terça-feira, 25 de novembro de 2025

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: Ontem, segundo dia de subidas consecutivas, mas com bastante força. Principalmente tecnologia, porque está diretamente vinculada às expetativas sobre taxas de juros. Daly (Fed São Franscisco) afirmou que irá apoiar outra descida de taxas de juros a 10 de dezembro, porque acredita que o emprego se deteriora. Waller (Conselho da Fed) apoiou a descida sob argumento idêntico. Portanto, atualmente, o consenso oscilante estima ca. 70% de probabilidade da Fed baixar taxas de juros em dezembro e esse foi ontem o principal fator impulsionador do mercado, junto com a ingénua expetativa de um plano de paz para a Ucrânia na quinta-feira, que é a data que Trump marcou como limite unilateralmente. O ceticismo sobre a IA parece desvanecer-se, de momento.


A volatilidade continua a baixar (VIX ca.20%), as criptos recuperam algo (perceção de que os riscos se movem em baixa), as obrigações compradas em geral, com yield em descida (T-Note apenas 4,04%) e o USD estável e bastante fortalecido a curto prazo, perto de 1,15/€.


Hoje saem 3 dados macro americanos: 13:30 h Vendas a Retalho (+0,4% vs. +0,6%), 13:30 h Preços Industriais (repetir +2,6%) e 15 h Confiança do Consumidor (93,3 vs. 94,6). Mas apenas este último é recente (novembro), sendo os 2 primeiros um pouco desfasados (setembro). Por isso, será o importante. Se retroceder, como parece, reforçaria a expetativa de que a Fed corte novamente as taxas de juros a 10 de dezembro e isso apoiaria um pouco umas bolsas cujos futuros vêm hoje a cortar um pouco (-0,1%/-0,2%), como é natural depois de 2 sessões francamente boas. Amanhã sairão outras 2 referências relevantes (Pedidos Duráveis EUA +0,5% vs. +2,9% e apresentação de Orçamentos 2026 no Reino Unido), para permanecer encerrado em Nova Iorque na quinta-feira (Ação de Graças) e aberto a meia sessão na sexta-feira (Black Friday).


CONCLUSÃO: Acreditamos que irá ser cumprido o padrão que estimávamos ontem para esta semana: arranque com subida para arrefecer de seguida. Poderíamos pensar em bolsas ca.-0,2% como aproximação para hoje, com obrigações compradas (yield um pouco mais em baixa; T-Note perto de 4,00% e Bund 2,65%) e perceção mais complacente sobre os riscos. Sobre a IA e a Ucrânia, principalmente. Começará a dar-se 2025 como terminado em termos práticos. Mas as subidas destes 2 últimos dias vêm muito estimulados pela expetativa de outro corte por parte da Fed, portanto convém ter cuidado porque essa expetativa é muito errática. Além disso, se baixar em dezembro, esse movimento pode ser realizado à custa de menos cortes em 2026 (2 em vez de 3, por exemplo), porque a NABE (National Association for Business Economics) estima um desemprego em 4,5% estável em 2026, sem deterioração. A partir de hoje, a semana tenderá a decair e será aborrecida… a não ser que acontecer com a Ucrânia, se acontecer.


FIM

Carlos Alberto Sardemberg

 !Caso Master deixa lições

Empresas e instituições financeiras públicas são geridas conforme múltiplos interesses políticos

24/11/2025 00h06  

Carlos Alberto Sardenberg


Está no documento da Polícia Federal que levou à liquidação do Banco Master: as letras financeiras (LFs) dessa instituição “não eram atrativas a investidores privados”. O Master oferecia aos compradores dessas letras uma rentabilidade de encher os olhos: 130% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário). E qualquer pessoa mais ou menos informada sobre o mercado financeiro sabe como é difícil bater o CDI. Por que então esse tipo de papel era rejeitado por investidores privados? Três motivos: o prazo excessivo, dez anos; a falta de credibilidade do emissor; e a falta de cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).


Fazia anos que, no mercado financeiro, se sabia da insustentabilidade das operações do Master. Havia pelo menos um caso exemplar, tornado público pela colunista Malu Gaspar, em seu blog no GLOBO, em 12/7/24. O blog contava que a Caixa havia desistido de aplicar R$ 500 milhões em letras financeiras do Master. Dizia:


— Em parecer sigiloso de 19 páginas obtido pela equipe da coluna, a área de renda fixa da Caixa Asset, o braço de gestão de ativos do banco estatal, desaconselhou enfaticamente a operação, considerada “atípica” e “arriscada”.


A Caixa, seu dono — o governo federal — e os clientes se livraram de um mau negócio, mas os técnicos que desaconselharam a operação pagaram um preço: perderam seus cargos, segundo informava Malu Gaspar. A direção da Caixa, controlada pelo Centrão, pretendia mesmo comprar as tais letras. É o que se deduz do afastamento dos gerentes que condenaram a operação. De todo modo, fica aí demonstrado que as LFs do Master não deveriam ser “atrativas” nem para o investidor público.


Entretanto, entre 2023 e 2024, o Master conseguiu colocar LFs no valor de R$ 2,3 bilhões. Desse total, três fundos previdenciários estaduais e 15 municipais compraram R$ 1,87 bilhão, ou 81% do total. O Rioprevidência, fundo de 230 mil servidores civis e militares, foi o maior comprador: R$ 970 milhões, ou 42% dessa carteira do Master.


O segundo nessa lista é o Amapá Previdência (Amprev), que alocou R$ 400 milhões. Esse fundo, como quase tudo no Amapá, está sob o guarda-chuva do presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Houve protestos de conselheiros do Amprev, ignorados pelo presidente do fundo, Jocildo Lemos, indicado por Alcolumbre.


A direção do BRB, o banco estatal do governo do Distrito Federal, sabia de tudo quando se meteu em negócios com o Master. Operações sobre as quais a Polícia Federal aponta suspeitas de fraudes estimadas em espantosos R$ 12,2 bilhões.


Como investimentos rejeitados pelo investidor privado tornaram-se tão atraentes para o investidor público? É porque, nesse caso, trata-se de outro tipo de negócio, com outro tipo de rendimento, em benefício de políticos. Negócio sem risco — pelo menos até o momento em que aparece a Polícia Federal. Está aí, aliás, o motivo que leva muitos parlamentares a tentar reduzir a capacidade de ação dessa PF, que tem estado muito ocupada.


Parte do setor privado também não sai sem manchas dessa história do Master. Plataformas de investimentos distribuíram durante anos os CDBs do Master, anunciando os fabulosos rendimentos de até 140% do CDI. Não corriam risco algum. Essas plataformas não adquiriam os papéis, apenas faziam a corretagem, pela qual ganhavam gordas comissões.


Esses CDBs até o valor de R$ 250 mil serão resgatados pelo Fundo Garantidor de Créditos, formado basicamente com dinheiro dos maiores bancos. O cliente final desse produto não perderá, mas fica a mancha para parte do mercado — oferecer papéis podres, jogando o risco para o FGC. Esse FGC não foi criado para facilitar lucros com papéis podres, mas para garantir a estabilidade do setor financeiro.


A principal lição do episódio está aqui: empresas e instituições financeiras públicas são geridas conforme múltiplos interesses políticos, muito distantes do interesse público. Não é de hoje, mas parece que agora perderam qualquer pudor. E medo. Pegaram até dinheiro dos aposentados do INSS.

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: Tensão no Congresso ameaça com pauta-bomba*


Está na pauta de hoje do Senado o projeto que prevê aposentadoria especial de agentes de saúde, com impacto bilionário, que pode chegar aos R$ 21 bilhões


… PPI, vendas no varejo, ADP semanal e confiança do consumidor do Conference Board são destaques hoje para os mercados em Nova York, que subiram a 80% as apostas em corte de 25 pontos-base do juro em dezembro. O PCE de setembro, previsto para amanhã, foi adiado para dia 5/12, a tempo da reunião do Fed (10). Já a divulgação do PIB/3Tri foi postergada para 23/12, no cronograma de recuperação dos dados do shutdown. Aqui, saem os números do setor externo de outubro, enquanto investidores acompanham Galípolo em audiência pública no Senado (10h), em ambiente de alta tensão política, que pode custar ao governo a votação de uma bomba fiscal nesta terça-feira.


TENSÃO NO CONGRESSO – Está na pauta de hoje do Senado o projeto que prevê aposentadoria especial de agentes de saúde, com impacto bilionário, que pode chegar aos R$ 21 bilhões. O movimento foi uma resposta de Alcolumbre à indicação de Jorge Messias ao STF.


… O tema domina o noticiário político e o acirramento da crise entre o Executivo e o Congresso é monitorado com preocupação pelo Planalto, depois que o presidente do Senado rompeu ontem com o líder do governo na Casa, senador Jaques Wagner.


… Alcolumbre estaria profundamente irritado, não só pela escolha de Messias, em detrimento do seu candidato, Rodrigo Pacheco, mas também porque Lula não o procurou antes de fazer o anúncio oficial, na semana passada. Ele soube pela imprensa.


… Em entrevista à GloboNews, Jaques Wagner admitiu que Davi Alcolumbre estaria “chateado” com ele, dizendo que, “se houve um problema de comunicação”, deve ser resolvido pelo presidente Lula, que entraria em campo para atuar pessoalmente.


