terça-feira, 7 de outubro de 2025

Verde...Vinci Compass

 *Vinci compra a Verde e entra em multimercados; Stuhlberger continua*


Geraldo Samor e Pedro Arbex6 de outubro de 2025


A Vinci Compass acaba de anunciar a aquisição da Verde – cujo histórico de performance fez de Luis Stuhlberger o gestor mais respeitado do Brasil – numa transação que marca sua entrada em multimercados e traz complementaridade de produtos e no passivo. 


A transação une a Vinci – que tem crescido por meio de aquisições e hoje administra mais de R$ 300 bilhões – a uma placa que tem R$ 16 bilhões em ativos e opera desde 1997, batendo consistentemente o mercado. 


Enquanto a Vinci é focada principalmente em crédito e private equity e tem um passivo mais concentrado em institucionais brasileiros e internacionais, a Verde opera com fundos multimercado, de ações e de previdência, e tem um passivo concentrado no varejo.


Alessandro HortaAlessandro Horta, o CEO da Vinci, disse que Stuhlberger “é o maior alocador de capital na história do Brasil. Não tem ninguém que faz isso de forma tão consistente e com um track record tão comprovado como o dele.”


Como a maior parte da estratégia de alocação de capital da Vinci hoje é fora do Brasil, “o Luis vai poder contribuir enormemente nessa parte de asset allocation global,” disse Horta. 


Apesar de uma performance mais tímida nos últimos quatro anos, que levou a uma dramática dos recursos sob gestão, o fundo Verde – o flagship da casa – ainda conseguiu bater o CDI no período. 


Em 2021, no high, o Verde chegou a administrar R$ 52 bilhões. Em 2023, o AUM já havia caído para R$ 28 bilhões, em meio à concorrência brutal com os produtos isentos de imposto (como CRIs e LCIs) e um período de juros elevados. 


A transação avalia a Verde em cerca de R$ 350 milhões – sem considerar potenciais earnouts – e será feita em duas fases.


Na primeira, a Vinci está pagando R$ 221 milhões por 50,1% da Verde, majoritariamente em ações, com os acionistas da Verde recebendo ações avaliadas a US$ 33,2 milhões no preço de tela (R$ 175 mi no câmbio de hoje), e mais R$ 46,8 milhões em dinheiro.


Na segunda fase, que vai ocorrer daqui a cinco anos, a Vinci vai adquirir os 49,9% restantes também pagando em ações e dinheiro — com a proporção ficando a cargo da compradora. A estimativa é que o valor desembolsado nesta etapa seja de R$ 127,4 milhões, mas ele pode variar dependendo do earnout. 


A Vinci vale US$ 677 milhões na Nasdaq, com sua ação subindo 7,5% nos últimos doze meses. 


A Lumina Capital Management, de Daniel Goldberg, que tem 25% da Verde, está vendendo sua participação pro rata e continuará no negócio.


Para a Verde, a transação é uma forma de perpetuar o legado de Stuhlberger, e acontece num momento desafiador para as gestoras independentes.


“A indústria de multimercados e assets está passando por uma fase difícil por várias razões: uma má performance coletiva pelo crescimento acelerado do setor, e a competição com os títulos isentos, que tem feito as gestoras perderem ativos,” Stuhlberger disse ao Brazil Journal.


“Avaliamos que a melhor estratégia para superar isso e retomar a rota de crescimento seria fazer uma transação societária com alguém que tivéssemos afinidade e nos ajudasse a voltar a crescer. A Vinci tem todas essas qualidades.”


Como parte da transação, Stuhlberger está se comprometendo a ficar pelo menos mais cinco anos à frente da Verde, que continuará com a gestão independente mesmo após a transação. 


“Meu compromisso é de no mínimo cinco anos, mas da forma como o deal está estruturado existe a possibilidade de eu continuar por muito mais tempo, porque gerir patrimônio é o que gosto de fazer na vida. É a minha paixão. Então a chance de eu continuar fazendo isso na estrutura da Vinci depois dos cinco anos é enorme,” disse ele. 


A principal sinergia da transação é na distribuição. Horta disse que 62% do capital da Vinci vem de investidores institucionais, enquanto na Verde “esse percentual é bem baixo.” 


“Esse é o low-hanging fruit: usar essa nossa base de distribuição para oferecer os produtos da Verde e aumentar os ativos deles,” disse ele. “Mas além disso, temos expertises setoriais que geram um pool de informações qualificadas e de oportunidades para o Verde. Tem oportunidades que aparecem nos setores que atuamos que não cabem no nosso mandato ou que transbordam em volume e a Verde vai poder avaliar essas oportunidades.”


https://braziljournal.com/vinci-compra-a-verde-e-entra-em-multimercados-stuhlberger-continua/

Puericultura - Vale tudo

 Eu não assisto novelas. 

A última que vi foi Dancin’ Days — e confesso, não pela trama, que era uma discoteca de clichês sentimentais, e sim pela trilha sonora internacional, que ainda ouço em segredo, com fones de ouvido e culpa ideológica, para não ser linchado pela esquerda cirandeira-hipster que acha que Bee Gees é expressão do patriarcado misógino. Que preguiça!!!!


Ainda assim, acompanho os comentários, os memes, as frases fora de contexto que se tornam aforismos nacionais. 


Aprendi com Jesús Martín-Barbero que as novelas são espelhos da sociedade — e que, ao olhar para elas, o brasileiro não busca apenas distração, busca o próprio reflexo polido, dramatizado e com trilha sonora.


É curioso como o país parece mais disposto a discutir ética, poder e moralidade depois do último capítulo de uma trama de Vale Tudo do que após um debate eleitoral. 


A novela nos devolve a nós mesmos — caricatos, contraditórios, vaidosos, espirituosos — com aquele tom de tragicomédia que só o realismo televisivo consegue sustentar. E, entre todas as caricaturas que a teledramaturgia já produziu, poucas são tão deliciosamente repulsivas, quanto Odete Roitman.


Ah, Odete… essa entidade sociológica de salto alto e tailler. Um misto de Freud com Chanel, de Nietzsche com “Manual de Boas Maneiras”. Sua fala é um chicote revestido de veludo. Ela é o tipo de mulher tem cátedra sobre o desprezo. 


