sábado, 13 de setembro de 2025

Fernando Cavalcanti

 SÓ UM MILAGRE (DE NOVO)


O branquelão que vos escreve mal tinha saído da adolescência quando um nipo-americano decretou que a história tinha acabado. E com um final magnificamente feliz.


O fim da União Soviética, explicou Francis Fukuyama em 1994, demonstrava o reconhecimento não só do poderio militar e econômico dos EUA, mas de sua supremacia MORAL.


No século XX, a democracia liberal foi desafiada pelo Comunismo. E a sensação de que a democracia não tinha força para combater o totalitarismo comunista fez surgir o fascismo, um totalitarismo sem extinção completa da propriedade privada.


No fundo, como as pessoas inteligentes sabem, as duas desgraças se equivalem. Comunistas e fascistas não se odiavam por incompatibilidade de ideias, e sim porque competiam pelo mesmo púlico.


Num mundo perfeito, a Alemanha nazista e a União Soviética comunista ter-se-iam digladiado sozinhas. Até que a vencedora do duelo de titãs totalitários ficasse tão exausta que fosse, numa vitória de Pirro, depois facilmente derrotada pelas democracias liberais.


E o totalitarismo se acabaria, e o mundo seria feliz para sempre.


Em vez disso, na II Guerra Mundial, as democracias liberais foram forçadas a escolher um aliado entre os 2 monstros. Por razões puramente táticas, escolheram o comunismo no lugar do nazi-fascismo.


E a partir daí seguiu-se meio século de horrores sem fim. Parecia que o Comunismo terminaria vencendo as democracias, como triunfara sobre o nazismo.


Lembro-me de meu professor de história no Colégio Nóbrega nos anos 1980, Newton Nery (estará ainda vivo?) colocando um mapa-múndi  no meio da sala de aula e grifando os países que iam virando comunistas em vermelho.


Em 1930, era só a URSS. Em 1950 eram ela, os países da então chamada Europa Oriental ou "Cortina de Ferro" e a China. Em 1970, eram esses e mais várias outras nações do mundo inteiro. E o número, explicava-nos Newton em 1985, não parava de crescer. Pois países capitalistas se tornavam comunistas, mas o contrário nunca se dava. (Impressionante como ele não percebia o caráter sinistro dessa diferença.) Em breve, concluía nosso teacher, babando de satisfação, o mundo inteiro seria vermelho.


Mas milagres existem.


E o branquelão que vos fala viu na TV, em 1989, após o aparentemente despretensioso repensar de excessos da Perestroika soviética, o povo alemão destruindo euforicamente o muro que separava, como as grades de uma prisão, os habitantes de Berlim. Em seguida, o país reunificou-se, e todas as ditaduras da Cortina de Ferro, uma após a outra, inclusive a própria URSS, desmoronaram feito gigantes de pés de barro.


Parecia um sonho tornado realidade. A dream come true.


E otimistas feito Fukuyama correram a explicar que o comunismo já estava "podre" por dentro. Agora, o mundo inteiro se tornaria democrático. O tal fim da história.


Em vez disso, líderes comunistas que não tinham o "penchant" democrático de Gorbachev e Yeltsin refletiam na lição oposta: "Se não esmagar logo o povo quando exige a democracia , a gente cai do poder."


E assim, pouco depois, quando o povo chinês tentou fazer sua própria Perestroika, foi massacrado. O mesmo ocorreu em outros países comunistas.


Calma, disseram os experts, o sonho não acabou. Incrementemos as relações comerciais com os países comunistas remanescentes, e eles, gradativamente, se tornarão democráticos. Mercados livres trarão ideias livres.


Well, essa "osmose" não se verificou. Ao abandonarem as economias fechadas e planificadas, permitindo uma dose controlada de capitalismo, sem liberdades individuais, as ditaduras comunistas só fizeram se tornar mais ricas. E, portanto, mais poderosas.


Voltaram a crescer e multiplicar-se pelo mundo e continuam tão avessas à democracia como antes. Só que, agora, têm muito dinheiro.


E nada é tão perigoso como gente má com dinheiro.


Então, eis o mundo de hoje: os EUA são uma nação dividida e instável, a Europa é um continente decadente, o Japão e a Coréia do Sul morrem de pura insuficiência de natalidade, enquanto a China caminha para ocupar o lugar dos EUA como potência mundial dominante.


Só que com a China não vai ter essa historinha de "soft power" dos americanos. Que procuram dominar pelo fascínio do dinheiro, da moda, do entretenimento e dos prazeres sensuais.


O domínio chinês é sinceramente brutal: ajoelhe-se, cale a boca e será deixado em paz. Do contrário, cadeia ou morte. Como Tibete, Hong Kong e, especialmente, Xinjiang bem o sabem. E Taiwan morre de medo de vir a experimentar.


Essa conversa toda é para dizer que concluí que o mundo, que eu , em minha feliz juventude, pensava que tinha dado certo está muito pior do que antes.