… Alcolumbre se sentiu traído por Wagner, após ele ter antecipado que Lula tinha conversado com Pacheco, mas estava decidido por Messias.


… No Planalto, a ordem por enquanto é “esperar os ânimos se acalmarem”, segundo apurou o Valor, mesmo porque o presidente da Câmara, Hugo Motta, botou lenha na fogueira e também anunciou o rompimento com o líder do governo na Casa, Lindbergh Farias.


… O presidente Lula e Haddad estão no Exterior desde a semana passada, participando da cúpula do G20, e chegam hoje a Brasília.


SE PAUTAR, PASSA – No Estadão, a equipe econômica trabalha para evitar que o projeto que regulamenta a aposentadoria especial aos agentes comunitários de saúde e de combate a endemias avance no Senado. Mas já se admite que a aprovação é provável.


… Nesta quarta-feira, durante entrevista coletiva, o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, disse que o PLP teria um impacto “muito grande” para as contas públicas. E alertou que, se o Congresso aprovar o texto, o governo será obrigado a vetar.


… “Com esse tamanho de impacto, nós vamos ser obrigados a vetar e, se o veto cair, seremos obrigados a ir ao Supremo, para que a gente restabeleça o precedente de exigir o cumprimento das regras fiscais básicas do País”, disse Durigan.


… A matéria, que deve gerar impacto fiscal relevante, não prevê compensação, como exige a LRF.


… O texto estabelece que a aposentadoria especial poderá ser concedida para homens com 52 anos de idade e mulheres com 50 anos; nos dois casos, com 20 anos de atividade na função ou 15 anos somados a 10 anos de contribuição em outro cargo.


MESSIAS – Também caiu mal ontem uma carta do AGU indicado por Lula ao STF dirigida para Alcolumbre, que foi tornada pública, e na qual ele se coloca à disposição para a sabatina de seu nome. O presidente do Senado interpretou como uma pressão de Jorge Messias.


… À tarde, Alcolumbre divulgou nota afirmando que analisará a indicação de Messias “no momento oportuno”.


CHUTOU O BALDE – Enquanto Alcolumbre manda seus recados por “interlocutores”, o presidente da Câmara, Hugo Motta, abriu o jogo, nesta segunda-feira, dizendo que “não tem mais interesse em ter nenhum tipo de relação com o deputado Lindbergh Farias”.


… Lindbergh respondeu dizendo que Motta foi “imaturo” e que “política não se faz como clube de amigos”, acusando o presidente da Câmara de ter atuado “na surdina” para derrubar o IOF, votar a PEC da Blindagem e escolher Derrite como relator do PL Antifacção.


CORRE DE FIM DO ANO – A três semanas do fim do ano legislativo, uma fila de matérias se acumula à espera de votação, incluindo o Orçamento, a LOA e o projeto do devedor contumaz – prioridade para a equipe econômica, que quer avançar na revisão dos benefícios fiscais.


… Mas, se já não era fácil quando as coisas estavam bem, agora com essa tensão pode complicar mais.


… Já a LDO/2026 ainda não está pronta para ser votada na CMO, como disse o presidente, senador Efraim Filho ao Broadcast. Segundo ele, a expectativa é votar no dia 2, “só que o governo não conseguiu chegar a um equilíbrio entre despesa e receita”.


NO PISO DA META – Na entrevista concedida no final da tarde para comentar o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, disse que foi o resultado “muito ruim” dos Correios que levou o governo a fazer um contingenciamento.


… “Se não fossem os Correios, a gente poderia estar num cenário um pouco melhor. Tenho pedido pessoalmente ao presidente dos Correios um bom plano de reestruturação. Esse plano está em curso e deve ser um plano ousado e ao mesmo tempo muito cuidadoso.”


… A previsão para os Correios é de terminar o ano com déficit primário de R$ 5,8 bilhões. Em setembro, a projeção era de R$ 2,4 bilhões. Essa piora fez com que o déficit do conjunto das estatais federais subisse para R$ 9,2 bilhões, acima da meta de R$ 6 bilhões para o ano.


… Com isso, o governo teve que compensar contabilmente esse déficit com um contingenciamento nas despesas discricionárias do Executivo. O contingenciamento total anunciado foi de R$ 3,3 bilhões, sendo R$ 3 bilhões para compensar o resultado das estatais.


… Com esse contingenciamento, o governo conseguirá atingir o déficit de R$ 31 bilhões permitido pelo arcabouço no piso da meta, já que o último relatório bimestral de despesas e receitas do ano prevê um déficit primário total de R$ 34,3 bilhões.


… Durigan estava satisfeito na entrevista, dizendo que a meta fiscal estabelecida para o ano será cumprida.


… “A gente cumpriu a meta de 2024, mais próximo do centro do que da banda. Em 2025, nós vamos, mais uma vez, cumprir a meta definida na LDO. Isso recoloca o Brasil na linha da recomposição fiscal e nos dá muito orgulho.”


… Ele explicou que o cumprimento da meta se dará devido ao controle de despesas obrigatórias e, principalmente, à arrecadação, que continuou apresentando crescimento real de 4% mesmo frente a uma base alta de comparação – 2024 teve alta de 10%.


… Já o secretário-executivo do Planejamento, Gustavo Guimarães, lembrou que ainda há fatores para serem avaliados em dezembro, como o leilão do pré-sal, previsto para ocorrer no início do mês, que pode arrecadar pouco mais de R$ 10 bilhões.


MAIS AGENDA – Antes de Galípolo começar sua participação no Senado (10h), o diretor de Política Monetária do BC, Nilton David, palestra no Evento da EuroFinance “Brazil Treasury Summit”, em São Paulo (9h). Já Alckmin participa de evento da Amcham (8h45).


… Entre os indicadores, o mercado prevê déficit de US$ 4,55 bilhões nas transações correntes em outubro (mediana do Projeções Broadcast), após saldo negativo de US$ 9,774 bilhões em setembro. O dado será divulgado às 8h30.


… O saldo comercial mais favorável deve contribuir para um déficit menor das transações correntes em outubro.


… Para o Investimento Direto no País (IDP), a mediana indica entrada líquida de US$ 6,1 bilhões em outubro, contra saldo positivo de US$ 10,671 bilhões em setembro. As expectativas vão de US$ 3,6 bilhões a US$ 8,0 bilhões.


… Do lado da inflação, a terceira prévia do IPC-Fipe de novembro sai logo cedinho, às 5h.


NOS EUA – A inflação ao produtor (PPI) e tem previsão de alta de 0,3% em setembro no índice cheio e no núcleo na comparação com agosto. Na base anualizada, a aposta é de 2,6% (leitura cheia) e 2,7% para o core. Sai às 10h30.


… No mesmo horário, as vendas no varejo devem registrar crescimento de 0,3% em setembro e 15 minutos antes (às 10h15) será divulgada a pesquisa ADP semanal, com os empregos no setor privado – importante com a falta do payroll.


… Ao meio-dia, saem a confiança do consumidor medida pelo Conference Board, que deve piorar para 92,9 em novembro, de 94,6 em outubro, e as vendas pendentes de imóveis em outubro, com aposta de ata de 1,9%.


… Faltando apenas duas semanas para a decisão de política monetária, os indicadores pegam o mercado apostando pesado novamente em corte do juro em dezembro, apesar de o Fed estar rachado sobre o próximo passo.


UCRÂNIA – O plano de paz negociado pelos Estados Unidos foi revisado de 28 pontos para 19 pontos, incluindo algumas questões reivindicadas pelo governo de Kiev, diante das críticas dos líderes europeus de que Trump estaria favorecendo a Rússia.


… Segundo a secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, as conversas com os representantes ucranianos em Genebra “avançaram muito” e o presidente Trump está otimista sobre a possibilidade de um acordo. Não há ainda uma reunião marcada com Moscou.


CLIMÃO – O barulho em Brasília, com o comando do Congresso rompendo relações com o governo e armando a pauta-bomba, serviu de freio ao Ibovespa, que andou pouco, apesar do embalo de otimismo visto em Nova York.


… O foco de tensão na cena política desponta como uma ameaça importante para a agenda da equipe econômica e teve impacto concentrado ontem na bolsa, enquanto o câmbio e os juros futuros operaram aliviados, de olho no Fed.


… O Ibovespa registrou alta tímida de 0,33%, aos 155.277,56 pontos, com volume financeiro de R$ 27,5 bilhões.


… Em meio ao novo atrito em Brasília, os bancos não esconderam o tom cauteloso. BB recuou 0,73% (R$ 21,84), Itaú perdeu 0,38% (R$ 39,82) e Bradesco PN (+0,05%; R$ 18,80) e Santander (+0,03%; R$ 33,09) fecharam estáveis.


… Os papéis da Petrobras recuaram mesmo com o petróleo em alta. No pano de fundo, os investidores operaram atentos ao anúncio do plano estratégico 2026-2030 da companhia, que está marcado para quinta-feira.


… Petrobras ON caiu 0,49%, para R$ 34,39; e PN ficou no zero a zero (-0,09%, a R$ 32,54), desperdiçando a alta firme de 1,25% do Brent, a US$ 62,72. O barril embarcou na aposta de corte do Fed, que pode recuperar o consumo.


… Ficaram, assim, em segundo plano as negociações para o anúncio de um potencial cessar-fogo na Ucrânia ainda esta semana e os receios sobre a reunião ministerial da Opep+, domingo, em meio ao cenário de excesso de oferta.


