quarta-feira, 15 de outubro de 2025

BDM Matinal Riscala

 Bom dia



*Bom Dia Mercado*


Quarta Feira, 15 de Outubro de 2.025.


*Pressão dos EUA sobre a China traz volatilidade*


Na agenda econômica, o Fed divulga o Livro Bege e, aqui, são destaques os dados do varejo


… Mais dois bancos divulgam balanços hoje em Nova York antes da abertura dos mercados, o BofA e o Morgan Stanley, após os resultados acima do esperado do JPMorgan, Goldman Sachs, Wells Fargo e Citi. Na agenda econômica, o Fed divulga o Livro Bege, que servirá como parâmetro para o Fomc do dia 29. O discurso de Powell não alterou as expectativas do mercado por mais cortes de juro neste ano. O que voltou a pegar foi o vaivém das declarações de Trump sobre a China. Aqui, são destaques dados do varejo e palestras de diretores do BC em Washington, enquanto o governo adia a votação da LDO em busca de medidas para compensar a derrubada da MP do IOF.


ESTRATÉGIA DE RISCO – Não só Trump, mas também autoridades da Casa Branca estão lançando sinais de força em cima de Pequim, alternando falas otimistas com comentários que sugerem a escalada da guerra comercial – o que induz os mercados à volatilidade.


… Logo cedo, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, acusou a China de tentar enfraquecer a economia global com as restrições à exportação de minerais críticos. “Isso mostra quão fraca está a economia chinesa; e eles querem puxar todo mundo para baixo”, no Financial Times.


… Já no início da tarde, uma entrevista de Jamieson Greer, representante comercial dos Estados Unidos, à CNBC renovou as expetativas sobre um acordo com a China, ao confirmar o encontro entre Trump e Xi, revelando que um “horário está marcado”.


… Embora ele tenha dito que “as tarifas de 100% podem chegar em breve” (1 de novembro) e que “temos controles de exportação que podemos impor se necessário”, mostrou-se confiante. “Acho que conseguiremos resolver isso com a China. Trump é um grande negociador”.


… Segundo Greer, “os chineses perceberam que exageraram nas medidas sobre terras raras, que são desproporcionais e surgiram do nada”.


… Ao lado do presidente argentino Javier Milei, recebido na Casa Branca, Trump voltou a repetir que “tudo ficará bem” com a China. “Tenho um ótimo relacionamento com o presidente Xi, mas às vezes ele é posto à prova porque a China gosta de tirar vantagem de nós.”


… Mas, perto do final do pregão, Trump foi à sua rede social com novas ameaças à China, afirmando que o país comete um “ato de hostilidade” ao não comprar “intencionalmente” a soja dos Estados Unidos e causar dificuldades aos produtores americanos.


… Como retaliação, o presidente disse que está considerando encerrar negócios com a China envolvendo o óleo de cozinha e “outros elementos de comércio”. “Podemos facilmente produzir óleo de cozinha, não precisamos comprá-lo dos chineses”.


… E antes que o dia terminasse, foi a vez do diretor do Conselho Econômico dos Estados Unidos, Kevin Hassett, acusar a China de tentar intimidar o governo americano ao retomar controles de exportação sobre bens de terras raras, na semana passada.


… “Foi um clássico movimento de intimidação. Nem sequer atendiam ligações do nosso time perguntando: O que aconteceu? Não estava tudo certo para Trump e Xi se encontrarem?”, disse ele, em entrevista à Fox News, ontem à noite.


… Hassett disse ainda que o governo americano tem muitos “trunfos”, que “a China não tirará vantagem de nós” e que “Trump conseguirá um bom acordo”. O encontro de Trump e Xi está previsto para acontecer na Coreia do Sul durante a cúpula da Apec, com início no dia 27.


BRASIL CITADO – Pouco antes da reunião com Milei, Trump disse aos jornalistas que teve uma “boa conversa” com o presidente Lula, mas enfatizou que os Brics realizaram um “ataque ao dólar” e, por isso, ameaçou tarifas contra os países do grupo.


TAXAÇÃO BBB – Aqui, investidores acompanharam a participação do ministro Fernando Haddad em audiência pública na CAE do Senado, onde ele se queixou da derrubada da MP do IOF e disse que avalia a possibilidade da “taxação BBB” (bancos, bets e bilionários).


… Diante do impasse orçamentário, o governo pediu um novo adiamento da votação do Projeto Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2026.


… Hoje, Haddad reúne-se (8h30) com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, para tratar das receitas frustradas pela queda da MP 1.303, de possíveis alterações no texto da LDO e do apoio a eventuais medidas que estão sendo preparadas como alternativas de arrecadação.


… Entre essas medidas estaria a taxação dos bancos/fintechs, bets e dos super-ricos, além da revisão dos benefícios tributários. O governo tenta encontrar uma saída para compensar os mais de R$ 20 bilhões previstos na MP derrotada para 2026.


… Haddad disse que vai levar a Alcolumbre uma lista dos “cenários” para receita e despesa na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Perguntado pelos jornalistas sobre a possibilidade de mudar as metas fiscais, o ministro foi vago: “Cada cenário tem uma consequência”.


… O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, disse que a LDO deve ficar para a próxima semana, diante do buraco fiscal causado pela derrubada da MP do IOF. “Nós temos um rombo de R$ 35 bilhões e temos que conversar com o Congresso para encontrar os recursos.”


… Randolfe negou que o governo tenha desistido de fazer cortes, afirmando que as opções ainda estão sendo avaliadas.


LICENCIAMENTO AMBIENTAL – Mesmo sem a votação da LDO na comissão, David Alcolumbre manteve a sessão conjunta do Congresso desta quinta-feira, quando serão analisados os vetos do presidente Lula ao marco legal do Licenciamento Ambiental.


DEFESA AO TCU – Em outra frente de pressão sobre o orçamento, o governo apresentou ontem aos ministros do Tribunal de Contas da União os argumentos em defesa do cumprimento das metas fiscais pelo piso, prática condenada pela Corte.


… Segundo apurou o Valor, participaram da reunião virtual o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, e o secretário da Casa Civil, Bruno Moretti, além do presidente do TCU, Vital do Rêgo, e o ministro Benjamin Zymler, relator do caso.


SOCORRO AOS CORREIOS – Governo busca empréstimo de R$ 20 bilhões do Banco do Brasil, da Caixa e de instituições privadas para os Correios, em operação que deve ter garantias da União e estar condicionada a medidas para sanear a gestão da estatal.


… Segundo apurou a Folha, a empresa precisa de R$ 10 bilhões em 2025 e mais R$ 10 bilhões em 2026, que serão usados para capital de giro e também para custear medidas de ajuste (demissões voluntárias, mudanças no plano de saúde e renegociação de passivos atrasados).


… Fontes ouvidas pela reportagem dizem que ainda não está fechada a participação de cada banco na operação, que também atrai o apetite de instituições privadas. BTG Pactual, Citibank e ABC Brasil, que já são credores dos Correios, participam das conversas.


… Desde 2022, os Correios vêm apresentando prejuízos, mas o resultado negativo vem piorando semestre a semestre. No segundo trimestre, o prejuízo chegou a R$ 2,64 bilhões, quase cinco vezes mais em relação ao rombo de R$ 553 milhões do mesmo período de 2024.


… No balanço, a empresa referiu-se à “taxa das blusinhas” como um dos principais motivos das perdas, com “a retração significativa do segmento internacional, em razão de alterações regulatórias nas compras de importados, que provocaram a queda do volume de postagens”.


MAIS AGENDA – O IBGE divulga às 9h as vendas do varejo ampliado de agosto, que devem desacelerar o ritmo de alta para 0,7% (mediana Broadcast), contra 1,3% em julho. As estimativas vão de queda de 0,6% a avanço de 1,5%.


… Já as vendas no varejo restrito devem interromper quatro recuos seguidos na margem e crescer 0,2%, após baixa de 0,3% em julho. As estimativas dos analistas para esta leitura vão de queda de 0,2% a crescimento de 1,1%.