O cinquentão que vos fala teme ver "1984", de George Orwell, concretizado antes de morrer: com a China como o "Grande Irmão", a dar ordens absolutas para o mundo inteiro escravizado.


Acho que só um milagre nos salvará da China.


O que me dá um pouco de esperança é que, em 1985, também parecia que só um milagre salvaria o mundo da União Soviética.

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Habilidades cognitivas

 Descobri a razão pela qual a esquerda cresceu tanto no Brasil. Vamos aos fatos: Estudos da Universidade de Viena denominados "One Century of Global IQ", em que foram entrevistadas 4 milhões de pessoas de 31 países, entre 1909 até 2013 (104 anos), apresentou dados incrivelmente negativos para o Brasil.  

Aqui no nosso pobre país, onde o ensino público  é relegado a um segundo plano, quem sabe de propósito,  foi registrada uma queda de 0,04 pontos AO ANO no QI dos brasileiros. Entre 1930 a 2004 a queda anual foi da ordem de 0,12 pontos do quociente de inteligência ( QI ) também AO ANO. Uma boa parte resultado do excesso de telas, amento causado, nesta era, pelo aumento de horas de telas de celulares na vida dos jovens. Eles não trocam mais impressões, não leem, não divagam e repetem que nem papagaios o que dizem seus professores esquerdistas. E vaiam quem não fala o que eles querem ouvir!

Em suma: as evidencias são claras: as novas gerações de brasileiros são menos inteligentes que as anteriores, dos seus pais e avós.

Isto explica o porquê de tantos jovens de hoje votarem no PT e defenderem o socialismo nas urnas. Consequência dos ensinos da geracão Paulo Freire? Faculdades inculcadas com o vírus do lulopetismo socialista? Incapacidade de raciocínio crítico e de comparar a qualidade de vida de países livres versus os de regimes fechados? Horror à meritocracia dos estudos levados a sério e aos cursos básicos atuais, em que ninguém é reprovado?  

O fato é que o brasileiro médio perdeu a capacidade de medir habilidades cognitivas.

Reforma tributária

 Não havia como mudar tributação no consumo sem um “big bang” , dizAppy Secretário especial da Reforma Tributária destacou que não havia como migrar para o modelo de um bom Imposto sobre Valor Adicionado mantendo os atuais ICMS e ISS


Por Marta Watanabe, Valor — São Paulo 12/09/2025 09h28 Atualizado agora


 


Estamos vivendo uma mudança monumental, mas não havia como fazer uma reforma tributária sobre consumo sem um “big bang”. Seria impossível não acabar com tributos atuais e fazer algo novo. Não havia como migrar para o modelo de um bom Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) mantendo os atuais ICMS e ISS. A avaliação é do secretário especial de Reforma Tributária, Bernard Appy. A política, diz Appy, levou ao modelo de IVA dual, com a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). A arrecadação centralizada do IBS, diz ele, deve facilitar a vida dos contribuintes. A CBS e o IBS devem substituir os atuais PIS, Cofins, ICMS e ISS, além de parte do IPI. A reforma também cria o Imposto Seletivo (IS), para bens e serviços com externalidades negativas ao meio ambiente e à saúde.

Jardins x espaço

 *No Jardins, falta espaço para restaurantes*


Um ingrediente essencial para a operação dos restaurantes está em falta no Jardins: espaço. 


Empresários do setor de alimentação têm sofrido para encontrar imóveis e manter as portas abertas em uma das regiões mais nobres de São Paulo.


As construtoras e incorporadoras vêm comprando casas que antes abrigavam esses pequenos negócios para transformá-los em edifícios — um movimento que, segundo especialistas, tem comprimido o espaço da gastronomia no bairro.


“Essa verticalização e concorrência com as incorporadoras têm penalizado os pequenos empresários do ramo alimentício, que sofrem para encontrar endereços,” o corretor Daniel Araújo, fundador da Araújo Imóveis, disse ao Metro Quadrado.


O aumento do custo imobiliário tornou a conta ainda mais difícil.


 “Antes da pandemia, era possível alugar espaços a R$ 100-R$ 120 o metro quadrado. Hoje, nas áreas menos nobres, não sai por menos de R$ 150; nas vias mais disputadas, passa de R$ 200,” diz Araújo. 


“Para quem vai abrir restaurante, a conta simplesmente não fecha, mas o Jardins é premium e todo mundo quer estar aqui.”


O caso da empresária Juliana Duarte ilustra bem esse movimento.


Ela investiu R$ 2 milhões para abrir um restaurante no Jardim Paulista, mas menos de dois anos depois decidiu “entregar o ponto” quando o proprietário pediu um reajuste de 50% no aluguel.


“O Jardins está na lista dos bairros que mais abrem e fecham restaurantes. São lugares muito valorizados, mas sem tanto movimento para justificar,” disse.


Além do aluguel, a insegurança também pesou: em 18 meses, Juliana foi assaltada cinco vezes. 


Segundo ela, muitos proprietários preferem manter imóveis vazios à espera de propostas das incorporadoras, o que aumenta a vacância e a sensação de insegurança. 