… Sem apetite por risco, Vale caiu de leve (-0,11%; R$ 65,09), descolada da alta de 0,44% do minério de ferro.


… Sensível aos ruídos fiscais, o Ibovespa perdeu a chance de surfar na onda positiva das bolsas americanas, que repercutem a consolidação das apostas em novo corte de 25 pontos na taxa dos juros, apesar do Fed dividido.


… Ânimo extra veio do telefonema entre Xi Jinping e Trump, convidado a visitar a China em abril do ano que vem.


… Além disso, a reação das techs ajudou na performance de Wall Street. Tesla disparou 6,82% com o anúncio de desenvolvimento de chips de inteligência artificial. Na mesma vibe positiva com a IA, Alphabet escalou 6,31%.


… Nvidia (+2,05%) também foi bem, apesar de terem vazado declarações do CEO, Jensen Huang, em reunião interna na semana passada, em que ele disse que a empresa se encontra hoje em um beco sem saída quanto à bolha da IA.


… “Se tivéssemos apresentado um trimestre ruim, isso seria prova de que existe uma bolha de IA. Se tivéssemos apresentado um trimestre excelente, estaríamos alimentando a bolha de IA”, declarou ele aos funcionários.


… A Capital Economics não descarta que o mercado entre em correção acentuada, mas duvida de uma bolha.


… O Nasdaq começou a semana deslanchando 2,69%, aos 22.872,01 pontos; o S&P 500 registrou valorização de 1,55%, para 6.705,12 pontos, e o índice Dow Jones exibiu avanço de 0,44%, aos 46.448,27 pontos.


BOTANDO PILHA – Em ritmo galopante, a precificação no mercado de corte do juro pelo Fed em dezembro, que até poucos dias atrás estava reduzida a 30%, já alcança agora 80% na ferramenta de apostas do CME e pode ir além.


… Nesta segunda-feira, Christopher Waller, que é cotado para substituir Powell no comando do Fed em 2026 e que faz tempo que vem defendendo cortes nos juros, reforçou a sua defesa pela flexibilização monetária mês que vem.


… Segundo ele, o impacto das tarifas sobre a inflação é um evento isolado e não vem daí o problema. O seu foco de preocupação está no emprego fraco. “Não há evidências de que as empresas estejam prestes a contratar em massa”.


… Mary Daly foi na mesma linha, disse que o mercado de trabalho está “vulnerável”, que pode sofrer uma recessão mais difícil de administrar do que um surto inflacionário, e avaliou que, apesar do tarifaço, a inflação está moderada.


… Defendeu corte de 25 pontos do juro em dezembro e, embora não tenha direito a voto na política monetária este ano, ela raramente assume publicamente uma posição que diverge da de Powell. Será que ele também está dovish?


… Essa é uma pergunta que vale dinheiro. Por enquanto, o que se sabe é que existe um racha interno no Fed, com a corrente mais hawkish tentando contrapor o otimismo de última hora que vem tomando conta dos negócios.


… Agora, porém, que resgatou a aposta em corte do juro, o mercado não quer mais largar. A taxa da Note de 2 anos caiu para 3,503%, contra 3,506% no pregão anterior, e a de 10 anos quer furar 4%: fechou a 4,035% (de 4,062%).


… Por aqui, foi na curva de juros que o bom humor externo apareceu com mais clareza, com queda de ponta a ponta.


… O contrato de DI para Janeiro de 2027 recuou para 13,550% (contra 13,629% no ajuste anterior); Jan/29 caiu para 12,800% (de 12,883% no pregão de sexta-feira); Jan/31, a 13,130% (de 13,202%); e Jan/33, a 13,330% (de 13,386%).


… Em almoço na Febraban, Galípolo disse que, quem está à frente do BC, não pode se dar o direito de se incomodar com eventuais críticas do governo em relação ao nível da taxa de juro e de se “emocionar” com o clamor popular.


… Apesar da sua indiferença às pressões, a aposta ampla entre os traders é de que a Selic vai cair em janeiro.


… No boletim Focus, as projeções do mercado financeiro para o IPCA deste ano, que já estão abaixo do teto da meta, voltaram a cair, de 4,46% para 4,45%. A estimativa para a inflação em 2026 também recuou, de 4,20% para 4,18%.


… Após subir quase 2% semana passada, o dólar acionou alguma correção técnica e fechou em leve queda de 0,12%, abaixo de R$ 5,40, cotado a R$ 5,3950. Não estressou com Brasília, mas ao mesmo tempo não operou relaxado.  


… O câmbio doméstico também monitora o interesse dos investidores globais pelo iene, que pode roubar parte da atratividade do carry trade. Mas a moeda japonesa interrompeu a alta e caiu 0,20%, negociada a 156,82 por dólar.


… O índice DXY teve variação marginal (-0,03%), aos 100,142 pontos, e o euro (+0,09%, a US$ 1,1525) e a libra esterlina (+0,08%, a US$ 1,3109) também registraram oscilações inexpressivas nesta segunda-feira.


CIAS ABERTAS NO AFTER – SABESP informou que a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) validou a base de ativos regulatórios (BAR) da companhia para os anos de 2023 e 2024…


… O valor consolidado da BAR passou de R$ 78,5 bilhões em dezembro de 2023 para R$ 88 bilhões em dezembro de 2024, segundo os cálculos apresentados.


GPA. O acionista Silvio Tini de Araújo atingiu participação de 27,3 milhões de ações ordinárias, equivalentes a 5,57% do total; segundo dados recentes, ele não detinha participação relevante anterior. 


AMERICANAS, em recuperação judicial, anunciou que aceitou a reapresentação da proposta vinculante da BandUP! para a aquisição da unidade de negócios Uni.Co, que reúne marcas como Imaginarium e Puket.


TELEFÔNICA informou que, em razão das aquisições de suas próprias ações, no âmbito do programa de recompra, foi alterado o valor unitário por ação referente ao JCP declarados em 13 de novembro…


… Anteriormente em R$ 0,0901 líquido por ação, os proventos passarão a ser de R$ 0,0903, com pagamento até 30 de abril de 2026.


EVEN. O conselho de administração aprovou a realização da 17ª emissão de debêntures não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em série única, no valor de R$ 350 milhões.


ECORODOVIAS. Agência reguladora Artesp reconheceu desequilíbrio econômico-financeiro no contrato de concessão da Ecovias Leste Paulista pelo impacto da pandemia sobre a receita tarifária, entre março/20 e dezembro/22.


ENERGISA. Consumo consolidado de energia elétrica nas áreas de concessão alcançou 3.853 gigawatts-hora (GWh) em outubro, volume estável (-0,1%) em relação ao mesmo período de 2024, segundo prévia operacional.


AUREN ENERGIA. Conselho de Administração aprovou a abertura do segundo programa de recompra de ações da companhia, autorizando a aquisição, pela Auren, de até 450 mil ações ordinárias de sua própria emissão.


AEGEA SANEAMENTO. O conselho de administração aprovou a 25ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em até duas séries, no valor de R$ 1 bilhão.


ALPHABET, controladora do Google, está em negociação com a Meta Platforms e outras empresas para permitir que elas usem os seus chips de IA Tensor, ampliando a concorrência com a Nvidia. (The Information)

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

BDM Matinal Riscala

 Bom dia Mercado


*Bom Dia Mercado*


Segunda Feira, 24 de Novembro de 2.025.


*Semana mais curta tem agenda cheia*


… A semana será mais curta nos Estados Unidos com o Dia de Ação de Graças, que fecha os mercados na quinta-feira (27) e reduz a liquidez na sexta. Mas antes do feriado tem dados importantes, com PIB/3Tri, PCE de outubro e Livro Bege. O investidor também acompanha as negociações para um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia, que já afeta o petróleo. No Brasil, a agenda do BC é cheia, com a divulgação dos números fiscais, do setor externo e de crédito. Além disso, Galípolo tem participações ao vivo na Febraban, na CAE do Senado e em evento do Itaú Asset. Entre os indicadores, a pauta é dos juros, com IPCA-15, IGP-M de novembro, Caged de outubro e Pnad Contínua.


JUROS NO FOCO – Os dados econômicos previstos para esta semana ganham importância para ajustar as expectativas para a Selic, com destaque para a inflação e o mercado de trabalho, quando Wall Street volta a aumentar as apostas em corte do juro no Fomc de dezembro.


… Na sexta-feira, chamou atenção o comentário do presidente do Fed/Nova York, John Williams, que é próximo de Powell e disse ver “espaço para um ajuste adicional no curto prazo”, o que levou as chances de uma flexibilização a saltar de 30% para quase 70% no CME Group.


… A se confirmar essa previsão, o Copom poderá ter a ajuda de um cenário externo menos adverso para antecipar sua ação para janeiro, sobretudo com a ajuda do câmbio, apesar da sazonalidade do período, com as remessas do fim de ano.


… Em relação aos fatores domésticos, são importantes os resultados do IPCA-15 (quarta-feira) e do IGP-M (quinta), além dos dados do mercado de trabalho, grande preocupação do BC, com a taxa de desemprego do IBGE e as vagas do Caged de outubro, ambas na sexta-feira.


… Mais importantes ainda podem ser as falas do presidente do BC, Gabriel Galípolo, que terá várias oportunidades esta semana para começar a fazer os ajustes necessários em sua mensagem e preparar o caminho para uma queda dos juros.


