sábado, 1 de novembro de 2025

Guerra Civil no Rio

 guerra civil no Rio

Especial

 

1.         No Brasil, tudo parou depois da incursão das forças de segurança pelo Complexo do Alemão, um aglomerado de favelas, mais de 120 mil pessoas lá vivendo nas piores condições. Em verdade, foi a justiça a autorizar esta mega operação, em conjunto com a Polícia Militar e a Civil, mais de 71 mandatos de prisão contra o Comando Vermelho (CV).

 

2.        Objetivo aqui foi frear a expansão territorial dos marginais, a extorquirem a população da região. Ao fim, foram 121 mortes, com 4 policiais indo a óbito. Não acho que tenha sido um massacre, nem que dê para criticar a operação, já que o CV vinha atuando neste complexo explorando as pessoas, cobrando variadas taxas (gaz, net, proteção, aluguéis), aproveitando a ausência de governo nestas regiões.

 

3.         Numa ação bem coordenadas entre as polícias, foram cerca de 2,5 mil homens a ingressarem na reigão, uma junção entre o Complexo do Alemão e da Penha. Eram cerca de 1,o mil “soldados” do tráfico. A percepção é q são um bando de moleques sem noção, sem maturidade, sem saber ao certo as consequências dos seus atos. Se acham “guerrilheiros”. Um bando de garotos irresponsáveis, saindo da adolescência. Por isso, ter sido o estrago q foi. No “bota para quebrar”, contra homens do Bope, do Core, Polícia Civil e militar, profissionais e bem treinados, fugiram em bando para a mata. Foi só cercar no chamado muro do Bope.

 

4.        As comunidades do Rio estão coagidas, sob o julgo do tráfico e das milicias. A moça q trabalha na minha mãe, mora lá na Rio das Pedras. A lógica por lá é das milícias, na qual o tráfico usa a mesma estratégia, do domínio territorial. O tráfico, além de vender droga (cocaína, maconha, etc) cobra taxas dos moradores das comunidades. Coleta de lixo, depois das barreiras, não entra mais, nem o serviço de luz, o Samu. Posto de saúde do SUS só vai até certo ponto. Butijão de Gás, tem q ser dos milicianos ou do tráfico. O mesmo para “gatonet”. Enfim, é o Estado dentro do Estsdo. Até aluguéis são eles q definem onde e como cobrar. Se o aparelho repressivo do Estado não enfrentar isso, acabou.

 

5.        E o governo carioca resolveu agir. Na operação, até a tática de "jogar" os traficantes no tal "muro do Bope" foi brilhante, a evitar q inocentes fossem mortos. O tráfico tem esta preocupação? Claro q não. Até pq usa a população como "escudo". É guerra civil. A impressão é q o PT quer manter este julgo, já q faz o mesmo com os detentores dos "vales" da vida. E claro! Só serve se for da autoria de algum político das esquerdas.

 

6.        Não nos livramos, porém, da polarização. A esquerda acha que a operação foi mal planejada, a direita nega. Em verdade, as diversas pesquisas de opinão são favoráveis à operação (acachapantes até, com mais de 80% de apoio na Atlas, e a Paraná Pesquisa nos 65%). São tantos apoios, q fica até chato criticar. Vida que segue.

 

Bom fim de semana a todos!

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

RCN a as fintechs

 *Proposta de Campos Neto é truque fiscal para fintechs pagarem 'meia entrada', diz Febraban*

 