Agora, seu plano é reabrir o restaurante da família em um espaço menor, em bairros como Pinheiros, Vila Clementina ou Perdizes.


Mesmo quando o preço não é o problema, há outro obstáculo: as restrições de zoneamento. 


Tradicionalmente residencial, boa parte das ruas e avenidas do Jardins não permite o uso do solo para bares e restaurantes — atividades restritas às áreas de Zona Mista e de Corredor.


Nesses casos, os estabelecimentos só podem operar sem restrições de tamanho e público a partir da classificação ZCor 3.


A expectativa, diz Araújo, é que a Prefeitura reclassifique ruas do bairro nas próximas atualizações do Plano Diretor, ampliando a permissibilidade do uso do solo.


Mas nem quando encontram imóveis adequados os restaurantes conseguem segurança.


Para não perder a chance de vender às incorporadoras, proprietários têm evitado contratos longos, superiores a cinco anos, por causa da obrigatoriedade de renovação garantida pela lei. 


“Hoje o proprietário só quer locar por no máximo quatro anos, porque ele sabe que, dependendo da região, vai aparecer uma construtora querendo comprar o imóvel dele por um valor muito acima de mercado,” diz Lacides de Souza, consultor da Abrasel, ao Metro Quadrado.


Segundo ele, sem contratos de pelo menos cinco anos com direito de renovação, dificilmente os empresários conseguem retorno sobre os investimentos.


Se esse cenário persistir, o Jardins pode perder protagonismo na cena gastronômica paulistana, enquanto outros bairros atraem novos negócios. 


“Há 15 anos, falávamos dos Jardins como um polo gastronômico. A tendência é cada vez mais o bairro se verticalizar e ter menos espaço para restaurantes,” diz Lacídes.


https://metroquadrado.com/comercial/no-jardins-falta-espaco-para-restaurantes/

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal


SESSÃO: Ontem, tudo bem, como estimado nos desenvolvimentos mais prováveis e razoáveis. O BCE repetiu em 2,00/2,15% Depo/Crédito, sem orientar sobre movimentos seguintes, e reviu em alta o PIB e a Inflação, portanto foi interpretado como hawkish/duro e o euro depreciou-se desde 1,168/€ até 1,173/€. E a inflação americana aumentou até +2,9% desde +2,7%, sem surpreender positivamente apesar dos bons Preços Industriais publicados na quarta-feira. Sem dano para o mercado, este dedicou-se a subir outra vez. Tanto as bolsas como as obrigações.


Mas o bom tom das obrigações nas últimas horas é mais chamativo do que a subida das bolsas: o T-Note aproxima-se muito de 4% (4,03%), enquanto ITA está prestes a tornar-se a nova FRA: 3,48% vs. 3,43%. Com o diagnóstico sobre ITA a evoluir para melhor e a deterioração política/fiscal de FRA, as obrigações italianas substituem as francesas, pouco a pouco. E o melhor desta convergência de yield é que ocorre principalmente pela redução da italiana e não pela elevação da francesa, que aguenta muito bem e até se reduz um pouco (novamente, os balanços gigantes dos bancos centrais; lembrete: o BCE tem 30% da dívida emitida pelos governos europeus).


HOJE, os futuros vêm a subir um pouco mais (ca. +0,2%). A referência é a Confiança da Univ. de Michigan (15 h), que se espera mais ou menos lateral (58,0 vs. 58,2), mas o mais importante são as suas componentes de expetativas de inflação, que agora estão em +4,8% a 1 ano e +3,5% a 5 anos, que vêm a reduzir-se e sobre as quais não se realizam estimativas. Este dado pode determinar o fecho de uma semana que foi bastante boa para as bolsas (Nova Iorque +1,6%; Semis EUA +4,1%; Europa +1,3%) e que, por isso, seria normal que a sessão de hoje se movesse de mais a menos, inclusive sem motivo que o provoque.


Excecionalmente para uma sexta-feira, após o fecho do mercado, S&P anunciará a sua revisão sobre ESP, que poderá melhorar em algum aspeto, ao julgar pela boa evolução do prémio de risco (57 p.b. vs. 79 p.b. FRA vs. 83 p.b. ITA)… e, caso melhore um pouco, parece o mais provável que seria a sua Perspetiva desde Estável até Positiva, deixando rating em A. E Fitch revê FRA e PT. PT só melhora desde 2018 (quando estaba em BBB e agora em A-), enquanto França só piora desde 2013 (estava em AA+ e agora AA-). FRA poderá piorar e PT melhorar, se mover um pouco. 


CONCLUSÃO: O tom é bom, mas após uma semana tão boa com Michigan apenas às 15 h, deverá decair progressivamente até aplanar ou realizar lucros milimétricos, embora isto não esteja insinuado na pré-abertura. Será um dia de movimentos em intervalos estreitos, pouco interessante. A atenção mover-se-á para a Fed da próxima quarta-feira, que será muito importante porque moverá, pelo menos, -25 p.b. até 4,00/4,25%, mas não é impossível (embora sim improvável) que sejam -50 p.b. e, em todo o caso, a abordagem de Powell será determinante para apreciar em que medida continuará a baixar com base num emprego mais débil. 