Já convivi com algumas sumidades da academia que, nos bastidores, eram verdadeiras Odetes Roitman com Lattes. Mulheres — e homens também, sejamos justos — que discursavam sobre ética, alteridade e empatia nas bancas, mas tratavam orientandos como subespécies sem currículo. Professores que citavam Foucault com entonação sacerdotal, enquanto aplicavam o panóptico na copa do departamento. Gente que dizia “meu bem” com a mesma entonação de quem diz “lixo tóxico”. 


Odete, se tivesse doutorado, ministraria uma pós-graduação em Análise de Discurso da Ofensa Aplicada e Semiótica da Ironia Estrutural, com estágio supervisionado em passivo-agressividade avançada e módulo optativo de sarcasmo elegante em contextos institucionais.


A personagem destila um compilado de frases venenosas, tipo um “Minutos de Sabedoria” versão milionária. Consegue humilhar alguém elogiando o corte de cabelo e ainda falar sobre pobreza enquanto enxuga a consciência com um lenço Hermès.


O público a ama porque ela é o sombrio coletivo de salto agulha. Tudo o que o brasileiro gostaria de dizer, mas não pode, Odete diz com uma taça de champanhe  na mão e o léxico de quem nasceu em Genebra — mesmo tendo vindo do Leblon ou da Vila Nova Conceição.  


Ela exorciza a vulgaridade alheia com elegância demoníaca. É uma caricatura tão perfeita que beira o sagrado: o sagrado da sombra, o arquétipo do cinismo elevado à arte.


As redes sociais, claro, a ressuscitaram. Agora, cada frase de Odete é postada como se fosse uma epifania existencial. “Querida, não há nada mais deselegante do que fazer um enema à Provence com água saborizada.” Veja bem — isso é uma tese sobre o gosto burguês travestida de deboche. “Humilhe de maneira que pareça elogiar.” Eis o manual de sobrevivência da pós-modernidade, resumido em uma sentença.


E quando ela diz que tem medo de quem come em self-service, ali está o diagnóstico antropológico de uma elite do atraso que teme o convívio com a mistura. A bandeja é o inferno da distinção. 


A lasanha encostando no feijão é, para Odete, o apocalipse da etiqueta — o Armagedom da distinção social. Ela teme o contato, o contágio, a mistura. Marx já avisava: a ideologia dominante é a ideologia da classe dominante, e Odete é a santa padroeira dessa missa plutocrata. Ela é o sonho molhado do pobre que quer virar rico, a teologia da prosperidade em versão farisaica — crê no mérito, despreza o suor e acha que a diferença entre o paraíso e o purgatório está na marca dos sapatos e das bolsas. 


Estudei as mediações culturais, os fluxos de sentido e os circuitos simbólicos na obra de Jesús Martín-Barbero. E quanto mais observo as novelas, mais percebo que o melodrama é o confessionário público da nação — o espaço em que o desejo e a moral se enfrentam em rede nacional, sob o patrocínio do sabonete e da culpa. Vale Tudo é, na verdade, um grande divã em streaming, e Odete Roitman, sua analista suprema: a psicanálise da burguesia televisionada, o sintoma social trajado de ironia e colar de pérolas. Não é por acaso que, décadas depois, ainda a citamos como se fosse uma espécie de oráculo da malícia. Odete é o espelho da alma cordial que não quer se ver, mas se vê — e ri, porque o riso é a máscara mais elegante da identificação.


Eu, que tento me manter equânime, às vezes me pego pensando o quanto de Odete existe em mim. Não o luxo, tampouco o sarcasmo milimetricamente calibrado. Falo da necessidade de afirmar alguma superioridade moral quando o mundo parece desabar. Essa minha mania de confundir distinção com defesa. Talvez Odete seja a persona endurecida para que o medo não transpareça.


Por isso, quando alguém pergunta por que o público ama tanto uma mulher odienta, elitista e preconceituosa, respondo sem hesitar: Odete ilumina nossa sombra. Ela representa o gozo de poder ser cruel sem culpa, de dizer o que não se deve, de confessar o que a moral nega. Ela é a catarse do ressentimento social — o pecado transformado em estilo.


E no fim das contas, é irresistível. Porque, convenhamos, há dias em que todos nós gostaríamos de ter a coragem de dizer algo como: “Querido, evite seda pura se seus mamilos forem temperamentais.” Há uma sabedoria filosófica escondida nesse absurdo. E talvez por isso Odete siga viva — não apenas na novela, nem na releitura contemporânea, mas no imaginário que ela tão bem dramatiza.


Não assisto novelas, repito. Mas as observo de longe como quem observa o espelho de uma sociedade em busca de si mesma — uma sociedade que, no fundo, se reconhece mais em Odete do que em qualquer heroína. E talvez essa seja a mais deliciosa das ironias: a vilã venceu, não por ser má, e sim por ser verossímil.


No fim, Odete venceu porque o Brasil sabe que ser mau dá menos trabalho do que ser coerente — e rende muito mais ibope, seguidores e colunas na Folha.


A música de abertura de Vale Tudo*chama-se Brasil , composição de Cazuza e incendiada pela voz incandescente de Gal Gosta, essa sacerdotisa tropicalista que transforma eros em clarim. “Brasil, mostra tua cara!” — urra refrão, e o país, obediente ao espelho, mostra: a cara é de Odete Roitman. 


Ela é o retrato da nossa miséria simbólica, a vilania elegante do desejo de status, o colar de pérolas pendurado no pescoço da hipocrisia nacional. 


Odete é o Brasil da cachaça travestido de champanhe: feroz, vaidoso, ressentido e absolutamente sedutor — a síntese perfeita entre pecado e santidade.


Lembro-me de Sérgio Buarque de Hollanda e sua lucidez em Raízes do Brasil sobre os contrastes: cordialidade e brutalidade dançando no mesmo salão. Somos herdeiros de uma terra em que o prazer e a culpa dormem na mesma cama, um país que não sabe se é procissão ou carnaval. “Não existe pecado ao sul do Equador”, escreveu o filho, Chico; “há um delírio de ouro nos trópicos”, advertiu o pai. 


Entre ambos, seguimos — desejando a civilidade europeia o gozo africano e a inocência originária dos povos da floresta.  Erguendo igrejas sobre os terreiros, sonhando com o melhor dos mundos e acordando no meio do incêndio.


Agradeço a Andre Gabeh pelos textos e imagem.