Às vésperas de o governo Lula enviar ao Congresso uma nova proposta para a taxação de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no setor financeiro, a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) escalou o embate com as fintechs. O presidente da instituição, Isaac Sidney, criticou uma ideia aventada pelo chefeglobal de Políticas Públicas e vice-presidente do Nubank, Roberto Campos Neto, para estabelecer uma alíquota mínima da taxa de imposto efetiva (ETR, na sigla em inglês) em 17,5% para todas as instituições financeiras. Sidney considerou a proposta inexequível, sem paralelo no mundo e disse que funcionaria como "truque fiscal" para as fintechs "pagarem meia-entrada". "Enxergamos a proposta do imposto mínimo com o simplista e inexequível, além de diversionista. A impressão que fica, esperamos que não seja isso, é que o regime de imposto mínimo funcionaria como um truque fiscal a favor das fintechs. A alíquota efetiva mínima seria como uma falácia para não se admitir a meia entrada das fintechs paga pelos bancos", afirmou, em entrevista à Coluna do Estadão. Sidney ressaltou que tem todo apreço pessoal e profissional por Campos Neto. "Mas no tema assimetria tributária estamos em lados opostos e com visão até inconciliável". O presidente da Febraban ainda avaliou ser "inexplicável" o Nubank ter alíquota nominal de CSLL menor do que a dos bancos. "No caso da instituição que ele representa, é inexplicável ter uma alíquota nominal de CSLL menor do que a dos bancos, tanto mais por se tratar de uma empresa com escala nacional e internacional, que optou por prestigiar os EUA, abrindo seu capital em Nova York, além de ter sede nas Ilhas Cayman, e ainda tendo o maior patamar de rentabilidade e de valor de mercado do setor, sem contar que o seu acionista principal também optou por transferir seu domicílio fiscal para outro país". Em nota enviada à Coluna do Estadão, o Nubank disse que a Febraban "faz argumentos tortuosos para tentar prejudicar a concorrência e penalizar as fintechs, que promoveram a inclusão financeira de 58% de seus clientes que tem orgulho de ter capitaneado uma transformação no setor". Em entrevista esta semana à Folha de S.Paulo, Roberto Campos Neto sugeriu que o País adotasse alíquota mínima de 17,5% da taxa de Imposto efetiva (ETR). Essa taxa indica o valor efetivo de impostos que uma organização paga sobre a base de cálculo de seu lucro. Para Isaac Sidney o modelo de alíquota única nominal precisa ser o ponto de partida. "A alíquota efetiva de imposto entre empresas nunca será igual, ainda que elas atuem no mesmo segmento e exerçam a mesma atividade", pontuou. "Se as fintechs têm alíquota efetiva maior, isso só revela que os bancos fazem mais deduções porque já pagaram, de forma antecipada, maior volume de impostos, o que ocorre, por exemplo, ao deduzirem juros sobre capital Próprio, crédito tributário e participações no lucro de coligadas. O debate que precisa ser feito é se o Estado vai continuar taxando a placa de algumas empresas do setor financeiro. Aplicar alíquotas diferentes para operações idênticas é anticompetitivo e desarrazoado", continuou. O presidente da Febraban ainda fez uma provocação: "Se as fintechs pagam mesmo mais imposto do que os bancos, como estão alardeando, por que elas não pedem autorização ao Banco Central para obterem a licença bancária?" Em nota, o Nubank disse que reitera seu posicionamento e complementou: "Ficamos satisfeitos de verificar que a Febraban finalmente reconheceu publicamente que as fintechs já pagam taxas efetivas de tributos mais elevadas que os grandes bancos". Febraban e Fintechs vivem embate de versões com números No último dia 8, a Câmara dos Deputados derrubou a Medida Provisória 1303, que mudava as alíquotas de CSLL no setor. A MP aumenta de 9% para 15% a cobrança para instituições financeiras e de 15% para 20% para as fintechs, igualando ao percentual pago pelos bancos. Desde então, Campos Neto e Febraban travam um embate de números. O ex-presidente do Banco Central ressaltou que a taxa efetiva de impostos desembolsada pelas fintechs é maior. Os banqueiros dizem que recolhem mais impostos antecipados. A Zetta, que reúne empresas como Nubank e Mercado Pago, calcula que as grandes fintechs teriam pagado uma alíquota efetiva média de 29,7% em 2024, contra 12,2% dos grandes bancos. A Febraban rebateu os números e divulgou um estudo com dados que foram publicados com exclusividade pelo Broadcast. De acordo com o levantamento da federação, a alíquota efetiva média de Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) paga pelos quatro maiores bancos do País em 2024 foi de 22,8%, pouco abaixo da média de 26,5% das três maiores fintechs. A diferença se deve, basicamente, à rentabilidade. "Falar em alíquota efetiva, sem mostrar o cálculo do imposto pago, é não enfrentar o debate. Se a alíquota efetiva de IR + CSLL, maior, isso só ocorre porque grandes fintechs têm custos menores e margens e rentabilidade muito superiores às dos três maiores bancos privados", diz a Febraban. A Febraban aponta que, em 2024, a Receita Federal arrecadou cerca de R$61 bilhões em IR e CSLL de todas as entidades financeiras. O lucro líquido antes de impostos (Lair), que serve como base de cálculo, foi de R$ 270 bilhões, dividido entre R$ 219 bilhões (81%) do setor bancário e R$ 51 bilhões (19%) de fintechs, cooperativas, instituições de pagamento (IPs) e financeiras. Íntegra da nota do Nubank O Nubank está reiterando seu posicionamento já divulgado anteriormente. "Ficamos satisfeitos de verificar que a Febraban finalmente reconheceu publicamente que as fintechs já pagam taxas efetivas de tributos mais elevadas que os grandes bancos. Porém, a entidade faz argumentos tortuosos para tentar prejudicar a concorrência e penalizar as fintechs, que promoveram a inclusão financeira de 58% de seus clientes." "O Nubank tem orgulho de ter capitaneado uma transformação no setor, aumentando a concorrência, o acesso ao crédito, e a redução de juros, sempre focado em oferecer os melhores produtos e serviços para seus clientes. Fizemos isso a partir de um modelo de negócios eficiente, inovação tecnológica, cumprimento regulatório e pagando uma taxa efetiva de imposto no Brasil de 34,1%, a mais alta entre as maiores empresas do setor."

Leonardo Correia

 A guerra que o editorial não enxerga

Por Leonardo Corrêa*

Há algo de profundamente irônico — e também revelador — quando um jornal escreve sobre a guerra do Rio a partir da tranquilidade de onde não se ouvem tiros de fuzil. O editorial do Estadão sobre a operação no Complexo do Alemão é um exercício de abstração moral: analisa o front como se fosse um gabinete, trata o terror como se fosse um problema de gestão e fala de cadáveres como quem fala de déficit fiscal.

O Estado escreve como se o Rio fosse um departamento desorganizado, e não um território sob ataque. Sua tese — de que a tragédia é resultado de “ineficiência administrativa” — é a típica análise de quem nunca ouviu o som de um fuzil. É a falácia da racionalização burocrática, que transforma guerra em planilha. Para os editorialistas, a solução está na “coordenação entre os entes federativos”, como se o tráfico respeitasse o pacto federativo.

Há também a falácia da falsa equivalência moral: o texto equipara a operação no Alemão à Operação Carbono Oculto, como se corrupção e narcoterrorismo fossem expressões de um mesmo fenômeno — a “inépcia do Estado”. É uma confusão de categorias, um erro conceitual travestido de erudição. Corrupção se investiga; guerra se enfrenta.

Em seguida vem a falácia do falso dilema: ou a polícia age com “inteligência” ou com “violência”. Ora, não há estratégia que dispense força quando o inimigo tem drones, bunkers e poder territorial. Nenhuma “operação inteligente” substitui o simples fato de que, em uma guerra urbana, a escolha não é entre agir bem ou mal — é entre agir ou morrer.

Rodrigo Pimentel não é um teórico de segurança pública nem um comentarista de estúdio. É ex-capitão do BOPE, autor de Elite da Tropa e roteirista de Tropa de Elite 1 e 2. Um homem que conhece o Rio não por manchete, mas por mira telescópica. Viveu o que o resto do país apenas assiste. E fala com a autoridade de quem perdeu amigos — como o inspetor Marcos Vinícius, “um camarada que já era avô e morreu tentando prender assassinos”.

Em entrevista ao Antagonista, Pimentel expõe o que os editorialistas do Estadão preferem suavizar com eufemismos. Ele descreve o cotidiano de uma guerra irregular: drones lançando explosivos sobre policiais, bunkers subterrâneos abrigando chefes do Comando Vermelho, favelas inteiras controladas por facções que cobram tributos e impõem barricadas, e famílias expulsas de casa por simples pichações — “vaza ou morre” — em muros de bairros de Fortaleza e Salvador. O que ele narra não é criminalidade, é domínio territorial armado.

