quinta-feira, 24 de julho de 2025

Celso Ming

 Celso Ming: A espada de Trump sobre o Brasil


O dia 1º de agosto (mês do desgosto) está logo aí e, até lá, não há muito o que fazer para enfrentar a barbaridade do tarifaço do presidente Donald Trump.


Não há abertura para negociação comercial, até porque a questão de fundo não é comercial, é política. Nem mesmo a primeira carta do presidente Lula, enviada por ocasião do anúncio do tarifaço anterior, de 10%, mereceu resposta. Quem recebeu uma carta especial de Trump, com apoio e tudo mais, foi o ex-presidente Bolsonaro. A revogação dos vistos dos ministros do STF é outra demonstração de que o Brasil está sendo castigado para livrar a cara de Bolsonaro.


Há outras alegações para a pancada, todas políticas: de que o presidente Lula vem provocando o império com acenos ao inimigo Irã, ou que está empurrando os países membros do Brics a escantear o dólar como moeda para liquidação de contas entre eles.


Como  Trump é dado a “recuetas”, há quem espere uma redução do tarifaço, fixado em 50% sobre todas as exportações do Brasil aos Estados Unidos. Mas é melhor não contar com isso. Mesmo o simples adiamento da entrada em vigor das novas alíquotas parece pouco provável, porque não resolve o problema principal, apenas mantém suspensa a espada de Dâmocles.


Um revide de qualquer natureza, já cogitado com base na Lei da Reciprocidade, é mais do que contraindicado. Pode atiçar novas vinganças, dado o telhado de vidro que tem o Brasil.


Uma das tentativas ensaiadas pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin, é coordenar as empresas importadoras de produtos brasileiros para pressionar o governo Trump, sob o argumento de que o tarifaço desarticula seus negócios e, além disso, produz inflação sobre a cesta básica dos Estados Unidos, na medida em que encarece o café, o suco de laranja, a carne e os pescados. Pode-se tentar por aí, mas parece difícil que funcione, dada a natureza política do problema.


Já deu para ver que as autoridades dos Estados Unidos inventarão quaisquer pretextos para continuar bombardeando a economia brasileira: pode ser pelo sucesso do Pix, por vendas de produtos pirateados na rua 25 de Março ou pela suposta falta de empenho do presidente Lula em desenvolver a produção de terras raras.


O governo Lula parece ter começado a aceitar o pior - que é a perda de 2% do PIB em receitas de exportação para os Estados Unidos. Já avisou que os setores mais prejudicados terão ajuda para compensar os estragos.


Mas há o que pode e deve ser feito aqui. Primeiramente, fortalecer a economia, especialmente na área fiscal, para reduzir a vulnerabilidade em relação à dívida pública, à inflação e ao alto custo do crédito provocado pelos juros elevados. Outra frente de trabalho deve ser o fechamento de novos acordos comerciais e a diversificação dos destinos das exportações, a fim de reduzir a dependência das receitas vindas dos Estados Unidos.


No mais, nada afastará definitivamente o mundaréu de incertezas. Trump já disse que distribui maldades “porque quer e porque pode”.


O Broadcast publica, em primeira mão, a coluna do jornalista Celso Ming, do jornal O Estado de S. Paulo


Broadcast+

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: ONTEM, sessão em alta nas bolsas, que subiram animadas pela notícia do acordo alfandegário entre os EUA e o Japão (15% vs. ameaça de 25%), além da Indonésia e Filipinas (19%). A subida da bolsa de Tóquio (+3,5%) foi um bom prelúdio para lançar as restantes bolsas em alta. Esta alegria não chegou às obrigações e as yields dos principais mercados retrocederam de forma testemunhal numa sessão de risk-on. Trump deita mais lenha ao fogo dos impostos alfandegário e menciona que os situará entre 15% e 50%. A UE poderá contra-atacar com um imposto alfandegário recíproco de 30% caso não chegue a acordo com os EUA, o que afetaria as importações com um valor de 100.000 M€. Não houve macro relevante, exceto a Confiança do Consumidor da UE (julho). Entre as empresas, Iberdrola caiu -4,7% até 15,15€, coincide com o preço da ampliação de capital. Continua a temporada de resultados. Como esperávamos, o mercado castigou as empresas que dececionaram, como ASMI (-9,4%), SAP (-4,1%), Enphase Energy (-14,2%) ou Texas Instruments (-13,3%). Tesla (-4% aftermarket) e Alphabet (+2%) publicaram depois do fecho de Nova Iorque, as guias não convencem e vêm a cair no aftermarket. A tecnologia irá ver-se animada hoje. À primeira hora, publicaram Nestlé (fracos), BESI, BNPP, Deutsche, Repsol e BE Semiconductor, entre outros e, em geral, com resultados que convenceram, o que poderá levar a um início de sessão em alta.



HOJE: O importante é a reunião do BCE, que irá manter taxas de juros nos níveis atuais (2,00% depósito/2,15% crédito) após aplicar -200 p.b. de cortes desde junho de 2024. O BCE considera que está bem posicionado para navegar as incertezas do contexto atual (o IPC está no seu objetivo de 2%, o euro fortaleceu-se, o preço da energia caiu, os salários moderaram o seu crescimento e os estímulos fiscais deverão ajudar a reativar a economia). Tudo aponta que estamos perante uma pausa prolongada do BCE. O foco estará entre o tom de Lagarde e as pistas que dê sobre prolongar esta pausa de taxas de juros a curto prazo. Em todo o caso, estimamos que poderá voltar a baixar taxas de juros na sua reunião de 18 de dezembro, se as tensões comerciais prejudicarem o crescimento ou os estímulos tardarem a chegar. Da macro restante, destaca-se o conjunto de PMIs Industriais e Serviços na UE e nos EUA. Espera-se que melhorem perante o otimismo na frente comercial. Na frente micro, a temporada de resultados dá uma pausa, apenas ressaltamos LVMH que publicará após o fecho do mercado. Trump menciona que estuda segregar NVIDIA (subiu +1% no mercado after-hours) para promover a concorrência entre os fabricantes de chips para IA.


Hoje o mercado deverá continuar a subir perante as perspetivas de novos acordos alfandegários depois dos assinados com o Japão e vários países asiáticos. Esperamos uma sessão positiva, mais na Europa do que nos EUA, e animada à primeira hora pelos resultados empresariais.


S&P500 +0,8%; Nq-100 +0,4%; SOX 0%; ES50 +1,0%; IBEX +0,2%; VIX 15,4; Bund 2,60%; T-Note 4,38%; Spread 2A-10A USA=+50pb; B10A: ESP 3,20%; PT 3,02%; FRA 3,27%; ITA 3,46%; Euribor 12m 2,038% (fut.2,113%); USD 1,177; JPY 172,5; Ouro 3.388$; Brent 68,7$; WTI 65,4$; Bitcoin -1,5% (118.000$); Ether -3,47% (3.571$).


FIM

Imbróglio Master BRB

 https://oglobo.globo.com/economia/negocios/noticia/2025/07/23/bc-pede-que-brb-e-master-refacam-contas-de-ativos-para-avaliar-viabilidade-do-negocio.ghtml


*BC pede que BRB e Master refaçam contas de ativos para avaliar viabilidade do negócio*


_Operação anunciada em março ainda depende de aval do Banco Central para ser fechada_


Por Thaís Barcellos — Brasília


O Banco Central fez um novo pedido de informações ao Banco Master e ao BRB no âmbito da análise do negócio anunciado entre as duas instituições. Segundo um interlocutor a par do assunto, o BC encontrou inconsistências nas informações compartilhadas pelos bancos em relação aos ativos que foram incluídos na operação, o chamado perímetro, e também àqueles que ficaram de fora.


O objetivo é garantir tanto a viabilidade econômica do novo conglomerado que vai surgir com a aquisição pelo BRB de uma fatia do Master quanto uma solução adequada para a parte restante. A revisão das informações envolvem tantos dados financeiros, como o valor dos ativos, como se há cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), por exemplo.


