sábado, 7 de junho de 2025

Censura institucional

Censura Institucionalizada


_Nenhuma ditadura começa com tanques nas ruas, mas com o silêncio complacente dos que deveriam defender a liberdade_


*Marcos Paulo Candeloro* - Graduado em História (USP), pós-graduação em Ciências Políticas (Columbia, EUA), especialista em Gestão Pública Inovativa (UFSCAR) e jornalista.


"A democracia brasileira, uma ficção institucional cuidadosamente vigiada por onze semideuses de toga, está prestes a sofrer mais um golpe, desta vez embalado em nome da “responsabilidade digital”. O STF, tribunal transformado em superpoder absoluto, retomou o julgamento que pretende relativizar (leia-se: enterrar) o artigo 19 do Marco Civil da Internet, aquele que ainda garante às plataformas digitais a liberdade de não agir como censoras prévias de seus usuários.


Sob o pretexto de combater a “desinformação”, o tribunal caminha para institucionalizar a censura, obrigando empresas privadas a agir como policiais ideológicos, removendo conteúdos antes mesmo que algum juiz — em sua imparcial — determine sua ilegalidade. O problema? Não é apenas o conteúdo que será removido. É a própria ideia de liberdade.


O precedente já é global. Nos Estados Unidos, os Arquivos do Twitter expuseram uma teia obscura de conluio entre agências governamentais e a velha direção da plataforma, suprimindo conteúdos “desalinhados” sob critérios políticos. Aquilo que muitos chamaram de “moderação de danos” era, na prática, censura institucionalizada. O que lá foi escândalo, aqui vira modelo.


Curiosamente, quem aplaude de pé essa cruzada liberticida é justamente a base política mais corrompida da República. Os que comemoram o cerceamento da palavra são os que temem a luz: parlamentares com folha corrida mais extensa que currículo, delinquentes de gravata que enxergam na censura uma forma de blindagem moral. Quem tem rabo preso acha saudável a mordaça.


A missão cúmplice do Congresso, que havia enterrado o PL da Censura (disfarçado de "fake news"), mostra o vazio representativo em que vivemos. O Legislativo se acovarda e entrega de bandeja sua prerrogativa ao Judiciário, que, sedento por protagonismo, legisla à revelação da Constituição — sempre sob o manto da “defesa da democracia”.


Mas não se engane: quando a liberdade de expressão passa a depender do humor dos ministros ou da conveniência de algoritmos, o que se instaura não é uma regulação civilizatória, mas uma ditadura do silêncio. E como toda ditadura, ela não começa com tanques nas ruas, mas com manchetes aprovadas, vozes caladas — e um silêncio ensurdecedor vindo dos que deveriam defender a liberdade."

BTG x Haddad

 *BTG/ESTEVES SOBRE AJUSTE FISCAL: AINDA DÁ TEMPO*


Por Francisco Carlos de Assis, Eduardo Laguna* e Célia Froufe


Guarujá e Brasília, 07/06/2025 - O chairman e sócio-sênior do BTG Pactual, André Esteves, disse que ainda é possível para o governo colocar suas contas em ordem durante painel no Fórum Esfera, realizado no Guarujá, litoral de São Paulo. "Dá tempo, dá tempo, sim. Dá muito tempo", afirmou.


Segundo o executivo, o mundo está ajudando o Brasil, e não atrapalhando, e os ativos financeiros do País tiveram um comportamento muito positivo ao longo deste ano. "Isso não tem nada a ver com o que a gente fez aqui. Claro, a gente não fez nenhuma grande bobagem e isso ajudou, mas também não tem grande conquista. Os ativos andaram porque existe uma certa dúvida internacional em relação aos Estados Unidos", analisou. Para ele, a incerteza externa já passou, mudou de patamar e, com isso, alguns capitais que estavam no exterior voltaram não só ao Brasil, mas também para o Chile, para a Austrália ou para a França.


Esteves comentou também sobre o discurso do presidente da Câmara, Hugo Motta, feito mais cedo no mesmo evento e que, de acordo com o executivo, reflete um pensamento que tem sido mais alongado no setor público brasileiro e também no setor privado, que é o da necessidade de um ajuste fiscal. "Vindo para cá, da entrada do hotel até o salão, eu encontrei dois governadores, e os dois falaram sobre a necessidade de ajustar as contas públicas. São de partidos diferentes, posições políticas diferentes, de geografias diferentes. 


