sexta-feira, 27 de junho de 2025

Fernando Cavalcanti 1

 POR QUE A ESQUERDA SE TORNOU TÃO INSUPORTÁVEL


No texto anterior comentei minha perplexidade por perder tantos amigos queridos de esquerda. Sempre por iniciativa DELES.


Neste explicarei o que deu o "bug" no computador mental desse pessoal.


Resumindo em uma frase, é que a esquerda "clássica" se transformou (talvez fosse mais adequado dizer que se DEGRADOU) em esquerda identitária.


Eles mudaram de foco, de paradigma.


Para Marx, a grande questão era a classe econômica: burguesia (isto é, os detentores dos meios de produção) "versus" proletariado (os que só contavam com a sua força de trabalho).


Atualmente, a dicotomia "patrão contra empregado" foi substituída por "maioria contra minoria";


"Minoria", para esquerda, bem entendido, não é um conceito numérico. Aplica-se a grupos sociais que supostamente são oprimidos por outros. E "maioria" os que os oprimem.


"Maioria" seriam os homens, os "brancos", os heterossexuais, e os ricos. "Minoria" seriam os negros e pardos, as mulheres, os homossexuais e os pobres.


Essa mudança de paradigma é que tornou a esquerda de hoje tão agressiva.


Por que aconteceu? Não se sabe ao certo. A explicação mais provável é que, como capitalismo REALMENTE é eficaz em promover a ascensão social, a esquerda ficou desconcertada com o número de proletários que viravam patrões ou (mais abundante ainda) não tinham mais a quem obedecer, como no caso dos profissionais liberais.


O Marxismo partia do pressuposto de que,se vc trabalhava para os outros, nunca, jamais sairia dessa condição. De que o sistema econômico, e seus derivativos da política e da religião, te "acorrentava". Vc, de família proletária, morreria pobre, e seus filhos, netos, bisnetos etc perpetuariam sua miséria eternamente. Sua única saída para não passar mais fome, portanto, era tomar armas e dominar o Estado pela violência.


Aí vc e seus companheiros de jejum forçado se apossariam do "excedente de produção" dos burgueses, e passariam a governar o país, fazendo com que toda a riqueza estivesse a serviço de todos, e não de uma minoria.


Resumindo bem resumido, era isso que aquele idiota do Marx pensava e pretendia. (Rotulo-o de imbecil porque, mesmo vivendo no final do século XIX, período em que a expansão da cultura e incremento salarial estavam promovendo vertiginosa ascensão social, permaneceu cego e aferrou-se à ideia de que o capitalismo era estamental, como uma nova versão do feudalismo.)


Acontece que a realidade foi contrárias às ideias de Marx. Onde o capitalismo chegava com efetividade os pobres ascendiam.


Foi assim que nos EUA, no Canadá, em todos os países da Europa Ocidental, no Japão, na Coréia do Sul etc acabaram-se os famintos. Vc podia ser pobre, claro, nesses países. Mas, se trabalhasse duro e não desperdiçasse seu dinheiro, sua ascensão social era garantida.


Aposto, inclusive, que a imensa maioria de vcs, que me lêem, não nasceu em "berço de ouro". Que têm um histórico de pais que "ralaram" muito para dar a vcs condições de serem o que são agora. E vcs, hoje, vivem dignamente. Essa é a magia do tão denegrido capitalismo.


Essa disseminação da prosperidade deixou os políticos e intelectuais da Esquerda, em países ricos, numa encruzilhada.


Tipo: "E agora? Não podemos mais ficar defendendo a tomada dos excedentes de produção, pois a maioria da população virou burguesa. A luta de classes perdeu o sentido. Precisamos descobrir algum conceito para substituir o de burguesia."


E assim, numa incrível sacada, substituíram o proletariado pela "minoria" no lugar de oprimido.


É essa a raiz do ambiente agressivo e tão desagradável em que vivemos hoje.


Os detalhes darei no próximo texto, pois vi que esse ficou grandjinho. E no mundo de hoje ninguém tem mais paciência para "textões".


Na verdade, não sei como vcs me aguentam. 😉😂

Fernando Cavalcanti 2

 POR QUE A ESQUERDA SE TORNOU TÃO INSUPORTÁVEL (Parte II: ÉRAMOS TÃO FELIZES)


Fiquei agradavelmente surpreso de ver o número de leituras e, mais significativo, de compartilhamentos do texto anterior. Provaram que o assunto é incômodo para muitos, não só para moi. E que explicações sobre ele geram interesse.


Parênteses: Na verdade, em redes sociais percebo que o número dos que nos lêem, se se trata de temas polêmicos, é sempre muito superior ao dos que curtem ou comentam. Às vezes vc publica um texto, pensa que passou despercebido, e uns dez anos depois alguém te diz "Ah, mas vc diz que tal coisa é assim e assado...". E vc descobre que ela, SIM, leu aquele seu texto aparentemente obscuro. Apenas não denunciou sua presença com comments ou emojis. Geralmente é porque teve reservas ao que eu disse. Mas gostou de outros pontos. Então ficou indecisa, naquele dilema: "E agora? Boto like ou dislike? Gostei do que Fernando comentou sobre tal ponto, mas  aquelas outras opiniões dele são chocantes. Se eu curtir o texto, vão achar que concordo 100% com ele. " E a pessoa termina não postando nada. E eu penso que ela nem tomou comhecimento. É engraçado, né? Rs!


Mas chega de digressões. Nosso papo é Esquerda, essa desgraça.


Estava explicando no texto anterior que eles mudaram de foco, e por isso se tornaram tão insuportáveis.


Sinto isso na pele. Literalmente. Tenho saudades de tantas amizades queridas, que me abandonaram.


Enquanto a questão era ser patrão ou empregado, a gente convivia numa ótima. Discutíamos política sem ver uma discordância doutrinária como algo grave.


