a projetar que a Selic só cairá em março.


… “A comunicação mais recente do Copom contém mensagens claras de que a melhora na perspectiva da inflação ainda é insuficiente para desencadear um corte na taxa Selic no curtíssimo prazo”, afirmou o banco, em relatório.


… No RPM, a projeção para o PIB deste ano melhorou para 2,3% (de 2,0% na estimativa de setembro) e a de 2026 subiu de 1,5% para 1,6%. As projeções estão próximas do boletim Focus, de 2,2% e 1,8% respectivamente.


… Já no câmbio, o dólar chegou a tocar R$ 5,55 sob impacto de nova pesquisa eleitoral AtlasIntel/Bloomberg, que mostrou liderança firme do Lula em todos os cenários. Mas perdeu fôlego e fechou estável (+0,01%), a R$ 5,5237.


CARTA NA MANGA – A percepção de que, se a candidatura de Flávio não vingar até março, o Centrão pode mobilizar o “plano Tarcísio” aliviou a bolsa, que ainda olhou a melhora do DI e a chance de corte do juro pelo Fed com o CPI.


… Após dois pregões seguidos de quedas consistentes, o Ibovespa testou uma recuperação modesta.


… O que se nota é que o mercado ainda mantém a guarda elevada, porque não está nada fácil de absorver os ruídos  eleitorais neste final de ano em que os investidores vão ficando sem o tradicional rali do Papai Noel nos negócios.


… O Ibovespa fechou ontem em alta de 0,38%, encostado nos 158 mil pontos (157.923,34), com volume financeiro de R$ 26,2 bilhões. Hoje é dia de exercício de opções sobre ações na bolsa, com as blue chips no foco do game.


… Os bancos, que caíram no pregão anterior com a alíquota maior do IR sobre JCP, conduziram o ritmo de reação: Santander unit (+1,52%; R$ 32,05); Itaú (+0,51%; R$ 39,17); Bradesco PN (+0,44%; R$ 18,33); e BB (+0,19%; R$ 21,59).


… Vale ON exibiu pouco fôlego (+0,26%, a R$ 70,35), se comparada à alta de 1,63% do minério, mas emplacou a  quarta alta consecutiva e ajudou o Ibovespa. Já Petrobras virou para o negativo na reta final, apesar do petróleo.


… Petrobras PN cedeu 0,58%, a R$ 30,90, e ON perdeu 0,25%, a R$ 32,45, mesmo com o Brent em leve alta de 0,23%, a US$ 59,82, diante de potenciais sanções americanas, caso Moscou não aceite o acordo de paz na Ucrânia.


… Outro ponto de atenção foi o efeito na oferta global do bloqueio de navios petroleiros da Venezuela.


LEVANTOU A LEBRE – Ainda que de forma marginal, o CPI americano abaixo do esperado ampliou a chance de corte do juro em janeiro, de 24,4% para 27,7% na ferramenta do CME, contra a aposta principal de pausa (72,3%).  


… Está lançada a semente da dúvida. A próxima rodada de indicadores será importante para medir se a precificação mais dovish se consolida ou se o mercado vai continuar mais inclinado a acreditar em manutenção pelo Fed.


… Comentou-se bastante ontem que o dado de inflação veio poluído pelo shutdown, já que a coleta da inflação ao consumidor (CPI) foi retomada apenas na metade de novembro, o que dificultou a interpretação dos números.


… O mercado pode ter que esperar até a publicação dos dados de dezembro, no próximo mês, para verificar se a desinflação é para valer ou se houve uma distorção estatística. Ainda assim, o indicador não foi desprezado.


… A inflação do CPI subiu 0,2% entre setembro e novembro (outubro não foi coletado) e 2,7% no comparativo anual. Ambos os resultados ficaram abaixo do que analistas de mercado esperavam, de 0,3% e 3,1%, respectivamente.