… À tarde (14h30), o BC divulga os dados semanais do fluxo cambial.


… Em Washington, o diretor de política monetária do BC, Nilton David, faz palestra às 12h, em evento promovido pelo Goldman Sachs. Já Paulo Picchetti participa de painel em seminário do JPMorgan, às 15h45.


… Em reuniões paralelas ao evento anual do FMI, David disse ontem que o atual ciclo de política monetária demanda “firmeza, serenidade e perseverança” e que as expectativas de inflação do mercado continuam desancoradas.


LÁ FORA – Antes do Livro Bege (15h), dois diretores do Fed falam: Stephen Miran (13h30) e Christopher Waller (14h). Mas como Powell já falou ontem e o mercado está fechado com um corte este mês, os discursos perdem status.


… Entre os poucos indicadores poupados pelo shutdown, sai às 9h30 o índice de atividade industrial Empire State de outubro, medido pelo Fed de Nova York. Na zona do euro, a produção industrial de agosto será conhecida às 6h.


CHINA HOJE – A inflação ao consumidor (CPI) teve queda anualizada de 0,3% em setembro, contra previsão de -0,2%. Já o índice de preços ao produtor (PPI) recuou 2,3%, em linha com o esperado pelos analistas do mercado.


FORA DA CASINHA – Os sinais trocados sobre a relação comercial entre os Estados Unidos e a China, ora de alívio, ora de provocação, continuaram trazendo volatilidade ontem aos negócios globais e, por aqui, não foi diferente.


… Pela manhã, quando predominava o clima de hostilidade, o dólar à vista chegou a encostar na faixa de R$ 5,52 na máxima do dia, cotado a R$ 5,5196. Depois, desanuviou com a leitura dovish dos comentários de Powell.


… Mas na reta final do pregão zerou o alívio e virou com a escalada da retórica de Trump contra Pequim. Fechou em leve alta de 0,14%, a R$ 5,4700. A boa notícia é que terminou bem mais perto da mínima (R$ 5,4582) que da máxima.


… Estas reviravoltas têm sido recorrentes no governo imprevisível de Trump. Apesar de tudo, no Broadcast, o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, ainda vê o dólar furando o piso de R$ 5,40 se depender do Fed.


… Powell reconheceu ontem o impacto do tarifaço sobre a inflação, mas voltou a insistir na fraqueza do mercado de trabalho, reforçando a convicção dovish do mercado de que um corte de juro está garantido daqui a duas semanas.


… “Os riscos negativos para o emprego parecem ter aumentado”, afirmou o presidente do Fed, destacando que o BC americano precisa calibrar sua política com cautela para não deixar “o trabalho contra a inflação inacabado”.


… A interpretação que se faz de seus comentário é de que um corte está no jeito, mas não deve ser agressivo.


… Michelle Bowman também discursou e defendeu pelo menos mais duas reduções nos juros até o fim do ano.


… No final da tarde, ainda a presidente do Fed de Boston, Susan Collins, não nadou contra a maré. Disse que o  caminho não está predeterminado, mas considerou apropriada outra flexibilização monetária de 25 pontos-base.


… Segundo ela, a inflação segue acima da meta do Fed, mas avançou menos do que o esperado no início do ano, enquanto paralelamente aumentaram os riscos de deterioração do mercado de trabalho norte-americano.


… Reforçada a aposta já ampla de mais um corte de juro, o índice DXY do dólar caiu 0,22%, a 99,047 pontos.


… O euro subiu 0,27%, a US$ 1,1611, e o iene avançou 0,34%, a 151,68/US$. Já a libra recuou 0,12%, a US$ 1,3325, porque a taxa de desemprego no Reino Unido aumentou a chance de o BC inglês relaxar o juro em novembro.


JUNTO E MISTURADO – Na volta do feriado de Columbus Day, as taxas dos Treasuries caíram. Não foi fácil dissociar o quanto da queda esteve ligada à aposta do Fed dovish ou à demanda defensiva por causa das tensões comerciais.


… Nos menores níveis em quase um mês, o juro da Note-2 anos caiu a 3,476% (contra 3,525% no pregão da última sexta-feira) e o de 10 anos recuou para 4,023% (de 4,056%). O yield do T-Bond de 30 anos foi a 4,621%, de 4,637%.


… A alta de 0,73% do ouro para a nova máxima histórica de US$ 4.163,40 por onça-troy revela que o investidor tem preferido manter posições seguras, diante da crise renovada entre Pequim e Washington, que vivem se estranhando.  


… O embate protecionista inibiu, mas não impediu queda nesta terça dos juros futuros domésticos, que se apegaram à baixa dos rendimentos dos Treasuries e resistiram à virada de alta do dólar observada perto do fechamento.


… O contrato de DI para Jan/26 terminou em 14,892% (de 14,894% na véspera); Jan/27 caiu a 13,995% (de 14,005% na véspera); Jan/29, a 13,360% (de 13,391%); Jan/31, a 13,630% (de 13,665%); e Jan/33, a 13,785% (de 13,815%).


… Entre os indicadores do dia, o setor de serviços exibiu resiliência em agosto. Apesar do crescimento de apenas 0,1% em relação a julho, superou a mediana (estabilidade) e alcançou novo patamar recorde na série histórica.


ONDE HÁ FUMAÇA, HÁ FOGO? – Circularam especulações no mercado sobre a chance de reajuste nos combustíveis, após a forte queda do petróleo no mercado internacional com o acordo de cessar-fogo entre Israel e a Palestina.


… Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem dos preços da gasolina no Brasil contra o preço de paridade de importação (PPI) aumentou para 9% e o litro pode ser reduzido em R$ 0,24.


… Investidores suspeitam que vem queda por aí, embora a Petrobras não dê sinalizações neste sentido.  


… Questionada ontem por jornalistas se a estatal pretende reduzir o preço da gasolina, Magda Chambriard, reafirmou que a empresa mantém a estratégia de não trazer volatilidade do petróleo para o mercado interno.


… A Petrobras está sem reajustar os valores da gasolina há 134 dias e do diesel, há 162 dias.


… A pressão cresce, depois de o petróleo Brent ter caído mais 1,47% ontem, para US$ 62,39, diante do fogo cruzado de Trump com a China e do temor de excesso de oferta global, reforçado ontem pelas estimativas da AIE.


… Segundo a Agência, o mercado mundial da commodity enfrentará excedente ainda maior em 2026, de até 4 milhões de barris por dia, conforme a Opep+ e seus rivais elevem a produção, apesar do consumo desaquecido.


MELOU – Bem que o Ibovespa tentou brigar ontem pelos 142 mil pontos, mas as turbulências na relação entre os Estados Unidos e a China inviabilizaram o plano, e teve ainda o fiscal no radar para comprometer o ritmo da bolsa.


… Não repercutiu bem a notícia sobre possível socorro aos Correios e preocupa ainda a conta do IOF que não fecha.


… O índice à vista fechou praticamente estável, com leve baixa de 0,07%, aos 141.682,99 pontos e giro de R$ 19,6 bi.


… Em demonstração de força e de olho nos R$ 60, Vale resistiu à queda firme de 2% do minério e fechou no zero a zero, cotada a R$ 59,75. Petrobras seguiu o petróleo e monitorou os rumores sobre o reajuste da gasolina.


… O papel PN registrou desvalorização de 0,69%, para R$ 30,02. Já o ON oscilou quase nada (-0,06%), a R$ 32,19.


… Destaque entre os bancos, Bradesco faturou a decisão do Goldman Sachs de elevar a recomendação do banco de venda para neutro. A ação PN emplacou alta de 1,42%, para R$ 17,16, e ON ganhou 1,04%, cotada a R$ 14,60.


… Já o Santander, rebaixado para venda, por riscos operacionais, caiu 1,05% (R$ 27,45). Itaú subiu 0,43% (R$ 37,45).