Mas a partir do momento em que a esquerda substituiu proletário por "minoria" no papel de oprimido, as brigas se maximizaram.


Explico: Se vc tem ou não tem dinheiro importa pouco num debate ideológico. Mas, se a questão "pula" para raça, sexo, origem ou preferências eróticas, o negócio vira potencialmente explosivo.


Dinheiro vc tem ou não, e pode adquirir.


Mas ninguém muda de sexo, cor, origem ou tesão.


E, se vc achar que o outro é um "opressor natural" por conta de tais fatos, desgraçou tudo.


Seu suposto opressor vai ter que viver te pedindo desculpas por existir. Se não o fizer, comprovará (na ótica distorcida, doente, da esquerda) que é, deveras, um malvadão.


Tipo: "Como é que é? Ele é branco, homem, hetero, nasceu em tal lugar/condição e mesmo assim quer negar que é um privilegiado? Que monstro!"


Vira um ponto de celeuma MORAL. Essas questões que vc não tem como mudar. E por isso, dia a dia, gerarão situações problemáticas.


Vou exemplificar.


Eu tinha uma amiga que paquerava, a M.... Sem grandes expectativas, por ela morar longe. (Se a lady valer muito a pena, OK, mas é sempre complicado.) Mas, enfim, eu a paquerava.


Chamava-a de minha linda mulata, minha marrom, minha sapoti etc. E ela adorava. Retribuía denominando-me seu vampirinho, seu desbotadinho, seu papel ofício etc. Rolava um delicioso clima de sedução mútua entre nós, potencializado pelo fator tom de pele.


Um dia, do nada, ela me ordenou que nunca mais a chamasse de mulata. Explicou que DESCOBRIRA que era um termo racista, que advinha de mula.


Retorqui que nunca tivera má intenção, pelo contrário. E que essa suposta origem denegridora do termo estava perdida nos séculos, e devia ser ignorada.


Debalde. Ela continou exigindo que eu suprimisse o termo. Recusei-me (aquariano, vcs sabem, nunca dê ordens, que o efeito será o oposto) e nunca mais nos falamos.


Pensem num rompimento ridículo!


E minha amiga K...?


Meu Deus, como nos deliciávamos avec nossa amizade! Era tão culta, bem-humorada e gatinha! Creio que só não namoramos por acaso. Ela anunciou que viria a Recife cerca de um mês antes de conhecer seu futuro marido.


Ao chegar aqui, já estava apaixonada. Levei-a para comermos ostras com vinho branco, ela até publicou no Face, e (soube depois) as migas "votaram" em mim . Rs! Mas ela pensava no seu atual marido. Na época, achei um tremendo azar. Hoje vejo que foi sorte.


Pois K..., que tinha uma ideia light da dominação masculina, virou uma fanática que enxergava machismo em tudo.


Para ela, por exemplo, Dilma só caiu por ser mulher. E nos estertores de seu governo, quando admitiu, em busca de votos, um ministro do trabalho idoso, casado com uma mulher jovem que exibia despudoradamente seus seios siliconados, ficava revoltada quando a gente dizia que a mulher era uma prostituta. "Sororidade", vcs sabem.


Quando lhe falei sobre esquerda identitária, surtou. Disse que não era degradação, era PROGRESSÃO da esquerda. E deixou de falar comigo. Alegou que tinha "descoberto" meu secreto machismo.


Esse negócio de "descobrir" que a outra pessoa, no fundo, é má, é típico da Nova Esquerda. Assim se acabaram tantas amizades.


Vejam meus amigos gays... Eu tinha um monte!


Dava-me fantasticamente bem com eles. Temos vários gostos em comum. Ficavam até brincando que eu era um gay que não tinha me descoberto. Eu explicava que já tinha "provado" mulher, sorry, e tinha apreciado muito. Too late. Não podia mais dispensar. Kkkkkkkkkk!


Todos ríamos e nos aceitávamos tão bem, poxa!


Então veio a eleição retrasada, e votar no Bolsonaro passou a ser encarado por eles como uma ofensa inadmissível.


"VOCÊ, Fernando, um homem tão culto, não pode votar num político que é tão homofóbico! Vc entende a gravidade do discurso dele! Se vota, é porque, no fundo, é como ele!!!"


(Que ódio tenho desse papo de "NO FUNDO"! Elimina qualquer debate. Feito aquele conceito de "lugar de fala".)


Por mais que eu lhes falasse em figuras de linguagem e em voto por conjunto de ideias, não pontos específicos do discurso, eles não se conformavam. E os perdi quase todos.


A esquerda identitária é assim. Ou tudo ou nada.


Se vc não rezar pela cartilha dela é racista, machista, homofóbico, eurocentrista ou coisa que o valha.


A esquerda clássica via a burguesia como um espaço a ser conscientizado. Vc podia "ADERIR" ao movimento, entendem? Feito Bakunin, nobre e rico, que virou um dos mais entusiasmados e reverenciados revolucionários comunistas.


Mas, pela Nova Esquerda, Identitária, o negócio é imutável.


Vc, meu caro homem, meu caro branco, meu caro hetero, meu caro nascido em país rico (ou pior ainda, vivendo em país pobre não sendo pobre), nunca terá como mudar sua condição. Precisará passar o resto de sua vida baixando a cabeça por isso, VISSE?


Ora, que vão para o diabo, que os carregue!


Uma das frases que mais me deram ódio de ouvir, ultimamente, foi "Se vc vc não tem sangue negro nas veias, tem esse sangue nas mãos."


Imbecis da esquerda, para começar, no Brasil praticamente todo o mundo tem algum sangue negro nas veias!!!


Em segundo lugar, em geral quem não tem nenhum sangue negro ou índio nas veias é a galera "colona", gente cujos antepassados chegaram neste lixo de país por desespero, só porque iam morrer de fome na terra natal.


Esses desgraçados proletários ralaram horrores para seus descendentes hoje terem sua condição digna atual.