… Já nesta segunda-feira, Galípolo participa do almoço de fim de ano da Febraban (12h); amanhã (terça), estará em audiência pública na CAE do Senado (10h); e na quinta, discursará à tarde (15h) em evento do Itaú Asset, após participar de reunião do CMN (9h).


… Também hoje, a edição semanal do Boletim Focus (8h25) atualiza as projeções do IPCA e a Receita divulga a arrecadação de outubro (10h30).


AGENDA DO BC – As transações correntes e o investimento estrangeiro direto saem amanhã (terça-feira). Na quarta-feira, é a vez da nota de crédito bancário. E na quinta, resultados fiscais e dívida pública – todos referentes a outubro, com divulgação às 8h30.


… Ainda nesta semana, serão divulgadas a ata do Comef, na quarta-feira, e a Pesquisa de Estabilidade Financeira (PEF), na quinta.


RELATÓRIO BIMESTRAL – Divulgado na noite de sexta-feira pelos ministérios do Planejamento e da Fazenda, o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas reduziu a contenção total das despesas discricionárias no Orçamento/2025 de R$ 12,1 bilhões para R$ 7,7 bilhões.


… Segundo o Planejamento, a execução de obrigatórias “andou” de lá para cá e foi necessário cancelar R$ 3,8 bilhões do bloqueio reservado para atender o aumento projetado para essas despesas. Após os cancelamentos, estavam de fato bloqueadas R$ 8,3 bilhões.


… Em relação a esses R$ 8,3 bilhões, o Relatório reduz o bloqueio em R$ 3,9 bilhões, restando bloqueados, portanto, R$ 4,4 bilhões. O volume contingenciado para cumprir a meta fiscal deste ano passou de zero para R$ 3,3 bilhões.


… O contingenciamento é explicado pela redução na arrecadação da receita líquida projetada (R$ 2,344 trilhões para R$ 2,343 trilhões), puxada por uma baixa de R$ 6,3 bilhões nas Receitas Administradas, parcialmente compensada por R$ 4 bilhões nas Receitas não Administradas.


… Nota do Planejamento cita, ainda, o déficit de estatais, que exigiu uma compensação na meta fiscal do Programa de Dispêndios Globais (PDG) pelo orçamento fiscal e seguridade, de R$ 3,0 bilhões. Considerando a compensação do PDG, o déficit seria de R$ 34,259 bilhões.


… Sem considerar o PDG, a projeção de déficit primário deste ano foi revisada de R$ 30,2 bilhões para R$ 31,265 bilhões. A meta de 2025 é de déficit zero, com tolerância de 0,25pp para cima ou para baixo. No piso, o arcabouço aceita um déficit de até R$ 30,970 bilhões.


NA POLÍTICA – O Senado pode votar amanhã (terça-feira) o projeto que prevê aposentadoria especial de agentes de saúde, com impacto de até R$ 21 bilhões aos cofres públicos. A pauta-bomba foi uma resposta de Alcolumbre à indicação de Jorge Messias ao STF.


… A tensão do Senado com o Executivo preocupa porque o governo já tem uma situação bastante difícil na Câmara.


… Alcolumbre defendia Rodrigo Pacheco para ocupar a vaga do ministro Luís Roberto Barroso, que antecipou a aposentadoria no Supremo, mas o presidente Lula não abriu mão de escolher o seu candidato preferido, cavando um novo flanco com o Legislativo.


… Segundo a jornalista Mônica Bergamo (Folha), Alcolumbre estaria “irado” com a indicação de Messias para o STF, disposto até mesmo a romper totalmente com o governo, caso Lula pressione a favor de Messias, que tem de ser sabatinado pelos senadores.


… O Senado insistia com o nome de Pacheco por acreditar que ele defenderia o Parlamento, após Flávio Dino ter decepcionado os congressistas com a pressão exercida às emendas do Orçamento Secreto, que eram coordenadas por Alcolumbre.


… Neste domingo, em mais uma investida contra parlamentares, Dino determinou que a Polícia Federal investigue a participação dos deputados Pedro Lucas Fernandes (União) e Zezinho Barbary (PP) em supostos desvios de emendas.


… A decisão foi motivada por denúncias apresentadas pelas organizações Transparência Internacional, Transparência Brasil e Contas Abertas, no âmbito da ação que discute a constitucionalidade e a transparência do modelo de execução de emendas.


LULA – O governo marcou para quarta-feira (26) a cerimônia de sanção do projeto de isenção do Imposto de Renda, uma das principais bandeiras da campanha de reeleição do presidente, em 2026, que foi aprovado por unanimidade pelas duas Casas do Congresso.


… Neste domingo, Lula anunciou durante o G20, na África do Sul, que pretende assinar o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia no dia 20 de dezembro, durante a reunião da Cúpula dos Líderes do Mercosul, que acontecerá em Foz do Iguaçu, no Paraná.


BOLSONARO – A Primeira Turma do STF julga hoje a decisão sobre revogação da prisão domiciliar do ex-presidente, após ele ter sido transferido para uma sala na sede da Política Federal em Brasília, por descumprimento de medida cautelar.


… A decisão foi tomada na madrugada de sábado pelo ministro Alexandre de Moraes, com a prisão preventiva realizada às 6h da manhã.


… Bolsonaro admitiu em vídeo, tornado público, que tentou tirar a tornozeleira eletrônica usando um ferro de solda. Na audiência de custódia, nesse domingo, o ex-presidente alegou que teve um “surto” causado por medicamentos.


… A prisão preventiva de Bolsonaro ocorre no âmbito do processo em que seu filho Eduardo Bolsonaro é réu e ele segue sendo investigado.


… Há expectativa para que a condenação pela trama golpista, a 27 anos e 3 meses, tenha o trânsito em julgado decretado ainda esta semana.


TRUMP –Questionado por jornalistas, o presidente dos Estados Unidos disse que não tinha conhecimento da prisão de Bolsonaro e que achava “uma pena”. Ao mesmo tempo, disse que conversou com Lula na sexta à noite e que os dois se encontrarão em breve.


… A fala acentua a mudança de tom de Trump em relação ao governo brasileiro e seu afastamento de Bolsonaro e de aliados, após a nova lista de exceções à tarifa adicional de 40% para mais de 200 produtos brasileiros, inclusive carne e café.


UCRÂNIA X RÚSSIA – Investidores acompanharão também o noticiário da guerra na Ucrânia, que pode influenciar os preços do petróleo, além de representar um alívio no cenário geopolítico. Já na sexta-feira, o WTI e o Brent caíram com essa expectativa (abaixo).


… Nesse domingo, em coletiva de imprensa, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que o plano da Casa Branca para chegar a um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia poderá ser finalizado até esta quinta-feira (27).


… “Queremos finalizar o acordo o mais rápido possível, e adoraríamos terminá-lo até quinta-feira”, disse Rubio em declarações após uma reunião entre diversos líderes ocidentais aliados da Ucrânia em Genebra, na Suíça. Segundo ele, o domingo foi “um dia muito produtivo”.


… Rubio admitiu que diversas questões continuam pendentes, em especial relacionadas aos papéis da União Europeia e da OTAN, afirmando, porém, que “nenhuma das questões pendentes é insuperável” e que está confiante de que o plano de paz será aceito pela Rússia.


… O acordo obrigaria Kiev a ceder grandes porções de território já ocupadas pelos russos, limitar o tamanho de suas forças armadas e suspender gradualmente as sanções contra Moscou, além do bloqueio ao ingresso da Ucrânia na OTAN.


… A proposta americana vem sendo criticada por líderes europeus por ser muito mais favorável à Rússia, com a Ucrânia abrindo mão de território. Putin disse que a Rússia está pronta para uma solução pacífica, mas que os detalhes do plano precisam ser discutidos.


AGENDA LÁ FORA – Nos Estados Unidos, a quarta-feira concentra os principais indicadores, com a segunda leitura do PIB/3Tri e o PCE de outubro. No mesmo dia, serão divulgados ainda os pedidos de auxílio-desemprego, vendas de moradias usadas e o Livro Bege.


… A inflação do PCE, o índice preferido do Fed como medida de inflação, ganha importância especial já que a divulgação do CPI de outubro foi cancelada pelas dificuldades de coleta do shutdown e o CPI de novembro só será conhecido no dia 18 de dezembro, após o Fomc.


… Hoje (10h30), sai a atividade do Fed/Chicago e, amanhã, o PPI de setembro e a confiança do consumidor do Conference Board de novembro.


… Na Zona do Euro, a semana começa com o índice Ifo de sentimento das empresas na Alemanha em novembro (6h) e um discurso da presidente do BCE, Christine Lagarde (11h45). Na quinta, o Banco Central Europeu divulga a ata da última decisão de política monetária.


… Ainda na Alemanha, sai o PIB/3Tri amanhã, o índice de confiança do consumidor GfK na quinta-feira e o CPI de novembro na sexta.


… Na Ásia, o Japão divulgará dados de inflação, emprego e atividade industrial na noite de quinta-feira, no momento em que o mercado especula fortemente sobre uma elevação dos juros pelo Banco do Japão na reunião de dezembro.


… Um feriado manteve os mercados fechados hoje no Japão.


AÇÃO DE GRAÇAS – Os mercados em Nova York emendam o feriado de quinta-feira com pregões reduzidos na sexta: as bolsas em Wall Street fecham mais cedo, às 15h de Brasília, e o mercado de Treasuries, às 16h de Brasília.