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Gestores de fundos de mercados emergentes

 🌎 *Gestores de fundos de mercados emergentes estão mais otimistas desde o início de 2021, segundo pesquisa do HSBC*


Bloomberg- Os ativos dos mercados emergentes parecem prestes a encerrar um ano excepcional, com os investidores esperando que os influxos em ações e títulos ganhem impulso no último trimestre. O otimismo raramente esteve tão alto, com uma pesquisa do HSBC Holdings Plc mostrando que os gestores de fundos de mercados emergentes estão mais otimistas desde o início de 2021 — quando uma recuperação generalizada estava em pleno andamento durante a pandemia.


Os estrategistas do Goldman Sachs Group Inc. afirmaram que os mercados emergentes estão “prosperando, não apenas sobrevivendo”, já que o crescimento econômico deste ano superou as expectativas, apesar das tarifas mais altas.


Em um provável prelúdio do que pode vir, os influxos para fundos negociados em bolsa de mercados emergentes começaram a aumentar no final do terceiro trimestre. Os ativos de mercados emergentes estão enfrentando uma combinação positiva de fatores que são um bom presságio para os próximos meses: o ciclo de corte de taxas do Federal Reserve está criando espaço para os bancos centrais dos países em desenvolvimento flexibilizarem suas políticas, enquanto um dólar mais fraco está incentivando uma rotação para longe dos ativos dos EUA. A alta das ações na China pode reforçar o otimismo em relação ao universo mais amplo dos mercados emergentes.


“As perspectivas para o restante do ano são positivas para as ações, devido à melhora nas perspectivas de crescimento e aos estímulos da China, bem como para a dívida local, já que os bancos centrais dos mercados emergentes continuam a reduzir as taxas de juros, que ainda estão em níveis reais e nominais elevados”, disse Jon Harrison, diretor-gerente de estratégia macroeconômica para mercados emergentes da GlobalData TS Lombard. “Deve haver influxos sólidos para os ativos dos mercados emergentes, a fim de apoiar as moedas.”


Cruciais para o otimismo são os cortes antecipados nas taxas de juros pelo Fed. Na Ásia, economistas esperam que os bancos centrais da Coreia do Sul à Tailândia reduzam as taxas no quarto trimestre, com a medida do Banco da Tailândia prevista para esta semana. Analistas do Goldman, liderados por Andrew Tilton, escreveram em uma nota de 3 de outubro que esperam taxas de juros mais baixas em toda a região no próximo ano para a América Latina.


A flexibilização monetária, coincidindo com um dólar mais fraco, pode proporcionar um cenário favorável para ganhos generalizados de ativos. Os influxos de títulos podem ganhar ritmo, enquanto as ações são apoiadas pela melhora dos fundamentos macroeconômicos. Um dólar mais fraco pode ajudar a aliviar a pressão sobre as moedas locais causada pelas taxas de juros mais baixas.


Um ETF da iShares que acompanha a dívida em dólares dos mercados emergentes registrou em setembro o maior influxo desde o fim de 2023, enquanto um produto que acompanha o índice de ações MSCI EM viu os influxos se recuperarem para US$ 2,2 bilhões após uma desaceleração em agosto. Um índice de derivativos que captura o posicionamento do real brasileiro, do peso mexicano e do rand sul-africano — moedas típicas de alto rendimento nos mercados emergentes — está perto de seu nível mais otimista desde o início de 2024.


“Estamos nos estágios iniciais da demanda contínua por dívida de mercados emergentes”, disse Shamaila Khan, chefe da equipe global de renda fixa de mercados emergentes e Ásia-Pacífico da UBS Asset Management. “É claro que pode haver períodos curtos de volatilidade e há um risco global, mas espero que a resiliência continue.”


Na pesquisa do HSBC com 100 investidores, representando um total de US$ 423 bilhões em ativos de mercados emergentes, divulgada em setembro, a porcentagem de entrevistados com uma visão otimista subiu de 44% em junho para 62%. Aqueles com uma perspectiva pessimista caíram para apenas 7%. Uma realocação fora dos EUA e uma aceleração no crescimento chinês foram citados como fatores que poderiam trazer surpresas positivas.


Qualquer alta, no entanto, variaria de acordo com os fundamentos de cada país, com os observadores do mercado mais otimistas em relação à China e menos otimistas em relação a alguns outros.


O peso colombiano pode ter um desempenho inferior a partir de agora devido a preocupações fiscais, de acordo com Gautam Kalani, gestor de carteiras da BlueBay Fixed Income for Emerging Markets, RBC Global Asset Management. Ele também está cauteloso em relação ao baht tailandês, uma vez que sua correlação com os preços do ouro enfraquece e os formuladores de políticas buscam lidar com a força da moeda.


A Indonésia também enfrenta um ceticismo crescente dos investidores em relação à independência do banco central e à disciplina fiscal. E, é claro, o risco predominante para os mercados emergentes seria um ressurgimento inesperado do dólar, que corroeria o valor dos ativos não americanos.


O índice de moedas MSCI EM caiu 0,5% nos três meses encerrados em setembro, mas ainda está em alta de 6,8% no ano. Se os ganhos se mantiverem, seria o melhor desempenho anual desde 2017. O índice de ações EM da MSCI está em alta de quatro anos, graças à recuperação das ações da China. Os títulos em dólares dos mercados emergentes registraram o sexto mês consecutivo de ganhos em setembro, sua maior sequência de vitórias desde 2019.


O otimismo crescente em relação aos avanços da IA na Ásia promete mais influxos para ações e moedas na China, onde empresas como a Alibaba Group Holding Ltd. emergiram como destaques no setor de IA, e nos mercados de alta tecnologia da Coreia do Sul e Taiwan.


“Estamos observando uma base temática muito forte no tipo de oportunidades que vemos na China, seja em IA, seja em toda a inovação que está surgindo na biotecnologia”, disse Arun Sai, estrategista sênior de múltiplos ativos da Pictet Asset Management. “No momento, temos uma sobreponderação na China. Os mercados subiram muito, mas acreditamos que ainda há espaço para crescimento.”