… O núcleo avançou 2,6% na base anual, menor nível de inflação desde o início de 2021.


… Em meio ao processo de sucessão do comando do Fed, Trump não esconde que o escolhido à cadeira de Powell será alguém que dê preferência a juros mais baixos. O nome promete ser anunciado nas próximas semanas.


… Trump disse ontem que, além de Kevin Hassett e Kevin Warsh, está cotando o diretor do Fed Christopher Waller, a quem qualificou de “ótimo”, e a vice-presidente de Supervisão da instituição, Michelle Bowman (“fantástica”).


… Entre os favoritos na corrida, Hassett afirmou que o Fed tem “muito espaço” para flexibilizar a política monetária. Já para o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, o juro pode cair se a inflação estiver voltando para 2%.


… Combinada ao CPI mais baixo que o esperado, a reação das techs deu impulso ao Nasdaq (+1,38%), que recobrou os 23 mil pontos (23.006,36). O Dow Jones subiu 0,14%, a 47.951,85 pontos, e o S&P 500, +0,79%, a 6.774,76 pontos.


… As ações da Micron Technology saltaram 10,21% com o lucro do primeiro trimestre fiscal, que superou as estimativas do mercado e deixou em segundo plano as preocupações recentes com o endividamento da Oracle.


… O CPI fraco derrubou as taxas dos Treasuries: Note-2 anos a 3,457% (de 3,484%) e 10 anos, 4,115% (de 4,152%).


… Já o índice DXY fechou com viés de alta (+0,06%), a 98,427 pontos, porque o euro caiu 0,11%, a US$ 1,1724, depois de o BCE ter mantido os juros inalterados e Lagarde ter dito que todas as opções permanecem sobre a mesa.


… A libra esterlina oscilou levemente para cima (+0,08%), a US$ 1,3382, diante do placar apertado da decisão do BoE (5 x 4) por corte do juro, que sinaliza a resistência hawkish. Já o iene caiu a 155,63 por dólar antes da reunião do BoJ.


CIAS ABERTAS NO AFTER – PETROBRAS celebrou novos contratos de longo prazo com a Braskem, tendo em vista a proximidade dos vencimentos dos contratos vigentes, com valores somados de US$ 17,84 bilhões…


… Companhia disse que vazamento de gás que ocorreu nesta quinta-feira (18) na plataforma P-40 não tem relação com a greve dos funcionários, iniciada na segunda-feira (15) (Valor)…


… Segundo a estatal, o sistema detectou o vazamento de gás, que foi imediatamente controlado de forma segura pela equipe a bordo da plataforma, localizada na Bacia de Campos.


PETRORECÔNCAVO aprovou a distribuição de R$ 300 milhões em dividendos, o equivalente a R$ 1,0239 por ação, com pagamento em três parcelas iguais, em dezembro de 2026, 2027 e 2028; ex em 8 de janeiro.


CSN MINERAÇÃO. Conselho de Administração aprovou a aquisição de até 11,17% do capital da concessionária ferroviária MRS Logística , atualmente detido pela controladora CSN, pelo preço total de até R$ 3,35 bilhões.


USIMINAS. O executivo Thiago da Fonseca Rodrigues apresentou sua renúncia ao cargo de diretor vice-presidente de finanças e relações com investidores da companhia, com efeitos a partir de 1º de fevereiro…


… O Conselho de Administração elegeu Diego Eduardo García para assumir o posto na data de saída de Fonseca.


BRADESCO aprovou o pagamento de R$ 3,9 bilhões em JCP complementar, sendo R$ R$ 0,3511 por ação ordinária e R$ 0,3863 por ação preferencial, com pagamento até 31 de julho de 2026; ex em 30 de dezembro.