O presidente da Câmara falou sobre isso", mencionou, acrescentando que "está todo mundo angustiado com isso" e citando que será possível chegar ao objetivo pela "junção de forças".


Para o sócio do BTG, a sociedade está ganhando com a constatação de que não há mais espaço para expandir gastos. "E quem está achando que 'gastar é vida' não é verdade. Gasto é morte, o gasto excessivo", disse, sem citar diretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já falou a frase antes. "O investimento é vida, o gasto excessivo é morte", continuou o banqueiro.


Agora, o consenso sobre o tema está maduro, conforme Esteves. "Acho que o tempo chegou. É uma ilusão de ótica a gente achar que vai fazer uma lista de 37 coisas e vai ser aprovado no Congresso na quarta-feira, sanção do presidente, na sexta. Não vai acontecer assim", previu. O executivo abordou também as mudanças positivas pelas quais o Brasil passou nos últimos anos, em especial as institucionais. "A gente não percebe os nossos avanços corretamente. A gente foca naquilo que precisa resolver, mas a gente vai deixando para trás várias conquistas", disse em relação à independência do Banco Central e que essa autonomia é sinônimo de menos inflação, mais crescimento, mais previsibilidade para todos.

Itau x Haddad

 *ITAÚ: MALUHY DIZ QUE DÍVIDA É PREOCUPANTE E QUE EXECUTIVOS SE REUNIRAM COM HADDAD ONTEM*


Por Francisco Carlos de Assis, Eduardo Laguna* e Célia Froufe


 Guarujá e Brasília, 07/06/2025 - O CEO of Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, disse há pouco que a trajetória da dívida é uma preocupação constante e que ele, junto com mais alguns outros participantes do painel no Fórum Esfera, realizado no Guarujá, estiveram reunidos com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ontem para levar “ideias, propostas e alternativas” à decisão do governo de ampliar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Ele não citou quais executivos estiveram no encontro, mas ao seu lado estão também o chairman e sócio-sênior do BTG Pactual, André Esteves; o presidente da Febraban, Isaac Sidney; e o acionista e membro do conselho da JBS, Wesley Batista, além do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.


“A gente sabe que o social e o fiscal andam de mãos dadas. Não dá para você fazer o social sem cuidado fiscal, não dá para fazer o fiscal sem ter um olhar para o social”, afirmou. Ele contrapôs, no entanto, que o endividamento do País é uma tônica de todas as conversas, mas que o ajuste fiscal é necessário. “Precisa ter coragem para enfrentar esse ajuste, você precisa tirar o engessamento do orçamento, é fundamental que isso aconteça e a gente precisa debater as medidas estruturantes que levam o País para uma agenda de muito mais produtividade, crescimento e naturalmente a estabilidade da dívida e do endividamento”, enumerou.


 Para Maluhy, o endividamento pode crescer três pontos porcentuais por ano nos próximos anos, mas ele salientou que a variável está muito relacionada à expansão do Produto Interno Bruto (PIB). E o crescimento deste ano e do próximo, segundo o executivo, tendem a ser menor. O outro ponto, conforme o CEO do Itaú, diz respeito ao próprio arcabouço fiscal atual, que traz um mecanismo lento de ajuste nas despesas. Por isso, conforme o executivo, é preciso enfrentamento e coragem para uma mobilização na direção de atacar as reformas que são estruturantes.


 Maluhy afirmou que existe diálogo com o governo. “Ontem mesmo estávamos aqui, alguns de nós, nesse grupo aqui, três de nós, sentados com o ministro da Fazenda, discutindo, levando ideias, propostas e alternativas”, relatou. Ele evitou repassar o conteúdo das conversas, mas afirmou que se trataram de diálogos muito abertos e construtivos. “O nosso papel, enquanto setor, é trazer uma visão não só dos bancos”, disse, voltando a dizer que a visão de que juros altos é bom pro sistema financeiro é um erro.


 Segundo o CEO, o setor prefere trabalhar com um dígito de juros e ter um país com crescimento, geração de emprego e produtividade, do que juros num patamar restritivo como o atual. “Mas para ter isso, é preciso fazer o ajuste fiscal. E um ajuste fiscal bem feito.”

Banqueiros x Haddad

 A reunião dos banqueiros com Haddad


Instituições privadas contestam aumento de IOF e levam propostas alternativas


Os representantes dos grandes bancos privados - Itaú, BTG Pactual, Santander e Bradesco - e o presidente da Febraban tiveram reunião ontem com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. No encontro da sexta-feira, que não estava na agenda oficial do ministro, os banqueiros reforçaram o coro contra o IOF e levaram propostas para a discussão fiscal.