Pimentel insiste que essa guerra não é mais sobre drogas — é sobre poder. O tráfico virou Estado paralelo, com regras, economia e soberania própria. Ele denuncia que o governo federal se recusa a reconhecer o caráter bélico da crise e que ministros tratam o conflito como “problema de drogas”, quando o que está em curso é uma disputa de soberania. Ele relata que drones sobrevoam as operações a 400 metros de altura, que policiais enfrentam armas de guerra com blindados sucateados, e que o Estado está sozinho — sem o apoio das Forças Armadas, sem blindados da Marinha, sem a presença da União.

Em outro momento, Pimentel explica que a chamada “inteligência policial” existe — há mapeamento de paióis, de rotas de fuga, de estruturas criminosas — mas que isso não elimina o confronto: “para chegar ao chefe da facção, não há outro caminho senão atravessar o fogo”. E lembra o óbvio que a retórica editorial ignora: o morador da favela odeia a operação policial, mas odeia ainda mais acordar com uma barricada na porta de casa.

E é aí que se revela o verdadeiro sentido de soberania — não a caricatura institucional que o jornal evoca, mas o conceito inscrito no parágrafo único do artigo 1º da Constituição: “Todo o poder emana do povo.” O povo — isto é, cada um de nós, individualmente — é o verdadeiro soberano. Quando o morador do Alemão precisa pedir permissão a uma facção para sair de casa, é ele, e não o Estado, quem perde sua soberania.

Soberania, portanto, não é um problema de “coordenação federativa”; é o direito de o cidadão não viver sob a tirania do fuzil. O Estado trai esse direito quando hesita, quando reduz o terror a “ineficiência administrativa”, quando escreve editoriais sobre o caos em vez de enfrentá-lo.

Enquanto os editorialistas de O Estado continuam discutindo o “modelo de segurança pública”, Pimentel fala do que realmente importa: sobreviver num país onde o crime já governa territórios. E talvez por isso ele soe tão incômodo para quem ainda acredita que o Rio é uma questão de política pública. O Rio já passou dessa fase. O que se discute agora é se o Estado ainda existe — e se o povo, soberano em teoria, continuará refém na prática.

O mais curioso é que o próprio Estadão parece não ler o Estadão. Nas páginas seguintes ao editorial, o jornal publica reportagens que desmentem o moralismo que adota no texto de opinião. Enquanto o editorial falava em “ação sangrenta e desarticulada”, as matérias descreviam uma operação planejada, baseada em interceptações judiciais, monitoramento aéreo e estratégia de cerco tático (“muro do BOPE”). O mesmo jornal que via desordem editorialmente mostrava, em sua editoria de Metrópole, uma ação com inteligência, método e respaldo judicial.

As mesmas páginas relatavam também o que o editorial escolheu calar: as atrocidades das facções, os relatos de tortura, sequestro e execução de moradores, e a existência de tribunais do tráfico — uma paródia grotesca de sistema judiciário, onde criminosos decidem quem vive e quem morre. E mais: o jornal reconhecia que há, no Congresso, um debate sério sobre classificar as facções como organizações terroristas, dada sua estrutura militar e poder de intimidação. O editorial, no entanto, preferiu fingir que se tratava de um problema administrativo, como se o Rio precisasse de “melhor coordenação” e não de reconquista territorial.

Até o juiz que autorizou a operação, Leonardo Rodrigues da Silva Picanço, afirmou em sua decisão que as prisões eram de “necessidade imperiosa” e que as facções representam risco concreto à ordem pública. Em outras palavras: o magistrado, que conhece o processo e as provas, viu o que os editorialistas se recusam a enxergar. O Estado brasileiro enfrenta um inimigo armado, organizado e cruel.

Nada disso, porém, aparece no editorial. E não por falta de informação — afinal, estava tudo nas páginas do próprio jornal. O problema é de conveniência moral: as reportagens informam, o editorial edita; os repórteres descrevem a guerra, os articulistas fingem uma gestão; o jornal noticia o terror e, logo adiante, o relativiza. É o luxo de quem confunde neutralidade com covardia.

No fim, o Estadão publica um retrato de si mesmo: um jornal que denuncia a barbárie na reportagem e a desculpa no editorial. Um jornal que mostra a guerra, mas escreve como se vivesse em paz.

E digo isso sem qualquer pretensão de especialista em segurança pública. Não sou policial, estrategista nem estudioso do tema — sou apenas um cidadão que viveu a maior parte da vida no Rio de Janeiro e que, como tantos, acabou se mudando para São Paulo, dentre outras coisas, movido pela angústia de viver em uma guerra urbana. Escrevo não como técnico, mas como alguém que conhece o medo. E talvez por isso me espante tanto ver, de longe, quem trata essa tragédia como um debate de gabinete.

*Leonardo Corrêa – sócio de 3C LAW | Corrêa & Conforti Advogados, com LL.M pela University of Pennsylvania, Co-Fundador e Presidente da Lexum e autor do livro A República e o Intérprete — Notas para um Constitucionalismo Republicano em Tempos de Juízes Legisladores.