ITAÚ aprovou um aumento de capital de R$ 12,847 bilhões, mediante a capitalização de valores registrados nas reservas de lucros; operação será feita com bonificação em ações, à razão de 3%…


…Assim, serão emitidas 321.170.947 de novas ações, sendo 163.623.582 ordinárias e 157.547.365 preferenciais…


… Os papéis serão atribuídos aos acionistas com base na posição do dia 23, na proporção de três novas ações para cada cem ações possuídas…


… Para acionistas que desejarem transferir frações de ações, isso poderá ser feito entre 2 de janeiro e 2 de fevereiro; depois disso, eventuais sobras serão separadas, agrupadas em números inteiros e vendidas em leilão na B3.


C&A. O conselho de administração aprovou o pagamento de JCP no valor de R$ 158 milhões, a R$ 0,5215 por ação. O pagamento ocorrerá em 2026, com base na posição acionária de 23 de dezembro deste ano. Ex em 26/12.


COGNA aprovou a distribuição de dividendos intermediários que somam R$ 208,1 milhões, sendo uma parcela de R$ 120 milhões e outra de R$ 88,1 milhões…


… Serão pagos R$ 0,0661 em 13 de fevereiro de 2026 e R$ 0,0485 em 20 de dezembro de 2028…


… Além disso, o conselho de administração da empresa também aprovou um aumento de capital de R$ 626,9 milhões, com emissão de 187,6 milhões de ações bonificadas, na proporção de uma para cada dez ações…


… O crédito das novas ações ocorrerá em 30 de dezembro; com a operação, o capital social da companhia passará a ser de R$ 8,29 bilhões. 


ODONTOPREV informou que recebeu comunicado sobre reorganização interna do grupo Bradesco…


… A Bradesco Gestão de Saúde passou a deter 53,54% do capital social da Odontoprev, equivalente a 292,2 milhões de ações ON, após cisão parcial da Bradesco Saúde, aprovada pela ANS esta semana…


… Anteriormente, a Bradesco Saúde era acionista direta da Odontoprev e controlada da Bradesco Gestão; segundo a companhia, atualização da posição acionária não altera o controle final nem estrutura administrativa da Odontoprev.


CEMIG aprovou a distribuição de R$ 677,4 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,2368 por ação, com pagamento em duas parcelas, uma até 30 de junho e outra até 26 de dezembro de 2026.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Produtividade é a saída

 

O mundo está girando (e rápido): o Brasil vai acompanhar ou ficar para trás? 🌎🇧🇷

Acabei de ler uma análise excelente de Marcello Estevão (IIF) sobre a reorganização silenciosa, mas decisiva, da economia global. A mensagem é clara: o dinheiro não sumiu, ele apenas mudou de endereço e de critérios.

Enquanto o crescimento mundial se estabiliza em torno de 3,1%, o que acontece "por baixo do capô" é uma mudança tectônica. A China perde dinamismo estrutural, enquanto países como Índia, Vietnã e México ganham tração via nearshoring e serviços digitais.

🚀 O que isso significa para o Brasil?

O artigo destaca um paradoxo brasileiro:

✅ Temos a faca e o queijo: Fundamentos externos sólidos, exportações diversificadas, reservas amplas e um sistema financeiro sofisticado.

⚠️ Mas travamos no básico: A incerteza fiscal persistente amplia o prêmio de risco e dificulta a conversão desse cenário favorável em investimento interno real.

3 Lições Cruciais do texto:

1. O capital ficou seletivo: O dinheiro agora persegue previsibilidade macroeconômica e segurança jurídica. Não basta ter mercado, é preciso ter regras claras.

2. A nova fronteira é tecnológica: Para atrair investimentos em IA, Data Centers e chips, precisamos alinhar urgentemente nossa política energética e digital.

3. Não precisamos ser perfeitos: O mundo não exige um cenário externo perfeito, mas exige um plano realista de produtividade e previsibilidade fiscal.

💡 A conclusão é direta: "Ficar parado custa caro". O tempo para decidir como vamos participar desse novo ciclo global — se como protagonistas ou coadjuvantes — está se encurtando.