Na prática, a nova solicitação do BC deve refinar o perímetro da operação, que, conforme a última informação, deixava cerca de R$ 33 bilhões de ativos de fora, de R$ 23 bilhões inicialmente.


Quanto mais amplo o perímetro, pior a qualidade dos ativos, disse uma das pessoas envolvidas nas tratativas. Foram retirados, por exemplo, precatórios e participações em empresas em dificuldades. O acordo prevê a compra de 58% do capital social total do Master pelo BRB (49% das ações ordinárias e 100% das ações preferenciais).


O ofício foi enviado às partes após uma série de reuniões de integrantes do BC com representantes do BRB e do Master nos últimos dias. No sábado, o presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, recebeu, junto com outros diretores do BC, Daniel Vorcaro, presidente do banco privado, e o CEO, Augusto Ferreira de Lima.


Na segunda, foi a vez de se encontrar com Paulo Henrique Costa, presidente do BRB, e com o diretor executivo de Finanças, Dario Oswaldo Garcia Junior. Por fim, nesta terça, Vorcaro, Costa e outros diretores do banco público estiveram no BC para uma reunião com os diretores de Fiscalização, Ailton Aquino, e de Organização do Sistema Financeiro e Resolução, Renato Gomes.


Procurados, os bancos não se manifestaram.


Há cerca de um mês, o BC já havia questionado os dois bancos por inconsistências nas operações de compra de carteira de crédito consignado entre eles no fim de 2024. No ano passado, o BRB comprou cerca de R$ 8 bilhões em carteiras de crédito do banco liderado por Daniel Vorcaro, em uma espécie de primeiro passo na relação entre as duas instituições financeiras.


Apesar do novo pedido do BC, pessoas envolvidas na operação mantêm a expectativa de que a análise do processo no regulador pode ser concluída nas "próximas semanas". Um interlocutor pontuou que todas as partes, inclusive o BC, têm interesse em uma solução negociada para os problemas do Master. O Conselho de Defesa Econômica (Cade) já aprovou a operação.


*Negociação*


A operação entre os dois bancos está envolta em polêmicas. O Master enfrenta problemas de liquidez. O banco adotava estratégia que se baseava em captações via CDBs com retornos bastante acima da média do mercado, com a salvaguarda do Fundo Garantidor de Créditos.


Por outro lado, os ativos para fazer frente a esses compromissos são em parte ilíquidos, como os precatórios e a participação em empresas em crise.


Nesse caso, se o Master entrasse em crise, o FGC, que é formado com contribuições das instituições financeiras associadas, teria de arcar com um volume relevante de ressarcimento para pessoas físicas com aplicações de até R$ 250 mil de pessoas físicas - um problema para o sistema financeiro.


Segundo o balanço de 2024, o Master tinha R$ 12,4 bilhões de CDBs a vencer até o fim deste ano, contra um ativo total para o mesmo período de R$ 18,3 bilhões. No total, o estoque de CDBs e CDIs era de R$ 49,8 bilhões. A liquidez do FGC, em junho de 2024, era de R$ 107,8 bilhões.


Diante disso, chamou atenção o interesse do BRB, um banco público, no negócio. O BRB defendeu, contudo, que a operação seria importante na estratégia de crescimento da instituição, possibilitando uma atuação maior nas áreas de câmbio, mercado de capitais e cartão de crédito consignado.


"O novo conglomerado prudencial visa fortalecer a atuação conjunta no mercado, pela oferta completa de produtos e serviços bancários, de seguridade, meios de pagamento e investimentos a pessoas físicas e jurídicas, presença nacional e estrutura de governança, capital, liquidez, rentabilidade e conformidade regulatória compatível com o porte do novo conglomerado", disse o BRB na época do anúncio da compra.


Recentemente, a venda de ativos privados de Vorcaro ao BTG no valor de R$ 1,5 bilhão foi considerado um passo importante para viabilizar a operação com o BRB dentro do BC, já que os recursos foram aplicados no Master, dando um "refresco" imediato de liquidez. Para o Banco Central, é importante que o caso Master seja resolvido por inteiro.


FALCÃO NOTÍCIAS

BDM Matinal Riscala

 Bom dia


Bom Dia Mercado.


Quinta Feira, 24 de Julho de 2.025.


*Diálogo interditado*


Em indireta, ontem à noite, Trump disse que “os países com quem não estamos nos dando bem pagarão tarifas de 50%”


… IBM afundou 5,1% no after hours em NY, apesar do lucro forte divulgado após o fechamento. Também Tesla caiu em reação aos balanços. Só Alphabet subiu. Hoje tem Intel e, na Europa, Deutsche, BNP Paribas e Lloyds. Multiplan é o destaque na B3. A agenda dos mercados inclui ainda reunião do BCE, que deve manter o juro estável na Zona do Euro, e as prévias de julho dos índices PMI da atividade global. Em forte campanha pela demissão de Powell, para que o Fed corte o juro logo, Trump visita o Fed às 17h. No Brasil, a Receita informa a arrecadação de junho, enquanto o governo Lula fracassa em abrir canal de negociação comercial com os Estados Unidos. Em indireta, ontem à noite, Trump disse que “os países com quem não estamos nos dando bem pagarão tarifas de 50%”.


… Na Folha, os Estados Unidos mantêm silêncio e governo brasileiro já teme a implementação de tarifas em agosto.


… Os americanos sinalizaram ao governo que as tratativas só devem caminhar a partir de uma autorização de Trump. Integrantes do Planalto dizem ter a informação de que o caso está na Casa Branca, sem previsão de resposta.


… O governo brasileiro já enviou duas cartas com propostas de negociação, sendo a primeira em 16 de maio. Com o diálogo interditado, Brasília já não acredita que conseguirá evitar a sanção, a partir de 1º de agosto.


… Os Estados Unidos continuam sem um embaixador oficial no Brasil, o que significa que não conta com interlocutor do governo Trump que tenha representatividade para gerenciar a crise comercial entre os dois países.


… Atualmente, a representação dos Estados Unidos no Brasil é chefiada pelo encarregado de negócios da embaixada americana, Gabriel Escobar, que não é embaixador e não tem nível diplomático para discutir uma saída.


… Mesmo com chances remotas de um acordo, uma comitiva de oito senadores está viajando amanhã, sexta-feira, para Washington, na tentativa de sensibilizar empresários que compram do Brasil e parlamentares americanos.


… O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), está na comitiva e escreveu no X que o objetivo é “dialogar” e conseguir preservar uma amizade e um comércio de 206 anos, “sem abrir mão da nossa soberania”.


… Segundo apurou a jornalista Thaís Herédia (CNN Brasil), os senadores dirão aos americanos que o tarifaço jogará o Brasil no colo da China, entendendo que a relação com os chineses é um dos pontos mais sensíveis para Trump.


O PLANO ESTÁ PRONTO – Após nova reunião do comitê interministerial do tarifaço, ontem à noite, Haddad disse que o plano de contingência para ajudar os exportadores afetados pelo tarifaço de Trump está “fechado”.


… O ministro não quis antecipar detalhes, informando que as medidas ainda serão levadas para o aval de Lula.


… “A área técnica dos três ministérios envolvidos [Fazenda, Indústria e Itamaraty] vão me apresentar as medidas nesta quinta-feira e, provavelmente, na semana que vem nós devemos levar para o presidente.”


… O plano de contingência está sendo elaborado a partir dos parâmetros definidos por Haddad e pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin.


… Desde o primeiro minuto, Haddad confirmou a intenção de oferecer apoio aos setores mais prejudicados, embora haja a preocupação de não comprometer as finanças públicas e o cumprimento das metas fiscais.


… Questionado sobre a criação de créditos subsidiados aos exportadores, o ministro disse que, não necessariamente, o plano de contingência vai implicar gastos primários, mas as pressões já estão surgindo.