Fabio ALVES

 O movimento dos ativos financeiros ontem, especialmente os contratos futuros de juros e o Ibovespa, após a divulgação dos números do Caged de setembro mostrou que o mercado se precipitou em jogar suas fichas na precificação de um início antecipado do ciclo de corte de juros com base apenas nas surpresas para baixo do IPCA e do recuo das expectativas inflacionárias. Foi como um choque de realidade. E, hoje, os dados da Pnad Contínua, também referentes a setembro, só reforçaram a mensagem de que o mercado de trabalho segue ainda robusto o suficiente para endossar uma desaceleração mais forte da atividade econômica neste segundo semestre, puxado, entre outros fatores, pelo impulso fiscal com o pagamento de precatórios previsto entre junho e dezembro. Obviamente, é preciso destacar a ressalva que os economistas da consultoria 4intelligence: a de que, desde a divulgação do Novo Caged, setembro deste ano foi o que apresentou a maior quantidade dias úteis em relação ao mesmo mês desde 2020. Foram 22 dias úteis, em comparação com 21 dias úteis em setembro de 2024 e de 20 dias em 2023. Ou seja, no mês passado, houve mais dias úteis para o funcionamento das empresas para contratar, segundo os economistas da consultoria. “A criação líquida de 213 mil vagas em setembro afasta sinais mais fortes de desaceleração”, diz o título do relatório enviado pelos economistas da 4intelligence aos clientes ontem. Segundo eles, a projeção para o mercado de trabalho em 2025 da consultoria segue alinhada à estimativa de crescimento de 2,2% do PIB neste ano - um pouco acima da mediana das projeções na última pesquisa Focus, de uma expansão de 2,16%. Sim, a taxa Selic em 15% já está num nível restritivo, mas até a perda de fôlego nas concessões de crédito não chega a acender um sinal amarelo para o Banco Central correr a dar um balão de oxigênio para uma economia que estivesse já num quarto de enfermaria. Além disso, o recuo do dólar e a alta da Bolsa de Valores têm como consequência um afrouxamento nas condições financeiras. No acumulado do ano, até o fechamento de ontem, o dólar registrava queda de 13% ante o real, enquanto o Ibovespa apresentava alta de impressionante 23,7%. Fica difícil apostar numa desaceleração mais profunda da economia - ou uma perda de fôlego que suscite uma preocupação maior não só dos diretores do BC, como também da ala política do governo e dos integrantes do Ministério da Fazenda - com um mercado de trabalho ainda aquecido. Não somente por causa dos números de contratações, mas também pela taxa de desemprego na mínima histórica de 5,6% e dos ganhos reais de salários. No trimestre encerrado em setembro, segundo a Pnad Contínua, a massa de renda atingiu novo recorde de R$ 354,6 bilhões. Outra questão é que os números do mercado de trabalho - do Caged e da Pnad Contínua - vêm surpreendendo os analistas faz tempo na direção de maior robustez do que na direção contrária. Nesse sentido, qual o nível de confiança que se pode ter ao olhar o futuro próximo e enxergar um ponto de inflexão? No acumulado de janeiro a setembro, conforme o Caged, o número de criação de vagas de trabalho com carteira assinada foi de 1,7 milhão, abaixo do que se registrou em igual período de 2024, de 2 milhões. Sim, é uma desaceleração, mas bem menor do que se imaginaria com uma taxa Selic a 15%. O problema é que, com a desaceleração da inflação corrente e o recuo das expectativas inflacionárias, os números do mercado de trabalho tornam difícil chegar a uma conclusão mais precisa se o Copom está atrasado e precisa cortar logo ou se é melhor ir devagar com o andor. (fabio.alves@estadao.com) Fábio Alves é jornalista da Broadcast

Estadão

 *Estadão: Brasil tem mais estádios com naming rigths do que grandes ligas europeias*


São Paulo, 30/10/2025 - Além do futebol jogado por alguns dos principais times do planeta, o recente Mundial de Clubes chamou a atenção pelo fato de a grande maioria dos estádios nos Estados Unidos ter algum nome de empresa atrelado a eles, os chamados naming rights: 11 das 12 arenas utilizadas eram ‘batizadas’ com o nome de alguma marca.


Consagrada nos EUA, essa não é uma prática habitual nas principais ligas do mundo, em especial as duas consideradas mais valiosas, na Inglaterra e Espanha. Na Premier League, apenas cinco dos 20 clubes possuem algum tipo de naming rights. Em La Liga, o número é ainda menor, com dois dos 20 times.


Na mesma proporção surgem Itália, França e Portugal. Na Serie A italiana, seis das 20 arenas dos clubes têm naming rights. No futebol francês, são quatro dos 20 estádios. No português, nenhum clube tem arena com essa propriedade, mas o Benfica negocia com algumas marcas para o estádio da Luz. O Braga detinha um acordo com a empresa AXA para o Estádio Municipal, que não foi renovado.


Entre as principais ligas, a que mais chega perto dos EUA é a Alemanha. Na Bundesliga, apenas três das 18 equipes não têm algum tipo de marca ligada às suas casas.


O Brasil parece estar seguido os passos dos EUA, acompanhando essa “febre”. Entre os principais estádios do País, pelo menos 10 têm naming rights. Entre eles, estão o Allianz Parque (Palmeiras), MorumBis (São Paulo), Neo Química Arena (Corinthians), Casa de Apostas Arena Fonte Nova (Bahia) e Arena MRV (Atlético-MG). Além deles, outros três têm destaque. São a Arena BRB Mané Garrincha e a Casa de Apostas Arena das Dunas, que receberam a Copa do Mundo, em 2014, e também o Mercado Livre Arena Pacaembu.


Todos esses acordos, considerando-se os períodos em que os contratos foram fechados, ultrapassam os R$ 2 bilhões. O valor ainda é bem distante se comparado aos EUA. Somente o MetLife Stadium, por exemplo, tem contrato fechado por R$ 2,1 bilhões.


A chegada do naming rights tardou a acontecer por aqui. O primeiro se deu apenas em 2005, com a compra da empresa de tecnologia japonesa Kyocera no estádio do Athletico Paranaense, que posteriormente foi negociado com a operadora de telecomunicações Ligga Telecom.


“Hoje, temos só dois casos de efetiva assimilação dos naming rights, com os estádios do Palmeiras e o do Atlético-MG, que já tinha o seu definido antes mesmo do início da construção, e um terceiro caso, que pode no futuro se equiparar a esses, se sua torcida se mobilizar por isso, que é o do Corinthians”, avalia Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana.


DÉCADAS DE EXPERIÊNCIA. Nos Estados Unidos, essa criação é antiga e aconteceu na década 1970. O primeiro caso de compra de que se tem registro ocorreu em 1973, quando a Rich Products Corporation passou a agregar sua marca ao Estádio Buffalo Memorial Auditorium - demolido em 2009 -, renomeando-o para “Rich Stadium”. O espaço abrigou tanto o Buffalo Bills (NFL) quanto os Buffalo Sabres (NHL), além de sediar outros eventos, como jogos de basquete universitário, shows e lutas.


No Brasil, dos 10 contratos de naming rights, somente um não é de arena: o MorumBis. Para Sergio Schildt, presidente da Recoma, maior empresa de infraestrutura esportiva da América Latina, e vice-presidente da Abriesp (Associação Brasileira da Indústria do Esporte), o conforto e as novas opções de entretenimento contribuem diretamente para que um novo público também possa se interessar em frequentar o ambiente.