NY +0,8% US tech +0,6% US semis +0,6% UEM +0,5% España +0,7% VIX 14,7% Bund 2,65% T-Note 4,03% Spread 2A-10A USA=+49pb B10A: ESP 3,22% PT 3,06% FRA 3,43% ITA 3,48% Euribor 12m 2,168% (fut.2,127%) USD 1,173 JPY 173,0 Ouro 3.652$ Brent 65,9$ WTI 61,9$ Bitcoin +1,3% (115.651$) Ether +2,9% (4.550$) 


FIM

BDM Matinal Riscala

 Esperando Trump

12 de setembro de 2025

Por Rosa Riscala e Mariana CiscatoAtualizado há 5 horas

… A preliminar de setembro do sentimento do consumidor de Michigan nos Estados Unidos e, no Brasil, o volume de serviços em julho são os destaques entre os indicadores, enquanto os mercados se preparam para as decisões do Fed e do Copom, na próxima quarta. Mas hoje repercute a condenação de Bolsonaro a 27 anos e 3 meses e de todos os demais réus no julgamento da trama golpista, encerrado ontem à noite pelo STF. A preocupação é de uma eventual reação do presidente Trump, que já disse ter ficado “muito surpreso e descontente” com o veredito, e também com o movimento da oposição no Congresso, que se articula para pautar um projeto de anistia.


… Por quatro votos a um (Fux foi a única divergência), a Primeira Turma do STF acatou integralmente as denúncias da PGR e o voto do relator, Alexandre de Moraes, condenando o ex-presidente como líder da organização criminosa que tentou o golpe de Estado.


… Como era esperado, Jair Bolsonaro recebeu a maior pena, que será cumprida em regime inicial fechado.


… Os demais réus foram condenados a penas de: 24 anos e 9 meses (general Braga Netto), 24 anos (Anderson Torres e almirante Almir Garnier), 21 anos (general Heleno), 20 anos (general Paulo Sérgio Nogueira) e 17 anos (Alexandre Ramagem), que também perdeu o mandato.


… O réu-colaborador, tenente-coronel Mauro Cid, foi favorecido pelo acordo de delação e cumprirá 2 anos em regime aberto.


… Todos os réus, inclusive Bolsonaro, foram declarados inelegíveis por 8 anos a partir da sentença.


… Além de condenar o núcleo principal do golpe de Estado, o Supremo sentenciou Bolsonaro e os demais sete réus ao pagamento de indenização solidária, por meio de dias-multa fixados individualmente para todos os condenados, que somam R$ 30 milhões.


… O cumprimento das penas não é imediato porque os réus ainda poderão recorrer em um prazo de 15 dias após a publicação do acórdão para a interposição de embargos infringentes e de declaração, que são encaminhados à PGR e voltam para julgamento na Primeira Turma.


EXPECTATIVA COM SANÇÕES – Na primeira reação à condenação de Bolsonaro, o presidente Trump disse que assistiu o julgamento, qualificado por ele como “terrível” e “muito ruim” para o Brasil, afirmando que está “muito descontente” com o resultado.


… “É muito surpreendente que isso tenha acontecido. É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram. Só posso dizer o seguinte: eu conheci Bolsonaro como presidente do Brasil. Achei que ele foi um bom presidente, é um homem bom.”


… O presidente Trump não respondeu aos repórteres da Casa Branca se pretende decidir novas ações contra o Brasil.


… Aliados de Bolsonaro e seu filho Eduardo esperam novas sanções a autoridades do Supremo e do governo federal, e falam em restrições de mais vistos e de mais punições financeiras, como a aplicação da Lei Magnitsky, que atingiu o ministro Alexandre de Moraes.


… Há ainda conversas sobre suspender algumas das 700 exceções dadas pelo governo americano na tarifa de 50% a produtos brasileiros.


… No X, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, publicou uma mensagem em tom de ameaça após o veredito da Primeira Turma do STF. “Os Estados Unidos responderão de forma adequada a essa caça às bruxas.”


… Em sua mensagem, Rubio acusou Alexandre de Moraes de fazer “perseguições políticas” e o chamou de “violador de direitos humanos”.


BRASIL REAGE – Também nas redes sociais, o Itamaraty respondeu à ameaça do secretário americano, dizendo que não intimidará a democracia brasileira. “O Brasil continuará a defender sua soberania de agressões e tentativas de interferência, venham de onde vierem”.


… Segundo a nota, “as instituições democráticas brasileiras deram sua resposta ao golpismo”.


… Após a condenação de Bolsonaro, o presidente Lula disse que seu governo não teme novas sanções dos Estados Unidos contra o Brasil, mas prometeu “reagir”, se novas medidas forem tomadas contra a economia e as instituições brasileiras.