METAMORFOSE AMBULANTE – Na reviravolta a pouco mais de duas semanas da última reunião do ano do Fed, a aposta principal no mercado voltou a ser de corte de 25 pontos do juro em dezembro, com 69,5% de chance e 30,5% de manutenção.


… O gatilho para a virada na precificação, você viu acima, partiu de comentários do Fed boy John Williams.


… Em tom dovish, ele defendeu um corte para preservar o mercado da mão de obra. “É imprescindível que o Fed atinja a meta de inflação, mas sem correr riscos indevidos para o pleno emprego.”


… Williams reconheceu que o progresso da inflação estagnou, mas deve estar a caminho de atingir 2% em 2027, e defendeu que, apesar do impacto do tarifaço nos preços, isso não deve levar a um cenário de inflação persistente.


… O fortalecimento nas apostas de corte é o retrato do momento mas, daqui até a próxima reunião, o jogo pode virar de novo, porque o Fed ainda parece muito dividido sobre sua abordagem. A consultoria Capital Economics cogita até mesmo empate na decisão.


… Neste cenário, caberia a Powell o voto de Minerva. A falta de consenso dentro do Fed foi reforçada também na sexta-feira pelas declarações de Lori Logan, contrárias a Williams, de que os juros devem ser mantidos estáveis por um tempo.


… “A inflação está muito alta e o mercado de trabalho está praticamente equilibrado”, defendeu a dirigente. 


… Também Susan Collins endossou a ala mais hawkish e expressou na sexta-feira hesitação em avançar com novos cortes. No sábado, ela repetiu este tom e disse não ver a “necessidade urgente” de os juros caírem em dezembro.


MELOU – Teoricamente, o real poderia ter faturado com o ajuste de última hora nas apostas para o encontro do Fed, na medida em que um potencial relaxamento monetário nos juros americanos eleva a atratividade do carry trade.


… Mas, no meio dessa história, investidores optaram por realizar lucros nas moedas emergentes e partiram para compras de oportunidade nas bolsas de Nova York. Além disso, o câmbio doméstico foi influenciado pelo petróleo.


… A proposta de paz apresentada pelo governo Trump à Ucrânia e Rússia abriu o horizonte para um possível acordo para encerrar a guerra e, combinado ao temor de excesso de oferta, derrubou o Brent em 1,29%, a US$ 62,56.


… A queda firme da commodity piorou as coisas para o lado do real, já que o Brasil é exportador de matéria-prima.


… A expectativa pela reunião ministerial da Opep no próximo domingo (30) também movimenta o mercado de petróleo.


… Em paralelo, a apreciação do iene também pode ter estimulado o desmonte de operações de carry trade aqui, o que botou pressão na moeda doméstica, de volta à faixa de R$ 5,40, cotada a R$ 5,4015, em alta de 1,18%.


… O exterior ofuscou o alívio com a decisão de Trump de zerar as tarifas extras de 40% sobre o café, carne e frutas.


… Hoje, às 10h30, o BC realiza dois leilões de linha de até US$ 2 bilhões no total para rolagem de janeiro.


… Na sexta-feira, o iene subiu para 156,41 por dólar, após o governo japonês aprovar um pacote de estímulo equivalente a US$ 135 bilhões para oferecer um impulso adicional para a atividade econômica no curto prazo.


… O socorro resgata as apostas de normalização da política monetária pelo BoJ, ainda que de forma mais gradual. O dirigente Kazuyuki Masu disse que o BC japonês está “perto” de tomar uma decisão sobre aumento dos juros.


… A libra esterlina ganhou 0,23%, a US$ 1,3102, apesar de analistas terem cogitado que o BC inglês (BoE) considere aliviar a política monetária. O euro caiu 0,12%, a US$ 1,1514, e o DXY teve alta marginal de 0,02%, a 100,180 pontos.


NÃO SUPEROU – Na volta do feriado doméstico, o Ibovespa começou o dia seguindo o script de ajuste negativo aos ADRs brasileiros, mas não conseguiu absorver as perdas ao longo do pregão para colar no rali das bolsas americanas.


… Pouco se empolgou também com a retirada do tarifaço sobre diversos produtos brasileiros. Como no câmbio, o vilão do dia na bolsa foi o petróleo, que impôs recuo à Petrobras: ON -0,86%, a R$ 34,56; e PN -0,76%, a R$ 32,57.


… Em dia de game de opções sobre ações, os interesses dos vendidos chegaram a derrubar o Ibovespa em mais de 1% no pior momento. Mas o índice moderou a queda a 0,39%, aos 154.770,10 pontos, com giro de R$ 23,9 bilhões.


… A percepção no mercado é de que a bolsa está só descansando, depois do recordes históricos em série.


… Na reta final do pregão, as ações da Petrobras, que já operavam sensíveis ao petróleo, pioraram com críticas da presidente da companhia, Magda Chambriard, à mudança pretendida pelo Senado para o cálculo de royalties.


… O relator, senador Eduardo Braga (MDB-AM), propõe a alteração, defendida pelas refinarias privadas, de aumento do Preço de Referência da commodity para calcular os royalties e as Participações Especiais.


… Vale ON apresentou ganho tímido de 0,32%, a R$ 65,16, enquanto o minério fechou em leve queda de 0,32%.


… Os bancos ficaram mistos. Itaú teve alta de 0,30%, para R$ 39,97, enquanto BB ON saltou 1,95%, à máxima de R$ 22,00, recuperando-se da crise do Master. Já Bradesco PN caiu 0,58% (R$ 18,79) e Santander, -0,30% (R$ 33,08).


… Durou pouco o ânimo dos frigoríficos com a decisão de Trump de poupar a carne brasileira do tarifaço. MBRF (-3,77%) e Minerva (-2,61%) viraram para o terreno negativo à tarde. Só JBS bancou o fôlego e subiu 0,73% na Nyse.


… A esperança de que o Fed corte o juro novamente em dezembro contagiou Wall Street. O Dow Jones subiu 1,08%, aos 46.245,41 pontos; o S&P 500 ganhou 0,98%, aos 6.602,99 pontos; e o Nasdaq, +0,88%, aos 22.273,08 pontos.


… Nvidia teve uma primeira reação positiva à informação da Bloomberg de que a Casa Branca estuda liberar a venda do chip H200 para a China. Mas logo o medo da bolha da IA voltou a dominar o sentimento e a ação caiu 0,97%.


… Resgatada a perspectiva de um relaxamento monetário pelo Fed, as taxas dos Treasuries aliviaram. O rendimento da Note de 2 anos caiu para 3,506%, contra 3,551% na véspera, e o retorno de 10 anos recuou a 4,062%, de 4,098%.


… A queda permitiu que os juros futuros domésticos ignorassem o repique do dólar contra o real e oscilassem de forma modesta, em sessão de liquidez esvaziada pela ponte entre o feriado da Consciência Negra e o fim de semana.


… No fechamento, o vencimento do DI para Janeiro de 2027 marcou 13,615% (contra 13,631% no ajuste anterior); Jan/29 caiu para a 12,865% (de 12,882%); Jan/31, a 13,185% (de 13,229%); e Jan/33, a 13,385% (de 13,423%).


CIAS ABERTAS NO AFTER – O conselho de administração da MBRF aprovou a 8ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, no valor de R$ 1,9 bilhão, vinculadas aos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs).


QUALICORP. Conselho de administração aprovou um programa de recompra para a aquisição de até 10 milhões de ações ordinárias de sua própria emissão que equivalem a aproximadamente 3,5% dos papéis em circulação.


ASSAÍ. BlackRock reduziu participação na companhia de 5,03% para 4,959% do total das ações ordinárias…


… Gestora passou a deter, de forma agregada, 64.876.868 de ações ordinárias e 449.499 ADRs, que representam 2.247.495 de ações ordinárias, totalizando 67.124.363 de ações ordinárias.


BRB afirmou que recuperou R$ 10 bilhões de um total de R$ 12,76 bilhões das carteiras adquiridas do Master…


… O banco do DF comprou R$ 12,2 bilhões em operações supostamente forjadas de crédito, ou cerca de 20% da sua carteira de crédito. O BC determinou que o BRB limpasse o balanço e revertesse as operações suspeitas de fraude.


NEOENERGIA fechou acordo com a EDF Brasil para a venda de 75% de sua participação da hidrelétrica Dardanelos, em Mato Grosso, em uma operação que coloca o valor total da usina, incluindo dívidas, em R$ 2,5 bilhões.


FERTILIZANTES HERINGER informou que recebeu o valor de R$ 178,359 milhões decorrentes de atualização tributária relativa à oferta pública de aquisição (OPA) realizada pela Eurochem.


SIMPAR divulgou projeções para duas de suas controladas para os próximos anos…


… Na concessão em fase pré-operacional CS Portos, holding espera faturar R$ 330 milhões a R$ 390 milhões em 2026 e R$ 590 milhões a R$ 620 milhões em 2028…


… De Ebitda, espera valores entre R$ 180 milhões e R$ 250 milhões em 2026 e na faixa de R$ 325 milhões a R$ 400 milhões em 2028…


… CS Portos deve responder por R$ 550 milhões a R$ 570 milhões de dívida líquida da Simpar em 2026 e por endividamento de R$ 425 milhões a R$ 475 milhões em 2028…


… Companhia espera que a CS esteja totalmente operacional no quarto trimestre de 2025…


… Para o banco BBC, pertencente ao grupo, projeta aumento de capital de R$ 165 milhões até o fim do ano…


… Em 2026, companhia estima registrar R$ 1,2 bilhão em originação, R$ 2,8 bilhões em carteira de crédito e R$ 3,8 bilhões em recebíveis.