E vocês os recriminam por sua tez pálida??? Esses netos de infelizes??


Isso é louco, é mórbido, é doentio.


Mas a Esquerda identitária é assim, insana.


Por isso está tão desagradável viver.


Morro de saudades da época em que eu adorava meus amigos de esquerda, e eles me adoravam.


Mas a punição desses novos fanáticos chegará.


A Direita cresce em todo o mundo. Terceira Lei de Newton. Onde é contida é na marra, como no Brasil.


Tenho fé em Deus que essa Esquerda que dissemina o ódio a pretexto de combatê-lo terminará sendo expurgada.


E voltaremos a conviver em paz.


Direita e Esquerda, como adversários, não inimigos figadais.


Não é impossível. Já presenciei isso.


Éramos tao felizes!

Captações externas

 *COLUNA DO BROADCAST: EMPRESAS BRASILEIRAS CAPTAM AO MENOR CUSTO HISTÓRICO NO EXTERIOR*


Por Cynthia Decloedt


 São Paulo, 27/06/2025 - As companhias brasileiras que buscam recursos no mercado de dívida externo estão sendo privilegiadas no movimento de rotação que os investidores estrangeiros estão fazendo em suas carteiras, diminuindo a exposição a ativos norte-americanos e alocando em outros países. O pano de fundo é a queda na frequência de muitas delas nesse mercado, dado que o mercado de dívida local ganhou musculatura e passou a concorrer em prazo e capacidade de absorção de ofertas de montantes elevados de papéis.


*QUEM FOI*. Gerdau foi a primeira a cravar no início de junho um custo recorde de baixa em captação feita no exterior por uma empresa brasileira, quando levantou US$ 650 milhões. O feito foi renovado essa semana pela JBS USA, que emitiu US$ 3,5 bilhões em títulos garantidos pela matriz brasileira. Ambas são consideradas companhias de primeira linha e baixo risco. Mesmo o Tesouro Nacional captou US$ 2,750 bilhões, também no início de junho, com prêmio próximo as mínimas históricas e a maior demanda por seus papéis registrada em sete anos.


*VALE A PENA*. De acordo com um banqueiro que preferiu não se identificar, o prêmio médio exigido pelos investidores para comprar bonds de empresas brasileiras de primeira linha está em território negativo dado o apetite dos estrangeiros em alocar no País. "Diria que mais empresas poderão captar com prêmios recorde de baixa", afirma.


*CONCORRÊNCIA*. Muitos desses grandes emissores que eram frequentes têm feito parte de suas captações no mercado de dívida local, como Vale e Petrobras, entre várias outras. "O investidor estrangeiro vê a operação e faz ordens grandes, porque não sabe mais quando a companhia vai voltar", afirma outro banqueiro.


*VOLUME*. De janeiro até agora, as empresas captaram US$ 20,250 bilhões no mercado de dívida externa e há possibilidade de outras companhias aproveitarem o apetite externo antes das férias do Hemisfério Norte, em agosto. O volume emitido de janeiro a julho de 2024 foi de US$ 11,8 bilhões. Além da JBS USA, emitiram Raízen (US$ 750 milhões) e Latam (US$ 800 milhões) esta semana.

Investimentos na B3

 *ESPECIAL: INVESTIMENTO ESTRANGEIRO NA B3 NO 1º SEMESTRE É O MAIOR DESDE 2022 E DEVE CRESCER*


Por Caroline Aragaki e Maria Regina Silva


 São Paulo, 27/6/2025 - O primeiro semestre de 2025 caminha para ser o melhor em termos de ingresso de capital estrangeiro na Bolsa brasileira em três anos. A expectativa é de que o fluxo positivo continue nos próximos meses. A perspectiva de corte dos juros dos Estados Unidos (EUA) a partir de setembro colabora para esse cenário, assim como a percepção de que a política fiscal pode ficar mais restritiva em 2027 com um novo governo.


 Até a última quarta-feira (25), o fluxo estrangeiro à B3 de janeiro a junho somava R$ 25,2 bilhões. É o saldo mais positivo para o período desde 2022, quando houve ingresso de R$ 70,5 bilhões. De janeiro a junho do ano passado, o saldo foi negativo em R$ 40,1 bilhões, e em 2023 positivo em R$ 17,0 bilhões.


 Embora falte quase um ano e meio para as eleições, a possibilidade de mudança na rota fiscal em um eventual novo governo começa a ganhar espaço nos debates do mercado. Isso ocorre principalmente após o Congresso derrubar, na quarta-feira, o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) decretado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "A derrota mostrou que o governo está perdendo força dentro do Congresso", diz Kevin Oliveira, sócio e advisor da Blue3.


 Para o JPMorgan, o mercado ignora as preocupações relacionadas à política fiscal - apesar da recente deterioração -, focando em temas ainda relativamente distantes, como o ciclo de corte na taxa Selic e as eleições presidenciais de 2026. O banco, porém, destaca que o mercado de ações do Brasil - que tem recomendação overweight - segue como uma das principais apostas, ao lado de Índia, Coreia do Sul, Filipinas, Grécia, Polônia e Emirados Árabes.


 O codiretor de gestão da Azimut Brasil Wealth Management, Eduardo Carlier, ressalta que, dada a queda na popularidade do governo Lula em pesquisas recentes, faz sentido os investidores enxergarem chances de troca de governo. Ele pondera, no entanto, que "está cedo para tentarmos fazer um call com muita segurança, porque daqui até as eleições precisaremos saber quais serão os candidatos, qual a relevância que cada um vai ter?.


 Para o head de análise da Levante, Enrico Cozzolino, fatores políticos terão cada vez mais influência na decisão do investidor de fazer aportes no Brasil. "É um tema difícil de precificar. Então a volatilidade deve continuar", estima.