… Em Nova York, os comentários de Powell sinalizando para novos cortes dos juros chegaram a causar algum alívio nos negócios, mas as tensões comerciais entre Estados Unidos e China impediram ganhos mais firmes.


… As bolsas em Wall Street encerraram sem direção única, com alta do Dow Jones (+0,44%, aos 46.270,46 pontos) e falta de fôlego do S&P 500 (-0,15%, para 6.644,31 pontos) e do Nasdaq (-0,76%, aos 22.521,70 pontos).


COMPANHIAS ABERTAS – PETROBRAS recebeu parecer técnico do Ibama solicitando novos detalhamentos sobre plano de emergência e proteção da fauna no processo de licenciamento ambiental da bacia da Foz do Amazonas.


TELEFÔNICA aprovou a distribuição de R$ 380 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,1185 por ação, com pagamento até 30 de abril de 2026; ex em 28 de outubro.


HAPVIDA. O conselho de administração aprovou um programa de recompra de até 20 milhões de ações.


TAESA informou que fará hoje o pagamento de juros remuneratórios aos detentores das debêntures da 12ª emissão, em três séries, emitidas em 15 de abril de 2022…


… O valor total será de R$ 40,9 milhões, sendo R$ 20,2 milhões da primeira série, R$ 9,9 milhões da segunda série e R$ 10,7 milhões da terceira série.

terça-feira, 14 de outubro de 2025

Reag e o crime organizado

 *Organograma do crime: veja as ligações das gestoras Reag e Altinvest com o PCC, segundo o Gaeco*


Profissionais de gestoras envolvidas na Carbono Oculto têm participações em negócios e assinaram documentos como representantes de fundos da organização, segundo o MPSP; Reag, Altinvest e executivos negam conexão com o crime e dizem colaborar com investigação


Operação Carbono Oculto é a maior feita até hoje contra a infiltração do crime organizado na economia formal


A relação das gestoras de recursos Reag Administradora de Recursos e Altinvest com o Primeiro Comando da Capital (PCC), revelada pela Operação Carbono Oculto, vai além da administração de fundos de investimentos ligados à organização criminosa, segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP). Os promotores disseram à Justiça que a Reag e alguns de seus sócios e diretores, bem como acionistas da Altinvest têm participações em negócios ligados à facção, entre outras conexões.


Procurada, a Reag afirmou em nota serem “infundadas as alegações que procuram associar sua atuação ou de seus diretores a práticas irregulares” (leia posicionamento completo abaixo). A Altinvest disse, também por meio de nota, repudiar “veementemente qualquer tentativa de associar a empresa ou seus profissionais ao crime organizado. Todas as participações societárias e atividades são devidamente registradas e realizadas dentro da legalidade” e que desde o início a empresa e seus executivos têm colaborado de “forma ampla e irrestrita” com as autoridades.


Porém, segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público estadual, Reag, Altinvest e pessoas ligadas a ambas as empresas criaram estruturas jurídicas e societárias, bem como estiveram à frente de fundos de investimentos, que dificultaram a identificação dos verdadeiros donos de ativos que pertencem ao crime organizado.


Além dessa ocultação, ao assinarem como representantes das gestoras em aquisições de negócios, os envolvidos viabilizaram juridicamente a entrada e saída de recursos ilícitos. Em alguns casos, participaram da gestão operacional de empresas adquiridas com esses fundos, que têm recursos “sem origem no sistema financeiro”, como afirma o MPSP.


Em documentos do Gaeco sobre a Operação Cassiopeia, que envolveu várias pessoas do mesmo grupo e foi deflagrada em março de 2023, há diferentes exemplos de tentativas de transações financeiras feitas pela facção em bancos como Santander e Safra. Sem que os depositantes conseguissem comprovar a origem dos recursos, os valores foram imediatamente reportados ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e devolvidos a seus donos, que fazem parte da organização criminosa, segundo o MP. Algumas transações superavam R$ 50 milhões.


As ligações entre Reag e o grupo, porém, não têm a mesma dinâmica. De acordo com o documento do Gaeco, a Reag, por exemplo, tem presença estruturada em operações com usinas de açúcar e etanol controladas pela organização criminosa no interior do Estado. A Reag Administradora de Recursos e Walter Martins Ferreira III, sócio da gestora até junho, aparecem como representantes legais da Usina Itajobi, de Catanduva (SP). A propriedade foi comprada por meio do fundo Mabruk II, gerido pela Reag e cujos recursos, de acordo com o MPSP, são de Mohamad Mourad, principal suspeito de lavagem de dinheiro do PCC.


Conhecido como “Primo”, Mourad é descrito como o “epicentro das operações”, e montou a rede criminosa com familiares, sócios e profissionais cooptados para fraudes fiscais, ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro. Ele e seu grupo são donos de uma série de negócios, sendo muitos de fachada. Além das usinas, há distribuidoras, formuladoras e postos de combustíveis, imóveis, empresas de logística e terminal portuário, sempre segundo a denúncia. Mourad, que teve a prisão decretada, está foragido.


Procurado, o advogado de Mohamad Mourad nega a prática de qualquer ilícito, e afirma que provará sua inocência no curso da investigação. “Mohamad tem sido alvo de ilações e conjecturas injustas. São afirmações infundadas, que não encontra respaldo em nenhuma prova dos autos, é que foi criada apenas com a finalidade de atingir a reputação de empresas que atuam licitamente no mercado. Até o momento, não existe nenhum indício sequer que permita extrair qualquer ligação com as atividades ilícitas do PCC”, escreveu a defesa, em nota.


Os nomes da Reag e de Ferreira III figuram como representantes da Usina Itajobi numa procuração pública anexada ao pedido de quebra de sigilo contra os acusados, apresentado à Justiça pelo Gaeco. O documento é um dos que serviram de base à Operação Carbono Oculto. Quem assina essa procuração pública como representante da Reag Administradora é Ramon Dantas, diretor executivo da principal empresa do grupo, a Reag DTVM.


Segundo a Reag, seus executivos respeitam a legislação em vigor e seu patrimônio e atos não se confundem com os da gestora. Procurado, Ferreira III disse não ser gestor de fundos, “jamais ter cometido qualquer irregularidade, que está à disposição das autoridades e comprovará sua inocência.” Dantas não respondeu a pedido de entrevista, feito por meio da Reag.


Diretor de compliance e lavagem de dinheiro da Reag era gestor da Itajobi


Ferreira III tem papel mais ativo no negócio, de acordo com o Gaeco. Ele figura na procuração pública como diretor administrativo, financeiro e comercial da Usina Itajobi. Ferreira III foi eleito, em novembro do ano passado, diretor de compliance e lavagem de dinheiro da Reag e deixou a gestora em junho de 2025.


Na investigação, Dantas aparece ainda como representante da Reag em operações imobiliárias envolvendo a Urban Prime, que pertence ao fundo Zurich e recebeu imóveis ligados à organização criminosa, segundo o Gaeco. Assina ainda como representante do Fundo Participation na sociedade de participações Monroy West Agro, ao lado de Armando Houssein Ali Mourad, irmão de Mohamad. Dantas aparece também como representante de outros fundos com participações ou sociedades ligadas a esse grupo, de acordo com a investigação do Gaeco, que tem nada menos do que 10 mil páginas.


Um terceiro sócio da Reag, Silvano Gersztel, assina pela gestora como representante do fundo Mabruk II (de Mourad), no contrato de aquisição da Usina Itajobi. O Gaeco diz que, além de integrarem os quadros da Reag, Dantas e Gersztel “atuaram em circunstâncias absolutamente imprescindíveis para a operacionalização dos fundos de investimento para os propósitos do grupo Mohamad”. Gersztel também não respondeu ao pedido de entrevista, feito reiteradas vezes à Reag.