“Com a modernização, ir ao estádio deixou de ser apenas para assistir a uma partida de futebol, mas passou a ser também um programa mais amplo e que pode atender toda a família. Hoje as arenas modernas nos oferecem restaurantes, camarotes modernos e confortáveis, lojas para cuidados estéticos e também costumam receber bastante shows, o que valoriza ainda mais a marca detentora dos direitos daquele espaço”, opina Schildt.


Broadcast+

BDM Matinal Riscala

 *Bom Dia Mercado*


Sexta Feira, 31 de Outubro de 2.025.


 *Magníficas brilham no after hours*


Aqui, hoje tem a Pnad Contínua e déficit primário de setembro


… Apple e Amazon superaram as previsões de lucro nos balanços divulgados após o fechamento e suas ações brilharam no after hours. Netflix, que anunciou desdobramento de ações, também foi destaque nas negociações do pós-mercado, assim como o ADR de Vale subiu com números positivos no 3Tri. Os resultados corporativos estão em primeiro plano em Nova York, junto com os comentários de Powell, que ainda rendem ajustes, enquanto o acordo entre China e Estados Unidos teve pouca repercussão. Aqui, a surpresa com o Caged forte esfriou as apostas de corte antecipado da Selic. Hoje tem mais emprego, com a Pnad Contínua, e déficit primário de setembro.


TRUMP & XI – Amplamente precificado pelos mercados, o acordo entre os presidentes dos Estados Unidos e da China foi recebido mais como uma “trégua”, embora Trump tenha descrito a reunião na Coreia do Sul como “incrível” e “excepcional”.


… Washington reduziu a tarifa média de importação sobre produtos chineses, de 57% para 47%, a tarifa sobre produtos relacionados ao fentanil, de 20% para 10%, e retirou a ameaça de taxar em 100% as importações vindas de Pequim, a partir de 1º de novembro.


… Também foram suspensas as taxas portuárias especiais a navios chineses em portos americanos e as restrições nas exportações de tecnologia.


… Em troca, a China concordou em remover as restrições sobre ímãs de terras raras, suspender taxas portuárias especiais aplicadas a navios dos Estados Unidos e a retomar a compra de soja americana, sendo 12 milhões de toneladas este ano e 25 milhões anuais até 2028.


… Dois assuntos ainda ficaram em aberto: o novo superchip da Nvidia, chamado Blackwell, e o futuro do TikTok nos Estados Unidos.


… O secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse em entrevista à Fox Business que o acordo deverá ser assinado já na próxima semana.


… Trump deixou a Coreia do Sul muito animado, contando a jornalistas no Air Force One que, “numa escala de zero a 10, eu diria que a reunião foi um 12”. Ele admitiu que o acordo é válido por um ano e que será renegociado todos os anos, “mas acho que vai durar muito tempo”.


TERRAS RARAS – O acordo entre Estados Unidos e China não deve enfraquecer a posição do Brasil pela reversão das tarifas de 50%, na avaliação de especialistas consultados pela Agência Estado, já que as terras raras estão na nossa mesa de negociação.


… O professor de economia da Universidade de Brasília, Jorge Arbache, diz que os Estados Unidos ganharam tempo garantindo a importação de terras raras de Pequim, mas ainda precisam encontrar novos fornecedores para dependerem menos da China.


… “Além disso, o acordo tem prazo de validade, será reavaliado anualmente, de modo que não elimina a vulnerabilidade dos Estados Unidos.”


… Quase 70% da produção de terras raras no mundo está nas mãos da China, que usa essa posição em disputas geopolíticas, restringindo o fornecimento de insumos essenciais de inúmeras tecnologias – de chips a mísseis teleguiados – e de difícil substituição.


… Para o consultor Rogelio Golfarb, sócio da ZagWork, a dependência americana às terras raras da China é um tema de segurança nacional, já que a inovação militar, assim como a eletrificação da mobilidade e a inteligência artificial, dependem desses minerais.


… “Os Estados Unidos estão sendo obrigados a ceder porque não têm alternativa. E isso torna o Brasil estrategicamente importante, já que temos a segunda maior reserva de terras raras do mundo. A negociação com Trump vai passar por isso.”


AFTER HOURS – As bolsas em Nova York têm pelo menos três bons motivos para uma abertura positiva, nesta sexta-feira, com o desempenho das ações da Apple (+2,34%), da Amazon (+13,16%) e da Netflix (+3,19%), nas negociações do pós-mercado.


… A Netflix surpreendeu com o desdobramento de ações na proporção de dez para uma, segundo comunicado na SEC, após o fechamento do mercado. Cada acionista registrado até o fechamento do pregão em 10/11 receberá nove ações adicionais para cada ação detida.


… Já os balanços da Apple e da Amazon, também após o fechamento, agradaram aos investidores com resultados acima do esperado.


… A Apple teve lucro líquido de US$ 27,47 bilhões no 3Tri, com lucro diluído por ação de US$ 1,85, superando a expectativa de especialistas consultados pela FactSet (US$ 1,78). A receita registrada, de US$ 102,5 bilhões, também atingiu um valor recorde.


… Os resultados contaram com a ajuda do lançamento dos novos aparelhos iPhone na linha 17, com recordes de receita para os telefones no trimestre (US$ 49,02 bilhões), além de um recorde histórico no segmento de serviços (US$ 28,75 bilhões).


… Já o lucro da Amazon disparou 38,5%, para US$ 21,19 bilhões (US$ 1,95/ação), bem acima do previsto na FactSet (US$ 1,57/ação).


… As vendas líquidas cresceram 13%, atingindo US$ 180,2 bilhões (US$ 158,9 bilhões no 3Tri/24), com crescimento do negócio de computação em nuvem acima do previsto. As vendas do segmento AWS aumentaram 20% em bases anuais, para US$ 33 bilhões.


HOJE – Encerrando a semana, estão previstos para esta sexta-feira os balanços das petrolíferas americanas Chevron (previsão de lucro por ação de US$ 1,71) e da Exxon Mobil (US$ 1,82/ação) – ambos antes da abertura dos mercados em Nova York.


VALE & GERDAU – O ADR da Vale fechou em alta de 0,84%, com o lucro líquido atribuível de US$ 2,685 bilhões no terceiro trimestre, quase 12% acima do consenso no mercado e 11% maior do que o resultado de um ano antes.