Diversificação no exterior ajuda Brasil


 O processo global de diversificação de carteiras, principalmente em meio à queda do dólar mundialmente, segue colaborando para atrair recursos estrangeiros a mercados emergentes, inclusive para o Brasil.


 "A renda variável ainda está muito descontada, e isso é um incentivo, mesmo a taxa de juros aqui sendo um 'senão'", ressalta Silvio Campos Neto, economista sênior da Tendências Consultoria. Segundo ele, mesmo que o Brasil atraia uma parcela pequena da diversificação externa, qualquer ingresso faz diferença.


 "Se os fundamentos continuarem iguais aos dos últimos dois ou três meses - não houver uma gravidade no cenário geopolítico que afete a estrutura de petróleo, por exemplo -, o Brasil continua como um ganhador relativo", diz Carlier, da Azimut.


 A expectativa de cortes nos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) em algum momento deste ano também tende a estimular a chegada de capital externo à B3, na opinião de Gabriel Mollo, analista de investimentos do Banco Daycoval. A despeito de o presidente do Fed, Jerome Powell, ter mantido cautela com relação a sinalizar queda das taxas básicas dos juros americanos, ao menos dois cortes estão no radar, pontua.


 "Acredito que o capital estrangeiro tende a voltar a partir de setembro [primeiro mês em que o afrouxamento é mais provável]. A partir do momento em que esse cenário se consolidar, vai estimular", estima Mollo.


Mercado monitora cenário para a Selic


 Apesar da sinalização do Banco Central (BC), de que a Selic permanecerá significativamente contracionista "por período bastante prolongado", a tendência é que o investidor estrangeiro continue atraído pelo Brasil. Isso porque, conforme o analista do Banco Daycoval, a maior clareza sobre a trajetória do juro básico pode melhorar o valuation de determinadas empresas na Bolsa.


 Kevin Oliveira, da Blue3, também aposta em bons resultados corporativos nos próximos trimestres para alavancar o ingresso de capital externo na B3. Em sua visão, se os balanços trouxerem números fortes, que agradem, o Ibovespa pode retomar a marca dos 140 mil pontos e talvez alcançar os 145 mil pontos no fim de 2025.


 Algumas variáveis podem limitar o avanço do Ibovespa, segundo Cozzolino, da Levante. Ele destaca a adoção de medidas que comprometam ainda mais a saúde fiscal do País por parte do governo para melhorar a popularidade do presidente Lula. "Boa parte da alta do índice foi no momento de maior silêncio do governo. Quando passou a falar mais, a Bolsa despencou, mas depois corrigiu um pouco", afirma.

Diário de uma vida 1

 

Sou "economista raiz", já uns 35 anos de mercado, dois Mestrados, um profissional (com dissertação), um acadêmico (créditos).

Comecei um Doutorado em Évora, Portugal, mas bati na parede do excesso de modelos matemáticos.

Para isso, era preciso o apoio, ou suporte da universidade, de modelos, q necessitam uma formação sólida prévia.

Estou atrás disso, mas confesso q a minha formação acadêmica é mais "histórico descritiva". Tem modelos, mas mais focados em macrométrica.

Vivi boa parte da minha carreira numa Consultoria de Mercado de Capitais ("research"), a Lopes Filho & Associados, q atuava de "fora para dentro" do mercado.

Não cheguei a trabalhar em instituições financeiras, mas conheci de perto muitas estruturas. Peguei as mudanças do mercado de capitais, com a "desmutualização", em q as corretoras se desvincularam do Ibovespa, q se tornou empresa aberta, a B3, negociada em bolsa de ações.

Foi um momento também que a LF teve que se readaptar. Seu universo de clientes, antes muitas corretoras, se ajustou, ingressando também fundos de pensão e algumas gestoras.

Foi um período também q o mercado financeiro muito se concentrou. Isso não foi bom. Tivemos um forte crescimento de gestoras e AAI, decorrente desta "concentração". Os profissionais tiveram que se adaptar à uma nova realidade.

Em realidade, esta profusão de novas gestoras e escritórios acabou passando por um processo "darwinista", de depuração, que ainda acontece.

Em 2017/18, observando este processo, tomei uma decisão importante na minha carreira. Com filho em plenitude, prestes a ingressar na universidade, e já de saco cheio destes governos populistas de sempre  (demagógicos e visando o próximo ciclo eleitoral), fui a Portugal conhecer a realidade de um país no apogeu do seu "marco civilizatório".

Fui e me apaixonei. Em out2018 vendi tudo q pude e me bandeei para lá. Primeiro em Évora, no coração do Alentejo, depois em Almada, a Niterói dos "alfacinhas" em Lisboa.

Foram 4 a 6 anos de intensidade.  







Fabio Alves

 FÁBIO ALVES: A ESTRATÉGIA É DEIXAR LULA SANGRAR ATÉ 2026?