… A Associação Brasileira das Indústrias de Pescado pediu ao governo federal a criação de uma linha emergencial de R$ 900 milhões e a CNA estima que o tarifaço de Trump pode tirar US$ 5,8 bilhões do agro brasileiro.


… Suco de laranja, açúcar, álcool e carnes seriam os mais prejudicados com aumento nas tarifas de importação. Em 2024, o Brasil exportou US$ 12,1 bilhões em produtos do agro para os Estados Unidos.


… Se a tarifa de 50% for, de fato, aplicada, a CNA prevê uma redução de 48% no valor total das exportações.


… Sobre a iniciativa dos governadores para mitigar os efeitos da tarifa, como de Tarcísio (SP), Haddad disse que “toda ajuda é bem-vinda”, mas que R$ 200 milhões é pouco quando se está falando em US$ 40 bilhões de exportação.


… Por outro lado, o ministro observou que é “bom saber que os governadores caíram na real” e deixaram de apoiar o tarifaço de Trump, como fizeram no início. “Perceberam, finalmente, que é um problema do Estado brasileiro.”


… Otimista, Haddad ainda espera que o Brasil consiga um acordo, “se as duas partes se sentarem à mesa”. “Eu estou vendo a Europa, o Japão, a Indonésia, as Filipinas e o Vietnã se movimentarem. Vai chegar a vez do Brasil.”


LULA PROCURA O MÉXICO – O presidente telefonou ontem para a presidente do México, Claudia Sheinbaum, para dizer que quer aprofundar as relações comerciais com o país diante do “momento de incertezas”.


… Assim como o Brasil, os mexicanos foram alvos das tarifas de Trump (30%), a partir de 1º de agosto.


… Na conversa com Sheinbaum, Lula acertou a visita do vice-presidente e titular do MDIC, Geraldo Alckmin, para o México, nos dias 27 e 28 de agosto, em comitiva composta por empresários e ministros do governo.


… Lula afirmou que quer expandir a relação entre o Brasil e o México em setores estratégicos, como o farmacêutico, agropecuária, etanol, biodiesel, aeroespacial, inovação e educação.


STF BAIXA A BOLA – Depois da tornozeleira a Bolsonaro, ministros do Supremo e até integrantes do governo de Lula defendem que o momento é de distensionar o ambiente, segundo apurou o Valor.


… Eles avaliam que o ex-presidente será condenado ainda este ano na ação da trama golpista e que decretar a prisão preventiva agora só geraria mais desgaste, apesar do risco real de fuga.


… A expectativa é que Bolsonaro e os demais sete réus do chamado “núcleo crucial” da trama golpista comecem a ser julgados em meados de setembro e que o processo caminhe rápido para a conclusão.


… Também Lula evitará encontros com os ministros do STF, de modo a reforçar aos Estados Unidos a independência entre Poderes, mostrando que o Executivo não tem proximidade nem ingerência sobre as decisões da Corte.


… No anúncio da tarifa de 50% para o Brasil, Trump atribuiu a taxação ao processo judicial contra Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado em ação no Supremo, julgada pelo ministro Alexandre de Moraes.


NEGOCIAÇÕES COM A UE AVANÇAM – A mídia americana antecipa que um acordo com a União Europeia está muito próximo. O próprio Trump contribuiu para essa sensação, dizendo estar “em negociações sérias com a UE”.


… Segundo o presidente, ainda muito animado com o acordo fechado com o Japão, “se eles (europeus) concordarem em se abrir para as empresas dos Estados Unidos, nós permitiremos que paguem tarifas mais baixas”.


… Na Bloomberg, diplomatas da UE veem progresso em direção a acordo com os Estados Unidos com tarifas de 15%, mas ainda pressionam para que as negociações com os Estados Unidos incluam o setor automotivo.


… A mesma informação foi dada pelo Financial Times, que os Estados Unidos e a União Europeia estão perto de um acordo tarifário de 15%. Segundo o FT, a cobrança sobre automóveis cairia de 27,5% para 15%.


… O bloco europeu e os Estados Unidos dispensariam tarifas sobre bens como aeronaves, bebidas destiladas e, ainda, sobre equipamentos médicos. Trump quer o mercado aberto a produtos agrícolas e automóveis americanos.


… Membros da UE estão otimistas, mas mantêm cautela ante a imprevisibilidade de Trump. O conselheiro econômico da Casa Branca, Peter Navarro, pediu “cautela” e disse que ainda há pontos sensíveis nas conversas.


… A própria Casa Branca minimizou reportagens que sugerem potencial acordo comercial com a UE, com a porta-voz dizendo que quaisquer suposições sobre o resultado das conversas são “prematuras e especulativas”.


… O bloco não descarta a imposição de contramedidas, caso o acordo não vingue. A UE planeja aplicar tarifas de 30% aos Estados Unidos sobre 100 bilhões de euros (US$ 117 bilhões) se Trump cumprir a ameaça de impor a taxa.


CHINA – Em entrevista à Bloomberg, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, disse que o governo avalia prorrogar o prazo de negociações com Pequim por 90 dias. O prazo atual termina no dia 12 de agosto.


BCE DEVE MANTER JURO – Em reunião nesta quinta-feira, o Banco Central Europeu deve manter sua taxa de juro em 2%, diante da incerteza elevada e indicadores dentro do esperado, segundo consenso apurado pelo Broadcast.


… O BCE anuncia sua decisão de política monetária às 9h15 (de Brasília). Lagarde fala meia hora depois, às 9h45.


… Também o BC da Turquia anuncia decisão de política monetária (8h): previsão de queda de 46% para 43,5%.


… A agenda internacional ainda inclui hoje as preliminares de julho do PMI industrial e de serviços na Alemanha, Zona do Euro, Reino Unido e nos Estados Unidos (10h45), onde a previsão é de estabilidade sobre junho.


… As 9h30, saem os pedidos de auxílio desemprego e o índice de atividade nacional de junho do Fed/Chicago. E, às 11h, vendas de moradias novas em junho, que registraram um tombo de 13,7% em maio.


JAPÃO HOJE – O PMI composto se manteve estável entre junho e julho, em 51,5, segundo pesquisa preliminar da S&P Global. Acima do patamar neutro de 50, o indicador continua indicando expansão da atividade econômica…


… Já o PMI industrial cedeu de 50,1 para 48,8 no mesmo período de comparação, entrando em território de contração. O PMI de serviços teve alta de 51,7 para 53,5 na mesma comparação, ainda em território de expansão.


BALANÇOS – Os mercados já amanhecem com os resultados do Deutsche Bank (Alemanha), BNP Paribas (França) e Lloyds Banking (Reino Unido). Em NY, American Airlines divulga seus números antes da abertura.


… Após o fechamento do mercado, sai o balanço de Intel, com projeção de lucro por ação de US$ 0,01.


… Aqui, Multiplan divulga balanço após o fechamento e WEG faz teleconferência às 11h.


AFTER HOURS – Começando pela boa notícia, os papéis da Alphabet, empresa controladora do Google, subiram 1,82% no pregão noturno, depois de a empresa ter superado as expectativas nos resultados do segundo trimestre.


… A gigante de tecnologia teve lucro líquido de US$ 28,2 bilhões no período, acima dos US$ 23,6 bilhões do mesmo período do ano anterior, impulsionado pelo crescimento em sua divisão de nuvem e inteligência artificial.


… O lucro ajustado por ação ficou em US$ 2,31, superior à estimativa dos analistas, de US$ 2,18 por papel. A receita foi de US$ 96,43 bilhões, também surpreendendo para cima as expectativas de US$ 93,97 bilhões dos analistas.


… Já a frustração com os números da Tesla levou a ação a levar um tombo de 4,42% no after market. A fabricante de veículos elétricos registrou lucro líquido de US$ 1,17 bi no segundo trimestre, abaixo do US$ 1,4 bi de um ano antes.