… Segundo o Broadcast, a Vale entregou resultados operacionais e financeiros mais fortes, impulsionados pelo minério; contenção de custos e geração robusta de caixa; e avançou na redução de despesas ligadas a Brumadinho.


… A companhia comentará os resultados trimestrais em teleconferência aos investidores marcada para as 11h.


… No caso da Gerdau, apesar da queda de 23,9% do lucro ajustado, que somou R$ 1,09 bilhão, o resultado veio 9% melhor do que o previsto e a companhia anunciou R$ 555,2 milhões em dividendos, a R$ 0,28 por ação (ex dia 11).


… Em um primeiro momento, o ADR subiu mais de 1% no after hours, mas virou e fechou em queda de 0,87%.


MAIS AGENDA – Nos Estados Unidos, o indicador de atividade do PMI de outubro medido pelo ISM de Chicago, que escapou ao shutdown, sai às 10h45. Três dirigentes do Fed falam hoje: Lorie Logan, às 10h30, e Beth Hammack e Raphael Bostic, em evento às 13h.


… Os dados de petróleo da Baker Hughes vêm às 14h, com o mercado à espera da reunião da Opep+, marcada para domingo, que pode discutir um aumento moderado de produção para dezembro, de 137 mil barris por dia.


… Ainda hoje, sai a inflação ao consumidor de outubro na zona do euro (7h). O BC da Colômbia decide juro às 15h.


CHINA HOJE – O PMI industrial oficial caiu para 49,0 em outubro, de 49,8 em setembro, e frustrou a previsão dos analistas, de 49,6. O indicador registrou contração pelo sétimo mês consecutivo e atingiu a mínima em seis meses.


… Já o PMI do setor de serviços subiu de 50,0 para 50,1 e ficou acima do esperado (50).


NO BRASIL – A Pnad Contínua ganha o foco das atenções às 9h e será uma espécie de tira-teima do Caged forte. A taxa de desemprego do trimestre móvel encerrado em setembro deve recuar para 5,5%, de 5,6% do trimestre até agosto.


… O intervalo das projeções no Broadcast varia de 5,4% a 5,8%. Analistas consultados projetam que, apesar da força do mercado de trabalho, algumas aberturas podem apontar para o início da perda de fôlego da mão de obra.


… No contexto fiscal, o BC divulga às 8h30 o resultado do setor público consolidado de setembro, um dia depois de o Governo Central ter apresentado o pior déficit para o mês (R$ 14,497 bilhões) desde 2020 (em meio à pandemia).


… No resultado consolidado, o setor público deve registrar saldo negativo de R$ 17,3 bilhões. As estimativas no mercado financeiro para esta leitura são todas deficitárias e variam de R$ 19,660 bilhões a R$ 15,5 bilhões.


… Para 2025, a mediana indica déficit primário de R$ 65 bilhões (piso de -R$ 79,1 bilhões e teto de -R$ 54,4 bilhões).


… Do lado da inflação, a Aneel divulga às 16h a bandeira tarifária de novembro e a expectativa é de que permaneça vermelha patamar 1 em novembro, mantendo a cobrança adicional de R$ 4,46 a cada 100 quilowatts-hora.


… Mas especialistas apontam perspectiva de melhora para dezembro, com acionamento da bandeira amarela nas contas de luz, o que deve favorecer a percepção cada vez mais positiva do mercado para o ambiente inflacionário.


… No câmbio, hoje é dia de briga para a formação da Ptax do mês, o que pode redobrar a volatilidade nos negócios.


LULA – O presidente viaja neste sábado para Belém, devendo ficar na capital paraense até o dia 7 para o início de reuniões sobre a COP 30, na quinta e na sexta-feira, quando será realizada a Cúpula do Clima, com a presença de diversos chefes de Estado e líderes mundiais.


ISENÇÃO DO IR – O relator do projeto, senador Renan Calheiros, deve apresentar seu texto na próxima terça-feira (4).


… O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, pretende reunir líderes na próxima semana para debater IR e alternativas à MP do IOF.


… Nesta quinta, o Congresso aprovou o projeto que propôs mudanças na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 para permitir que a ampliação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil tenha validade por tempo indeterminado.


… O projeto incluiu também um trecho para que a execução da meta fiscal possa ser alcançada pelo piso.


SETOR ELÉTRICO – A MP com as novas regras para o setor elétrico foi aprovada ontem na Câmara e no Senado e segue para sanção presidencial.


… A ampliação da regra sobre os ressarcimentos para usinas eólicas e solares foi a principal mudança no texto enviado pelo governo, prevendo o direito a ressarcimento por todos os tipos de cortes de geração que tenham sido originados externamente.


… As indenizações serão pagas por meio do Encargos de Serviço do Sistema (ESS), cobrados dos consumidores por meio da conta de luz para garantir a estabilidade e confiabilidade do sistema elétrico nacional.


… A proposta também autoriza a compensação retroativa a partir de setembro de 2023, desde que os geradores desistam de ações judiciais, e prevê ainda que a Aneel deverá aprovar os procedimentos e as regras de comercialização em até 60 dias.


… A medida é mais ampla do que a que estava prevista no relatório do senador Eduardo Braga (MDB), aprovado pouco antes na comissão mista.


O CALL DA SELIC – Se a Pnad vier hoje para provar que a força do Caged não é isolada, traders podem esvaziar mais um pouco a aposta de corte da Selic em janeiro, que ainda é ampla, mas caiu de 65% para 62% na curva a termo.


… A queda só não foi maior, porque economistas viram alguns sinais de desaceleração gradual do emprego, apesar de a criação de 213.002 novas vagas formais em setembro ter superado a expectativa do mercado de 169 mil.


… Mesmo com a abertura mais forte, cálculos com ajuste sazonal sinalizaram que os postos com carteira assinada aceleraram marginalmente, segundo o Daycoval, indicando o início de um processo de perda de ímpeto.


… O banco também chamou a atenção para o menor fôlego no acumulado de 12 meses: 1.439.904 contratações líquidas, abaixo das 1.851.901 vagas criadas no período de outubro de 2023 a setembro do ano passado.


… Para o Bradesco, a média trimestral de postos criados (77 mil) indica moderação no mercado de trabalho e o patamar está abaixo dos cerca de 100 mil necessários para manter a taxa de desemprego estável, segundo relatório.  