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: Fed boys e IPCA são destaques da semana*


Mercado também segue na expectativa por um acordo da Casa Branca com os senadores democratas que possa pôr fim ao shutdown


… Os mercados na China continuam fechados na Golden Week, que vai até quarta-feira, enquanto nos Estados Unidos a expectativa é por um acordo da Casa Branca com os senadores democratas que possa pôr fim ao shutdown. Em Nova York, uma série de falas de dirigentes do Fed, inclusive de Powell, movimenta os mercados, que terão a chance de confirmar ou corrigir as apostas quase unânimes em corte do juro. Aqui, o destaque é para o IPCA de setembro, que deve acelerar com a retirada do bônus de Itaipu nas contas de energia elétrica. No fim de semana, a Opep+ confirmou mais um aumento na produção do petróleo e o Hamas pediu urgência para a troca de reféns com Israel.


OPEP+ – Reunião do cartel, neste domingo, decidiu aumentar sua produção em 137 mil barris por dia a partir de novembro, na mesma proporção anunciada para outubro, confirmando notícias que circularam na mídia americana na semana passada.


… O aumento da produção ficou dentro do esperado pela maioria dos analistas, embora alguns relatórios tenham apontado a possibilidade de um incremento de 500 mil bpd – estimativas que foram consideradas pela Opep+ como “totalmente imprecisas e enganosas”.


… Arábia Saudita e Rússia liderarão os aumentos, com crescimento de 41 mil barris equivalentes por um dia (kboed).


… Na abertura dos negócios, ontem à noite, o Brent reagia em alta, cotado a US$ 65,22 (+1,08%), após sucessivas quedas na semana passada.


ORIENTE MÉDIO – Na véspera das negociações entre o Hamas e Israel sobre o plano do presidente Trump para acabar com a guerra em Gaza, nesta segunda-feira, no Egito, o grupo pediu um acordo “imediato” para a troca de reféns por prisioneiros palestinos.


… No sábado, Trump advertiu que não “toleraria qualquer atraso” na aplicação de seu plano, que prevê um cessar-fogo, a libertação dos reféns em 72 horas, a retirada por etapas do exército israelense de Gaza e o desarmamento do movimento islâmico.


… O Hamas prometeu libertar todos os reféns israelenses, vivos ou mortos, mas um alto integrante do grupo disse à TV Al Jazeera que “não irá se desarmar antes do fim da ocupação israelense” e pediu que Israel suspenda todas as operações militares em Gaza.


… Trump informou que Israel aceitou uma primeira “linha de retirada”, garantindo que, assim que o Hamas aceitar o plano, “um cessar-fogo entrará imediatamente em vigor”. Israel reduziu os ataques à Gaza, mas não cessou completamente os bombardeios.


… Os Estados Unidos enviaram Steve Witkoff e o genro de Trump, Jared Kushner, para fechar os detalhes sobre as condições de libertação dos reféns sequestrados no ataque do Hamas de outubro de 2023. Os negociadores israelenses também já viajaram ao Egito.


FED BOYS – Ao longo da semana, vários dirigentes do Fed se apresentarão publicamente, inclusive o presidente Powell, que fala na quinta-feira. Os discursos podem influenciar as expectativas para os juros, que convergem para um corte de 50pbs até o fim do ano.


… Na sexta, as chances de ser confirmada uma nova queda de 25pbs na reunião do Fomc do dia 29 fecharam em 94,6% no CME Group, apesar de a divulgação do payroll – um indicador decisivo do emprego – ter sido suspensa pelo shutdown.


… Investidores ainda se apegam ao corte de 32 mil empregos no setor privado em setembro, apontados pela pesquisa ADP, e também parecem apostar em um acordo rápido do shutdown, que liberaria os números do mercado de trabalho, já coletados.


… Segundo o Morgan Stanley, a precificação de opções do Tesouro sugere que o shutdown deve durar de 10 a 29 dias.


… Sem os dados econômicos, os Fed boys mais alinhados a Powell dizem estar “no escuro”, sugerindo que o shutdown – se demorar mais do que costuma – pode ser um argumento para que mantenham a cautela que já vinham demonstrando com a resiliência da inflação.


… Entre os dirigentes mais dovish, que tendem a invocar a fraqueza do mercado de trabalho para defender a queda do juro, estão Stephen Miran e Michelle Bowman – ambos falam na terça e na quinta. Christopher Waller, também dovish, não tem fala agendada.


… Mas a semana é cheia de pronunciamentos, todo dia tem pelo menos um: Jeffrey Schmid hoje (18h), Raphael Bostic (terça), Neel Kashkari (terça e quarta), Alberto Musalem (quarta e sexta), Michael Barr (quarta e quinta), Mary Daly (quinta) e Austan Goolsbee (sexta).


ATA DO FED – Ainda de interesse dos juros americanos, o Fed divulgará a Ata da última reunião do Fomc (quarta-feira).


… Com o prosseguimento do shutdown, estão suspensas a divulgação da balança comercial dos Estados Unidos (amanhã), dos estoques de petróleo do DoE (quarta-feira), auxílio-desemprego e estoques no atacado (quinta-feira).


… Na sexta-feira, será importante a preliminar de outubro do índice de sentimento do consumidor de Michigan, com as expectativas de inflação de um ano e de cinco anos. Na quinta, sai o balanço da PepsiCo, antes da abertura dos mercados em Nova York.


… Também na Zona do Euro sai a ata da última reunião do BCE, com três pronunciamentos de Christine Lagarde na semana, sendo o primeiro deles hoje (14h), no Parlamento Europeu. Meia hora depois (14h30), fala o presidente do BoE inglês, Andrew Bailey.


JAPÃO HOJE – A bolsa de Tóquio disparou nos primeiros negócios e o iene engatou queda firme com a eleição de Sanae Takaichi como a nova líder do partido governista Liberal Democrata e provável futura primeira-ministra.


… Ela era considerada a candidata com a agenda fiscal e monetária mais expansionista entre cinco concorrentes.


FERIADOS – Além da Semana Dourada na China, também os mercados na Coreia do Sul e em Taiwan estão fechados nesta segunda-feira.


IPCA – A inflação ao consumidor de setembro é o destaque na agenda doméstica, com divulgação prevista para quinta-feira. A expectativa é de aceleração inflacionária, com a retirada do “bônus de Itaipu” nas contas de energia elétrica.


… Além do número cheio, economistas vão observar com mais atenção a inflação de serviços e seus núcleos, que são acompanhados pelo Banco Central e estão rodando acima do teto de tolerância de 1,5 ponto percentual em relação ao centro da meta de 3%.


… No dia seguinte, o IBGE divulga os dados da inflação ao produtor (IPP) de agosto, que deve encerrar o período de deflação.