… IBM também caiu feio na noite de ontem, com o mercado de olho no faturamento da divisão de software, de US$ 7,39 bilhões no segundo trimestre, ligeiramente menor do que os US$ 7,43 bilhões esperados pelos analistas.


… No setor financeiro, agradou a notícia do BofA de que o seu conselho autorizou um programa de recompra de ações de US$ 40 bilhões e a elevação em 8% dos dividendos trimestrais que serão pagos aos acionistas.


RÚSSIA VS UCRÂNIA – Possibilidade de encontro entre Zelensky e Putin foi descartada pelos russos.


IRÃ – Receberá delegação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) nas próximas semanas, sinalizando que pode permitir que inspetores internacionais retomem o monitoramento do trabalho nuclear no país.


MAIS AGENDA – Receita divulga às 10h30 a arrecadação de junho e o resultado acumulado do primeiro semestre. No mês, o mercado prevê R$ 228,50 bilhões (mediana do Broadcast), após R$ 230,152 bilhões em maio.


… O presidente do BC, Gabriel Galípolo, participará de reunião do CMN hoje, às 15h.


ANP – Reunião discute a nova base de cálculo do Preço de Referência do Petróleo, revisão das tarifas de gasodutos de transporte, nova octanagem da gasolina e suspensão de atividades de formulação de combustíveis.


VAZAMENTO NO PIX – O BC informou na noite de ontem que houve o vazamento de chaves Pix em razão de acessos indevidos ao Sistema de Busca de Ativos do Poder Judiciário, operado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).


… Não foram expostos dados sensíveis, como senhas, movimentações, saldos financeiros, ou quaisquer informações sob sigilo bancário. “As informações obtidas são de natureza cadastral, que não permitem acesso às contas.”


… O site do CNJ informará um canal de consulta para os cidadãos verificarem se tiveram seus dados expostos.


ESTAMOS NA FILA – Aquela esperança de Trump amolecer o coração de pedra quanto ao Brasil foi despertada ontem pelo rumor de que as tarifas à UE podem ser reduzidas à metade, após os EUA se acertarem com o Japão.


… Apesar de o governo de Tóquio ser considerado duro na queda, as negociações prosperaram e alimentaram a aposta de que chegue a nossa vez, embora o Brasil seja um caso especial, com a maior taxação até agora (50%).


… Não está nada fácil vencer as resistências contra a Casa Branca, que impõe um muro ao diálogo.


… Contaminadas pelo viés político-ideológico, as negociações que envolvem a diplomacia do Itamaraty, os ministérios, os governadores e o empresariado, num esforço coletivo para evitar o pior, ainda não renderam frutos.


… Mas os mercados domésticos foram embalados ontem pela onda otimista, que devolveu o dólar à faixa de R$ 5,52, para a menor cotação desde o dia do tarifaço, em 9 de julho, quando Trump botou para quebrar com o Brasil.


… No câmbio à vista, a moeda norte-americana fechou em baixa expressiva de 0,79%, negociada a R$ 5,5230. A intensidade do alívio foi bem maior do que a observada lá fora no índice DXY, que caiu 0,18%, a 97,214 pontos.


… Na véspera do BCE e na contagem regressiva do acordo com o bloco europeu, apesar do alerta da Casa Branca contra rumores precoces da negociação, o euro subiu 0,20%, a US$ 1,1774, e a libra ganhou 0,38%, a US$ 1,3580.


… O iene avançou a 146,54 por dólar, depois de os japoneses terem conseguido reduzir as tarifas de 25% para 15%.


… Relaxados pela expectativa de que a UE será a próxima a se entender com Trump, os investidores desmontaram as posições defensivas nos Treasuries, abrindo espaço para as taxas dos títulos interromperem três quedas seguidas.


… O retorno da Note de 2 anos subiu a 3,888%, contra 3,833% na véspera, e o de 10 anos foi a 4,390%, de 4,341%.


… Este ajuste em alta das taxas dos Treasuries foi o gatilho que a curva do DI encontrou por aqui para parar de devolver tanto prêmio de risco e foi por isso que os juros futuros operaram descolados da melhora do câmbio.


… Pertos dos ajustes, o DI para Jan/26 fechou a 14,940% (contra 14,949% no pregão anterior); Jan/27, a 14,230% (de 14,254%); Jan/29, a 13,490% (de 13,491%); Jan/31, a 13,730% (de 13,713%); e Jan/33, a 13,830% (de 13,799%).


OS HUMILHADOS SERÃO EXALTADOS? – Na torcida para que a bateria de acordos comerciais que Trump vem fechando de última hora possa “amaciar” a ofensiva contra o Brasil, o Ibovespa retomou a marca dos 135 mil pontos.


… No ambiente positivo, os novos recordes históricos nas bolsas em NY também ajudaram a embalar o índice à vista por aqui, que engatou alta firme de 0,99%, aos 135.368,27 pontos. Só o giro de R$ 16,6 bi é que não dá para nada.


… Petrobras e os bancos deram impulso ao Ibovespa, enquanto a leve queda da Vale não comprometeu o dia. Faltou um pouco de fôlego para as ações da mineradora, que vinham em alta há três pregões e caíram 0,14%, a R$ 57,42.


… A queda de 0,61% do minério facilitou a realização de lucro na Vale, que, no entanto, foi limitada pela boa repercussão no mercado dos resultados operacionais revelados pela produção e vendas do segundo trimestre.


… Os dados foram considerados “satisfatórios” pelo BofA, que elevou a ligeiramente a aposta do Ebitda entre abril em junho, de US$ 3,2 bilhões para US$ 3,3 bilhões. O banco ainda manteve a recomendação de compra às ações.


… Entres os motores da bolsa ontem, Petrobras se destacou com ganhos consistentes. O papel ON avançou 2,23%, para R$ 34,84, e o PN emplacou valorização de 2,04%, negociado a R$ 31,99, ignorando o petróleo morno.


… Preferindo esperar por um anúncio oficial do acordo entre os Estados Unidos e a União Europeia, ao invés de já embarcar na euforia antecipada, o barril do tipo Brent para setembro caiu de leve, só 0,11%, cotado a US$ 68,51.


… As blue chips financeiras subiram em bloco no Ibov. Bradesco e BB aceleraram a alta na reta final com a notícia no Valor de que o iFood teria interesse na Alelo, empresa de cartões de benefícios controlada pelos dois bancos.


… A oferta de compra chegaria a R$ 5 bilhões, segundo a reportagem. Banco do Brasil deslanchou 1,61%, para R$ 20,21. Bradesco ON ganhou 1,64%, a R$ 13,63. Bradesco PN registrou alta 1,60% e fechou valendo R$ 15,88.


… Itaú PN teve valorização de 1,11%, a R$ 35,39, e as units do Santander avançaram 0,45%, para R$ 26,52.


TOPOS – Enquanto Trump continua mantendo o Brasil na geladeira, as indicações de negociações avançadas dos americanos com a União Europeia dão gás para as bolsas em NY persistirem na rotina de marcas inéditas.


… Pela primeira vez na história, o Nasdaq cruzou a barreira dos 21 mil pontos, em alta de 0,61%, aos 21.020,02 pontos. Recorde histórico ontem também para o S&P 500, que avançou 0,78%, para os 6.358,91 pontos.


… O índice Dow Jones fechou em alta de 1,14%, aos 45.010,29 pontos. A continuidade do ânimo será, porém, testada hoje pelo tombo dos papéis da Tesla e da IBM no after market, com a safra dos balanços no radar.


A FRITURA CONTINUA – Na véspera de sua vista ao Fed, Trump voltou a criticar Powell, que “não tem coragem” de cortar o juro, porque o “sujeito teimoso simplesmente não entende, nunca entendeu e nunca vai entender”.


… O presidente americano voltou a cobrar que o juro deveria estar 3 pontos porcentuais abaixo do nível atual. Segundo ele, a demora na retomada do ciclo de afrouxamento monetário tem prejudicado as famílias de modo geral.