Álvaro Gribel

 BC segurou liquidação no Master para evitar ‘risco de Banco Ipiranga’ e quebra do BRB

 Resumir

Estratégia do Banco Central era permitir investigações pela Polícia Federal enquanto o Master devolvia recursos ao Banco de Brasília


Alvaro Gribel

Banco Master: De banco mineiro que oferecia CDB de 140% a alvo da PF e do BC


Conheça a trajetória da instituição de Vorcaro, preso quando tentava fugir do Brasil, segundo a PF. Crédito: Alvaro Gribel


O Banco Central tinha duas preocupações imediatas no caso do Banco Master: evitar a quebra do Banco do Brasília (BRB), após descobrir, no início do ano, que ele vinha comprando bilhões em carteiras podres do Master, e evitar que uma provável liquidação do banco privado levasse a questionamentos jurídicos que virassem indenização bilionária a ser paga pela União.


A estratégia foi obrigar os controladores do Master a fazer aportes no banco, que seriam redirecionados para cobrir o rombo do BRB, e aguardar as investigações da Polícia Federal que poderiam levar a uma eventual prisão do banqueiro Daniel Vorcaro. Em paralelo, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) abriria uma linha de R$ 4 bilhões para o Master, mas com a condição de que, para cada real emprestado, os donos do Master fizessem aportes na mesma proporção.



Decisão judicial que levou Vorcaro para trás das grades também significou o fim dos aportes e o fim da linha do FGC para o Master Foto: Werther Santana/Estadão

Por isso, a prisão e a liquidação aconteceram no mesmo dia, mas após meses de investigações e transfusões de recursos do Master para o BRB. A decisão judicial que levou Vorcaro para trás das grades também significou o fim dos aportes e o fim da linha do FGC para o Master. Assim, o BC poderia decretar a liquidação do Master, mas agora com forte sustentação e amparo legal.


Um exemplo citado por técnicos do Banco Central é a liquidação do Banco Ipiranga, nos anos 70. Hoje, advogados tentam no Superior Tribunal de Justiça (STJ) receber uma indenização bilionária da União, porque alegam que o Ipiranga foi liquidado quando ainda poderia ter vendido ativos e se mantido de pé. Uma das preocupações era evitar a repetição de um cenário como esse.


O BRB ainda é motivo de atenção no sistema financeiro. O banco estatal conseguiu recuperar os R$ 12 bilhões das carteiras podres que comprou do Master, mas cerca de R$ 3 bilhões vieram de aportes dos controladores do Master e R$ 9 bilhões de ativos do banco, como carteiras de crédito e imóveis que foram reavaliados.


O risco é que esses ativos “não performem”, como se diz no jargão do mercado financeiro, o que pode exigir aportes do acionista controlador -no caso, o governo do Distrito Federal. Por isso, o BC continuará acompanhando com lupa cada passo do Banco de Brasília, que já foi proibido de comprar carteiras de crédito de outras instituições financeiras.


Renato Gomes, indicado por Bolsonaro, e Ailton de Aquino, indicado por Lula, foram os diretores que destrincharam esse emaranhado técnico e que se desenrolou pelos últimos 11 meses.


Com amparo legal, eles suportaram as pressões políticas de Brasília, que incluíram a tentativa pela Câmara de aprovar um projeto que diminuiria a independência do BC.

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


NY +1% US tech +0,8% US semis +0,9% UEM -1% España -1% VIX 23,4% Bund 2,69% T-Note 4,07% Spread 2A-10A USA=+56pb B10A: ESP 3,21% PT 3,04% FRA 3,46% ITA 3,46% Euribor 12m 2,220% (fut.2,283%) USD 1,152 JPY 180,5 Ouro 4.055$ Brent 62,8$ WTI 58,2$ Bitcoin +1,7% (87.006$) Ether +1,6% (2.838$).


SESSÃO: Depois de uma quinta-feira má, boa sexta-feira. As fortes quedas de sexta-feira foram uma correção excessivas, embora o mercado continue muito cauteloso devido à IA, Fed (10/12) e pela confusão geoestratégica (Ucrânia). Europa com o oposto, como é habitual, porque quando Nova Iorque se move com força e sem avisar, demora 24 horas e depois tem de ir atrás. Semana curta pela Ação de Graças e Black Friday, de cautela e espera de Oracle (publicará a 9/12), Fed (reunião a 10/12) e Broadcom (11/12). Antes de isso, mercado frio embora hoje provavelmente sua um pouco graças à negociação sobre Ucrânia (Trump quer algo para quinta-feira) e a uma correção excessiva após as quedas excessivas de quinta-feira passada.


Bessent (Tesouro EUA) afirma que o encerramento parcial do governo americano durante 43 dias causou um “prejuízo permanente” de 11.000 M$, o que parece desprezível numa economia de 30 Bn$, que a inflação se deve aos serviços e não aos impostos alfandegários e, para terminar, que o mercado da habitação está em recessão devido a taxas de juros elevadas (lembrete: taxas de juros da Fed em 3,75%/4,00% com inflação ca.+3%), mas não o resto da economia. Parecem apreciações mais políticas do que tecnicamente objetivas. Bastante dirigidas a culpar os democratas e a pressionar a Fed para que baixe taxas de juros. Em paralelo, Collins (Fed de Boston) afirma que se inclina para não baixar taxas de juros a 10 de dezembro, porque vê razões suficientes para duvidar. Nós continuamos a estimar que a Fed irá repetir taxas de juros a 10 de dezembro, embora o consenso agora atribua uma probabilidade de 60% a uma descida, probabilidade que tem oscilando entre 40% e 60% com tanta erraticidade como rapidez. 


O plano de paz de 28 pontos apresentado pelos EUA na semana passada parece estar a ser renegociado para diluir-se, porque era uma capitulação perante a Rússia que incluía, entre outras cessões, a entrega de território, e isso levaria a uma paz breve ao estimular a Rússia a ir além num prazo de 3 ou 5 anos, chegando mais longe do que hoje se acredita. Trump precisa de acordar “alguma paz” antes das eleições de meio mandato de novembro de 2026, e isso é um sério problema para a segurança dos europeus, mas o mercado irá interpretar este processo de negociação em positivo no curto prazo.


CONCLUSÃO: Esta semana de apenas 3 dias em Nova Iorque, na prática, pode arrancar com subidas para arrefecer de seguida. Porque na quinta-feira estará fechada devido a Ação de Graças, e na sexta-feira apenas irá abrir a meia sessão devido à Black Friday. As dúvidas sobre IA e sobre a reunião da Fed (10/12) farão com que o mercado continue frio, favorecendo a esta semana uma espécie de fecho adiantado de 2025 depois dos generosos avanços acumulados, e isso traduzir-se-á numa tendência a reduzir riscos e aumentar a liquidez, vendendo o que mais tenha subido para dar o ano como terminado, protegendo os lucros. É uma reação instintiva que poderá continuar até, estimamos, 11 de dezembro, porque Oracle irá publicar a 9, a reunião da Fed é a 10 e a 11 teremos Broadcom. Até então, faltam duas semanas que podem parecer longas com um mercado em atitude de cautela e espera. 


FIM

Terreno em Santa Cruz de Cabralia

 *Melhor que o CDB do Banco Master*


A instituição que Daniel Vorcaro tenta vender para o Estado aceitou como garantia de um empréstimo milionário um terreno que valorizou 11 mil% em 36 dias


Melhor que o CDB do Banco Master

Quem chega ao bairro Geraldão, na periferia de Santa Cruz Cabrália, na Bahia, percebe logo que a área não é própria para o turismo de luxo, tão frequente nas badaladas praias vizinhas. Ali, a piauí encontrou barracos de pau a pique embrulhados em lona de plástico preta, crianças brincando peladas no barro e uma plantação de mandioca. O principal terreno do local é enorme, com 541 mil m2, mas é o avesso do sonho de um investidor de alto padrão: fica a quase 3 km da praia, é reivindicado por dezenas de famílias do povo Pataxó que estão ali instaladas e está rodeado por um bairro pobre cujos muros estão repletos de pichações do Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa dominante na área.


A história do imóvel é um capítulo das transações imobiliárias nebulosas que agora vêm à tona no bojo de outra operação controversa: a compra do Banco Master pelo BRB, o banco estatal de Brasília, anunciada em março passado e ainda sob análise do Banco Central.


No caso do Geraldão, o primeiro ato da transação aconteceu em 14 de junho de 2022, quando a Mar Azul Construção, Comércio e Serviços, uma empresa da Bahia, vendeu o terreno por 500 mil reais para a FXF Empreendimentos Imobiliários, de São Paulo. Menos de um ano depois, em 19 de junho de 2023, a FXF se desfez da área por 900 mil reais. Era um negócio e tanto, com uma valorização de 80% em pouco tempo. Mas a FXF vendeu o terreno em termos, porque o imóvel foi comprado pela Taipe Empreendimentos Imobiliários, firma do mesmo grupo da FXF. Na prática, ficou tudo em casa. Nessa altura, meados de 2023, outra empresa do grupo, a Griffood Brasil Alimentos, começou a negociar um empréstimo com o Banco Master. 