MAIS AGENDA – Já hoje, a pesquisa Focus deve mostrar a atualização das projeções do mercado para o IPCA de 2027, que se mantiveram estáveis em 3,9% nas últimas duas semanas, após ritmo lento de queda. A Focus será divulgada às 8h25.


… À tarde (15h), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio apresenta a balança comercial de setembro, que deve mostrar superávit de US$ 2,85 bilhões em setembro, segundo mediana do Projeções Broadcast, após saldo positivo de US$ 6,10 bilhões em agosto.


… A redução na receita das exportações deve influenciar o resultado menor. As projeções variam de US$ 2,40 bilhões a US$ 4,80 bilhões.


… Às 10h30, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, faz palestra na Fundação FHC, em São Paulo.


NA POLÍTICA – A MP 1303, que traz as alternativas ao aumento do IOF, é a principal expectativa da equipe econômica esta semana, com votação amanhã na Comissão Mista. A MP vence na quarta-feira, 8, e precisa ainda ser aprovada nos plenários da Câmara e do Senado.


… A medida representa R$ 20 bilhões de arrecadação para o governo neste ano e está contabilizada como receita no orçamento, mas enfrenta resistências. O relator, deputado Carlos Zarattini (PT), faz concessões no relatório para viabilizar a aprovação do texto.


… Na semana passada, ele já admitiu que deverá manter a isenção para as LCAs e LCIs, atendendo os principais pleitos do agronegócio e do setor imobiliário. Qualquer impasse no texto horas antes do prazo final pode levar a MP a perder a validade, ou “caducar”.


ISENÇÃO DO IR – Após a aprovação pela Câmara, o governo trabalha para a votação do projeto no Senado, com expectativa de grande apoio, após o placar unânime de aprovação dos deputados à proposta que isentou quem ganha até R$ 5 mil mensais.


… Davi Alcolumbre ainda não definiu a data de votação nem o trâmite da matéria, se passará por comissões ou vai direto ao plenário. O mais importante é que não sejam feitas alterações, evitando que o texto volte aos deputados.


LDO – Há também a expectativa de votação do relatório da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) na Comissão Mista de Orçamento (CMO). O presidente do colegiado, senador Efraim Filho (PSB), sinalizou que poderá haver sessão do Congresso para votar o texto.


… Na peça orçamentária de 2026, se houver um dispositivo deixando claro que, a partir de agora, o governo tem que seguir o piso da meta, a decisão do Tribunal de Contas da União de condenar a prática neste ano deve perder efeito.


PRESSÃO PELA ANISTIA – Bolsonaristas voltam à carga nesta semana para pautar o projeto da Anistia, ou da Dosimetria, como quer o relator, o deputado Paulinho da Força. Lideranças do PL convocaram um protesto na Esplanada dos Ministérios para amanhã, terça-feira.


… Na Folha, Bolsonaro deu seu aval à candidatura de Tarcísio em 2026, mas quer Michelle como vice. O ex-presidente também teria colocado como condição a adesão da direita e do centro à chapa para disputar o Planalto.


… Já o Estadão diz que Bolsonaro confunde os aliados, porque também tem defendido que Michelle dispute uma cadeira no Senado.


AINDA SEM DATA – O vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, disse no sábado que ainda não há data definida para a reunião do presidente Lula com o presidente Trump para discutir as tarifas aplicadas pelos Estados Unidos ao Brasil.


… Alckmin disse que o governo já teve “alguns avanços”, citando as alíquotas da celulose, ferro-níquel e herbicida, que foram zeradas, e as tarifas a produtos como madeira serrada, que foram reduzidas. “Se a gente somar tudo isso, dá US$ 1,7 bilhão.”


… O ministro considerou importante o encontro de Lula com Trump na ONU, em Nova York, dizendo que “há uma avenida pela frente para aumentar investimentos recíprocos e complementaridade econômica”. Sobre a reunião entre os dois, disse que o governo “aguarda”.


… No Globo, a crise orçamentária de Washington [o shutdown] limita o espaço para o Brasil na agenda de Trump.


LULA – O presidente viaja hoje para Imperatriz, no Maranhão, onde fará a entrega de 2.837 unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida (17h). Antes da cerimônia, tem um encontro com o presidente da Bolívia, Luís Arce, no Aeroporto de Imperatriz.


EFEITOS COLATERAIS – Pelo segundo pregão consecutivo, a curva do DI voltou a precificar o risco de o governo anunciar medidas eleitorais com impacto fiscal, após rumores do projeto para zerar as tarifas de ônibus urbanos.


… Além disso, os investidores avaliam potenciais reflexos sobre o consumo e, por tabela, sobre as pressões inflacionárias da ampliação da isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.


… Em meio ao cenário de risco de populismo fiscal, ainda a surpresa com a produção industrial de agosto mais forte do que o consenso esvaziou as chances de a Selic cair em dezembro e reduziu também a aposta de corte em janeiro.


… Contrariando a queda de 0,2% em julho, o dado da indústria medido pelo IBGE virou para o positivo em agosto. Registrou crescimento de 0,8% e superou a alta de 0,3% esperada na mediana das estimativas dos analistas.


… Cálculo ao Broadcast do estrategista Luciano Rostagno, da EPS, indica que caiu de 48% para 44% a projeção de queda da Selic em janeiro, com as apostas cada vez mais concentradas em março, diante do Copom conservador.


… Apesar de o BC continuar bem duro na queda na comunicação sobre a política monetária, o Santander reduziu na sexta-feira a sua projeção para o IPCA deste ano, de 4,9% para 4,7%, e para a inflação em 2026, de 4,5% para 4,2%.


… Segundo o banco, o câmbio mais valorizado e oferta abundante de alimentos continuam a aliviar os preços dos tradables e a melhoram a qualidade da desinflação, embora serviços sigam rígidos dado o mercado de trabalho.


… Apesar do dólar comportado no último pregão, os juros futuros encerraram com alta moderada nos prêmios de risco, em meio às preocupações com as ameaças inflacionárias do IR e fiscais da tarifa zero do transporte público.


… No fechamento, o DI para Jan/26 subiu para 14,901% (contra 14,898% no ajuste anterior); Jan/27, a 14,105% (de 14,092% na véspera); Jan/29, a 13,425% (de 13,366%); Jan/31, 13,615% (de 13,562%); e Jan/33, 13,700% (13,661%).