A Itajobi enviou um comunicado no qual diz colaborar ativamente com as autoridades para o esclarecimento dos fatos, “convicta que sua reputação não será abalada e os fatos serão devidamente esclarecidos”. Também afirma que a empresa existe há mais de 40 anos, tem 900 funcionários, mas não respondeu a perguntas específicas sobre a presença de Ferreira III em sua diretoria ou da ligação com o PCC.


Mourad se apresentou, numa reportagem no site da Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Catanduva, em dezembro de 2023, como João Mourad, sócio proprietário da Usina Itajobi, detalhando planos para a empresa. Como mostra o documento do Gaeco, também comprou uma casa de alto padrão em Catanduva, com o uso do fundo Toronto. Já as mobílias foram compradas por meio de uma empresa laranja.


Ferreira III, Gersztel e Dantas também são sócios da RPN Partners Participações, uma holding de instituições não-financeiras, que funciona no mesmo endereço de outras sete empresas que têm alguma ligação com Mourad, segundo o MPSP. Tanto a RPN quanto essas outras companhias funcionam na Rua Conselheiro Saraiva, 229, em Santana, na zona Norte da cidade.


O compartilhamento de endereços é prática comum a diferentes empresas do grupo conectado a Mourad, segundo o Gaeco. Para o MP estadual, essa prática facilita a triangulação de notas fiscais, a simulação de operações comerciais e a lavagem de capitais.


A Reag não é a única gestora a ter sócios próximos da organização criminosa, segundo o MP. A denúncia mostra que Rogério Garcia Peres, sócio da Altinvest, empresa especializada em estruturação e gestão de fundos de investimentos, também participa de alguns empreendimentos ligados ao grupo investigado.


Peres, por exemplo, faz parte do conselho de administração da Rede Sol Fuel, distribuidora de combustíveis que tem ligações, segundo o MPSP, com o grupo de Mourad. Peres também é sócio de postos de combustíveis em Catanduva (SP) e Araçatuba (SP) com Valdemar de Bortoli Junior, acionista e presidente da própria Rede Sol.


A Altinvest afirmou, em nota, que Peres jamais operou postos de combustíveis. “Ele apenas adquiriu da BR Distribuidora alguns imóveis para investimento nos quais funcionavam antigos postos BR desativados, dentro de um programa de desmobilização da BR Distribuidora que contemplou a alienação para diversos investidores de mais de 600 imóveis em nível nacional, com o objetivo de reformá-los e destiná-los para venda a operadores de postos bandeirados BR, mantendo apenas a propriedade do imóvel para recebimento de futura locação comercial, prática de investimento comum no mercado. Esses investimentos são de natureza imobiliária, não operacional, efetuados de forma lícita e devidamente declarados”.


Segundo a empresa ainda, ele atuou na Rede Sol Fuel “apenas prestando serviços jurídicos e como conselheiro independente, não se envolvendo na gestão executiva ou no dia a dia dos negócios da companhia, nem mesmo possuindo qualquer envolvimento com as atividades econômicas ou empresariais conduzidas pelos seus clientes”.


Além disso, de acordo com a nota, Peres tem trajetória profissional de “mais de 25 anos no direito tributário e como executivo em mercado de capitais, como advogado e professor, sem qualquer histórico de participação no setor de combustíveis e qualquer envolvimento com atividades ilícitas. Ao longo de sua carreira, foi conselheiro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) em Brasília por dois mandatos, além de ter ocupado funções de liderança em entidades de classe, como a Comissão Jurídica Tributária da Febraban e o Comitê de Assuntos Tributários da ABBI”, além de ser professor no Insper.


O próprio Peres diz, em comunicado, que “desde o início, tem colaborado integralmente com as autoridades competentes. Confia que todos os fatos serão devidamente esclarecidos pelas instâncias responsáveis.”


Ricardo Saldanha, advogado da Rede Sol e de Bortoli Junior, afirma que a empresa é um condomínio no qual 22 distribuidoras autorizadas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) e habilitadas a operar dentro do Estado de São Paulo ficam abrigadas, em Jardinópolis (SP). Segundo ele, a informação de que a rede é ligada ao grupo de Mohamad Mourad é “inverídica”, já que ele não aparece no contrato social de nenhuma dessas 22 empresas que fazem parte do condomínio. “A empresa e Bortoli Junior estão colaborando com as investigações e esperam que os fatos sejam devidamente esclarecidos”, afirmou Saldanha.


Porém, as distribuidoras Duvale, Estrela e outras quatro classificadas nas investigações como “laranjas” da operação de Mourad, funcionam no endereço da Rede Sol. Inativa em 2020, a Duvale movimentou R$ 2,79 bilhões no ano seguinte. Seria um indicativo de que a empresa teria substituído a distribuidora Aster, que foi alvo da operação Cassiopeia e fechada no ano passado.


O fundo Mabruk II também adquiriu R$ 30 milhões em notas comerciais da Rede Sol, que também vendeu caminhões à Blue Star Locação de Equipamentos. Segundo o MP, a Blue Star é uma empresa de fachada de Mourad, criada para blindar seu patrimônio, que tem 1.026 veículos pesados registrados sob sua titularidade.


Além de Peres, Lucas Pimentel de Oliveira Filho, que foi sócio da Altinvest e da Reag Trust Partners, aparece ligado ao grupo. De acordo com os documentos, ele figurava como diretor de operações da Stronghold Infra Investments, estrutura financeira que está por trás da aquisição da operação portuária do grupo no porto de Paranaguá.


Procurado, Oliveira Filho disse ter atuado profissionalmente na Stronghold “por um curto período e não mantém vínculo atual com a companhia.” Ele diz ainda repudiar “de forma categórica qualquer associação de seu nome a operações ou condutas irregulares.”


Já a Reag disse que além de considerar as alegações do MPSP infundadas, “todas as suas atividades seguem integralmente a legislação aplicável, em especial a Resolução CVM nº 175/2022 e a Lei nº 8.668/1993, que regulamentam os fundos de investimento imobiliário. De acordo com essas normas, cabe ao administrador representar legalmente o fundo em atos de natureza societária, contratual e registral. Assim, eventuais assinaturas de diretores da administradora ocorreram exclusivamente na condição de representantes legais dos fundos por ela administrados, e nunca em nome próprio ou em nome da Reag”, disseram.


De acordo com a nota da empresa, a mesma lei também “estabelece que os bens e direitos integrantes dos fundos não se confundem com o patrimônio da administradora, não integram seu ativo e não respondem, direta ou indiretamente, por obrigações da instituição”.


Para a gestora, todos “os atos praticados pelos diretores da Reag relacionados a imóveis ou direitos pertencentes aos fundos sob sua administração foram realizados estritamente em nome desses fundos e em cumprimento rigoroso às normas legais e regulatórias”.



https://www.estadao.com.br/amp/economia/gestoras-reag-altinvest-pcc/

BDM Matinal Riscala

 *Bom Dia Mercado*


Terça Feira, 14 de Outubro de 2.025.


*Powell, China e fiscal dividem a cena*


... Vai ser difícil Powell ir contra o mercado hoje, com as chances de um corte de 25pbs no juro projetadas em quase 100% no CME Group para o Fomc do dia 29. O presidente do Fed discursa às 13h20 sobre política monetária e perspectivas econômicas. Outro destaque em Nova York é a estreia da temporada de balanços do 3Tri, com JPMorgan, Wells Fargo e Goldman Sachs antes da abertura e o Citi após o fechamento. Aqui, os serviços devem vir estáveis em agosto, enquanto Haddad participa de audiência no Senado para defender o projeto de isenção do IR. No balanço de riscos, o impasse tarifário com a China ainda causa apreensão, assim como o shutdown e as incertezas fiscais no Brasil.

 

GUERRA COMERCIAL – Os mercados começaram a semana corrigindo os excessos da última sexta, quando Trump causou pânico com as novas investidas contra Pequim, com uma tarifa adicional de 100% e ameaça de impor controle de exportações aos produtos chineses.