… Em meio aos ataques, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse que toma café da manhã praticamente toda semana com Powell e que projeta de um a dois cortes de juros pelo Fed até o final do ano.


… Para Bessent, a análise de tarifas do Fed “está um pouco errada”, mas assegurou que Trump não demitirá Powell.


… Na Bloomberg, o presidente da Câmara, Mike Johnson, se disse “desencantado” com Powell, mas questionado sobre eventual apoio à demissão do presidente do Fed, disse não ter clareza sobre autoridade legal para tanto.


EM TEMPO… No Globo, BC pediu que BRB e MASTER refaçam contas de ativos para avaliar viabilidade do negócio…


… O BC encontrou inconsistências nas informações compartilhadas pelos bancos em relação aos ativos que foram incluídos na operação, o chamado perímetro, e também àqueles que ficaram de fora.


SABESP deverá analisar as Parcerias Público-Privadas (PPPs) em estruturação pelo governo paulista, segundo o presidente da empresa, Carlos Piani…


… Piani também afirmou que a Sabesp deverá analisar outros grandes leilões de água e esgoto previstos para este ano, como Pernambuco e Rondônia.


PETRORECÔNCAVO. Citi rebaixou para neutra a recomendação para ação e cortou preço-alvo de R$ 18 para R$ 15…


… Banco disse esperar que companhia apresente retração dos números do segundo trimestre na comparação com os três meses anteriores, refletindo o câmbio e o recuo do petróleo, já que a produção ficou praticamente estável. 


ALLOS. Conselho de Administração aprovou os termos e condições do protocolo para cisão e incorporação de suas subsidiárias, em reunião realizada em 14/7.


AZUL apresentou receita líquida total de R$ 1,64 bilhão no mês de junho, com resultado operacional ajustado por itens não recorrentes relacionados à reestruturação de R$ 155,6 milhões…


… Informações são preliminares e não auditadas e foram elaboradas para fins de cumprimento das exigências do processo de recuperação judicial no EUA (“Chapter 11”)…


… Ainda de acordo com a prévia, companhia teve Ebitda ajustado de R$ 420,4 milhões, com margem Ebitda ajustada de 25,6%; margem operacional foi de 9,5%…


… Caixa e equivalentes de caixa e aplicações financeiras de curto prazo da companhia somaram R$ 1,6 bilhão, enquanto as contas a receber totalizaram R$ 1,69 bilhão…


… Essa é a primeira vez que a companhia divulga seus resultados financeiros mensais não auditados desde que iniciou o processo de reestruturação nos EUA, em 28 de maio.

quarta-feira, 23 de julho de 2025

José Augusto Lambert

A situação política em que nos encontramos é grave e perigosa.

Por conta da polarização deixamos de enxergar como os limites do Estado de Direito democrático estão sendo ultrapassados em base quase diária.

Essa leniência e omissão diante dos abusos de nosso judiciário atinge, particularmente aqueles que detestam, com alguma razão, Bolsonaro e os bolsonaristas. Para boa parte destes, as arbitrariedades e ilegalidades praticadas pelas nossas supremas cortes são aceitas como "justas" porque só estão atingindo os Bolsonaros, as Zambellis, os patriotários e bolsonaristas em geral. 

Não percebem que as "interpretações" enviesadas e as jurisprudências que desafiam a letra da Lei e a intenção do legislador, praticadas pelo STF, especialmente nos últimos 6 anos, abrem perigosos precedentes legais que poderão ser usados contra qualquer um. Hoje já atingem os bolsonaristas, a imprensa, as redes sociais, o Congresso e a direita como um todo.

Hoje, muitos confundem a defesa do Estado de Direito aos ataques do STF com a defesa do Bozo, de seus apoiadores ou de suas teses. Não percebem que quem está sob ataque da Juristocracia sem limites é o próprio Estado de Direito. O que está sendo atropelado são os nossos direitos democráticos, legais e políticos. O verdadeiro golpe à democracia não foi a trama golpista flopada por falta de apoio militar ou a arruaça dos patriotários, um crime de golpe impossível pois desarmado.


O verdadeiro golpe a nossa democracia está sendo dado a cada decisão monocrática de ministros do STF, endossada pelo silencio cúmplice do colegiado, que liberta corruptos confessos e condenados em várias instancias, cassa mandatos e prende por crimes de opinião, censura e pune jornalistas, mídias, redes sociais, parlamentares e condena a penas absurdas os patriotários do 8 de janeiro.


Não importa quem são as vitimas da vez. Ao final e ao cabo, somos todos vítimas do arbítrio e do desrespeito às leis.


Seguem depoimentos e reflexões sobre essa grave e real ameaça a nossa democracia.

BDM Matinal Riscala

 Bom Dia Mercado.


Quarta Feira, 23 de Julho de 2.025.


*Relatório bimestral frustra meta de 2026*


Calendário de balanços tem pesos pesados em NY, com AT&T, antes da abertura, e Alphabet, IBM e Tesla, após o fechamento


… Agenda fraca de indicadores prevê apenas o índice de confiança do consumidor na Zona do Euro e vendas de casas usadas nos Estados Unidos. E, aqui, só os dados do fluxo cambial do BC. Mas o calendário de balanços tem pesos pesados em NY, com AT&T, antes da abertura, e Alphabet, IBM e Tesla, após o fechamento. Na B3, sai o resultado de WEG, nesta manhã. Em Washington, Trump fechou acordo com o Japão e avança nas negociações com a China, o Reino Unido, Filipinas e Indonésia. Mas no Brasil, o embate sobre a tarifa de 50% segue sem novidades, o que permitiu um dia de relativa estabilidade nesta terça-feira, apesar da surpresa com as mudanças no Relatório Bimestral.


… Para liberar R$ 20,6 bilhões em gastos adicionais neste ano, reduzindo a contenção programada de R$ 31,3 bilhões para R$ 10,7 bilhões, o governo contou com o aumento do IOF e antecipou valores do leilão do pré-sal.


… Ao acrescentar o total de R$ 27,1 bilhões às receitas (a maior parte extraordinárias), a equipe econômica melhorou a previsão para o resultado primário em 2025 para déficit de R$ 26,3 bilhões (0,2% do PIB), perto de zero.


… Mas a contabilidade foi considerada negativa pelo economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto.


… “O governo perdeu a chance de facilitar o cumprimento da meta fiscal em 2026, que será muito mais difícil, com o superávit de 0,25% do PIB (R$ 34,5 bilhões). Seria melhor deixar para contabilizar essa receita no ano que vem.”


… A Warren estima déficit de R$ 108,9 bilhões em 2026 e alerta que, mesmo subtraindo os precatórios, ainda faltam R$ 58,8 bilhões, o que aumenta o risco de a meta precisar ser alterada ou descumprida no ano que vem.


… Outros economistas no Estadão, como Rafaela Vitória (Banco Inter), concordam que o governo deveria ter mantido a contenção total de gastos acima do anunciado nesse bimestre para atingir o centro da meta fiscal para 2025.


… “O governo perde a oportunidade de sinalizar disciplina fiscal maior e contribuir para a queda de inflação e do juro, com o risco de uma aceleração das despesas no segundo semestre, o que pode significar novo impulso fiscal.”


… Além disso, observa que o resultado apresentado é fruto de receitas não recorrentes, principalmente da esperada com a exploração de petróleo, “o que faz ser ainda mais relevante a contenção do crescimento de gastos”.


… Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, a administração das contas públicas deverá “viver dessa constante de bloqueio e contingenciamento até um novo regime fiscal ser criado”.


… Na entrevista para comentar o Relatório Bimestral, o secretário de Orçamento, Clayton Montes, citou a expectativa de arrecadar R$ 16,5 bilhões com leilões de direitos de petróleo e mais R$ 1,7 bilhão pelo campo de Jubarte.