… Já para o economista-chefe do banco BMG, Flávio Serrano, o Caged contrariou a tendência de acomodação que vinha sendo observada no mercado de trabalho e, depois do dado, a Pnad Contínua de hoje ganha maior relevância.


… “Se mostrar emprego fraco, o Caged pode ter sido um ponto fora da curva. Se vier forte, acende a luz amarela.”


… Embora traders tenham posto em xeque um corte antecipado da Selic, economistas estão cada vez mais confiantes de que o Copom não vai esperar até março e já vai derrubar o juro de 15% para 14,75% em janeiro.  


… Segundo pesquisa do Broadcast, a recente melhora na inflação corrente, com a mediana das apostas do mercado para o IPCA deste ano próxima do teto da meta (4,51%), reforçou a aposta por um corte mais cedo em 2026.


… Entre 65 instituições consultadas, 29 apostam em um cenário de início do afrouxamento monetário em janeiro. Recentemente, o corte no preço da gasolina e a surpresa para baixo no IPCA-15 de outubro aliviaram a percepção.


… A pressão do Caged foi sentida especialmente na ponta curta do DI, enquanto a longa subiu acompanhando o exterior, onde tanto o rendimento dos Treasuries quanto o dólar avançaram, ainda sob a influência de Powell.


… O contrato de juro para Jan/27 avançou para 13,925% (contra 13,835% na véspera); Jan/29 subiu a 13,195% (de 13,161% no pregão anterior); Jan/31 acelerou para 13,475% (de 13,419%); e Jan/33 foi a 13,625% (de 13,600%).


AVISO EM DOIS? – A sinalização do presidente do Fed de uma possível pausa no ciclo de redução de juros em dezembro continuou repercutindo, porque o mercado parece ter subestimado a capacidade de Powell surpreender.


… Mas ousar é do jogo dos negócios, e tem mais: Powell não disse que o juro não vai cair na última reunião do ano. Só avisou que pode não cair. Ou seja, ainda tem muita água para correr. Mas ontem, de novo, foi dia de reprecificar.


… O dólar à vista, que vinha conseguindo se manter na faixa de R$ 5,35 nos últimos pregões, importou o fôlego da postura mais conservadora assumida pelo Fed e fechou em alta moderada de 0,40%, negociado a R$ 5,3812.


… O movimento seguiu à risca o DXY, que subiu 0,30% com o freio de arrumação de Powell, para 99,526 pontos.


… O destaque no câmbio foi o iene, que afundou 0,91%, a 154,05/US$, após o BoJ ter mantido o juro em 0,5% e o presidente da instituição, Kazuo Ueda, não ter garantido um aperto monetário na próxima reunião.


… O euro caiu 0,32%, para US$ 1,1569, apesar de o BCE ter mantido a política monetária inalterada (2%) e de Christine Lagarde ter reforçado que ainda existem riscos para a inflação. Já a libra perdeu 0,37%, a US$ 1,3144.


… Como o dólar, as taxas dos Treasuries continuaram recalibrando o ciclo de cortes do Fed. O juro da Note de 2 anos subiu para 3,608%, de 3,600% na véspera, e o rendimento de 10 anos avançou para 4,086%, contra 4,069%.


… Bessent reclamou que o BC americano está “preso ao passado”, disse que os números do Fed sobre PIB e inflação estão “consistentemente errados” e que não entende o motivo de Powell sinalizar que não quer cortar o juro.


… O secretário do Tesouro afirmou que, no início de dezembro, promoverá uma segunda rodada de entrevistas com os candidatos para substituir Powell no comando do Fed, permitindo que Trump escolha um nome até o Natal.


… Recentemente, cinco finalistas foram apontados: Waller, Bowman, Kevin Warsh, Kevin Hassett e Rick Rieder.


PASSOU RASPANDO – Foi por pouco, mas o Ibovespa conseguiu emplacar novo recorde duplo, com máxima intraday de 149.234,04 pontos e fechamento no patamar inédito dos 148.780,22 pontos, tendo subido apenas 0,10%.


… A bolsa completou uma sequência de sete altas, embora já tenha dado sinais de esgotamento. A perda de fôlego foi atribuída, em alguma medida, ao Caged forte, que eventualmente pode inviabilizar o corte antecipado da Selic.


… Mas também as perdas de Bradesco e da Petrobras desaceleraram os ganhos do Ibov e contribuíram para neutralizar o otimismo da Vale, que subiu 0,76%, a R$ 63,81, na expectativa positiva do balanço da noite de ontem.


… Além disso, o apetite por risco da mineradora respondeu ao progressos do encontro entre Trump e Xi Jinping.


… Já na ponta negativa, Petrobras ON recuou 0,88%, a R$ 31,66, e PN perdeu 0,43%, a R$ 29,89. Os papéis operaram descolados da leve alta de 0,12% do petróleo, com o Brent valendo US$ 65,00, de olho na trégua comercial.


… No day after de seu balanço, que assustou pela provisões contra devedores duvidosos, Bradesco liderou as perdas do Ibovespa. O papel PN afundou 3,88%, a R$ 18,10, e o ON levou um tombo de 3,56%, a R$ 15,43.


… Mas as ações ainda acumulam salto no ano de 69% (PN) e 57% (ON), melhor desempenho entre os bancões.


… Santander unit engatou o quinto pregão seguido no terreno positivo, em alta de 2,61%, a R$ 30,61, maior valor desde abril de 2022. O banco continuou repercutindo o resultado trimestral apresentado na última quarta-feira.


… Ainda no setor, BB ON avançou 1,93% (R$ 21,63). Já Itaú registrou leve queda de 0,13%, negociado a R$ 39,29.


… Em Wall Street, a mensagem de Powell de que o Fed não tem compromisso antecipado com um corte e a pressão de tecnologia se sobrepuseram ao acordo entre Trump e Xi Jinping para puxar uma correção nas bolsas americanas.


… O Dow Jones caiu 0,23%, aos 47.522,12 pontos; o S&P 500 recuou 0,99%, aos 6.822,34 pontos; e o Nasdaq devolveu 1,57%, aos 23.581,14 pontos, prejudicado pelas magníficas Meta (-11,33%) e Microsoft (-2,90%).