A leitura dos investidores, ontem, da derrubada do decreto do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelo Congresso foi a de que o presidente Lula está fraco politicamente e de que aumentou a probabilidade de uma troca de governo a partir de 2027. Com isso, sem minimizar o impulso de ventos favoráveis do cenário externo ontem, o Ibovespa subiu 1% e o dólar recuou para abaixo de R$ 5,50. Mas qual a leitura política da derrota esmagadora e surpreendente do governo Lula na votação do projeto de decreto legislativo (PDL)? Pode-se colocar na conta já do ciclo eleitoral do pleito presidencial de 2026 a maneira abrupta e um tanto traiçoeira que se deu essa derrota? Qual a estratégia do Centrão, esse bloco heterogêneo de partidos de centro e de direita, em relação ao presidente Lula e ao seu governo daqui em diante? “O Centrão já está mirando 2026 e está deixando Lula sangrando”, diz o jornalista Marcelo de Moraes, titular da coluna “Jogo Político”, do Broadcast Político. Para ele, além de um claro aborrecimento por parte dos partidos do Centrão com a questão do atraso no pagamento de emendas parlamentares (até agora um valor muito pequeno de um total de R$ 50 bilhões previstos em 2025), há também a percepção dos líderes desse bloco do desgaste político do presidente Lula, com a queda nos índices de popularidade e de aprovação do seu governo. “É bom lembrar que o Centrão não aposta em cavalo perdedor e está sempre mirando o futuro”, diz Moraes. “Como o Centrão tem muitas alternativas sem ser apenas o Bolsonaro, há um meio que um desembarque dessa turma do bolsonarismo.” Ou seja, os líderes desse bloco querem manter o voto dos apoiadores do bolsonarismo, mas calculam que podem transformar, por exemplo, o governador paulista Tarcísio de Freitas para ter a “cara” do Centrão e limpar a “cara” pesada do bolsonarismo, que tem desgaste no eleitorado. “Assim, o Centrão está vendo, neste momento, uma janela de oportunidade e está aproveitando para fazer sangrar o governo Lula”, explica o jornalista. Tanto que, de forma praticamente inédita, o Centrão abriu mão de ocupar um Ministério, quando o deputado federal Pedro Lucas (União-MA) recusou o convite de Lula para substituir Juscelino Filho à frente da pasta das Comunicações. Moraes argumenta ainda que outra diferença no cenário atual em que Lula está bastante enfraquecido é que o Centrão não vê mais a necessidade de pressionar por um impeachment do presidente, por exemplo. “Eles preferem deixar Lula desgastado, chegar mais fraco na eleição e ser um candidato menos competitivo”, diz. Aliás, ao avaliar a derrubada do decreto do aumento do IOF pelo congresso na edição de ontem do seu “podcast”, Ricardo Ribeiro, analista político da LCA 4intelligence, diz que a maneira como o assunto foi pautado, de supetão, inesperadamente, sem dar chance de reação para o governo, “o jogo oposicionista combinado entre os presidentes da Câmara e do Senado rementem a momentos de ruptura da relação política entre o governo e o Congresso”. “Momentos semelhantes aos vividos nos períodos pré-impeachment de Fernando Collor e de Dilma Rousseff”, diz Ribeiro, acrescentando que não vê Lula sofrendo impeachment. Para Marcelo de Moraes, da coluna “Jogo Político”, a impressão que se tem é que Lula e o PT parecem estar sem rumo. “Mesmo com a entrada de Sidônio Palmeira [ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social] para turbinar a reeleição, o desgaste de Lula continua”, diz o jornalista. “Colocaram Gleisi Hoffmann no Ministério das Relações Institucionais, mas a articulação política não melhorou, com o governo sofrendo sucessivas derrotas.” Falta ainda mais de um ano para a eleição presidencial de 2026, o que na política equivale praticamente a um século. “Tudo pode ocorrer até lá, mas o relógio está correndo e parece que ainda não há nenhum sinal de que haverá uma luz ao fim do túnel para Lula”, diz Moraes. Nesse sentido, a estratégia de deixar o governo Lula sangrar até a eleição de 2026 pode ganhar contornos mais dramáticos. A ver. (fabio.alves@estadao.com) Fábio Alves é jornalista do Broadcast

BDM Matinal Riscala

 Bom Dia Mercado.


Sexta Feira, 27 de Junho de 2.025.


*Mudança da meta entra no debate*


… Dia de PCE nos EUA, o índice de inflação predileto do Fed, que pode dar a Trump mais uma chance de criticar Powell por não reduzir os juros, se vier no consenso, de estabilidade em níveis baixos. Ainda na agenda em NY, é importante o sentimento do consumidor de Michigan e a repercussão da notícia de que Washington já fechou um acordo comercial com a China. Aqui, o IGP-M deve ter forte queda em junho, confirmando a evolução benigna dos preços, após o IPCA-15 surpreender abaixo do esperado. Mas a Pnad Contínua deve mostrar um novo recuo do desemprego, reforçando as pressões do mercado de trabalho. Em SP, Haddad dá entrevista à GloboNews, em meio à derrota do governo com a derrubada do decreto do IOF, que esquenta no mercado o debate da mudança da meta fiscal.


… Reportagem do Valor apurou como opinião consensual de vários economistas que, sem aumento de impostos, é maior a chance de o governo alterar a meta de 2026, fixada em superávit de 0,25% do PIB (R$ 34,3 bilhões), podendo ficar com déficit zero.


… As projeções para o déficit do ano que vem estão em torno de R$ 70 bilhões a R$ 90 bilhões. Apesar de reconhecerem o risco de mudança da meta, não se acredita que o ministro Fernando Haddad deva mexer nisso por ora.


… Já para este ano, há uma convicção de que a equipe econômica conseguirá entregar a meta de déficit zero, mesmo sem o IOF.


… Uma das saídas em estudo é a venda de petróleo do pré-sal em áreas que são contíguas às do regime de partilha na Bacia de Santos e que pode render R$ 15 bilhões este ano. A Câmara aprovou a MP que autoriza o leilão no mesmo dia que derrubou o IOF.


… Na avaliação geral, o foco volta-se agora para a Medida Provisória 1.303, que já foi enviada como parte da reação a um primeiro recuo do governo em mudanças do IOF e que inclui, entre outras coisas, o fim da isenção a títulos isentos, como o LCA e LCI.


… “Se a gente pensar que a derrota no IOF prenuncia a derrota da MP e, se considerarmos que o Congresso está prejudicando o governo com vistas à eleição, aumentam as chances de ganhar força no PT a ideia de mudar a meta”, disse Luis Otavio Leal (G5 Partners).


… Carlos Kawall (Oriz) concorda: “Para este ano, o governo deve cumprir a meta com receitas extraordinárias e algum contingenciamento, mas dadas as dúvidas sobre a MP e a eleição em 2026, acho que aumenta muito a chance de o governo abrir mão da meta.”