… Já o secretário da Receita, Robinson Barreirinhas, disse que o governo espera arrecadar R$ 8,4 bilhões com o aumento do IOF até o fim do ano. Para 2026, a previsão é de arrecadação de R$ 27,7 bilhões.


… Apesar das desconfianças do mercado, o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, disse que a meta fiscal de 2026 está mantida e validada pela revisão de benefícios tributários, que ainda será proposta ao Congresso.


FECHOU COM O JAPÃO – Presidente Trump anunciou, nesta terça-feira à noite, que foi fechado um acordo comercial com os japoneses. Segundo ele, “um acordo gigantesco, talvez o maior acordo já feito, o maior da história”.


… Na sua rede Truth Social, Trump disse que o Japão investirá, “sob minha orientação”, US$ 550 bilhões nos Estados Unidos, que receberão 90% dos lucros. O país asiático teve a tarifa de 25% reduzida para 15%.


… Ainda segundo o presidente americano, o acordo “criará centenas de milhares de empregos e o Japão abrirá o país para o comércio, incluindo carros e caminhões, arroz e alguns outros produtos agrícolas”.


… Trump informou, ainda, que o acordo firmado com o Japão prevê uma joint venture no Alasca para produção de Gás Natural Liquefeito (GNL), dizendo que “este é um momento muito empolgante para os Estados Unidos”.


… O principal negociador do Japão, Ryosei Akazawa, que está em Washington desde segunda-feira, confirmou no X a “missão foi cumprida”, com um agradecimento: “Um grande obrigado a todos os envolvidos.”


… Ele disse, porém, não ter havido mudanças nas tarifas americanas impostas sobre o aço e alumínio, atualmente em 50%. Quanto às taxas destinadas aos automóveis, o Japão conseguiu negociar uma redução de 25% para 15%.


… Ainda nesta terça-feira, Trump firmou acordos com a Indonésia e as Filipinas, que pagarão 19% de tarifas.


… A Indonésia vai abrir mercado para produtos industriais, tecnológicos e agrícolas dos EUA, eliminando 99% de suas barreiras, incluindo minerais críticos, compra de aviões Boeing, produtos agrícolas e energia americana.


BEST FRIENDS – Também avançam as negociações entre os Estados Unidos e a China, com direito a elogios de Trump para Xi e de Xi para Trump, que aceitou um convite para visitar Pequim “em um futuro não tão distante”.


… O presidente americano disse estar “lidando muito bem” com a China, que “o fornecimento de ímãs chineses está funcionando bem”. Já Pequim disse que a China busca “relações saudáveis” com os Estados Unidos.


… O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, informou, nesta terça-feira, que os dois países farão uma nova rodada de negociações na próxima semana e que a trégua que se encerra em 12 de agosto deve ser estendida.


REINO UNIDO – A Casa Branca informou que Trump se encontrará no fim de semana com o primeiro-ministro, Keir Starmer, para formalizar o acordo comercial. Já com o Canadá, as negociações estão mais difíceis.


… O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, afirmou que as negociações são “complexas” e que ele usará todo o tempo necessário para chegar a um acordo que represente os melhores interesses ao seu país.


AMERICANOS PAGAM A CONTA – Na Bloomberg, o consumidor americano está pagando pelas tarifas de Trump, não as empresas estrangeiras. Para o Deutsche, é provável que haja mais pressão sobre os preços no horizonte.


… Segundo a reportagem, na GM, as taxas reduziram os lucros em mais de US$ 1 bilhão com a opção de absorver o impacto. Mas setores como de brinquedos e eletrodomésticos estão repassando as tarifas.


MAIS JAPÃO – Sem citar fontes, o jornal Mainichi informou que o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, pretende renunciar ao cargo até o fim de agosto, após o enfraquecimento da coalizão governista nas eleições do domingo.


… Segundo a publicação, o premiê planeja se reunir com líderes partidários nesta quarta-feira.


AJUDA AOS EXPORTADORES – Em Brasília, o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que o plano de contingência para socorrer empresas prejudicadas pelo tarifaço de Trump terá o “menor impacto fiscal possível”.


… Ele reforçou, ainda, que a eventual ajuda às empresas será feita somente para aqueles setores que, de fato, forem afetados pelo tarifaço. “Tudo vai ser feito de maneira pontual, sem prejudicar o cumprimento das metas”.


… Segundo Durigan, o ministro Fernando Haddad tratou dos detalhes com o presidente Lula, nesta terça-feira, mas as conversas não foram conclusivas e seguirão até a data prevista para a tarifa de 50% entrar em vigor.


… O número 2 da Fazenda descartou eventual taxação das big techs no contexto de retaliações aos Estados Unidos.


TARCÍSIO – No Estadão, o governador de SP, Tarcísio de Freitas, lançará nesta quarta-feira uma linha de crédito com juros subsidiados para os exportadores paulistas enfrentarem o tarifaço de Trump.


… A linha “Giro Exportador” disponibilizará R$ 200 milhões com taxas de 0,27% ao mês mais a inflação. O prazo para pagamento é de até 60 meses, com carência de até 12 meses. Cada cliente poderá financiar até R$ 20 milhões.


BOLSONARO – Advogados do ex-presidente protocolaram no STF um pedido de esclarecimento ao ministro Alexandre de Moraes sobre as restrições impostas a ele, em especial, sobre a proibição de conceder entrevistas.


… A defesa afirma que, “em nenhum momento e de nenhuma forma, ao que se entendeu, foi proibido que ele desse entrevistas”, mas sim proibido de usar redes sociais, o que significa que não descumpriu as medidas cautelares.


… De qualquer, prometeram que Bolsonaro permanecerá calado de agora em diante.


AGENDA – A terceira quadrissemana de julho do IPC-S será divulgada pela FGV às 8h.


… No início da tarde (14h30), o Banco Central informará os dados semanais do fluxo cambial.


… Neoenergia realiza teleconferência para investidores, às 10h, sobre o balanço divulgado ontem à noite, quando reportou lucro de R$ 1,631 bilhão no 2Tri, no dobro do que foi registrado no 2T/2024 (R$ 815 milhões).


… Hoje, é a vez de WEG divulgar o seu balanço, daqui a pouco, antes da abertura da bolsa.


LULA – Participará de cerimônia de anúncios do programa “Transformação digital: um governo para cada pessoa”, no Palácio do Planalto, nesta quarta-feira, 23, a partir das 11h.


LÁ FORA – A confiança do consumidor na Zona do Euro em julho e as vendas de casas usadas nos Estados Unidos em junho serão divulgadas às 11h. Às 11h30, saem os estoques de petróleo bruto do DoE.


… AT&T abre o calendário de balanços em NY, nesta manhã, com projeção de lucro por ação de US$ 0,53. Depois do fechamento, vêm Alphabet (US$ 2,18), IBM (US$ 2,65) e Tesla (US$ 0,40).


CARA DE PAISAGEM – Fingindo não ter visto que, na prática, o conteúdo do relatório bimestral de receitas e despesas eleva a percepção de risco fiscal, a curva do DI acentuou a queima de prêmio de risco na reta final.


… Os juros futuros não se constrangeram em cair, mesmo com a menor contenção total de despesas do Orçamento, uma surpresa para os economistas, que projetavam manutenção do corte de gastos do relatório anterior.


… Todos os trechos da curva do DI recuaram, especialmente a ponta longa, acompanhando o alívio no rendimento dos Treasuries, em uma sessão sem novidades no cenário político e nem em relação à guerra tarifária de Trump.


… No fechamento, o DI para Jan/26 marcava 14,945% (de 14,954% no ajuste anterior); Jan/27 retrocedia a 14,250% (de 14,310% na véspera); Jan/29, a 13,470% (de 13,573%); Jan/31, 13,680% (13,790%); e Jan/33, 13,770% (13,879%).


… Lá fora, as taxas dos Treasuries engatam o terceiro pregão consecutivo de queda, diante do risco de que Trump, em sua obsessão contra Powell, esteja influenciando a autonomia do Fed para um viés bem mais dovish (abaixo).