O que vocês acham? A agenda fiscal e de produtividade do Brasil está no ritmo necessário para capturar essas novas oportunidades? 👇

Jacques Wagner

 Em meio às articulações nos bastidores em torno da aprovação do PL da Dosimetria, o líder do governo no Senado Federal, Jaques Wagner (PT-BA), pediu a parlamentares da oposição para “amolecer o coração” em torno da indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para o Supremo Tribunal Federal (STF) – que ainda precisa ser confirmada pela Casa. Jaques Wagner disse a pelo menos dois colegas que havia feito “um gesto” ao não colocar empecilhos na aprovação do PL da Dosimetria, que acabou aprovado sem dificuldades pela Casa nesta quarta-feira (17), com 48 votos favoráveis e apenas 25 contrários – todos os nove senadores do PT rejeitaram o texto, que deve encurtar o tempo de prisão de Jair Bolsonaro e resultar na liberdade de centenas de outros condenados pelo Supremo nas investigações dos atos golpistas do 8 de Janeiro. Em troca, pediu aos oposicionistas para “amolecer o coração” com Messias, que enfrenta forte rejeição na Casa, especialmente da tropa de choque bolsonarista. Messias foi chefe de gabinete de Wagner. Em público, o líder do governo disse que pediu apoio da oposição para a análise de um texto considerado prioritário pela equipe econômica, que trata do aumento da tributação de bets e fintechs. O petista afirmou à imprensa que fez o acordo com a oposição sem consultar o presidente Lula ou a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann – e afirmou que “quem tá na política tem que se arriscar”. A oposição vê Messias como “quadro ideológico” do PT e “homem de confiança” de Lula e Dilma Rousseff e pretende constrangê-lo na sabatina revisitando um dos episódios mais emblemáticos da Operação Lava-Jato: a divulgação de um áudio, de março de 2016, em que Dilma avisa Lula que “Bessias” vai lhe entregar o termo de sua posse como ministro da Casa Civil. A nomeação de Lula acabou suspensa pelo ministro do STF Gilmar Mendes, o que pavimentou o caminho da queda do governo Dilma. ‘Peru de Natal’ A postura de Wagner de não criar empecilhos para a aprovação do PL da Dosimetria foi duramente criticada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), integrante da base lulista na Casa. “Estou exercendo o meu quarto mandato nesta Casa. Mas nunca vi, numa questão transcendental como essa, alguém, em nome do governo, fazer um acordo e dar peru de Natal ao golpismo”, disse Renan. Para superar resistências internas no Senado, aliados de Messias acreditam que ele vá contar com um apoio importante, mas silencioso para conseguir a aprovação: o da bancada evangélica do Senado. Um estudo do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), aponta que a bancada evangélica saltou de 7 para 13 senadores entre as eleições de 2018 e 2022. Conforme informou o blog, lideranças evangélicas apostam na indicação de Jorge Messias para reforçar o “bloco conservador” do Supremo – e, assim, impedir o avanço do que chamam de “pauta de costumes”, como a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação, o uso de banheiro por transexuais e a proibição da presença de crianças e adolescentes em paradas do orgulho LGBTQIA+. Caso supere a resistência no Senado e obtenha os 41 votos necessários para confirmar a sua indicação, Messias ocupará a vaga aberta com a saída de Luís Roberto Barroso, que decidiu antecipar a aposentadoria em outubro. Pesa a favor de Messias o histórico de votações no Senado. Na história da República, apenas o presidente Floriano Peixoto teve indicações rejeitadas pela Casa — cinco ao todo, todas em 1894, entre elas a do médico Barata Ribeiro, que batiza rua no bairro de Copacabana, no Rio.

Suicidio dos farialimers

 *O SUICÍDIO RITUAL DOS FARINHALIMERS* ​Os farinhalimers brasileiros não cansam de surpreender pela sua vocação para o abismo. Não é difícil...