… “Nós iremos reagir se medidas forem tomadas. Não tem provocação, qualquer coisa que fizermos será uma resposta à provocação dos Estados Unidos. [Mas] vou adotar todas as reciprocidades que forem necessárias”, afirmou em entrevista ao Jornal da Band.


… Em seguida, Lula voltou a dizer que está disposto a negociar e que não tem interesse em disputas com outros países. “Estou me comportando com muito cuidado e sutileza democrática. Estou à disposição para negociar. Não quero briga com ninguém.”


NEGÓCIOS À PARTE – O secretário Marco Rubio pode até aplicar novas leis Magnitsky, mas os sinais são mais favoráveis para as tarifas, com algumas revisões acontecendo, como a isenção da sobretaxa de parte da exportação de celulose e ferro-níquel do Brasil.


… O MDIC informou, nesta quinta-feira, que os Estados Unidos isentaram a maior parte das exportações brasileiras no setor.


… No ano passado, o Brasil exportou US$ 1,84 bilhão de celulose e ferro níquel aos Estados Unidos, o que representa 4,6% do total exportado para aquele país. Esses itens se somam a outros produtos que já estão fora do alcance das tarifas adicionais.


ANISTIA – Aliados de Bolsonaro veem brecha para pedir a anulação do julgamento no STF, após o voto do ministro Luiz Fux, único a pedir a absolvição do ex-presidente e a afirmar que a Corte não tinha competência para julgar o caso.


… Mas eles preferem trabalhar pela anistia já, cujas negociações estão bastante adiantadas no Congresso.


… Segundo apurou a CNN, o presidente da Câmara, Hugo Motta, se comprometeu com a oposição, em reunião de líderes, a tratar a pauta como prioritária já na próxima semana, garantindo ao menos a votação da urgência do projeto.


… O líder do PL, Sóstenes Cavalcante, reuniu-se ontem à noite com presidentes do União e do PP para tratar do tema. Segundo ele disse ao Globo, a anistia ganha urgência após a condenação de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal.


… Na Folha, bolsonaristas pressionam para que o relator do projeto de anistia seja do Centrão.


… Já no Valor, a ministra Gleisi Hoffmann disse que “votar a anistia logo depois do julgamento é dar um tapa na cara do Supremo”. Segundo ela, o governo é contrário a qualquer modelo de perdão. “Não há negociação, nem para anistia branda, nem para anistia total.”


… Gleisi disse que o governo tem duas prioridades no Congresso na próxima semana: a primeira é impedir a análise da proposta que concede a anistia e a segunda, aprovar a MP da tarifa social da conta de luz, que perde a validade na quarta-feira, 17.


TARCÍSIO – Candidato a substituir Bolsonaro na disputa presidencial do ano que vem, o governador de SP se empenha nas articulações para o projeto de anistia. Na semana que vem, ele volta a Brasília. Esse é o combinado com o Centrão para ganhar o apoio do ex-presidente.


… Após o veredito do STF, Tarcísio disse que Bolsonaro e os réus condenados foram vítimas de “sentença injusta, com penas desproporcionais”.


… “Se não se pode transigir com a impunidade, também não se pode desprezar o princípio da presunção da inocência, condenando sem provas”, escreveu Tarcísio nas redes sociais. “A história se encarregará de desmontar as narrativas e a justiça ainda prevalecerá”.


… Segundo o Estadão, Tarcísio foi aconselhado por auxiliares a submergir e evitar declarações públicas ou entrevistas, depois de ter se excedido no discurso do 7 de Setembro em protesto bolsonarista, na Paulista, quando chamou Alexandre de Moraes de “tirano”.


… Já em clima eleitoral, Lula disse na entrevista à Band que “Tarcísio é serviçal de Bolsonaro e não tem personalidade própria”.


PESQUISAS – Enquanto o STF condenava Bolsonaro, duas pesquisas indicavam melhora na aprovação de Lula.


… No Datafolha, a aprovação do presidente subiu de 29% em julho para 33%, no maior nível desde dezembro de 2024, enquanto a reprovação caiu de 40% para 38% no mesmo período. Já no instituto Ipsos/Ipec, a oscilação foi ainda maior.


… A avaliação positiva de Lula subiu cinco pontos percentuais entre junho e setembro. Para 30%, o governo é ótimo ou bom (era 25%), enquanto 31% avaliam como regular (de 29% em junho) e 38% consideram a gestão ruim ou péssima (de 43% em junho).


… As pesquisas coincidiram com um esfriamento dos negócios no mercado financeiro (leia abaixo).


AGENDA – O IBGE solta às 9h o volume de serviços em julho, que deve emplacar a sexta alta consecutiva, diante da renda em nível historicamente alto. A previsão é de aceleração de 0,3% em junho para 0,4% em julho. 


… As estimativas em pesquisa do Broadcast são todas positivas e variam de 0,1% a 0,8%.


… Na comparação anualizada, a mediana das apostas do mercado indica avanço de 2,8%, repetindo a variação observada em junho. As projeções para esta leitura, também todas de alta, variam de 2,1% a 3,5%.