“As propostas que estão sendo discutidas passam tanto por receita quanto por despesa. Há abertura para discutir despesa", disse uma fonte que esteve na reunião. Houve um trato com o ministro de não divulgar quais são as propostas alternativas levadas pelos bancos, mas eles queriam apresentá-las antes do encontro da equipe econômica com os presidentes da Câmara e Senado no domingo.


Os banqueiros não ouviram de Haddad que o IOF é carta fora do baralho, disse um dos presidentes de banco ao Pipeline. Mas o presidente da Câmara, Hugo Motta, pretende levar a derrubada do decreto que aumenta a alíquota à pauta na terça-feira.



https://pipelinevalor.globo.com/mercado/noticia/a-reuniao-dos-banqueiros-com-haddad.ghtml

EUA x Rússia

 *RADAR DE IMPRENSA: CASA BRANCA PRESSIONA SENADOR PARA SUAVIZAR PROJETO DE SANÇÃO À RÚSSIA*


Wall Street Journal - O governo Trump estaria pressionando o senador republicano Lindsey Graham para "suavizar" o projeto de lei de sanções contra a Rússia. O texto, que conta com o apoio de mais de 80 senadores, impõe punições à Rússia e a países que fazem negócio com o território liderado por Vladimir Putin. A nova versão da proposta permitiria que o próprio Trump escolhesse quem seria incluído na lista passível de sanções. A pressão se dá simultaneamente à escalada de Trump na pressão contra a Rússia de forma pública. Na quinta-feira, 05, ele afirmou que pretende manter uma linha dura em relação ao governo russo, caso não haja avanços diplomáticos.

XP na seguridade

 https://oglobo.globo.com/blogs/capital/post/2025/06/xp-encerra-parceria-com-icatu-e-sulamerica-em-previdencia-privada-e-parte-para-voo-100percent-solo-no-segmento.ghtml


*XP encerra parceria com Icatu e SulAmérica em previdência privada e parte para voo 100% solo no segmento*


_Clientes poderão fazer portabilidade para produtos da XP ou seguir com seguradoras_


Capital - Por Rennan Setti


A XP encerrou parceria que mantinha há anos com as seguradoras Icatu e SulAmérica no segmento de previdência privada e passará a oferecer aos clientes apenas produtos próprios na categoria, segundo fontes a par do movimento e comunicados internos vistos pela coluna.


A decisão marca o início de um voo 100% solo no segmento de previdência para a XP Seguros, criada em 2019 e que, desde então, se tornou a sexta maior companhia da categoria, sendo a maior independente — as cinco primeiras estão todas ligadas a bancos —, ultrapassando a própria Icatu.


De acordo com as fontes, embora a oferta de produtos conjuntos seja interrompida imediatamente, a XP dará suporte, pelo menos até o fim de outubro, aos planos de Icatu e SulAmérica já vendidos. Ao longo desse período, os clientes serão abordados por seus assessores de investimento a respeito da portabilidade para planos da própria XP, que está replicando os principais fundos criados em parceria com Icatu e SulAmérica. Quem não migrar deixará de visualizar seus saldos nos aplicativos e sites da XP e passará a ser atendido diretamente por Icatu e SulAmérica.


Icatu e SulAmérica continuam distribuindo seguros de vida e fundos por meio da XP, sem qualquer alteração nessas outras parcerias.


*Custo e complexidade*


Fontes ouvidas pela coluna disseram que a parceria foi encerrada porque os custos e a complexidade que ela impunha deixaram de fazer sentido financeiro diante do crescimento dos produtos próprios da XP. Quando havia mudanças regulatórias, por exemplo, a companhia acabava tendo que implementá-las três vezes para contemplar Icatu, SulAmérica e os próprios produtos.


A XP tem cerca de R$ 70 bilhões em ativos sob custódia em planos de previdência, segundo ranking da Federação Nacional da Previdência Privada (Fenaprevi). Já os planos PGBL e VGBL criados por Icatu e SulAmérica junto à XP somam cerca de R$ 13 bilhões em ativos.


Se a XP parece estar confiante no voo solo, o fim da parceria tende a ser um golpe na perspectiva de captação de recursos para Icatu e SulAmérica.