 

... Mas, já no domingo, o presidente dos Estados Unidos mudou a conversa e os investidores se convenceram de que se tratava de mais uma das suas estratégias de bater forte para aumentar o poder de negociação. E correram atrás dos prejuízos.

 

... Logo cedo, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, confirmou o tom conciliatório de Trump, dizendo em entrevista à Fox News que o canal de diálogo com a China está aberto, que as conversas foram retomadas e estarão em andamento nesta semana.

 

... Bessent disse que haverá “reuniões de nível” das equipes em Washington, às margens da reunião anual do FMI e do Banco Mundial, e mais, que os presidentes Trump e Xi Jinping ainda pretendem se encontrar no final do mês na Coreia do Sul.

 

... O secretário teve, porém, a preocupação de mostrar força, após a China exibir resistência, afirmando que os Estados Unidos estão dispostos a fazer o que for preciso, “porque temos mais cartas na manga, seja em software, em minerais ou serviços financeiros”.

 

... “Temos muitas contramedidas de força bruta que podemos implementar e estou confiante de que podemos seguir em frente.”

 

... Comentário do Goldman Sachs sinalizou que, apesar de o clima ter distendido, a questão comercial ainda preocupa: “Veremos se as tarifas serão implementadas, com impactos severos à economia, ou se serão apenas para ganhar vantagem nas negociações.”

 

... Também a UBS Wealth Management avalia com cuidado o novo capítulo na guerra tarifária entre Estados Unidos e China, afirmando que “o rumo dos mercados no curto prazo dependerá fortemente de como essa escalada de tensões vai evoluir”.

 

SHUTDOWN – Em paralelo, a crise orçamentária do governo norte-americano começa a preocupar mais do que parecia no início, com o tempo de paralisação se estendendo sem perspectiva de um acordo entre a Casa Branca e os senadores democratas.

 

... Nesta segunda-feira, o presidente da Câmara, o republicano Mike Johnson, disse que este poderá ser o shutdown mais longo da história.

 

... Os Estados Unidos completam hoje 14 dias parados, sem a divulgação de dados econômicos, sem o pagamento de salários aos funcionários públicos federais, com demissões e até ameaças de provocar cancelamentos de voos e o fechamento de instituições culturais.

 

... Em 2019, o governo ficou 35 dias em shutdown, quando Trump exigia fundos para construir o muro na fronteira com o México.

 

... O Senado americano, fechado nesta segunda-feira por causa do feriado do Dia de Colombo, retoma os trabalhos hoje.

 

NOVAS MEDIDAS – Aqui, está marcada para amanhã, quarta-feira, a reunião do presidente Lula com os seus ministros para discutir alternativas de receita após a derrota da MP do IOF pela Câmara, na semana passada, que atingiu o Orçamento de 2026.

 

... Lula embarcou ontem à noite de volta da Itália e já tinha avisado que resolveria essa questão assim que retornasse da viagem.

 

... O mercado espera na defensiva o que poderá vir nesse novo pacote e teme por medidas que acabem complicando ainda mais a situação fiscal.

 

... Entre as especulações que se cogitam está a opção pela volta do IOF, que gerou toda a polêmica lá atrás.

 

... O presidente Lula já antecipou que uma das iniciativas deverá ter as fintechs como alvo, assim como as bets estão na mira.

 

... Ao Broadcast, Eduardo Velho (sócio e economista-chefe da JF Trust) disse que as opções na mesa são muitas, como mudança da meta fiscal, corte de emendas parlamentares e/ou em ministérios não prioritários, antecipação de leilões do pré-sal e mais dividendos do BNDES.

 

... “O mercado está na berlinda aguardando essa resposta do governo na quarta-feira e, até lá, os movimentos deverão ser cautelosos.”

 

... Já para a consultoria BuysideBrazil, o ministro Fernando Haddad deve preparar um pacote que inclui cortes seletivos e medidas baseadas em decretos para fazer frente ao rombo estimado em R$ 46 bilhões até 2026, após a derrota da MP 1.303 no Congresso.

 

CORTANDO NA CARNE [DELES] – Depois que a Câmara estimou em até R$ 2 bilhões o limite para corte de emendas, no pacote de novas medidas que a Fazenda prepara para compensar a perda de arrecadação com a MP 1.303, o governo teria mandado R$ 7,1 bilhões.

 

... E, segundo apurou a Folha, o congelamento pode ser maior e incluir um corte adicional de R$ 4,5 bilhões se o Congresso barrar a redução dos benefícios tributários – que a equipe econômica ainda tentará emplacar.

 

PASSANDO A FACA – Em resposta à derrota da MP que continha alternativas ao IOF, o presidente orientou a ministra Gleisi Hoffmann a “passar a faca” nos aliados do Centrão, especialmente, nos indicados de Ciro Nogueira (PP) e Gilberto Kassab (PSD).

 

... Foi o líder da Câmara, José Guimarães (PT), quem contou que Lula mandou passar a faca. Gleisi evitou usar o termo “retaliação”, mas admitiu que o governo está aproveitando para arrumar a sua base. “Vamos dar as indicações para aqueles que votam com o governo.”

 

... No Estadão, o governo começou a “dar o troco no Centrão e a remontar sua aliança para a disputa eleitoral de 2026”.

 

... “Estamos tirando dos cargos os indicados por deputados que votaram contra a Medida Provisória 1303 (que era a alternativa ao aumento do IOF) porque precisamos reorganizar nossa base; quem votou contra optou por sair do governo”, disse Gleisi ao jornal.

 

... Até agora, perderam os cargos vários indicados do PP, União Brasil, PSD, MDB e do PL para postos de comando em bancos e estatais como Caixa Econômica Federal, Correios, Iphan, além de superintendências regionais no Ministério da Agricultura e no Dnit.

 

... Indicado pelo deputado Arthur Lira (PP), o presidente da Caixa, Carlos Vieira, foi poupado. Lira se ausentou na votação da MP 1.303.

 

A PRERROGATIVA É MINHA – Lula mostrou que não quer ser pressionado a indicar uma mulher para a vaga de Luiz Roberto Barroso no STF. “Eu não sei se mulher ou homem, não sei se preto ou branco, quero uma pessoa gabaritada para ser ministro.”

 

... Depois veio o desabafo: “As pessoas acham que podem decidir pelo governo. Indicar ministro do STF é uma tarefa eminentemente do presidente da República”, disse o presidente em entrevista coletiva na Itália, onde participou de reunião da ONU sobre Alimentação.

 

POWELL E MAIS QUATRO FED BOYS – Sem indicadores econômicos nos Estados Unidos, o dia é de Jerome Powell (13h20) e de Michelle Bowman (9h45), Christopher Waller (16h25) e Susan Collins (16h30) – todos eles com voto no comitê do Fomc.

 

... Na Zona do Euro, o dia começa com o relatório de petróleo da AIE, à primeira hora, e segue com o índice de expectativas econômicas ZEW, da Alemanha (6h). Às 14h, o presidente do BoE, Andrew Bailey, participa de painel na reunião anual do IIF.

 

... A China divulga no final da noite (22h30) os índices de inflação ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) de setembro.

 

BALANÇOS – Investidores em Nova York se prepararam para mais uma temporada de resultados corporativos. A expectativa é de desaceleração nos lucros, mas em ritmo menos intenso do que o cogitado há alguns meses. Mais uma vez, a Inteligência Artificial é a grande aposta.

 

... Os ganhos das techs são sempre espetaculares, em meio aos receios de uma bolha que nunca estoura. Nesta segunda, a Bloom Energy foi destaque em Wall Street, saltando 26,5% após um acordo de US$ 5 bilhões da Brookfield para fábricas de IA.

 

... Confira as projeções de lucro por ação da FactSet dos grandes bancos norte-americanos que divulgam balanços hoje: JPMorgan (US$ 4,85), Wells Fargo (US$ 1,55), Goldman Sachs (US$ 11,0) e, no final da tarde, Citigroup (US$ 1,73).