… Ainda às 9h, saem os dados regionais da produção industrial de julho.


… No câmbio, o BC realiza, às 10h30, dois leilões de linha (até US$ 1 bilhões no total) para rolagem.


LÁ FORA – As expectativas de inflação de 1 ano e 5 anos embutidas na leitura preliminar de setembro do sentimento do consumidor, medido pela Universidade de Michigan, às 11h, não mudam a aposta de corte do juro semana que vem.


… Mesmo eventual pressão nos preços será ignorada pelo Fed, que tem no foco o enfraquecimento do emprego.


… Às 14h, saem os dados americanos da Baker Hughes sobre poços e plataformas de petróleo em operação.


… Os mercados financeiro já amanhecem com o CPI alemão de agosto e a produção industrial de julho no Reino Unido, divulgados às 3h. O BC da Rússia informa, às 7h30, a sua decisão de política monetária.


COADJUVANTE – Apesar de levemente superior ao consenso, a inflação americana do CPI não abalou em nada a certeza de que o Fed vai abrir o ciclo de cortes do juro semana que vem, sob o protagonismo do emprego fraco.


… Dias depois do payroll desaquecido, ontem, veio a surpresa com o auxílio-desemprego, que registrou alta semanal de 27 mil pedidos, para 263 mil, superando bastante a estimativa de que alcançasse apenas 231 mil solicitações.


… O indicador entrou para a coletânea que confirma a fraqueza do mercado de trabalho (enfatizada por Powell em Jackson Hole) e dá ainda mais bala para o Fed justificar o início próximo do processo de relaxamento monetário.


… O BC americano não deixa maior dúvida de que a sua prioridade no momento é recuperar o ritmo da mão de obra, deixando em segundo plano, pelo menos temporariamente, o impacto do tarifaço nas pressões inflacionárias.


… Até mesmo porque, a inflação não tem exibido qualquer choque mais assustador à política protecionista de Trump. O CPI subiu 0,4% na passagem de julho para agosto, pouco acima da alta esperada pelos analistas, de 0,3%.


… Na base anualizada, o avanço de 2,9% veio em linha com as expectativas. O núcleo do indicador registrou crescimento de 0,3% na margem e de 2,9% na comparação anual, também alinhado às projeções de Wall Street.


… O resultado do CPI sem sustos, combinado à deflação do PPI e ao PCE abaixo das estimativas em agosto, dá sinal verde para o Fed concentrar os seus esforços na melhora do emprego, que deve exige cortes em série dos juros.


… O BofA, que até bem pouco tempo atrás descartava um desaperto monetário este ano, agora não apenas espera uma redução em setembro e outra na reunião de dezembro, como cogita também que o Fed possa agir em outubro.  


… Agora, a chance de virem três cortes seguidos supera 80% na ferramenta do CME, de cerca de 60% antes.


… Para a semana que vem, a aposta principal e ampla é de queda de 25 pontos-base (92,7%), com chances isoladas (7,3%) de um ajuste mais agressivo, de 50 pontos-base, apesar das pressões de Trump e de seus aliados sobre o Fed.


… Trump ainda pressiona a Justiça para analisar até segunda-feira, 15, o recurso contra a decisão judicial que impediu demissão de Cook do Fed. A data coincide com a véspera do início da próxima reunião do Fed, na quarta, 17.


… À caça do substituto de Powell, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, teve reuniões nos últimos dias com os ex-dirigentes do Fed Lawrence Lindsey, Kevin Warsh e James Bullard, para acrescentar nomes à lista de cotados.


… Também estão no páreo o diretor do Conselho Econômico, Kevin Hassett, e o atual Fed boy Christopher Waller.


OLÉ! – A perspectiva de retomada do ciclo de cortes pelo Fed, após o jejum desde janeiro, inspirou ontem o bull market nas ações, com recordes nas bolsas em Nova York e no Ibovespa, e levou o dólar a furar o nível de R$ 5,40.


… Na mínima do dia, a R$ 5,3751, a moeda americana chegou a testar o menor patamar em mais de um ano, antes que a melhora na popularidade de Lula apontada pela pesquisa Datafolha precipitasse algum ajuste do alívio.


… No fechamento, o dólar à vista desacelerava a queda de 0,27%, cotado a R$ 5,3922. Seguiu à risca a onda externa: o índice DXY caiu 0,25%, a 97,531 pontos, no dia que reforçou o distanciamento entre as políticas do Fed e do BCE.


… Enquanto o juro americano está muito perto de inaugurar sua sequência de cortes, por outro lado, o mercado já está dando por encerrado o ciclo dovish do BCE, embora Lagarde diga que tudo será decidido a cada reunião.


… Fontes da Bloomberg dizem que o BCE está inclinado a manter taxas de juros inalteradas, exceto em caso de choque econômico. Um corte em outubro está praticamente descartado, apesar de dezembro ainda dar jogo.


… Neste contexto, o euro subiu 0,33%, para US$ 1,1741, e a libra esterlina ganhou 0,37%, a US$ 1,3580.