… Luciano Sobral (Neo) também vê “grande probabilidade” de a meta de 2026 ser revista, mas disse que o mercado já não está prestando muita atenção nela (e mais na dívida), “desde que o governo começou a excluir coisas do primário para o cálculo da meta”.


… Nos cálculos de Felipe Salto (Warren), mesmo com as receitas adicionais do IOF, a revisão de gastos tributários (ainda não enviada pelo Executivo) e a MP 1303, seria preciso contingenciar de R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões no ano que vem.


… “Sem as receitas novas do IOF e com todas as incertezas em torno das demais medidas, o contingenciamento requerido para cumprir o piso da meta de 2026 (em pleno ano eleitoral) torna-se ainda maior e a probabilidade de mudança da meta é grande.”


… O governo ainda não se manifestou sobre o que pretende fazer após o Congresso romper os acordos, mas, nos bastidores, acirrar essa briga é visto como algo muito perigoso. Alguns ministros pressionam pela judicialização. Lula é quem vai dar a palavra final.


… Em entrevista para comentar a arrecadação, nesta 5ªF, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, disse que a equipe econômica tem até 22 de julho, quando sai o próximo Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, para encontrar uma compensação do IOF.


… Segundo ele, se o governo não conseguir encontrar outras fontes de receita, “naturalmente vai ter contenção ainda maior”. O impacto da decisão do Congresso de derrubar o IOF é estimado em R$ 12 bilhões por técnicos da Fazenda.


… No mercado, não houve reação negativa ao revés sofrido pelo governo, que aumenta os riscos fiscais. Pelo contrário, a bolsa subiu e o dólar furou R$ 5,50, aproveitando o embalo externo e a expectativa de Selic alta, enquanto os juros mais longos caíram (abaixo).


FOI ELE – No Estadão, Davi Alcolumbre é quem esteve por trás do movimento de Hugo Motta de pautar a votação do Projeto de Decreto Legislativo em plena semana das festas juninas, que pegou todo mundo de surpresa.


… O presidente do Senado quis dar um xeque-mate no ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, antigo aliado que virou desafeto. Segundo a jornalista Vera Rosa, não é de hoje que Alcolumbre cobra de Lula a demissão de Silveira, indicado por ele mesmo.


… Os dois romperam após Alcolumbre se sentir traído por Silveira no MME, e o episódio mais recente foi a votação dos vetos de Lula na área de energia, que resultaram em um aumento de 3,5% nas contas de luz e provocaram uma MP de compensação.


… Havia um acordo do Senado com o governo para derrubar os vetos, mas Silveira trabalhou contra e provocou a ira de Alcolumbre, que para atender os lobbies empresariais (e os jabutis) acabou ficando com o ônus da decisão junto à opinião pública.


… Motta atendeu Alcolumbre e, em troca, Alcolumbre votou o aumento do número de deputados, de 513 para 531. É assim que funciona.


MAIS AGENDA – O IGP-M de junho (8h) deve ampliar a queda para 1,04% em junho (Broadcast), após cair 0,49% em maio. As projeções variam de -1,20% a -0,80%. No acumulado em 12 meses, a estimativa indica desaceleração de 7,02% para 5,06%.


… As quedas mais intensas dos preços agropecuários e industriais ao produtor devem contribuir para a forte deflação.


… Às 8h30, o BC divulga a nota de crédito de maio e, às 9h, sai a Pnad Contínua, com a taxa desemprego no trimestre encerrado em maio, que deve recuar de 6,6% (até abril) para 6,3%. Impulsionada pela atividade ainda forte, será a segunda queda no ano.


… O Tesouro divulgará (14h30) o estoque da Dívida Pública Federal em maio, com coletiva às 15h.


… Ainda na agenda, a Aneel define a bandeira da energia elétrica para julho. A ocorrência de chuva em volumes maiores do que os inicialmente previstos ao longo de junho, principalmente na região Sul, altera as perspectivas.


… A maior parte dos especialistas consultados pelo Estadão aponta tendência de acionamento da bandeira amarela, embora alguns ainda trabalhem com o cenário de manutenção da bandeira vermelha patamar 1.


GALÍPOLO – Viaja para Basileia, na Suíça, onde participa da 24ª Annual Conference do Banco de Compensações Internacionais (BIS).


DIOGO GUILLEN – Diretor de Política Econômica do BC participa do Barclays Day in Brazil (11h10).


HADDAD – Ministro tem dois compromissos em São Paulo: às 11, participa de evento aberto na Faculdade de Direito da USP e, às 14h30, concede entrevista ao vivo para a jornalista Andréia Sadi, na GloboNews.


… Em entrevista à Folha, ontem, Haddad citou três cenários em estudo para compensar o IOF: outras fontes de receitas, cortes “para todo mundo” no Orçamento ou ainda recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir a validade do decreto de Lula.


NOS EUA – O índice de preços de gastos com consumo (PCE) de maio é o indicador mais importante da agenda lá fora e será divulgado às 9h30. O consenso para o núcleo é de +0,1% (de +0,1% em abril) e +2,6% na base anual (de +2,5% em abril).


… Às 11h, a Universidade de Michigan informa a leitura final do Índice de Sentimento do Consumidor de junho, que é acompanhado pelas expectativas de inflação em um ano e cinco anos, e, às 14h, a Baker Hughes divulga poços e plataformas de petróleo em operação.


… Mais três dirigentes do Fed falam: John Williams, em conferência do BIS (8h30), e Beth Hammack e Lisa Cook, no Fed/Cleveland (10h15).


SAIU O ACORDO – Como quem não quer nada, Trump disse, nesta 5ªF, que os Estados Unidos assinaram o acordo comercial com a China, na véspera (4ªF). Não deu detalhes, mas fez os comentários durante evento na Casa Branca. “Assinamos com a China ontem.”