… O rendimento da Note de 2 anos recuou para 3,833%, de 3,860%, e o de 10 anos foi a 4,341%, contra 4,382%.


… Diferente do DI, que ignorou a reversão total do contingenciamento pelo governo, o câmbio ainda esboçou alguma reação mais desconfortável ao relatório fiscal, com o dólar estável, apesar da queda da moeda no exterior.


… Sob a cautela muito sutil, operou no zero a zero (+0,04%), cotado a R$ 5,5669. Segundo o Valor, o real teve um dos piores desempenhos entre as 33 moedas mais líquidas do mundo, mas se manteve abaixo da marca de R$ 5,60.


… Os ativos domésticos driblaram a incerteza fiscal e a ameaça tarifária de Trump, enquanto o governo Lula tenta administrar a crise através do plano de contingência de ajuda a setores prejudicados e procura por novos mercados.


… No melhor momento do dia, o Ibovespa subiu perto de 0,80% e retomou os 135 mil pontos (135.300,29), mas perdeu fôlego e neutralizou toda a alta até o fechamento. Só não dá para cravar que foi por causa do relatório fiscal.


… Melhor esperar hoje para ver se a bolsa desperta para uma repercussão defasada mais negativa aos gastos, enquanto passa os dias esperando que Trump abra o coração para negociar as tarifas com o governo Lula.  


… Ontem, o Ibovespa não virou para o negativo, porque as blue chips das commodities seguraram a onda. Vale pegou carona no rali de 2,49% do minério de ferro, que atingiu o nível mais elevado em cinco meses.


… Os papéis da mineradora subiram 2,59%, para R$ 57,50, entre os maiores ganhos do Ibovespa, que teve CSN na ponta. A ação disparou 7,13%, a R$ 8,56, seguida de Usiminas PNA, com salto de 5,99%, negociada a R$ 4,25.


… Petrobras também ajudou: ON subiu 1,04%, a R$ 34,08; e PN ganhou 0,97%, a R$ 31,35, apesar de o petróleo ter voltado a cair, diante da preocupação do investidor quanto aos impactos da política tarifária dos EUA na demanda.


… O contrato do barril do Brent para setembro perdeu 0,89%, cotado a US$ 68,59 no final do pregão.


… Os principais bancos domésticos fecharam mistos. Itaú PN entrou em realização de lucro e caiu 1,35%, para R$ 35,00. Também no vermelho, Bradesco ON perdeu 0,51%, a R$ 13,41, e PN recuou 0,32%, para R$ 15,63.


… Já Santander unit se destacou, subindo 0,61%, a R$ 26,40, e BB fechou em leve alta de 0,15%, a R$ 19,89.


… O Ibovespa terminou a sessão com leve recuo de 0,10%, aos 134.035,72 pontos, e giro de R$ 18,2 bilhões.


VAI PARA O SACRIFÍCIO – Ver Trump falar mal de Powell virou rotina. Surpresa foi o guru de Wall Street Mohamed El-Erian aconselhar nas redes sociais a demissão do presidente do Fed para preservar a independência da instituição.


… Foi um dos primeiros economistas a apoiar a saída para baixar as turbulências. Para ele, a renúncia é melhor do que o cenário atual, no qual o BC norte-americano enfrenta “ameaças amplas e crescentes” à sua independência.


… El-Erian esclareceu que, apesar de não ser o cenário ideal, um afastamento voluntário de Powell mitigaria os ataques ao Fed. “Temo que isso (ficar no cargo) não seja mais possível. Se fosse, eu estaria totalmente alinhado.”


… Ele acredita que a renúncia não provocaria nervosismo, porque nomes “confiáveis” mencionados para a sucessão no comando do Fed ajudariam a preservar a autonomia, sendo capazes de “acalmar qualquer potencial nervosismo”.


… Diariamente, Powell vem sendo fritado pelo governo Trump. O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, afirmou que a independência do Fed em relação à política monetária está ameaçada por seu “desvio de mandato”.


… Mas ele disse não ver sinais de que Powell renunciará agora, enquanto Trump afirmou que “em oito meses ele estará fora”, embora ainda faltem dez meses para o presidente do Fed encerrar o seu mandato, só em maio.


… Insistindo em dizer que Powell faz um “trabalho horrível”, o presidente americano o acusou de agir por motivos políticos e defendeu cortes agressivos nos juros, para 1%, bem abaixo do nível atual (entre 4,25% e 4,5%).


… Diante da interferência e da pressão dovish de Trump, o índice DXY do dólar fechou em queda de 0,47%, a 97,392 pontos, com alta de 0,46% do euro, para US$ 1,1747, e avanço de 0,27% da libra esterlina, negociada a US$ 1,3527.


… Já o iene ampliou a alta para 146,56 por dólar, ainda aliviado pela permanência do premiê Ishiba no cargo, que no entanto não está assegurada, como se viu pela publicação ontem à noite na imprensa japonesa.


… Segundo o Rabobank, a independência do Fed “se tornou mais complexa” recentemente e não está garantida, diante dos sinais de que a influência de Trump sobre as decisões de política monetária aumentou.


… “Não esperamos perda total de autonomia, mas vemos espaço para quatro cortes de juros em 2026, além de um movimento em setembro”, pontua o banco. Já na reunião da semana que vem, tudo deve ficar como está.


… Apesar da crise de credibilidade atravessada pelo Fed, as bolsas em NY não exibiram qualquer sinal de pânico.


… Vindo de recordes em sequência, o Nasdaq recuou 0,39%, aos 20.892,69 pontos, antes dos balanços das gigantes de tecnologia. O Dow Jones subiu 0,40%, aos 44.502,44 pontos, e o S&P 500 ficou praticamente estável.


… Com o pouquinho que subiu, só 0,06%, renovou a máxima histórica de fechamento, aos 6.309,62 pontos. A GM afundou 8,12%, após ter anunciado queda nos lucros trimestrais, diante do elevado impacto de tarifas de Trump.


EM TEMPO… VALE reagiu de forma morna no after market, em leve alta de 0,19%, ao relatório trimestral de produção e vendas de minério de ferro, divulgado depois do fechamento dos mercados…


 … A produção de minério de ferro totalizou 83,6 milhões de toneladas, avanço de 4% na comparação anual; produção de pelotas totalizou 7,9 milhões de toneladas, queda de 12% ante mesmo período de 2024…


… Vendas de minério de ferro totalizaram 77,3 milhões de toneladas, baixa de 3% em relação ao mesmo trimestre do ano passado; produção de cobre totalizou 92,6 mil toneladas, alta anual de 18%…


… A produção de níquel totalizou 40,3 mil toneladas, crescimento de 44% sobre mesmo período de 2024.


GOL. B3 concedeu à empresa, em caráter extraordinário, prazo automático para reenquadramento do percentual mínimo de ações em circulação, o chamado “free float”, até 18/1/27.


SABESP divulgou os marcos financeiros e operacionais alcançados após um ano da sua privatização, com destaque para os R$ 10,6 bilhões em investimentos desde a sua desestatização…


… Do investimento total dos últimos 12 meses, período encerrado em 30 de junho de 2025, R$ 6,5 bilhões foram aportados entre janeiro e junho deste ano, dos quais R$ 3,6 bilhões se concentraram no 2TRI.


TIM aprovou a distribuição de R$ 320 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,1323 por ação, com pagamento em 21/10; ex em 26/7.


WEG aprovou a distribuição de R$ 719,3 milhões em dividendos intermediários, o equivalente a R$ 0,1714 por ação, com pagamento em 13/8; ex em 28/7.

terça-feira, 22 de julho de 2025

Reforma administrativa: sai ou não sai?