Em meio à negociação, o terreno no Geraldão passou por uma reavaliação do seu valor. A Newmark, um escritório de avaliação de bens localizado na região da Avenida Faria Lima, em São Paulo, encarregou-se da tarefa. A Newmark disse à piauí que mandou um funcionário à Bahia para avaliar a área e cumpriu todas as normas do ramo. O resultado, no entanto, foi um espanto: o imóvel que em 2022 foi arrematado por 500 mil e revendido por 900 mil no dia 19 de junho de 2023, agora, no dia 24 de julho, pouco mais de um mês depois, era avaliado em cerca de 100 milhões de reais. Um colosso. Em 36 dias*, valorizou-se 11 mil%.


Com tamanho salto, a Griffood Brasil Alimentos tinha agora um terreno de 100 milhões para oferecer em garantia ao empréstimo que estava pleiteando com o Master. João Jacques Galvão Lima, representante da Griffood, disse à piauí que o próprio Master sugeriu que a Griffood contratasse a Newmark para avaliar o imóvel (a Newmark, por sua vez, afirma que não tem relações comerciais com o banco). Lima achou que se tratava de um pedido normal e, como precisava do dinheiro, atendeu à sugestão. Em dezembro de 2023, o Master aceitou a garantia do terreno no Geraldão e concedeu o empréstimo de 356 milhões de reais à Griffood, segundo a própria empresa beneficiária. Com isso, o imóvel passou a ser propriedade do Master – até que o empréstimo fosse devidamente saldado. 


Para calcular o valor do imóvel em 100 milhões, a Newmark atribuiu ao metro quadrado a média de outros cinco terrenos localizados em lugares paradisíacos do litoral baiano. São imóveis à beira da praia, sem confusões fundiárias que remontam à chegada dos portugueses ao Brasil e localizados a até 23 km do bairro Geraldão. Diante da falta de coordenadas que apontem a localização exata dos cinco terrenos usados como referência, a piauí conseguiu visitar apenas três – e constatou de modo inequívoco: são incomparáveis.


A Newmark escolheu os imóveis por meio da internet, buscando anúncios de imobiliárias da região. Na avaliação final, à qual a reportagem teve acesso, a empresa usa um texto genérico para contextualizar seu trabalho, citando vagamente pesquisas de mercado, impactos da Covid e a guerra na Ucrânia, e ignorando a reivindicação indígena de posse sobre a área. A Newmark alegou que estudos do tipo partem do pressuposto de que os terrenos estão desimpedidos e dependem de informações passadas pelos proprietários. Na sua avaliação do valor comercial da área, a Newmark concluiu que o imóvel valia 100 milhões de reais, enquanto a liquidação forçada, ou seja, a venda imediata da terra sem tempo para negociações, geraria 71,2 milhões de pronto. 


Na prática, no entanto, o Master tem em mãos um ativo podre, já que é evidente que o terreno do Geraldão não vale 100 milhões de reais, segundo todas as imobiliárias da região ouvidas pela piauí. Tampouco obteria 71 milhões de reais numa venda apressada. (No registro em cartório, atribuiu-se ao terreno um valor ligeiramente mais baixo, 97,8 milhões de reais, mas igualmente fictício.) Por operações assim, que jogam dúvida nos números do Master, o Banco Central ainda não aprovou a compra do banco pelo BRB, banco estatal de médio porte controlado pelo Distrito Federal, considerada a maior operação de salvamento de uma instituição bancária na história do mercado brasileiro (leia aqui reportagem da edição 224, de maio). A lista de pecados a serem expurgados não é curta. O mais conhecido é o histórico de rentabilidade excepcional do CBD do banco, de até 130% do CDI, muito acima da praticada no mercado e notoriamente insustentável (confira aqui outra reportagem sobre o tema, da edição 217).


Para Cristina Helena de Mello, professora de economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o caso do terreno merece uma atenção mais detida. “Se o banco aceitou um bem de valor inflado ou de liquidez duvidosa, isso pode configurar um risco sistêmico ou indício de má conduta, o que cabe ao Banco Central investigar.” Segundo a especialista, é grave usar um território ocupado por indígenas como garantia. “Terras ocupadas por povos originários têm proteção constitucional e não podem ser livremente negociadas.” Para ela, em casos que envolvem potencial fraude na valorização do bem, como indícios de superfaturamento ou laudos irregulares, o caso também pode envolver o Ministério Público Federal e a Polícia Federal. “Principalmente se houver implicações envolvendo terras públicas, indígenas ou uso indevido de recursos do sistema financeiro.”


Santa Cruz Cabrália está na chamada Costa do Descobrimento, no litoral Sul da Bahia. Fica no ponto do litoral brasileiro em que as caravelas portuguesas de Pedro Álvares Cabral atracaram em 1500. Atualmente, é um município de 30 mil habitantes e graves problemas de violência. Em 2022, um ano antes do empréstimo do Master, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública informou que Cabrália era a 24ª cidade com maior número de mortes violentas intencionais no Brasil.


Em sua área central, na linha onde fica o terreno que virou um bem milionário, a praia é urbana, cercada por um calçadão de concreto e pouco atraente, se comparada com outros destinos nos arredores. Foi considerando tais características, a violência e um cenário pouco convidativo para negócios de luxo, que um corretor de imóveis, que pediu para não ser identificado, começou a trabalhar para negociar a área no Geraldão. 


Em julho de 2023, ele foi contratado por representantes da Taipe, então dona do terreno, para iniciar a montagem de um loteamento popular no espaço. “Foi tudo por telefone e correio”, lembra o profissional, que atendeu a piauí em seu escritório, em Porto Seguro.


Ele receberia 6% do valor de revenda do imóvel e mais alguns lotes. Sua entrada na jogada era uma forma de blindar o terreno contra outros eventuais investidores interessados e os próprios indígenas, que já tinham um grande acampamento adjacente consolidado e reivindicam a posse do terreno do Geraldão.


O corretor também recebeu a tarefa de fazer um estudo topográfico da área que pudesse ajudar a formar um preço atualizado do bem. Ele próprio, interessado na comercialização, fez um cálculo já extravagante, de altíssima valorização em relação aos valores oficiais: 10 milhões de reais, considerando o potencial para construção de conjuntos habitacionais e levando em conta a evolução dos indicadores do mercado, em relação aos valores registrados antigamente em cartório.


No começo de 2024, o corretor foi tomado pelo espanto. “De seis em seis meses, eu pego uma certidão no cartório de cada cliente meu. Eu peguei a certidão do terreno, e vi que tinha servido de garantia para uma operação de crédito de 356 milhões de reais. Eu tomei um susto.” Nas contas do corretor, considerando o valor do empréstimo garantido pelo imóvel e a avaliação do próprio terreno, sua comissão deveria agora ficar em 23 milhões de reais. O corretor obteve então uma cópia do documento que atesta que, hoje, a propriedade oficial do imóvel no Geraldão é do Master. 


O corretor conta ter entendido que estava sendo envolvido em um golpe e, pior, levando um calote. Segundo ele, até aquele ponto, não havia sido feito nenhum pagamento pelo seu trabalho. Nesse momento, ele abandonou o cuidado com a área – e os indígenas ocuparam todo o terreno e o lotearam entre suas famílias. Decidiu, então, brigar por seus direitos. Juntou todas as informações de que dispunha: contratos, documentos do cartório, reportagens sobre suspeitas a respeito do Master e boletins de ocorrência, registrando o esforço para conter o avanço dos indígenas. Em agosto de 2024, ingressou na Justiça com uma ação de cobrança, pedindo o bloqueio liminar da matrícula da área e o pagamento da taxa de corretagem de 23 milhões. 


Depois de analisar todo o enredo, a juíza Tarcísia de Oliveira Fonseca Elias, da Vara dos Feitos Relativos às Relações de Consumo, Cíveis e Comerciais no município, deu razão inicial ao corretor e viu uma “possível fraude contra o sistema financeiro” no imbróglio. Em março passado, a magistrada tornou indisponível o imóvel do Geraldão, ou seja, nada mais pode acontecer ali sem passar por avaliação prévia da Justiça. Além disso, determinou o bloqueio de 23 milhões das contas da Taipe e remeteu os autos aos Ministérios Públicos Estadual e Federal na Bahia. O caso segue correndo em primeira instância para análise do mérito.



O potiguar João Jacques Galvão Lima, de 59 anos, é o responsável pela Griffood, a tomadora do empréstimo com o Master. Seu nome não é citado em colunas sociais ou anúncios de fusões empresariais – pelo contrário, é um ser quase invisível de tão discreto. Para quem o procura em bancos de dados oficiais, uma das menções mais detalhadas – e recentes – está em um processo judicial no Ceará, no qual ele se apresenta como “pescador artesanal”. No documento, Lima requer gratuidade das custas processuais e se declara “pobre na forma da lei”.


A viagem da reportagem até a residência informada por Lima durou, no total, quase três dias, partindo de São Paulo, onde fica oficialmente a Griffood. Foram quase cinco horas de avião e sete de carro. A vila de pescadores fica na área em que, hoje, funciona uma usina eólica à beira-mar. É uma paisagem formada por dunas de quase 30 metros de altura, que se movem de acordo com a direção do vento. Poucos lugares no Brasil são tão intransponíveis.