ZONA DE CONFORTO – A volta à tona da cautela fiscal tem imposto algum limite à apreciação do real. Mas longe de haver estresse no câmbio, o dólar continua operando dentro do quadrado, equilibrado pelo carry trade favorável.


… “Vejo o dólar mais próximo de R$ 5,00 do que de R$ 5,50 nos próximos seis a nove meses”, disse o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, ao participar de evento da Abimaq, em São Paulo, na sexta-feira.


… Segundo ele, apesar da piora do déficit externo, o real está “super bem comportado” e cerca de 70% do movimento de valorização do real desde a virada do ano reflete a fraqueza global da moeda americana.


… O mercado financeiro sabe que o restante da tendência baixista do dólar tem vindo da taxa Selic a 15%, um diferencial e tanto em relação à taxa de juros do Fed, que mantém a fidelidade do fluxo estrangeiro para cá.


… Assim, depois de ensaiar alta pela manhã e superar a marca dos R$ 5,35, cotado a R$ 5,3620, o dólar à vista esgotou a pressão e fechou perto da estabilidade no pregão de sexta-feira, em leve baixa de 0,05%, a R$ 5,3366.


… Lá fora, embora o shutdown adicione, de última hora, uma incerteza ao próximo Fed, o mercado continua bastante convencido de que ainda vêm mais dois cortes de juros este ano, mantendo o dólar mais enfraquecido.


… Assim, o índice DXY caiu 0,14%, a 97,712 pontos. Mas o Swissquote Bank nota que o euro não conseguiu superar a barreira de resistência de US$ 1,18, o que sugere que as apostas dovish do Fed já “estão totalmente precificadas”.


… O euro subiu 0,20%, a US$ 1,1744, e a libra avançou 0,31%, para US$ 1,3485. O iene caiu para 147,47 por dólar, apesar de o presidente do BC do Japão, Kazuo Ueda, ter sugerido aperto monetário, se os indicadores permitirem.


TAKE IT EASY – O mercado duvida que o Fed pule um corte agora em outubro, mas os comentários de parte de seus integrantes revelam que ainda existe o cuidado de assumir uma abordagem cautelosa sobre a política monetária.


… Austan Goolsbee (Fed/Chicago) afirmou estar receoso em antecipar uma flexibilização do juro, diante da inflação persistente e dados de emprego atrasados pelo shutdown, que dificultam a avaliação da economia americana.


… Lorie Logan (Fed/Dallas) observou que o BC americano está mais distante da meta de inflação a 2% do que do objetivo de pleno emprego. “Precisamos realmente ser cautelosos sobre novos cortes de juros daqui para frente.”


… Já o Fed boy de Trump, Stephen Miran, defendeu relaxamento mais rápido da política monetária ao nível neutro.


… Entre os Treasuries, a taxa da Note de 2 anos subiu a 3,575%, contra 3,544% no pregão anterior; a de 10 anos avançou para 4,120%, de 4,087% no ajuste; e o rendimento do T-Bond de 30 anos saiu de 4,695% para 4,712%.


… Na sexta-feira, o Senado dos Estados Unidos rejeitou novamente duas propostas orçamentárias que encerrariam a paralisação do governo americano. O fracasso estende as dúvidas sobre a agenda dos indicadores desta semana.


… Mesmo sem o payroll, 95% do mercado continua precificando um novo corte na taxa de juros em outubro e é este entusiasmo que tem levado as bolsas em Nova York a descontarem os riscos do shutdown e renovarem recordes.


… O Dow Jones avançou 0,51% e fechou no novo pico histórico de 46.758,28 pontos. O S&P 500, com alta marginal de 0,01%, estabeleceu a marca inédita de 6.715,79 pontos. Já o Nasdaq caiu só 0,28%, para 22.780,51 pontos.


… Notícia na Reuters de que Trump estaria considerando um alívio tributário para a produção automobilística nos Estados Unidos deu um impulso para as ações das montadoras: GM teve alta de 1,30% e a Ford ganhou 3,68%.


… Aqui, o Ibovespa quebrou a sequência negativa e subiu 0,17%, aos 144.200 pontos, com giro baixo, de R$ 16,3 bi.


… O fôlego foi curto, com Vale (-0,19%; R$ 58,59) invertendo o sinal à tarde e interrompendo cinco pregões no azul. Apesar da reação do petróleo, Petrobras caiu de novo: ON, -0,75% (R$ 33,07); e PN -0,26%, mínima de R$ 31,00.


… Depois de quatro dias seguidos de queda, o contrato do Brent para dezembro fechou em alta de 0,66%, a US$ 64,53, mas ainda acumulou baixa de quase 7% na semana, diante de todas as preocupações com a oferta saturada.


… Entre os bancos, Itaú PN (+0,74%, na máxima de R$ 38,21) salvou o Ibovespa. Bradesco PN ficou estável (+0,06%, a R$ 17,10), Bradesco ON perdeu 0,54%, a R$ 14,63; Santander caiu 0,21% (R$ 28,83) e BB recuou 0,83% (R$ 21,58).


COMPANHIAS ABERTAS – GPA realiza hoje, às 10h, a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para deliberar sobre a destituição integral do conselho de administração da companhia…


… Na AGE, a empresa também discutirá a chapa indicada pela família Coelho Diniz, acionista majoritária do GPA…


… O grupo recebeu do acionista André Luiz Coelho Diniz a indicação de Rômulo Santos Siqueira como candidato a membro titular do conselho fiscal da companhia…


… Também houve a indicação de Décio Chaves Rodrigues como seu respectivo suplente.


SABESP comprou 70% do controle da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) por R$ 1,131 bilhão, em operação que envolve a Eletrobras e a Vórtx Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários…


… Hoje, a partir das 10 horas, a Sabesp realizará conferência telefônica com investidores para mais esclarecimentos.


BRASKEM informou que efetuou saque da linha de crédito “stand-by” disponível, no valor de US$ 1,0 bilhão.


CIELO. O conselho de administração aprovou a realização da nona emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em série única, no valor de R$ 2,5 bilhões.