… Outras vilãs foram a Tesla, que caiu 4,6%, em meio à oposição de acionistas ao pacote bilionário de remuneração de Musk; e a Nvidia, que cedeu 2%, sem permissão imediata para comercializar chips avançados com Pequim.


COMPANHIAS ABERTAS – PETROBRAS informou que Campo de Búzios, localizado no pré-sal da Bacia de Santos, alcançou 1 milhão de barris de petróleo produzidos por dia, segundo a presidente da estatal, Magda Chambriard.


TELEFÔNICA registrou lucro líquido de R$ 1,9 bilhão no terceiro trimestre, alta anual de 13,3%; Ebitda somou R$ 6,5 bilhões, aumento de 9% em relação ao mesmo período de 2024.


MULTIPLAN registrou lucro líquido de R$ 221,1 milhões no terceiro trimestre, queda anual de 20,9%; Ebitda somou R$ 435,5 milhões, alta de 8,6% em relação ao mesmo período de 2024.


AZUL apurou Ebitda ajustado de R$ 613,8 milhões em setembro, segundo informações mensais preliminares entregues à Corte de Falência de Nova York, no âmbito do processo de recuperação judicial nos Estados Unidos.


MRV. BB Investimentos cortou preço-alvo da ação de R$ 14 para R$ 12, mantendo recomendação de compra. Revisão incorporou resultados do 2TRI, prévias operacionais do 3TRI e premissas econômicas atualizadas.


MARCOPOLO registrou lucro líquido de R$ 323,3 milhões no terceiro trimestre, alta de 1% em relação ao mesmo período de 2024; Ebitda somou R$ 419,8 milhões, recuo de 9,9% na comparação anual


ENERGISA informou que a Agência Reguladora de Serviços Públicos (ARSP) homologou reajuste tarifário para sua controlada ES Gás, a partir de 1º de novembro…


… Efeito médio será de uma redução de 4%, com preço de venda, sem impostos, para R$ 2,4586 por metro cúbico.


ISA ENERGIA. BB Investimentos cortou preço-alvo da ação preferencial da companhia de R$ 33,40 para R$ 31,10, mantendo recomendação de compra…


… Revisão incorporou valores revisados da Rede Básica do Sistema Existente para o período de julho de 2025 a junho de 2028.


VULCABRÁS registrou lucro líquido atribuído aos controladores de R$ 547,2 milhões no terceiro trimestre, alta anual de 217,8%. Ebitda somou 226,5 milhões, crescimento de 15,1% em relação ao mesmo período de 2024.


COSAN informou, por meio de fato relevante, que o Cade aprovou, sem restrições, a subscrição de ações da companhia por três fundos de investimento: Perfin Rally, BTG Pactual e BPAC3 Multiestratégia.


RAÍZEN. A Moody´s colocou em revisão para possível rebaixamento o rating Baa3…


… A decisão foi motivada pelos desafios operacionais enfrentados especialmente na safra 2024-25, que resultaram em geração de fluxo de caixa livre negativo, aumento do endividamento bruto e indicadores de crédito pressionados.

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: Meta e Microsoft fizeram uma revisão em alta das suas necessidades de investimento em IA e isso afetou as tecnológicas, que retrocederam ontem. Ocorreu uma pausa nas bolsas, resultante do mais razoável… embora hoje os futuros americanos venham novamente em positivo e com alguma vontade (+0,5%/+1%), embora não os europeus (-0,3%). Este último pode ser por respeito à inflação europeia que sairá hoje (10 h): embora se espere que retroceda até +2,1% desde +2,2%, a alemã saiu ontem a retroceder menos do que o esperado (+2,3% desde +2,4% vs. +2,2% esperado) e isso convida a sermos um pouco cautelosos. Apesar dessa inflação, o BCE insistiu, ao terminar a sua reunião ontem, que está controlada… mas repetiu taxas de juros em 2,00/2,15% e insinuou que não irá fazer mais descidas. É um pouco confuso, sem chegar a preocupar. Mas, caso a inflação europeia saia hoje superior ao esperado, é razoável que as bolsas europeias venham frias. 


O tom certamente irá melhorar durante a tarde graças a Nova Iorque, visto que Amazon e Apple publicaram ontem à noite uma combinação de resultados bons e perspetivas otimistas, subindo ca.+13% e +3%, respetivamente, no aftermarket. Além disso, Cloudflare (incluída na nossa Carteira Temática de Cibersegurança) sobe +9% em aftermarket após publicar resultados e guias muito bons (sobe +107% YTD). Em Espanha, os resultados e sensações também são bons esta manhã: Caixabank, Puig… embora Meliá um pouco fracos.


NY -1% US tech -1,5% US semis -1,5% UEM -0,1% España -0,7% VIX 16,9% Bund 2,64% T-Note 4,10% Spread 2A-10A USA=+49pb B10A: ESP 3,15% PT 3,00% FRA 3,41% ITA 3,39% Euribor 12m 2,185% (fut.2,246%) USD 1,156 JPY 178,4 Ouro 4.008$ Brent 64,5$ WTI 60,1$ Bitcoin -1% (109.569$) Ether -2,3% (3.826$)


CONCLUSÃO: Nova Iorque manda e oferece aspeto de subida. Uma vez superadas as reuniões da Fed e do BCE, assim como o encontro de Trump e Xi com um desenvolvimento bastante construtivo e pacífico (provavelmente apenas é assim esteticamente, mas Trump ocupou-se de exagerar o seu suposto próprio sucesso), e com resultados e perspetivas corporativas geralmente boas desde ontem à noite (Amazon e Apple) o lógico é que a sessão evolua desde fraca para melhor, do estilo “arranque débil na Europa caso a inflação dececione, mas a melhorar de seguida graças ao empurrão de Wall St.”. As obrigações permanecerão tão tranquilas como estão desde há vários dias, exceto por surpresa na inflação europeia. E o USD fortalecido ao aumentar a incerteza sobre quando será a seguinte descida de taxas de juros por parte da Fed (como se extrai da reunião de anteontem), mas a 1,156/€ parece razoável esperar um pouco de esgotamento e o seu regresso para 1,160/€ ou um pouco mais além.


FIM

Fabio Alves