… Também o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, confirmou em entrevista à Bloomberg TV que o acordo com a China foi finalizado na 3ªF e assinado pelo presidente Trump. Segundo ele, inclui as discussões sobre terras raras.


… O secretário comentou que 9 de julho continua sendo o prazo final para acordos sobre tarifas recíprocas e que os EUA estão muito perto de um acordo com a Índia. Trump também disse que, “talvez”, fechará um acordo com a Índia “em breve”.


CHINA HOJE – O lucro industrial recuou 9,1% em maio, na comparação anual. O resultado representa um tombo em relação a abril, quando teve alta anual de 3%. No acumulado do ano, a queda é de 1,1% contra igual período/2024.


ASSISTINDO DE CAMAROTE – Ao que tudo indica, como a meta fiscal deste ano não corre risco (só a de 2026), o mercado aproveita para curtir agora o momento de decadência do governo Lula na relação com o Congresso.


… “Parte do mercado leu a derrota do IOF como sinal de que o Congresso começa a abandonar o governo e que Lula, já com a popularidade baixa, não conseguirá a reeleição”, disse ao Broadcast o economista Daniel Miraglia (Integral).


… Neste contexto, o investidor pôde desfrutar ontem da melhora no apetite por risco permitida aqui pela surpresa com o IPCA-15 abaixo do esperado e, lá fora, pela chance de escolha antecipada do sucessor de Powell por Trump.


… O dólar furou R$ 5,50, a curva do DI devolveu prêmio de ponta a ponta, ainda que com maior ênfase nos trechos mais longos, e o Ibov recuperou praticamente tudo o que havia caído na véspera com a manobra de Motta no IOF.


… Confirmando os sinais de que a inflação vai se acomodando, ainda que continue estourando o teto da meta, o IPCA-15 de junho (+0,26%) veio menor do que a mediana das apostas e apresentou uma composição benigna.


… A média dos cinco núcleos desacelerou de 0,40% em maio para 0,31%, resultado inferior à estimativa do mercado, de 0,30%. O índice de difusão também perdeu impulso de um mês para o outro, passando de 66,49% para 57,77%.


… Outra boa notícia foi que o IPCA-15 reduziu o ritmo no acumulado em 12 meses, passando de 5,40% para 5,27%, o que contrata ajustes em baixa nas expectativas do mercado para o boletim Focus, que será divulgado na 2ªF.


… Só não dá para ficar tão otimista, porque a inflação roda ainda 0,77pp acima do limite de tolerância (4,5%). “Paramos de cavar, mas ainda estamos dentro do buraco”, resumiu Luis Otávio Leal (do G5 Partners) ao Valor.


… Na prática, o alívio do IPCA-15 não muda a perspectiva de Selic em 15% por “bastaste tempo”. Mas se também os próximos indicadores de preços continuarem sob controle, vão agitar as apostas sobre o timing de um corte do juro.


… Galípolo não quis dizer ontem, em coletiva sobre o Relatório de Política Monetária (RPM), quanto seria “bastante tempo” para o Copom. Preferiu manter o protocolo, insistindo que o target é ancorar a inflação no centro da meta.


… Pelos cálculos do BC, o IPCA em 12 meses deve seguir acima do alvo central (3%) até pelo menos o 4Tri de 2027.


… É lógico que a Selic não vai demorar todo esse tempo para cair. Mas, no momento, o grande desafio do BC é evitar a todo o custo que o mercado especule sobre cortes prematuros do juro, para vencer a guerra das expectativas.


… No fechamento, o DI para Jan/26 marcava 14,930% (de 14,945% no ajuste anterior); Jan/27, 14,185% (contra 14,233% na véspera); Jan/29, 13,300% (de 13,406%); Jan/31, 13,460% (de 13,559%); e Jan/33, 13,580% (13,665%).


… O dólar à vista encerrou o pregão em queda de 1,02%, a R$ 5,4986, de olho no carry trade da Selic nas alturas.


PEGOU O EMBALO – Sem sustos, a inflação domesticada pela potência da política monetária foi festejada na bolsa pelas ações mais sensíveis ao ciclo econômico, como consumo e construção, que dominaram os ganhos do Ibovespa.


… A liderança do ranking de altas do índice à vista ficou com Azzas 2154 (+5,97%, a R$ 40,82), seguida por Grupo Natura (+4,97%, a R$ 10,99), Vivara (+4,26%, a R$ 25,92), TIM (+4,03%, a R$ 21,67) e MRV (+3,63%, a R$ 6,00).  


… O Ibovespa terminou a sessão com ganho de 0,99%, aos 137.113,89 pontos, e giro de R$ 21,9 bilhões. A bolsa teve como motor adicional o rali da Vale (+3,01%; R$ 52,00), que exibiu força superior ao minério de ferro (+0,64%).


… Ainda entre as blue chips das commodities, Petrobras PN avançou 0,80% (R$ 31,46) e ON subiu 0,74% (R$ 34,22), em linha com a valorização do petróleo, que bem devagar vai deixando para trás o tombo recente de dois dígitos.


… O Brent para setembro completou ontem dois pregões seguidos em alta moderada e foi a US$ 66,69 (+0,39%), tendo como drivers o dólar enfraquecido e a queda informada pelo DoE nos estoques semanais da commodity.


… Quanto ao Oriente Médio, a embaixada do Irã em Brasília informou à noite que o país paralisou temporariamente a colaboração com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e bloqueou inspeção em instalações nucleares.


… Está proibida a entrada do órgão nas principais unidades de enriquecimento de urânio: Fordow, Natanz e Isfahan.


… No NYT, a ONU disse que as centrífugas de Fordow “não estão mais operacionais”, mas que é exagero afirmar que o programa nuclear iraniano tenha sido “aniquilado” após os bombardeios dos EUA e Israel no final de semana.