Procuradas pela coluna, XP e SulAmérica não comentaram a notícia. Já a Icatu enviou nota afirmando que “os planos de previdência contratados via XP seguem ativos, sem qualquer alteração nas condições acordadas.”


“A partir de novembro, os clientes poderão acompanhar seus planos diretamente pelos canais da Icatu, com o padrão de qualidade já reconhecido. A parceria entre as companhias permanece sólida, com continuidade na oferta de seguro de vida e dos fundos geridos pela Icatu Vanguarda, reforçando o alinhamento das duas empresas em torno de investimentos e de soluções de proteção financeira”, acrescentou.

sexta-feira, 6 de junho de 2025

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: O mais relevante das últimas horas foi o cariz extremamente divertido do divórcio/duelo entre Musk e Trump. O universo conhecido é pequeno para estes dois egos. Ontem, Tesla -14% após a troca de repreensões, arrastando consigo uma parte da tecnologia, incluindo Broadcom (-4% aftermarket), que cumpriu com resultados e guias, embora talvez se esperasse uma orientação um pouco melhor nas margens. 


Ontem, o BCE baixou os -25 p.b. esperados até 2,00%/2,15%, revendo muito timidamente em baixa as suas estimativas macro e, principalmente, transmitindo a impressão de que são menos prováveis futuras descidas de taxas de juros.


Esta madrugada, a Índia baixou -50 p.b. vs. -25 p.b. esperados, até 5,50%, reduzindo também por surpresa o coeficiente de caixa dos seus bancos desde 4% até 3%. Continuamos a pensar que a Índia é o único emergente que devemos recomendar e parece que a evolução das circunstâncias favorece esta ideia.


EUA/China Trump/Xi Jing Ping falaram e transmitem comentários cordiais, mas sem nenhuma conclusão e com mais vontade de pacificação por parte de Trump. Mas isso não significa nada, porque se hoje, sexta-feira, estiver em “modo ira” devido ao seu duelo com Musk, pode ser que diga qualquer coisa sobre China.


HOJE, os futuros americanos vêm um pouco melhor do que os europeus. Sobem ca. +2% enquanto os europeus retrocedem ligeiramente. Às 10 h, saem Vendas a Retalho na UE, que se esperam +1,3% vs. +1,5% anterior. Mas, principalmente, o emprego americano às 13:30 h: Criação de Emprego Não Agrícola +130k vs. +177k anterior, ídem Privado +120k vs. +167k e com Taxa de Desemprego a repetir em +4,2%. Os resultados de criação de emprego começam a parecer fracos. 


O mercado está a perder vontade e impulso da liquidez proveniente dos EUA devido à relocalização geográfica de fundos. Na próxima semana, a inflação americana irá aumentar (quarta-feira, +2,5% vs. +2,3%; Subjacente +2,9% vs. +2,8%), o que pode indicar uma mudança de tendência que o mercado não tem descontada e sobre a qual temos vindo a insistir. Cuidado com este assunto.


CONCLUSÃO: Provável debilitamento de bolsas. Europa durante a manhã, mas pode ser que Nova Iorque também durante a tarde, se os resultados de emprego acrescentarem indícios de debilitamento, como parece provável depois de um Inquérito ADP fraco na quarta-feira (+37K vs. +114k esperado vs. +60k anterior) e um Desemprego Semanal um pouco elevado ontem (+247k vs. +235k vs. 239k). E a atenção começa a estar na inflação americana da próxima quarta-feira: não irá agradar comprovar que provavelmente irá aumentar. Por isso, a probabilidade de retrocesso é superior á de subida. O USD poderá tender a apreciar-se um pouco devido ao comentado sobre a inflação, mas não além de 1,14 (1,143 agora), e as obrigações apreciarem-se um pouco ao atuarem como refúgio preventivo.


S&P500 -0,5% Nq-100 -0,8% SOX -0,5% ES50 +0,1% IBEX +0,7% VIX 18,5% Bund 2,58% T-Note 4,40 Spread 2A-10A USA=+47pb B10A: ESP 3,16% PT 3,05% FRA 3,25% ITA 3,52% Euribor 12m 2,044% (fut.2,112%) USD 1,143 JPY 164,7 Ouro 3.363$ Brent 65,2$ WTI 63,2$ Bitcoin +2,7% (103.198$) Ether +2,7% (2.464$). 


FIM

Produtividade é a saída

  O mundo está girando (e rápido): o Brasil vai acompanhar ou ficar para trás? 🌎🇧🇷 Acabei de ler uma análise excelente de Marcello Estevã...