VIBRA ENERGIA. Conselho de Administração aprovou a criação da vice-presidência-executiva de lubrificantes, com o objetivo de dar maior foco e crescimento acelerado a esse segmento de negócio…


… Para a nova posição e como diretor-presidente de lubrificantes, o colegiado elegeu Marcelo Fernandes Bragança, com mandato de dois anos, contados a partir da posse, prevista para 1º de novembro…


… Em decorrência disso, Bragança deixa o cargo de vice-presidente-executivo de operações, tendo Daniel Drumond Campos e Silva eleito pelo conselho para a posição, com mandato de dois anos. 


SERENA ENERGIA informou que foi deferido o registro de oferta pública de aquisição de ações ordinárias…


… OPA tem como objetivo a conversão do registro da empresa de categoria A para categoria B, com a consequente saída da Serena do segmento Novo Mercado da B3.

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: O evento do dia é o Japão, com a vitória de Takaichi, primeira mulher a ser PM: depreciação do yen, porque é improvável que o BoJ suba taxas de juros, subida de Defesa (Mitsubishi +12%) e Nuclear (Japan Steel, fornecedor), subida da bolsa, queda das obrigações a longo prazo… O impacto induzido sobre as bolsas é positivo, em termos gerais. 


JAPÃO. O PLD no poder, no Japão, elegeu Takaichi, uma mulher pela primeira vez na história, para substituir Ishiba. Na prática, significa que dará prioridade à Procura Interna e atividade, sem dar por garantido que a inflação esteja vencida, portanto é menos provável, a partir de agora, que o BoJ volte a subir taxas de juros (0,50% agora); e o yen depreciou-se até 176,1/€ vs. 172,3/€ na sexta-feira, à primeira hora (150,3/$ vs. 147,8/$), enquanto Tóquio sobe nada menos que +5% e a sua yield aumenta (queda de preço) até 3,28%, que é recorde histórico e mais ou menos igual à ALE. 


Arrancamos esta semana com os futuros sobre bolsas alegres (ca.+0,3%), apesar da Administração Americana continuar parcialmente fechada, mas com a expetativa de algum acordo de paz em Gaza que contribui para apoiar esse aumento dos futuros, porque consolida a ideia de que o prémio de risco por geoestratégia tende a zero. As obrigações quase não se movem, deslocando-se em intervalos extremamente estreitos. E o petróleo sobe ca.+1% porque este fim de semana a OPEP+ acordou aumentar produção menos do que o esperado (+137.000b/b vs. +500.000b/d).


Teremos macro de relevância média ou baixa, mas começarão a ser publicados os primeiros resultados americanos do 3T’25: hoje, Constellation Brands, e na quinta-feira teremos Delta, PepsiCo e Vendas de TSMC (que publicará resultados completos na quinta-feira, 16). Darão um passo de maior intensidade, especialmente no setor financeiro, a partir de segunda-feira (13) da próxima semana: C.Schwab nesse dia; Blackrock, Wells Fargo, JPMorgan, Goldman, Citi e J&J na terça-feira (14); BoA e Morgan Stanley na quarta-feira (15)… 



CONCLUSÃO: De momento, hoje continuará a subir. As referências imediatas são uma reabertura improvável a curto prazo da Administração Americana e os primeiros resultados trimestrais americanos, que deverão voltar a ser suficientemente bons (EPS 3T esperado +8,8% e 4T +7,7%) e que continuarão a dar apoio a um mercado que se ressente a tomar lucros. Nada parece opor-se ao ritmo do mercado, embora o otimismo geral gere algum respeito.


NY +0,01% US tech -0,4% US semis -0,6% UEM +0,1% España +0,6% VIX 16,7% Bund 2,70% T-Note 4,15% Spread 2A-10A USA=+56pb B10A: ESP 3,23% PT 3,09% FRA 3,51% ITA 3,55% Euribor 12m 2,224% (fut.2,281%) USD 1,172 JPY 176,1 Ouro 3.932$ Brent 65,4$ WTI 61,7$ Bitcoin +3% (123.559$) Ether +1,1% (4.525$) 


FIM

Luiz Fernando Rudge

 GENERAIS NÃO GOSTAM NEM APLAUDEM


Luiz Fernando Rudge


OITOCENTOS GENERAIS, QUARENTA MIL ANOS DE VIDA, dos quais mais da metade dedicada à sua pátria e à Constituição, ouviram esta semana os dois mais insultuosos discursos, arengados por dois funcionários públicos que, ocasionalmente, têm um mandato presidencial e a nomeação para um ministério.


O silêncio com que ouviram, disciplinadamente, mostrou ao mundo que são obedientes a esses funcionários, porque eles representam, naquele momento, o Poder Executivo outorgado pela Constituição que os oitocentos juraram proteger. As mãos deles não aplaudiram estes dois funcionários, que conseguiram atrair para si os piores comentários que um chefe de governo pode conseguir.


Trump, um dos arengadores, não serviu nas forças armadas. É o primeiro presidente a não ter experiência militar ou governamental, antes de ser eleito. Durante a guerra do Vietnã, Trump conseguiu ter cinco adiamentos estudantis e um médico, e nunca vestiu uma farda. Essas decisões são objeto de críticas e controvérsias ao longo de sua carreira política. Seu discurso não fugiu do costume: um papo de vendedor de aspiradores a domicílio.


Pete Hegseth, o outro discursador, mandou decorar o palco dos discursos com uma réplica da cena inicial do filme ”Patton”, e falou agressivamente, de maneira muito diferente daquela que teve nos últimos onze anos, quando apresentava na TV Fox News o programa de entretenimento Fox & Friends. Ele teve, antes, algum tempo de serviço na Guarda Nacional, sem maiores referências. Não esqueceu de criticar mulheres nas forças armadas, cuja atividade seria própria apenas de homens.


Trump já tinha sentido o mal-estar de seus generais em 14 de junho, quando exigiu uma parada militar em sua honra, e as tropas desfilaram em passo sem cadência, não atraíram público para aplaudir o desfile, mostrando nenhum apreço pela figura bolo-fofa do seu pretenso comandante geral das forças armadas.


Ambos reagiram, e administraram sua crítica num aviso de que generais considerados gordos e com formas físicas inadequadas, avaliadas duas vezes por ano, seriam afastados das forças armadas. Fixaram essa ideia ao criar o chamado “general gordo”. Antes disso, Hegseth já havia dito que as forças, no futuro, não usariam mais saias, uma indireta às mulheres que chegaram a altos postos nas forças armadas.