… Antecipando a sequência de cortes do Fed que vem por aí, as taxas dos Treasuries tocaram no intraday os menores níveis desde setembro. O yield da Note-2 anos fechou a 3,539% (de 3,540%) e o de 10 anos, a 4,021% (de 4,040%).


… Mas aqui a Datafolha melou a curva do DI, que zerou as baixas, descolando-se dos títulos americanos.


… De olho no prestígio de Lula, com a aprovação do governo nos melhores níveis desde dezembro, os juros futuros recolheram o apetite por risco e terminaram em leve alta, na contramão das taxas dos Treasuries e do dólar.


… No fechamento, o DI para Jan/26 marcava 14,895% (contra 14,896% no ajuste anterior); Jan/27 retomou os 14%, a 14,030% (de 13,999%); Jan/29, 13,215% (de 13,186%); Jan/31, 13,465% (de 13,440%); e Jan/33, 13,600% (13,605%).


MEDINDO AS PALAVRAS – Às vésperas do Copom, Lula disse à Band que não iria falar mal publicamente de Galípolo, a quem no passado já chamou de “menino de ouro”, mas cobrou um timing para o Copom começar a baixar a Selic.


… “Galípolo sabe que a taxa de juro está alta, eu sei, todos sabem. Mas vai começar a baixar, talvez ainda este ano.”


… Ainda aproveitou para reforçar as críticas ao mercado financeiro e aos banqueiros por ficarem “nervosos” quando o seu governo anuncia medidas voltadas aos mais pobres e acusou a Faria Lima de estar ligada ao crime organizado.


… A grande maioria das instituições consultadas pelo Broadcast (28 de 38) acredita que a Selic não deve sair de 15% este ano, enquanto uma minoria (10) especula com a possibilidade de o Copom já derrubar o juro em dezembro.  


… Estas apostas minoritárias de corte antecipado respondem aos sinais de desaceleração da atividade econômica e de ancoragem das expectativas de inflação, embora o BC ainda não esteja convencido de que já é hora de aliviar.


… Ontem, na nova edição do boletim macrofiscal, a Fazenda reduziu a previsão para o IPCA deste ano de 4,9% para 4,8% (ainda acima do teto da meta, de 4,5%) e manteve a estimativa para a inflação de 2026 em 3,6%.


… A projeção de crescimento do PIB em 2025 caiu de 2,5% para 2,3%, e para 2026, foi mantida em 2,4%. Os números continuam mais otimistas do que as medianas do último relatório Focus, de 2,16% e 1,85%, respectivamente.


ATAQUE AO CUME – A Datafolha afastou o Ibovespa da marca histórica dos 144 mil pontos no intraday, aos 144.012,50 pontos. Ainda assim, a bolsa renovou recorde de fechamento, aos 143.150,03 (+0,56%).


… Melhor: o volume financeiro cresceu para R$ 24,5 bilhões, comprovando o apetite comprador, embalado pela aposta em mais queda do juro nos Estados Unidos. Foi o terceiro pico do Ibovespa nas últimas duas semanas.


… Confiante de que o ambiente mais positivo, com queda do dólar e inflação sob controle, possa refrear a inadimplência, os papéis dos bancos subiram em bloco e ajudaram a empurrar a bolsa para os recordes duplos.


… Bradesco PN engatou alta de 0,95%, para R$ 17,03; Bradesco ON registrou valorização de 1,04%, a R$ 14,57; BB ON subiu 0,77%, a R$ 22,22, e foi a ação mais negociada; Itaú ganhou 0,18%, a R$ 37,95; e Santander, +1,08% (R$ 28,98).


… Vale desafiou a queda de quase 1% do minério de ferro e avançou 0,78%, negociada a R$ 57,02.


… Já Petrobras não resistiu à realização do petróleo Brent, que interrompeu três pregões seguidos em alta e caiu 1,65%, para US$ 66,37, com temores a respeito dos níveis de oferta da commodity, que podem ficar saturados.


… Petrobras ON recuou 1,05%, para R$ 34,05, enquanto os papéis PN perderam 0,38%, cotados a R$ 31,39.


… Na cola do Fed, o Dow Jones cruzou a barreira inédita dos 46 mil pontos, em alta expressiva de 1,36%, a 46.108,00 pontos. Também nas melhores marcas de todos os tempos, o S&P 500 ganhou 0,85%, aos 6.587,47 pontos.


… O Nasdaq avançou 0,72% e estabeleceu a sua mais nova máxima histórica aos 22.043,07 pontos.


CIAS ABERTAS – PETROBRAS participará do leilão de reserva de capacidade em elaboração pelo governo federal, afirmou a diretora-executiva de Transição Energética e Sustentabilidade da companhia, Angélica Laureano…


… A executiva disse que a estatal deve colocar produtos com etano no mercado “em curto espaço de tempo”.  


TELEFÔNICA. Conselho de Administração aprovou o pagamento de JCP no valor de R$ 400 milhões, o equivalente a R$ 0,1247 por ação, com pagamento até 30 de abril de 2026; ex em 23 de setembro. 