 

NA B3 – A temporada do 3Tri no Brasil começa na próxima semana, com Weg (dia 22) e Usiminas (24), mas esquenta na semana seguinte, com Bradesco e Santander (dia 29), Vale (30) e Gerdau (31). Itaú divulgará no dia 5/11 e Petrobras no dia 7/11.

 

SERVIÇOS NO BRASIL – Após de seis altas seguidas, o volume de serviços medido pelo IBGE em agosto deve vir estável na mediana do Broadcast. O dado sai às 9h e o intervalo das projeções varia de queda de 0,6% a alta de 0,3%.

 

... Se confirmada, a perda de fôlego do indicador pode sinalizar menor pressão para a inflação do setor de serviços, que vem sendo um importante foco de atenção do Copom para manter a política monetária conservadora.

 

... Ainda às 9h, o IBGE divulga o levantamento sistemático da produção agrícola em setembro.

 

... Haddad vai às 10h na sessão de debate na CAE do Senado sobre o projeto de reforma do IR.

 

... Já Galípolo está em Washington para a reunião anual do FMI e do Banco Mundial. O diretor de política monetária do BC, Nilton David, também foi e tem audiência com investidores organizada pelo HSBC, às 15h30.

 

BRIGA DE CACHORRO GRANDE – Após o sell-off de sexta-feira, os negócios globais resolveram comprar ontem a chance de desfecho positivo à crise tarifária, mesmo porque o mercado sabe do alto poder de negociação da China.

 

... De natureza volátil, Trump não demorou nem 48 horas para ensaiar um recuo na queda de braço comercial.


... Os comentários em tom conciliatório da Casa Branca no final de semana, de que “tudo ficará bem” com Pequim e de que ainda pode haver um encontro com Xi Jinping este mês, baixaram a temperatura entre os investidores.

 

... O Ibovespa se reaproximou dos 142 mil pontos e o dólar se afastou da faixa de R$ 5,50, embora ainda continue distante do nível de R$ 5,37 observado no pregão de quinta-feira, um dia antes do susto com a ameaça protecionista.

 

... Como observou o Valor, depois de ter sofrido a pior desvalorização entre as 33 moedas mais líquidas na sexta-feira, o real se destacou ontem e registrou a segunda maior valorização, perdendo apenas para o peso argentino.

 

... No fechamento, o dólar à vista foi negociado em queda de 0,75%, cotado a R$ 5,4617. Mas a desconfiança de que o governo Lula ficará cada vez mais desapegado do rigor fiscal, de olho em 2026, surge como desafio para o câmbio.

 

... Esta apreensão com o desequilíbrio das contas públicas ficou mais nítida na curva do DI, que não se dobrou ao alívio do dólar e travou perto da estabilidade, apesar de Trump ter pegado bem mais leve com a China.


... Sem a referência dos Treasuries, fechados para o Columbus Day, o DI Jan/26 encerrou a 14,894% (de 14,893%); Jan/27, 14,030% (13,995%); Jan/29, 13,401% (13,411%); Jan/31, 13,670% (13,684%); e Jan/33, 13,815% (13,810%).

 

... No boletim Focus, por mais uma semana (a quarta consecutiva), não houve melhora na mediana das estimativas para a inflação no horizonte relevante da política monetária: a aposta para o IPCA em 2027 permaneceu em 3,90%.

 

... Em entrevista ao SBT News, Gleisi criticou Galípolo ontem pela "escalada" da Selic, mas disse que o governo não tem força para mudar juro, porque o BC “é autônomo e não podemos ter interferência no que eles fazem”.

 

... Cobrou, porém, que o setor produtivo pressione a autoridade monetária por uma queda da taxa básica de juros.

 

ENGOLIU O CHORO – Reaberto o canal de diálogo entre os Estados Unidos e a China, as bolsas americanas se recuperaram parcialmente do tombo da última sexta-feira e deram espaço de reação também para o Ibovespa.

 

... No melhor momento do dia, o índice à vista da bolsa doméstica resgatou os 142 mil pontos, aos 142.303 pontos. Embora tenha desacelerado até o fechamento, ainda operou embalado, em alta de 0,78%, aos 141.783 pontos.

 

... Com o meio-feriado em NY, o volume negociado na bolsa não deu para nada e foi inferior a R$ 15 bilhões.

 

... Depois de Trump ter baixado a bola quanto à taxação de 100% sobre a China, o minério engatou alta firme de 1,13% e Vale seguiu o otimismo à risca: subiu 1,49%, para R$ 59,75, voltando a flertar com a marca de R$ 60,00.

 

... Esta cotação de fechamento foi atingida pela última vez em janeiro de 2024 e vem sendo cortejada de novo.

 

... Na cola do petróleo, Petrobras PN registou valorização de 0,97%, a R$ 30,23, e ON subiu 0,94%, para R$ 32,21.

 

... O barril, que já teme pela oferta saturada e viu nas tensões renovadas de Washington com Pequim um fator de risco ao consumo, deu ontem uma relaxada, com o contrato do Brent para dezembro subindo 0,94%, a US$ 63,32.


... Mas só recobrou parte do terreno perdido na sexta-feira, quando levou um tombo de quase 4% com Trump. A libertação dos reféns israelenses e o cessar-fogo em Gaza também não foram capazes de imprimir alta maior ontem.

 

... O tom mais brando assumido pela Casa Branca garantiu alta em bloco aos bancos. BB ON despontou, com avanço de 1,31% (R$ 20,88). Itaú subiu 0,40% (R$ 37,29); Bradesco PN, +0,42% (R$ 16,92); e Santander, +0,14% (R$ 27,74).

 

... Lá fora, chamou atenção o salto de 3,3% do ouro, para US$ 4.133,00 por onça-troy, no movimento que historicamente revela o apelo por posições defensivas. É sinal de que a guerra tarifária ainda pode render confusão.

 

... Mas a busca por proteção ficou concentrada no metal, até mesmo porque os Treasuries estavam fechados.

 

MANSINHO - Acomodado o surto de Trump contra a China, o investidor ficou à vontade para comprar risco em Wall Street: Dow Jones, +1,29% (46.067,65 pontos); S&P 500, +1,56% (6.654,69 pontos); e Nasdaq, +2,21% (22.694,61).

 

... No câmbio, diante da reviravolta positiva, o índice DXY subiu 0,29% e resgatou os 99 pontos (99,269), com o euro em queda de 0,44%, a US$ 1,1568; a libra em baixa de 0,21%, a US$ 1,3332; e o iene caindo para 152,31/US$.

 

... Sem voto no Fed este ano, Anna Paulson demonstrou ontem que está fechada com as amplas apostas dovish do mercado e considerou apropriado um afrouxamento monetário acumulado de 50 pontos-base até dezembro.  

 

... A dirigente disse que os riscos no mercado de trabalho norte-americano estão aumentando e que suspeita que a taxa de equilíbrio para o payroll (não divulgado por causa do shutdown) seja inferior a 75 mil vagas por mês.


... Sobre a inflação, afirmou que o cenário base é de pressão das tarifas, mas sem efeito duradouro nos preços.

 

COMPANHIAS ABERTAS – GOL comunicou que vai propor aos acionistas uma reorganização societária que pode culminar com o fechamento do capital da companhia no Brasil e a saída da empresa do nível 2 de governança da B3...

 

... Conselho de Administração da companhia propôs que a empresa operacional Gol Linhas Aéreas Inteligentes e a Gol Investment Brasil sejam incorporadas pela empresa fechada Gol Linhas Aéreas SA...

 

... Assembleia de acionistas foi convocada para 4 de novembro.

 

EMBRAER informou a mudança nos códigos de suas ações na B3 (EMBJ3 em substituição a EMBR3) e ADRs na Bolsa de Nova York (EMBJ em substituição a ERJ) a partir de 3 de novembro.