O quê pensar disso? As primeiras reações, já nos corredores da base de Fuzileiros em Quantico, foi a de falar em aposentadoria, porque muitos generais não querem mais servir sob as ordens de Trump – muito menos de Hegseth. Os militares americanos podem se aposentar a partir de 20 anos de serviço, com salários e benefícios proporcionais ao tempo de serviço. Quando trocarem as fardas por roupas civis, seus proventos serão de 40% a 75% do salário na ativa, dependendo da renda média do militar durante sua vida de trabalho. Generais se aposentam geralmente com 35 anos de serviço ou mais; oficiais superiores com 64 anos de idade, e capitães e oficiais subalternos com 60 anos. Estas regras podem variar, em função do tipo de atividade que tiveram na ativa: paraquedistas, rangers, pilotos, podem ter situações especiais. Os militares podem contribuir para o sistema de previdência social, que fornece benefícios com base nos créditos acumulados durante sua vida na ativa.


Estas conversas podem evoluir, mas não passa pela cabeça dos militares – por enquanto – rebelar-se, agrupar-se em busca de um golpe, ou provocar a indisciplina em seus corpos de tropa. Desde a Guerra Civil do século XIX, os americanos cuidam para que norte e sul não lutem entre si, nem republicanos contra democratas se defrontem com armas na mão. 


Em suas cabeças, só vale o respeito à Constituição, a quem juraram defender.

Amilton Aquino

 Do rio ao Nobel?


Confesso que fiquei duplamente surpreso com a boa acolhida do plano de Trump para Gaza. Primeiro, entre as nações árabes — principalmente neste contexto de máxima tensão no Oriente Médio, em que o mundo muçulmano cogita criar uma espécie de “OTAN” anti-Israel. Segundo, com a concordância do Hamas, ainda que com algumas condições a serem negociadas.


Mais surpresos ainda devem ter ficado a turma da flotilha da selfie e, claro, os governos do Brasil e da África do Sul — dois novos atores no conflito que, para surpresa de ninguém, só se pronunciaram tardiamente (e com ressalvas), depois que o Hamas fez o primeiro aceno positivo à proposta.


Finalmente temos um plano. Se for realmente efetivado e provado seu sucesso nos próximos anos, o Nobel de Trump deverá ser o mais importante e justo de todos.


Ainda é cedo para comemorar, mas é óbvio que as forças israelenses, prestes a demolir o último bastião do Hamas, foram o “argumento” mais convincente para o grupo terrorista mudar, pelo menos por enquanto, sua postura inflexível. Só o tempo dirá se de fato é pra valer ou se é apenas para ganhar tempo e se reoganizar. Infelimente, continuo cético. 


Ainda há muito o que ser discutido. Mas o fato de o novo líder do Hamas ter dado entrevista à Al Jazira agradecendo a Trump pelo esforço é algo impensável até bem pouco tempo. Fico imaginando a cara da Greta, do Lula e de todos os entusiastas “do rio ao mar” vendo isso.


Como era de se esperar, o Hamas reluta em ceder as armas e deixar totalmente o poder, tentando participar de alguma forma da administração de Gaza e, claro, opondo-se à presença de forças internacionais.


Ou seja, ainda há um longo caminho a ser percorrido — inclusive do lado israelense, cujos dois ministros radicais, que dão sustentação ao governo Netanyahu, ameaçam abandonar a coalizão assim que os reféns forem libertados.


Sim, há radicais de todos os lados. Mas notem que até mesmo os ultra, mega, super-radicais judeus seriam considerados no máximo moderados se fossem medidos pela régua do Hamas. Afinal, seu “radicalismo” baseia-se no fato — até aqui incontestável — de que os radicais islâmicos jamais aceitarão a existência do Estado judeu. Portanto, na impossibilidade de uma convivência pacífica, aos radicais judeus resta a vigilância permanente em Gaza e na Cisjordânia, o que, na prática, inviabiliza a criação de um Estado palestino. Ainda mais quando a maior parte do território desse eventual Estado se assenta nas terras da Samaria e de Judá — duas das doze tribos originárias de Israel —, onde fica a bíblica capital judaica, Jerusalém, a mesma cidade que os palestinos reivindicam para si como capital. Como mudar a mente de um religioso sobre algo milenar? 


E por falar em moderação, vale ressaltar o tom “institucional” do líder do grupo terrorista, na entrevista à Al Jazira, apresentando-se como um ente democrático que submete suas decisões a um tal “consenso nacional palestino”!


Ora, ora, consenso com o Hamas! Do tipo jogar desafetos do Fatah de cima de prédios, como em 2006? Trocar tiros com facções rivais, como nesta semana? Ou atirar em palestinos que se aventuraram a buscar alimentos distribuídos pelos norte-americanos?


Claro que a jornalista da TV propagandista palestina não ousaria apontar essas incongruências ao líder do grupo terrorista, mas ainda assim o cutucou — lembrando que, no final, as respostas oficiais são sempre dadas pelo Hamas que, pasmem, na mesma entrevista afirmou, sem corar, ter concordado com todas as outras tentativas de cessar-fogo! O obstáculo, claro, teria sido sempre Israel.


Sim, ele disse isso! A cara de pau não tem limites. Os mesmos terroristas que praticaram os horrores do 8 de outubro cobram agora o fim do “genocídio” dos palestinos, que eles próprios usam como escudos humanos numa guerra que eles poderiam parar imediatamente com a devolução dos reféns. 


Pois é. Nem mesmo a jornalista enviesada da Al Jazira engoliu tanto cinismo. Em determinado momento, após uma longa fala do terrorista colocando condicionantes ao acordo, ela cita pontos da proposta de Trump que o contradizem.


Como todos podem ver, o cinismo dos terroristas só encontra paralelo nos cínicos da flotilha — incapazes de pronunciar uma palavra sobre o assassinato de sete mil cristãos nesta mesma semana na Nigéria, ou de tantos outros massacres ocorridos em diversas guerras, mas sempre preparados para posar de "sequestrados" pelos israelenses!


Certamente estão torcendo pelo fracasso do acordo: afinal, dói menos neles ver os palestinos sofrerem como escudos humanos do que ver Trump entrar para a história como o promotor da paz entre palestinos e judeus.

Produtividade é a saída

  O mundo está girando (e rápido): o Brasil vai acompanhar ou ficar para trás? 🌎🇧🇷 Acabei de ler uma análise excelente de Marcello Estevã...