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Imbróglio Master BRB

 https://oglobo.globo.com/economia/negocios/noticia/2025/07/23/bc-pede-que-brb-e-master-refacam-contas-de-ativos-para-avaliar-viabilidade-do-negocio.ghtml


*BC pede que BRB e Master refaçam contas de ativos para avaliar viabilidade do negócio*


_Operação anunciada em março ainda depende de aval do Banco Central para ser fechada_


Por Thaís Barcellos — Brasília


O Banco Central fez um novo pedido de informações ao Banco Master e ao BRB no âmbito da análise do negócio anunciado entre as duas instituições. Segundo um interlocutor a par do assunto, o BC encontrou inconsistências nas informações compartilhadas pelos bancos em relação aos ativos que foram incluídos na operação, o chamado perímetro, e também àqueles que ficaram de fora.


O objetivo é garantir tanto a viabilidade econômica do novo conglomerado que vai surgir com a aquisição pelo BRB de uma fatia do Master quanto uma solução adequada para a parte restante. A revisão das informações envolvem tantos dados financeiros, como o valor dos ativos, como se há cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), por exemplo.


Na prática, a nova solicitação do BC deve refinar o perímetro da operação, que, conforme a última informação, deixava cerca de R$ 33 bilhões de ativos de fora, de R$ 23 bilhões inicialmente.


Quanto mais amplo o perímetro, pior a qualidade dos ativos, disse uma das pessoas envolvidas nas tratativas. Foram retirados, por exemplo, precatórios e participações em empresas em dificuldades. O acordo prevê a compra de 58% do capital social total do Master pelo BRB (49% das ações ordinárias e 100% das ações preferenciais).


O ofício foi enviado às partes após uma série de reuniões de integrantes do BC com representantes do BRB e do Master nos últimos dias. No sábado, o presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, recebeu, junto com outros diretores do BC, Daniel Vorcaro, presidente do banco privado, e o CEO, Augusto Ferreira de Lima.


Na segunda, foi a vez de se encontrar com Paulo Henrique Costa, presidente do BRB, e com o diretor executivo de Finanças, Dario Oswaldo Garcia Junior. Por fim, nesta terça, Vorcaro, Costa e outros diretores do banco público estiveram no BC para uma reunião com os diretores de Fiscalização, Ailton Aquino, e de Organização do Sistema Financeiro e Resolução, Renato Gomes.


Procurados, os bancos não se manifestaram.


Há cerca de um mês, o BC já havia questionado os dois bancos por inconsistências nas operações de compra de carteira de crédito consignado entre eles no fim de 2024. No ano passado, o BRB comprou cerca de R$ 8 bilhões em carteiras de crédito do banco liderado por Daniel Vorcaro, em uma espécie de primeiro passo na relação entre as duas instituições financeiras.


Apesar do novo pedido do BC, pessoas envolvidas na operação mantêm a expectativa de que a análise do processo no regulador pode ser concluída nas "próximas semanas". Um interlocutor pontuou que todas as partes, inclusive o BC, têm interesse em uma solução negociada para os problemas do Master. O Conselho de Defesa Econômica (Cade) já aprovou a operação.


*Negociação*


A operação entre os dois bancos está envolta em polêmicas. O Master enfrenta problemas de liquidez. O banco adotava estratégia que se baseava em captações via CDBs com retornos bastante acima da média do mercado, com a salvaguarda do Fundo Garantidor de Créditos.


Por outro lado, os ativos para fazer frente a esses compromissos são em parte ilíquidos, como os precatórios e a participação em empresas em crise.


Nesse caso, se o Master entrasse em crise, o FGC, que é formado com contribuições das instituições financeiras associadas, teria de arcar com um volume relevante de ressarcimento para pessoas físicas com aplicações de até R$ 250 mil de pessoas físicas - um problema para o sistema financeiro.


Segundo o balanço de 2024, o Master tinha R$ 12,4 bilhões de CDBs a vencer até o fim deste ano, contra um ativo total para o mesmo período de R$ 18,3 bilhões. No total, o estoque de CDBs e CDIs era de R$ 49,8 bilhões. A liquidez do FGC, em junho de 2024, era de R$ 107,8 bilhões.


Diante disso, chamou atenção o interesse do BRB, um banco público, no negócio. O BRB defendeu, contudo, que a operação seria importante na estratégia de crescimento da instituição, possibilitando uma atuação maior nas áreas de câmbio, mercado de capitais e cartão de crédito consignado.


"O novo conglomerado prudencial visa fortalecer a atuação conjunta no mercado, pela oferta completa de produtos e serviços bancários, de seguridade, meios de pagamento e investimentos a pessoas físicas e jurídicas, presença nacional e estrutura de governança, capital, liquidez, rentabilidade e conformidade regulatória compatível com o porte do novo conglomerado", disse o BRB na época do anúncio da compra.


Recentemente, a venda de ativos privados de Vorcaro ao BTG no valor de R$ 1,5 bilhão foi considerado um passo importante para viabilizar a operação com o BRB dentro do BC, já que os recursos foram aplicados no Master, dando um "refresco" imediato de liquidez. Para o Banco Central, é importante que o caso Master seja resolvido por inteiro.


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