*BTG/ESTEVES SOBRE AJUSTE FISCAL: AINDA DÁ TEMPO*
Por Francisco Carlos de Assis, Eduardo Laguna* e Célia Froufe
Guarujá e Brasília, 07/06/2025 - O chairman e sócio-sênior do BTG Pactual, André Esteves, disse que ainda é possível para o governo colocar suas contas em ordem durante painel no Fórum Esfera, realizado no Guarujá, litoral de São Paulo. "Dá tempo, dá tempo, sim. Dá muito tempo", afirmou.
Segundo o executivo, o mundo está ajudando o Brasil, e não atrapalhando, e os ativos financeiros do País tiveram um comportamento muito positivo ao longo deste ano. "Isso não tem nada a ver com o que a gente fez aqui. Claro, a gente não fez nenhuma grande bobagem e isso ajudou, mas também não tem grande conquista. Os ativos andaram porque existe uma certa dúvida internacional em relação aos Estados Unidos", analisou. Para ele, a incerteza externa já passou, mudou de patamar e, com isso, alguns capitais que estavam no exterior voltaram não só ao Brasil, mas também para o Chile, para a Austrália ou para a França.
Esteves comentou também sobre o discurso do presidente da Câmara, Hugo Motta, feito mais cedo no mesmo evento e que, de acordo com o executivo, reflete um pensamento que tem sido mais alongado no setor público brasileiro e também no setor privado, que é o da necessidade de um ajuste fiscal. "Vindo para cá, da entrada do hotel até o salão, eu encontrei dois governadores, e os dois falaram sobre a necessidade de ajustar as contas públicas. São de partidos diferentes, posições políticas diferentes, de geografias diferentes.
O presidente da Câmara falou sobre isso", mencionou, acrescentando que "está todo mundo angustiado com isso" e citando que será possível chegar ao objetivo pela "junção de forças".
Para o sócio do BTG, a sociedade está ganhando com a constatação de que não há mais espaço para expandir gastos. "E quem está achando que 'gastar é vida' não é verdade. Gasto é morte, o gasto excessivo", disse, sem citar diretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já falou a frase antes. "O investimento é vida, o gasto excessivo é morte", continuou o banqueiro.
Agora, o consenso sobre o tema está maduro, conforme Esteves. "Acho que o tempo chegou. É uma ilusão de ótica a gente achar que vai fazer uma lista de 37 coisas e vai ser aprovado no Congresso na quarta-feira, sanção do presidente, na sexta. Não vai acontecer assim", previu. O executivo abordou também as mudanças positivas pelas quais o Brasil passou nos últimos anos, em especial as institucionais. "A gente não percebe os nossos avanços corretamente. A gente foca naquilo que precisa resolver, mas a gente vai deixando para trás várias conquistas", disse em relação à independência do Banco Central e que essa autonomia é sinônimo de menos inflação, mais crescimento, mais previsibilidade para todos.
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