… De volta ao Ibov, os bancos também contribuíram para a alta da bolsa: Bradesco PN (+0,91%; R$ 16,55); Bradesco ON (+0,84%; R$ 14,31); BB ON (+1,60%; R$ 21,60); e Santander (+0,20%; R$ 29,30). Só Itaú (-0,74%; R$ 36,31) caiu.


O INFLUENCER – As especulações de que Trump pode antecipar a nomeação do sucessor para Powell para setembro ou outubro animaram as bolsas em NY e derrubaram o índice DXY do dólar ao menor nível em três anos em meio.


… Powell não vai sair antes de maio, mas a avaliação que se faz é de que uma escolha precoce do novo nome pode levar o futuro presidente do Fed a se tornar mais influente desde já sobre as próximas deliberações dos juros.


… A Casa Branca respondeu que a decisão sobre quem virá não é iminente, mas que o Trump “tem o direito de mudar de ideia”, enquanto o republicano mantinha a pressão dovish e a sua rotina de ataques contra Powell.


… “Temos que combater esse cara, ele não está fazendo o trabalho”, disse, argumentando que os EUA economizariam US$ 600 bi se o Fed cortasse a taxa em 2pp. Mas as chances de um corte em julho seguem remotas.


… Para Susan Collins, julho é muito cedo, porque o Fed teria só mais um mês para avaliar os indicadores. “Não vejo urgência.” Mary Daly disse nesta 5ªF que “o outono (setembro) parece promissor” para a flexibilização monetária.


… A revisão em baixa do PIB/1Tri dos EUA, de queda de 0,2% para uma retração de 0,5%, reforçou a sensação de que, em algum momento, o Fed mudará seu foco do mercado de trabalho e inflação do tarifaço para o crescimento.


… Confiante de que, nos próximos meses, o BC americano vai começar a se desapegar da abordagem cautelosa e derrubar os juros pelo menos duas vezes este ano, o índice DXY fechou em queda de 0,54%, a 97,147 pontos.


… Com os relatos do desejo de Trump de acelerar o anúncio da sucessão no Fed, o euro subiu 0,39%, para US$ 1,1713, e a libra avançou 0,51%, a US$ 1,3734, ignorando a sinalização do BC inglês de novos cortes de juro.


… O presidente do BoE, Andrew Bailey, disse que a aceleração da inflação criou mais incerteza sobre o cenário de médio prazo, que os juros não estão em um caminho predefinido, mas provavelmente cairão gradualmente.


… Investidores estão apostando em mais dois cortes do juro pelo BoE este ano, de 25pb cada, para 3,75%.


… Nos EUA, a cobrança dovish que Trump não para de fazer, reforçada agora sob a possível nomeação antecipada para o Fed, desencadeou queda na taxa da Note de 2 anos (3,711%, de 3,776%) e de 10 anos (4,240%, de 4,284%).


… Encostados nos recordes históricos, o S&P 500 avançou 0,80%, aos 6.141,02 pontos, a um triz da máxima de todos os tempos (6.144,15 pontos), enquanto o Nasdaq subiu 0,97% (20.167,91 pontos), perto do pico de dezembro.


… Também o Dow Jones registrou valorização firme de 0,94%, a 43.386,84 pontos, animado pelo “próximo Powell”. As bolsas em NY, que mergulharam desde o Dia da Libertação, vão voltando com tudo às suas melhores marcas.


EM TEMPO… Conselho da VALE aprovou, por unanimidade e com parecer favorável do comitê de indicação e governança (CIG), a alteração do Regulamento do Novo Mercado, conforme os 25 itens apresentados pela B3…


… Colegiado de administração da TIM aprovou 19 dos 25 itens da proposta; LOCALIZA aprovou 11; RUMO aprovou seis; e a AZZAS rejeitou todos os itens.


DIRECIONAL aprovou a distribuição de R$ 346,67 milhões em dividendos, o equivalente a R$ 2,00 por ação, com pagamento em 4/7.


COGNA levantou US$ 100 mi com International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial para empresas privadas; recursos serão usados para ampliar e modernizar plataforma de educação digital nos próximos três anos…


… Financiamento tem taxa de mercado de CDI + 1,45% e prazo de amortização de seis anos, com pagamento semestral a partir do segundo ano.


YDUQS. Bernardo Augusto Lobão dos Santos renunciou aos cargos de membro do conselho de administração e do comitê de auditoria e finanças para assumir cargo executivo na companhia, com eficácia a partir de 7/7…


… Adicionalmente, como Marina da Fontoura Azambuja, atual diretora de ensino da Yduqs, deixará a companhia, colegiado aprovou a eleição de José Aroldo Alves Junior para assumir cargo de diretor de ensino…


… Silvio Pessanha Neto foi escolhido para assumir cargo de diretor sem designação específica.


ENGIE informou algumas mudanças na diretoria executiva: o atual diretor financeiro e de RI da companhia, Eduardo Takamori Guiyotoku, renunciou ao cargo para assumir a mesma função na subsidiária do grupo Engie no Peru…


… Pierre Auguste Gratien Leblanc foi nomeado para a posição no Brasil…


… Gustavo Henrique Labanca Novo, conselheiro suplente e executivo de carreira, assumirá diretoria de transmissão de energia…


… Guilherme Ferrari, atual diretor de novos negócios, foi indicado para a diretoria de energias renováveis e armazenamento…


… Sophie Quarré de Verneuil, atual diretora de pessoas e cultura, passará a ocupar o cargo de diretora de recursos humanos; Gabriel Mann dos Santos foi nomeado diretor de regulação, estratégia e comunicação…


… Luciana Moura Nabarrete renunciou ao cargo de diretora de pessoas, processos e sustentabilidade para assumir a posição de diretora-presidente da Engie Soluções de Operação e Manutenção (ESOM).

Produtividade é a saída

  O mundo está girando (e rápido): o Brasil vai acompanhar ou ficar para trás? 🌎🇧🇷 Acabei de ler uma análise excelente de Marcello Estevã...