BTG PACTUAL comunicou, por meio de fato relevante, a proposta de incorporação das ações do Banco Pan até o fim do ano. Após a conclusão, o Pan se tornará uma subsidiária integral indireta do BTG Pactual...

 

... Os acionistas do Pan receberão 0,2128 por unit na incorporação, com prêmio de 30% em relação ao preço de mercado da ação na data do anúncio.

 

BRASKEM convocou assembleia geral extraordinária para 13 de novembro para tratar, dentre outros temas, da

substituição de um membro efetivo do conselho de administração da companhia.

 

ELETROBRAS. Tribunal Regional Federal da 2ª Região livrou a União de pagar indenização de R$ 16 bilhões ao fundo Eagle Equity Funds, que alegava diferenças de remuneração em debêntures da companhia.


ISA ENERGIA. O conselho de administração aprovou a 20ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em duas séries, no valor de R$ 2 bilhões.

 

ALPARGATAS. JPMorgan atingiu participação de 5,06% das ações preferenciais da companhia, passando a deter, de forma agregada, 17.368.772 de papéis do tipo...

 

... Conforme dados mais recentes do formulário de referência, banco não detinha participação relevante anterior.

 

PDG REALTY. Os acionistas aprovaram em AGE o grupamento da totalidade das ações ordinárias da companhia na proporção de 200 papéis para formar uma nova ação.

Gol fecha capital

 *Gol anuncia plano de fechar capital no Brasil*


_O passo já era especulado no mercado desde a criação da holding Abra, em 2022, e está alinhado com os planos de abrir capital do grupo no exterior, ainda sem data para acontecer_


Por Cristian Favaro, Valor — São Paulo


A Gol comunicou ao mercado na noite desta segunda-feira (13) uma reestruturação societária que resultará no fechamento do capital da aérea no Brasil.


O passo já era especulado no mercado desde a criação da holding Abra, em 2022, e está alinhado com os planos de abrir capital do grupo no exterior, ainda sem data para acontecer. AAbra também controla a colombiana Avianca. Após o “Chapter 11” (recuperação judicial nos Estados Unidos) da , a Abra elevou sua participação na aérea de cerca de 52% para mais de 80%.


Agora, o grupo desenhou uma estrutura em que tentará evitar mais diluição de minoritários no processo, em um movimento para fugir de polêmicas com esses investidores. Em 2021, a empresa entrou em rota de colisão com minoritários durante o processo de fechamento de capital do programa de pontos Smiles.


*“A incorporação ocorre com o objetivo de reorganizar as operações da companhia, buscar sinergias e reduzir seus custos. A companhia frisa que a implementação da incorporação permanece sujeita à análise e obtenção das aprovações societárias (inclusive das Assembleias Gerais da Companhia), além das aprovações de terceiros aplicáveis” , informou a Gol, em fato relevante.*


A operação se dará via a incorporação da Gol e da Gol Investment Brasil (GIB) pela Gol Linhas Aéreas (GLA), sociedade de capital fechado. Ao fim do processo, tanto a GIB quanto a Gol serão extintas.


Cada acionista da Gol receberá uma ação ordinária da GLA para cada ação ordinária da companhia de sua propriedade, e 35 ações ordinárias da GLA para cada ação preferencial da companhia de sua propriedade.


“Nos termos do Parecer de Orientação CVM 35, o Conselho de Administração da Companhia aprovou a constituição do comitê independente da Companhia, formado exclusivamente por conselheiros independentes, para negociar os termos e condições da incorporação e a relação de troca dali decorrente”, disse a aérea no comunicado.


A Gol convocou para o dia 4 de novembro a Assembleia Geral Extraordinária e a Assembleia Geral de Preferencialistas para deliberar sobre a incorporação. 


Os investidores vão ter a opção de sair da empresa via uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) ou continuar acionista do grupo, que passará a ser uma entidade privada sob controle da Abra. A ideia é que todo o processo seja concluído até fevereiro do ano que vem.


Após o “Chapter 11”, a diluição dos acionistas foi bastante significativa, ao passo que a Abra ganhou poder. Atualmente, o “free flow” (ou seja, papéis em circulação no mercado) de ações preferenciais Gol é 0,78%.


Procurada, a Abra não se manifestou até o fechamento dessa reportagem.


*Minoritários*


Agora os passos da Gol devem ser acompanhados de perto pelo seus minoritários, cujo histórico não é muito amigável.


Em 2021, o grupo entrou em rota de colisão com os minoritários da Smiles para o fechamento de capital do programa de pontos, que havia virado uma empresa independente em 2013.


Entre 2018 e 2021 o grupo travou uma batalha para conseguir retomar o seu programa de pontos. Então executivos da aérea chegaram a bater boca com analistas durante teleconferências para tratar do tema.


*IPO da Abra*


A decisão de incorporar a Gol abre espaço para o “IPO” da Abra, plano prioritário do grupo desde quando a holding foi criada. A janela para “IPOs” no mercado, entretanto, ainda é curta, segundo fontes. Em 2024, a Abra disse avaliar até uma abertura de capital do Grupo Avianca, enquanto o processo da holding não ganha velocidade no mercado.


A Abra foi criada em 2022 de olho nessa necessidade de consolidação. Hoje, além de Gol e Avianca, a Wamos Air, empresa de serviços de arrendamento, faz parte da holding, que detém ainda uma dívida da chilena Sky que pode ser convertida em “equity” (ações).


Outra empresa que também faz parte do grupo é a NG Servicios Aéreos, de fretamento de aeronaves.


Nesta segunda-feira (13), a Abra solicitou aprovação da Direção Geral de Aviação Civil (DGAC) do Chile para obter um Certificado de Operador Aéreo (AOC) para a NG, empresa já registrada no Chile.


*Azul*


A reorganização da Gol chega menos de um mês depois de a Abra notificar a Azul acerca do fim das conversas que tratavam de uma possível fusão entre as duas aéreas brasileiras. A Gol também decidiu pôr fim ao acordo de “codeshare” (compartilhamento de voos) que estava em vigor com a Azul, evitando, assim, um escrutínio por parte do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).


O fim das tratativas, conforme reportou o Valor, chegou após a Abra ter sido surpreendida com uma manifestação do gerente de Relações Institucionais da Azul, Camilo Coelho, durante audiência na Câmara, afirmando que as conversas tinham acontecido em outro momento das empresas e “que já passou”.


No passado, as próprias conversas entre a Azul e Gol para a união de forças tinham como pano de fundo o plano da Abra de criar uma holding forte na região para disputar com a líder, hoje, do mercado, a Latam.


Conforme mostrou o Valor recentemente, a Abra continua a ver a consolidação como uma das suas principais avenidas de crescimento, segundo fontes. A visão é que aquisições e fusões não seriam apenas uma oportunidade, mas uma necessidade da indústria aérea atualmente, em que muitos players da cadeia, como fabricantes de aviões e motores, já estão em posição de forte consolidação.


https://valor.globo.com/empresas/noticia/2025/10/13/gol-anuncia-plano-de-fechar-capital-no-brasil.ghtml

Emissões do Tesouro

 https://valor.globo.com/financas/noticia/2025/10/13/mercado-v-emisses-do-tesouro-acima-do-adequado-em-ntn-bs-mdias-e-longas.ghtml


*Mercado vê emissões do Tesouro acima do adequado em NTN-Bs médias e longas*


Por Gabriel Roca, Valor — São Paulo


Uma pesquisa da BGC Liquidez deu números à sensação que circulou pelas mesas de renda fixa do mercado nas últimas semanas. No mês de setembro, a avaliação geral é a de que as emissões do Tesouro Nacional em NTN-Bs (títulos atrelados à inflação) de prazos intermediários e longos ficaram acima do adequado, o que pode ter ajudado a provocar pressão adicional nas taxas dos juros reais.