Um grande portão interrompe a sinuosa estrada de terra que liga a rodovia asfaltada até o mar. Para evitar que aventureiros se percam nesse labirinto de areia branca, um segurança avisa que não é possível entrar no espaço sem a companhia de algum morador local. Vencido o entrave, a piauí leva mais 20 minutos contornando as dunas e chega até a vila de pescadores Praia do Xavier e Barra dos Remédios, no interior do município de Camocim (CE).


No processo judicial, Lima se declara “residente” da região, que fica quase na divisa com o Piauí. As distâncias demonstram o isolamento do lugarejo: fica a 385 km de Teresina ou 408 km de Fortaleza. É um povoado ermo, pequeno, onde moram cerca de trinta famílias – muitas sem acesso à eletricidade, apesar de conviverem com o barulho constante das hélices que geram energia com o vento. 


Retalhos de plástico protegem buracos na estrutura da casa de pau a pique declarada como a moradia do responsável pela Griffood – mas ele não está lá. “Ele tem uma casa aqui, mas não vive aqui”, disse uma vizinha. Indagada se Lima seria pescador, ela silencia e estranha a informação. Mais tarde, diz lembrar-se que o forasteiro fez um curso recentemente para conseguir o título. “Mas não é pescador, assim como a gente.” Os moradores informam que a última vez que viram Lima na região foi em janeiro deste ano.


A primeira notícia concreta sobre o paradeiro de Lima vem de outro lugar: um sobrado em uma rua de paralelepípedo no bairro Edson Queiroz, na periferia de Fortaleza, o endereço da residência de uma das ex-sócias e administradoras da Taipe. Trata-se da advogada Renata Carneiro Barbosa Galvão, filha de Lima. Ela, aliás, entrou na companhia em uma data cheia de significado: 22 de dezembro de 2023, data em que o terreno foi alienado para o Master.


Renata Galvão disse que desconhece a tal operação. Sequer confirmou saber os nomes das firmas das quais ela própria fez parte ou das entidades do império empresarial ligado ao seu pai. Taipe? “Nunca ouvi falar.” Griffood? “Não tenho conhecimento.” Confrontada com a informação de que seu pai estaria envolvido com um empréstimo de 356 milhões de reais – hoje beirando os 500 milhões de reais –, a mulher de 30 anos foi taxativa: “Amigo, meu pai não tem nem cacife para ter tomado um empréstimo dessa proporção.” 


A Taipe e a Griffood são companhias que, ao longo dos anos, fizeram frequentes trocas de sócios e endereços. A piauí esteve no bairro do Traviú, em Jundiaí, no interior de São Paulo, onde funcionam algumas unidades do grupo. São firmas ligadas por vínculos societários com indícios de uso de laranjas, como no caso da filha de Lima. No total, mais de oitenta empresas estão registradas nesse cipoal de firmas pelo Brasil todo. A maioria é do ramo alimentício. Mas há também entidades de outras áreas, como locação de imóveis e informática – uma galáxia de negócios em que orbita o nome do empresário Edson José Bandeira Braga Filho. 


Responsável por um grupo que responde a 133 processos judiciais de dívidas e burlas tributárias, Braga Filho falou com a piauí por telefone. Não soube ou não quis falar sobre o empréstimo do Master. Afirmou que a Griffood é um nome sólido no ramo de comida congelada. Apontou Lima como dono da firma e colocou-o em contato com a piauí. A revista teve duas conversas com Lima. Na primeira, por telefone, ele estava desconfiado. Negou ter a pesca como profissão. “É meu lazer, meu hobby.” Segundo ele, o processo judicial com tal menção foi uma forma de ajudar, com recursos e advogado, os pescadores da vila contra as pressões para tirá-los de Barra dos Remédios, onde teria comprado um casebre para descansar.


Ele confirmou, no entanto, o empréstimo do Master. E deu a entender que o negócio envolveu mais do que o terreno em Cabrália. “O Banco Master fez uma operação e não foi só com a gente. É um pool de investidores”, disse, sem explicar detalhes do caso, alegando sigilo. De fato, dias antes da entrega do imóvel como garantia, houve a criação de um fundo de investimento, chamado Griffood Brasil, na Reag Investimentos, uma administradora cujo presidente do Conselho de Administração é João Carlos Mansur, velho parceiro de negócios de Daniel Vorcaro, o dono do Banco Master.


Um detalhe em documentos analisados pela piauí chama a atenção: em 2018, muitos anos antes do imbróglio atual, a Griffood informou à Receita Federal que um de seus contatos era um advogado chamado Antonio José Santos Guimarães, que vem a ser o atual “gerente paralegal” da Reag. A piauí ouviu um auditor fiscal da Receita Federal para entender o significado dessa coincidência que fez o mesmo nome aparecer na Griffood e na Reag. A repetição do nome, segundo o especialista, indica alguma relação de ordem fiscal entre as duas empresas. Mas a suspeita mais complexa é de que o empréstimo de 356 milhões seja uma operação para subtrair esse montante do banco, sem o conhecimento de investidores e conselheiros do Master. Em nota, a Reag não explicou a coincidência, mas informou que “não tem e jamais teve qualquer tipo de controle sobre a Griffood”. 


A segunda conversa com Lima, pessoalmente, aconteceu em uma confeitaria no sofisticado Shopping Iguatemi, em São Paulo, na Avenida Faria Lima. Aparentando serenidade, apresentou-se como um empresário que foge dos holofotes. “Meu negócio é produzir alimento congelado”, disse, referindo-se a pizzas artesanais e croissants que, segundo ele, são vendidos para que companhias de renome coloquem suas marcas posteriormente. “Dou sustento através do trabalho honesto para mais de setecentas famílias.” Disse que sua filha só disse que ele não tinha “nem cacife” para tomar o empréstimo porque foi pega de surpresa pela reportagem. Acrescentou que a filha não conhece sua vida muito bem e que colocou o nome dela na sociedade da empresa apenas para ajudá-la. 


Indagado sobre eventuais irregularidades na concessão do empréstimo e na avaliação do terreno usado como garantia, Lima disse que a situação deveria ser “sondada e verificada mais para cima um pouco”. “É lá do banco para cima. Onde é que eles erraram, se é que erraram alguma coisa, se fizeram alguma coisa de errado… Tem que ver o que está acontecendo com eles, né?”


Sustentou que uma parte do empréstimo de 356 milhões foi investida na Griffood e outra parte foi reaplicada no próprio Master. Mesmo assim, documentos indicam que a firma segue com dificuldades financeiras. Hoje, a Griffood possui 23 títulos de dívida registrados no Tabelionato de Protesto de Letras e Títulos de Jundiaí, em um passivo de 1,53 milhão de reais. Uma das firmas credoras ingressou com um pedido de falência contra a Griffood no Tribunal de Justiça de São Paulo.


Não é incomum uma empresa pegar um empréstimo para ter caixa e ir fazendo os investimentos ao longo do tempo, segundo Roberto Luis Troster, doutor em economia e ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Se é uma operação acertada ou não, diz o especialista, depende do que será feito com o dinheiro. “Se o crédito for usado em um empreendimento rentável e lícito que gere recursos para pagar o empréstimo, é uma operação inteligente. Se não for assim, é uma operação estranha, suspeita, e causa prejuízos.”


Para Lima, “valia a pena”. Indagado por qual razão pegou emprestado um dinheiro de que não precisava imediatamente, ele declarou: “Vou usar já, já.”


A piauí enviou nove perguntas sobre o episódio ao Banco Master. A instituição mandou uma nota afirmando que “a referida operação foi realizada em total conformidade com as regras previstas no Manual de Crédito da Instituição”. Disse ainda que “a operação já foi quitada e que o Banco não possui qualquer crédito com a empresa citada”. O Master não quis esclarecer como foi feita a quitação, nem se o crédito foi terceirizado para outra empresa, nem a data em que isso teria ocorrido, nem o responsável pela ação. 


Na confeitaria do Shopping Iguatemi, Lima preferiu não entrar em detalhes sobre as suspeitas que pairam sobre a avaliação do terreno na Bahia. “O Banco Master, detentor do recurso, me emprestou dizendo que acatava aquilo como parte das garantias. Independentemente do valor, ele acatou e me liberou”, disse. Lima reivindicou sigilo comercial e bancário para não dar mais detalhes do caso. Não quis mencionar o pagamento da dívida, mas deu a entender que não houve quitação dos valores – aliás, a primeira parcela está prevista somente para 2026 e, no cartório, o terreno dado como garantia segue alienado. “Eu tenho um compromisso formal com ele [Master]. O risco tá nele [Master].”


Ao final da conversa, combinamos que ele responderia as perguntas por escrito. O e-mail que lhe mandei, no entanto, nunca foi respondido. Nos despedimos assim:


– Isso tudo não é muito estranho? – perguntei.


– Tem muita coisa estranha no Brasil – respondeu o “pescador artesanal” e “pobre na forma da lei”.


*A versão original deste texto trazia a informação de que a valorização de 11 mil% ocorreu em 25 dias. Na verdade, a valorização ocorreu em 36 dias. A informação foi corrigida às 16h16 do dia 30 de julho de 2025. 



https://piaui.folha.uol.com.br/terreno-santa-cruz-cabralia-banco-master/

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