 Reforma administrativa: veja 7 propostas que serão levadas aos líderes para discussão no Congresso


Pedro Paulo, coordenador do grupo de trabalho, admite que evitou supersalários em proposta inicial, mas diz que insistirá em inclusão por meio de estratégia política


 


Por Mariana Carneiro


22/07/2025 | 09h30


Notícia de presente


BRASÍLIA - Coordenador do grupo de trabalho da reforma administrativa na Câmara, o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) afirma que tem 17 propostas prontas para disciplinar pagamentos de vantagens e “penduricalhos” que inflam o salário da elite do funcionalismo público. Os temas ficaram de fora dos textos legais que ele entregou ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), na última semana, por uma estratégica política.


PUBLICIDADE


Pedro Paulo diz querer angariar antes o apoio de líderes partidários para evitar que o texto seja objeto de “sabotagem”, assim como ocorreu em outras tentativas de brecar os excessos no serviço público. Isso só deve ocorrer na volta dos trabalhos no Congresso, após o recesso, em agosto.


“É muito fácil eu apresentar uma proposta apocalíptica, uma proposta com tudo — e tem propostas na Casa que fazem isso, né? Tem proposta de todos os campos ideológicos, mas todas elas fracassaram, porque não se buscou ter algum tipo de diálogo político para consensuar algumas medidas e avançar”, afirma o deputado, em entrevista ao Estadão.


“A nossa estratégia é, junto dos líderes, olhar minuciosamente, cada uma dessas 17 medidas e, no momento em que começarmos a ter as digitais dos líderes, nós vamos inserindo no texto”, acrescenta.


Para você


Pedro Paulo diz que as propostas estão prontas para serem inseridas nas três peças legais que perfazem a reforma administrativa da Câmara: uma emenda constitucional (PEC), um projeto de lei complementar e um projeto de lei ordinário.


 


O coordenador do grupo de trabalho da reforma administrativa na Câmara, deputado Pedro Paulo Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados


Ele antecipou algumas das medidas que serão abordadas com os líderes, como a que limita pagamentos retroativos a carreiras da magistratura e restringe que sejam autorizados por meio de instruções ou resoluções administrativas, expedidas pelos conselhos de Justiça do Ministério Público.


O cenário econômico do Brasil e do mundo e as implicações para o seu bolso, de segunda a sexta.


inscreva-se


Ao se cadastrar nas newsletters, você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade.


Ele também colocará em pauta benefícios que exacerbam a realidade do restante do serviço público, como o adicional de férias de até metade do salário — a lei prevê a antecipação de um terço, mas alguns tribunais elevaram o benefício usando como argumento que a lei estabelece um piso, não um teto para essa antecipação.


Veja 7 propostas que serão levadas aos líderes para discussão sobre reforma administrativa


1. Transparência obrigatória


Todo ato remuneratório será digital, rastreável e acessível ao público.


Publicidade


Objetivo: Permitir fiscalização social e do Tribunal de Contas.


2. Retroativos só após trânsito em julgado


Acordos administrativos (CNJ, CNMP) deixam de gerar pagamentos milionários.


Objetivo: Cortar indenizações que furam o teto salarial do funcionalismo (hoje em R$ 46,3 mil)


3. Fim da ‘cobertura de vacância’ em dinheiro


Membros do Ministério Público não receberão extra por ocupar vaga ociosa; folga não vira pecúnia. Acabar com extensão de benefício por similitude para magistrados, como redução de acervo.


Publicidade


Objetivo: Reduzir gastos correntes.


4. Teto de ⅓ sobre férias


Impede interpretações que elevam o adicional a 50 %.


Objetivo: Fechar nova porta de supersalário.


5. Subteto para salários e penduricalhos


Congela, em termos reais (descontada a inflação), o total que cada Poder pode destinar a bônus e indenizações.


Publicidade


Objetivo: Conter expansão por rubrica de penduricalho e de fundos como o da Advocacia‑Geral da União.


6. Publicação de folhas ‘secretas’


Fundos de honorários de procuradores e advogados públicos passam a divulgar rateios.


Objetivo: Fechar brecha hoje tratada como “conta privada”.


7. Limite de secretarias em municípios dependentes de repasses


Cidades cuja arrecadação própria for inferior a 50 % da receita total ficam restritas ao número de secretarias. A regra seguirá as mesmas faixas que limitam o número de vereadores de acordo com o número de habitantes.


Publicidade


Objetivo: Reduzir a “folha política” em municípios pequenos e estimular a arrecadação própria.


 


Salários transparentes


Pedro Paulo também deseja tornar obrigatória a informação dos fundos criados pelos advogados da União para ratear os ganhos de honorários advocatícios, hoje de caráter privado. O argumento é que esses fundos não recebem apenas honorários, mas também encargos legais — uma cobrança adicional sobre o contribuinte que tem a sua dívida contestada na Justiça.


“Todo ato público terá de ser digital e rastreável, sem exceção. Inclusive a informação sobre o salário de quem está no serviço público. Quer ser servidor público? Seja estatutário, comissionado, temporário, você vai ter que estar com o seu salário disponibilizado. Escolheu estar no serviço público, seu salário tem que ser público”, afirmou Pedro Paulo.


O deputado afirma que vem procurando associações que representam não apenas os servidores das carreiras jurídicas, mas também os de cortes de contas, para sugerir que proponham alternativas para disciplinar a concessão de benefícios que permitem que esses servidores ganhem mais do que o teto do funcionalismo, hoje em R$ 46.366,19. Mas não houve retorno.


Publicidade


“Esse é o problema. E eu tenho dito o seguinte: olha, se vocês não fizerem proposta, a gente vai avançar com a proposta ‘Armagedom’, porque o supersalário é um ponto de não retorno”, afirmou.


A proposta de limitar os supersalários no funcionalismo é objeto de um projeto de lei que tramitou na Câmara e parou no Senado após a lista de penduricalhos passíveis de serem excluídos do teto remuneratório se multiplicar por força do lobby de servidores. O governo então desistiu de impulsionar a proposta como está, e o debate migrou para a Câmara.


Além de Pedro Paulo, a bancada de deputados do PT também fez, na última semana, proposta para limitar os supersalários, restringindo a oito os benefícios que podem furar o teto remuneratório — como comparação, o projeto do Senado prevê 32 exceções.


Em entrevista ao Estadão, a ministra Esther Dweck afirmou ser contra o pagamento retroativo a servidores, mas evitou cravar qual proposta acredita que deve vingar contra os supersalários.


Publicidade


“Eu quero caminhar num consenso mínimo. Se o mínimo for que não pode pagar retroativo de verbas indenizatórias, eu já estou feliz. Porque esse retroativo é muito ruim, é onde se vê ‘o tribunal pagou R$ 1 milhão para uma pessoa’”, disse a ministra.


Pedro Paulo afirma que uma das hipóteses, sem restringir o debate ao penduricalho, é criar um subteto de gastos do Poder Judiciário para o pagamento de folha, bônus e indenizações.


“Com o subteto, você fecha a caracterização individual e fica com o teto disponível, o montante disponível”, afirmou.


Segundo ele, este teto pode ter uma correção pela inflação, mas sem expandir e consumir recursos de outras finalidades.


Publicidade


“O total desses orçamentos está começando a ficar destinados para esse pagamento de complementos de salário. Daquilo que nasceu, por exemplo, para adotar de infraestrutura esses órgãos de justiça, está virando só complemento salarial. Criar um subteto diminui o peso disso”, afirmou.


Além de disciplinar os elevados salários nas carreiras jurídicas do governo federal, Pedro Paulo disse que também mira pequenas prefeituras, distantes do radar dos órgãos de controle.


As cidades que dependem de repasses federais para sobreviver terão, segundo seu projeto, um número limitado de secretários. A remuneração deles também será limitada a uma fração da remuneração de deputados estaduais.

Produtividade é a saída

  O mundo está girando (e rápido): o Brasil vai acompanhar ou ficar para trás? 🌎🇧🇷 Acabei de ler uma análise excelente de Marcello Estevã...