Segundo o levantamento, feito pela instituição com 23 profissionais de mercado, entre gestoras, family offices e tesourarias, o Tesouro tem se pautado, principalmente, pelo objetivo de ampliar o caixa, em detrimento das preocupações com a melhor distribuição entre vértices da curva ou com o custo da dívida pública.


Sobre os volumes ofertados, 18 respondentes consideram que as emissões de Notas do Tesouro Nacional - Série B (NTN-Bs) médias e longas estiveram acima do nível adequado. Nove consideram que a oferta de NTN-Fs também foi maior que a desejável, ainda que, para esse instrumento, outros dez entrevistados tenham avaliado as emissões como adequadas.


Para dez participantes da pesquisa, a oferta de Letras do Tesouro Nacional (LTNs) de curto prazo esteve abaixo do que poderia ter ocorrido.


A estratégia de acelerar o ritmo das emissões, segundo participantes do mercado, é explicada pela necessidade de o Tesouro se preparar para o ano eleitoral, período que pode ampliar a volatilidade dos ativos e reduzir o interesse por títulos, além de uma grande coluna de vencimentos da dívida pública em 2027, fruto das emissões realizadas durante a pandemia.


O mercado também espera que o Tesouro mantenha a postura de priorizar o volume de emissões no quarto trimestre, de acordo com o economista-chefe da BGC, Felipe Tavares. Para 43,5% dos participantes da pesquisa, o maior risco para o Tesouro Nacional é uma nova piora na política fiscal e na trajetória da dívida pública.


A pesquisa também traz algumas percepções dos respondentes. “A priorização por colocação de volume e a indiferença com relação às dinâmicas do mercado e aos níveis atuais das taxas de juros tendem a amplificar movimentos de abertura de taxas e perpetuar níveis historicamente elevados. O maior exemplo foi o último leilão “off the run” (fora das ofertas regulares), cujo volume recorde resultou em um aumento de 0,15 ponto percentual dos juros reais longos. O Tesouro deveria mostrar que tem preocupação com o custo da dívida, controlando a oferta de títulos em função do humor do mercado”, diz um dos entrevistados.


Outro participante diz compreender o fato de o Tesouro Nacional ser um órgão que não busca formar preços, e sim aceitar a precificação dada pelo mercado e emitir os títulos aos preços correntes.


*“Acredito que erros foram cometidos no passado por não se ter essa percepção, mas o volume que está sendo colocado nas NTN-B parece estar acima do ideal. Em termos de taxa, estamos falando de uma divida que seria impagável, especialmente nos vencimentos intermediários e longos. Além disso, no lado técnico do mercado, a percepção é que grande parte já está alocada e o ritmo das emissões impede qualquer chance de melhora dos níveis de taxas.”*

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: Ontem, subida em Nova Iorque (+1,5%), liderada por tecnologia/semis (+5,0%) depois de Trump e o seu contexto suavizarem o tom após, na sexta-feira, ameaçar a China com impostos alfandegários adicionais de 100%. A reunião entre Trump e Xi Jinping para aproximar posturas, no final do mês, na Coreia do Sul, continua de pé com o objetivo de diminuir a tensão entre ambos os países, afirmava ontem Scott Bessent (Secretário do Tesouro). Nesta linha, Índia e os EUA irão reunir-se esta semana, abrindo a porta para assinar um novo acordo comercial (atualmente, os EUA taxam 50% as importações da Índia).


EMPRESAS: O fluxo de notícias é positivo no setor tecnológico; OpenIA anunciou ontem um acordo com Broadcom (+10%) para produzir, em conjunto, chips e centros de dados. Acordo que se une aos assinados recentemente com Nvidia e AMD. E Samsung bate as expetativas com um aumento de +32% do EBIT no 3T. Além da tecnologia, hoje a temporada de resultados começa a ganhar tração com a publicação dos primeiros bancos americanos: JP MORGAN (12:00 h; 4,81 $; +10%); WELLS FARGO (12:00 h; 1,53 $; +8%); GOLDMAN SACHS (12:30 h; 10,81 $; +29%); CITIGROUP (13:00 h; 1,81 $; +20%) e BLACKROCK (pré-abertura Nova Iorque; 10,91 $; +0,2%). A priori serão bons, com expansão relevante dos lucros e graças à atividade na banca de investimento. E no fecho europeu, LVMH irá publicar vendas (Vendas 3T; 18.172 M€; -4,7%), que já terão impacto na sessão de amanhã.


HOJE: Japão cai ca. -3,0% um dia antes da votação para confirmar Takaichi como Primeira-Ministra, já que não está claro se conseguirá obter os apoios depois de Komeito ter anunciado, na sexta-feira passada, que abandona a sua aliança com o Partido Liberal Democrata (PLD). Em paralelo, a China volta a elevar o tom contra os EUA, anunciando taxas portuárias aos navios americanos, e as bolsas asiáticas caem ca. -1,0%. Para o resto da sessão, Powell intervém às 17:20 h sobre Perspetivas Económicas e Política Monetária. Em pleno encerramento da Administração, com despedimentos de funcionários em curso e apagão de indicadores, provavelmente será cauteloso e o mais neutro possível. E na França, é possível que Lecornu crie as linhas gerais de um novo orçamento perante a Assembleia, às 11 h. Novo teste que voltará a colocar à prova os ativos franceses. Em suma, muito que digerir para um mercado que poderá optar por recuar um pouco hoje.


NY +1,6% US tech +2,2% US semis +4,9% UEM +0,7% España +0,4% VIX 19,0% Bund 2,63% T-Note 4,03% Spread 2A-10A USA=+55pb B10A: ESP 3,18% PT 3,04% FRA 3,47% ITA 3,46% Euribor 12m 2,202% (fut. 2,123%) USD 1,157 JPY 175,7 Ouro 4.090$ Brent 63,1$ WTI 59,3$ Bitcoin -2,9% (112.446$) Ether -5,4% (4.058$).

Lygia Maria

 Belo artigo da Lygia Maria sobre a hipocrisia petista. 👇👏


“Lula foi eleito em 2022 com o discurso de defesa da democracia, e sua militância segue a mesma toada. Tudo balela. O petismo é avesso à liberdade política.


O Prêmio Nobel da Paz à María Corina Machado é mais um exemplo dessa farsa. 


Até agora, nem Lula nem seu governo se pronunciaram sobre a honraria concedida a uma ativista latino-americana que luta pelo fim da ditadura de uma nação vizinha de onde cerca de 700 mil pessoas partiram para se refugiar no Brasil. Comportamento vexatório, portanto, para o presidente do maior país da América do Sul.


Seu assessor internacional, Celso Amorim, disse apenas que concordava com a opinião emitida pelo governo dos EUA de que o comitê do Nobel premiou a política, não a paz —Donald Trump gostaria de ter levado a láurea.


A militância petista acusa Corina de golpista e agente imperialista porque ela clama por apoio e até intervenção internacional, inclusive dos EUA, que ajudem a derrubar o regime sangrento de Nicolás Maduro na Venezuela —é curioso que essa mesma militância não veja problema em campanhas em sentido similar para a guerra na Faixa de Gaza, ora sob cessar-fogo oriundo de acordo promovido pelo governo americano.


O silêncio de Lula agora se junta a comentários escabrosos anteriores. Quando Corina foi impedida de concorrer no pleito presidencial de 2024, disse que, em vez de ficar chorando, a oposição deveria indicar outro candidato. Após a vitória de Maduro na eleição atestada como fraudulenta por organismos internacionais, afirmou que o governo da Venezuela não é uma ditadura, mas um "regime muito desagradável".


O presidente da República e sua base não têm compaixão nenhuma pelos cerca de 8 milhões de refugiados venezuelanos, nem por centenas de mortos, presos ou torturados, incluindo por violência sexual, revelados por investigações da ONU e do Tribunal Penal Internacional.


Como disse Corina, o Nobel da Paz não é para ela, é para todos os venezuelanos que sofrem sob um regime tirano e que lutam pela democracia —lutam de fato, ao contrário da falsidade petista.”

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