TIM. Conselho de Administração celebrou contratos relacionados ao projeto de autoprodução de energia.


SANTOS BRASIL informou, por fato relevante aos investidores, que a controladora CMA Terminals Atlantico adquiriu 42,07% das ações da companhia em OPA, por R$ 5,2 bilhões, e assumiu 93,07% do capital social.


AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

Bolsonaro nao vale uma missa

 Bolsonaro não vale uma missa


Os partidos devem refletir se vale a pena ampliar as tensões institucionais, paralisando o País neste momento importante, só para livrar da cadeia um desqualificado como o ex-presidente


10 set. 2025

Estadão Editorial 


Ao aceitar pagar o preço de se converter ao catolicismo para ser coroado rei da França, o protestante Henrique de Navarra, em 1593, saiuse com esta: “Paris bem vale uma missa”. E Jair Bolsonaro, vale uma missa?


Em outras palavras: vale a pena ampliar as tensões institucionais e paralisar o avanço de projetos importantes para o Brasil só para tentar livrar da cadeia um completo desqualificado como Bolsonaro?


Parte considerável do establishment político parece considerar que sim. Bolsonaro é muito útil para essa turma, pois desde as eleições de 2018 provou-se capaz de eleger muita gente só ao abrir a boca e declarar apoio. Nem sempre foi assim: recordese que na campanha de 2018, mesmo aparecendo bem nas pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro teve de se abrigar num partido nanico, o PSL, para disputar a Presidência, porque a maior parte do Centrão estava na coligação do tucano Geraldo Alckmin, que terminou o primeiro turno com vergonhosos 5% dos votos. Antes visto como tóxico, Bolsonaro, após o estrondoso triunfo de 2018, passou a ser tido como a grande liderança de uma direita que até então não se assumia publicamente como tal. Não é algo trivial, num país em que chamar alguém de direitista era (e para muita gente continua a ser) equivalente a xingar de reacionário e golpista.


Bolsonaro, portanto, foi uma espécie de libertação. Deu corpo e voz a uma multidão de eleitores que gostariam de se assumir orgulhosamente de direita e não tinham representantes na política tradicional que refletissem essa aspiração. Os partidos invertebrados que farejam o poder logo perceberam que havia um grande mercado do voto pronto para ser conquistado, e Bolsonaro era o produto ideal: boquirroto, indiferente a partidos e saudoso da ditadura militar – considerada uma “era de ouro” que precisava ser resgatada antes que a baderna esquerdista terminasse de destruir o Brasil. Quando se provou extremamente competitivo contra o demiurgo Lula da Silva e o poderoso PT, Bolsonaro ganhou status de “mito”, que conserva até hoje.


O problema de ganhar uma eleição para presidente, contudo, é que o vencedor precisa governar, e Bolsonaro até então havia sido apenas um deputado do baixíssimo clero que só administrava os lucrativos negócios da família com rachadinhas e compra e venda de imóveis em dinheiro vivo. Sem qualquer experiência executiva e sem nenhum cacoete democrático, Bolsonaro não passou de um histrião, incapaz de articular qualquer pensamento coerente para conduzir o Brasil. O resultado disso foi um governo desastroso, irresponsável durante a pandemia e que não entregou quase nada do que prometeu, notabilizando-se apenas pelas crises institucionais que criou. De quebra, ressuscitou Lula da Silva.


Sua grande marca no governo foi o golpismo, do qual resultaram os planos para se aferrar ao poder com a ajuda de militares, culminando no famigerado 8 de Janeiro. Só isso deveria bastar para desmoralizar Bolsonaro perante os partidos que, malgrado tenham lucrado muito ao se associarem ao expresidente, bem ou mal precisam da plena democracia para existir e atuar. Hoje, estar com Bolsonaro equivale a considerar a ruptura democrática como algo moralmente aceitável.


Definitivamente, Bolsonaro não vale essa missa. Mas, ao que consta, ganhou impulso a pressão política pela aprovação de uma anistia ao ex-presidente, ao mesmo tempo que cresce no Congresso a ameaça de emparedar ministros do Supremo Tribunal Federal. Ou seja, pretende-se perdoar um golpista declarado, que nada de bom fez para o País, e punir os magistrados que, malgrado seus abusos e erros, fizeram seu trabalho em defesa da democracia.


Aqui não cabe ingenuidade: nenhum dos empenhados em livrar Bolsonaro e em constranger o Supremo está minimamente interessado em preservar a democracia e as liberdades. O que eles querem é conservar o potencial eleitoral que a marca Bolsonaro representa – e, de quebra, impedir que o Supremo complique a vida dos muitos parlamentares que se lambuzam de emendas ao Orçamento sem prestar contas a ninguém. •

Produtividade é a saída

  O mundo está girando (e rápido): o Brasil vai acompanhar ou ficar para trás? 🌎🇧🇷 Acabei de ler uma análise excelente de Marcello Estevã...