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Josué Leonel

 *Cinco assuntos quentes para o Brasil na próxima semana*


Por Josue Leonel


(Bloomberg) -- A próxima semana será guiada por dados econômicos relevantes para as expectativas sobre as taxas de juros no Brasil e no exterior, em meio à tensão política em Brasília. O PIB brasileiro deve ajustar expectativas para o Copom de dezembro, após sinais mais duros do Banco Central e indicadores mistos de emprego. No câmbio, mercado monitora o volume da rolagem de swaps e o pico sazonal de remessas. Indicadores nos EUA, fala de Jerome Powell e decisão da Opep+ sobre petróleo também estarão no radar, em semana que terá ainda o sorteio da Copa do Mundo. Veja destaques:


*PIB e apostas para o Copom*


O PIB do terceiro trimestre sai na próxima semana e deve confirmar desaceleração moderada da atividade, mantendo a avaliação de que a economia ainda opera aquecida. A divulgação ocorre após dados contraditórios do mercado de trabalho e depois das falas mais duras do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que reduziram a precificação de corte da Selic no início de 2026. Além do PIB, saem dados da indústria e expectativas da pesquisa Focus, que também podem ser relevantes para calibrar as apostas na decisão da próxima reunião de política monetária do BC, entre os dias 9 e 10 de dezembro.


*Swaps cambiais e remessas*


O Banco Central definiu que iniciará em 1º de dezembro a rolagem dos swaps que vencem em janeiro e afirmou que ajustará o volume diário conforme a demanda. O mercado ficará de olho no volume dos leilões. No encerramento da rolagem anterior, o BC elevou o volume para 50.000 contratos, indicando rolagem quase integral do vencimento. A rolagem vinha antes sendo feita regularmente com volume de 45.000 swaps. O vencimento total de 2 de janeiro é de 656.000 contratos. O câmbio enfrenta a pressão sazonal de dezembro, mês de fortes remessas de lucros e dividendos — que podem chegar a até US$ 10 bilhões, segundo analistas — ampliadas por debates tributários e pela proximidade do ciclo eleitoral. O fluxo pode aumentar a volatilidade do real e exigir atuações pontuais do BC.


*Dados nos EUA e China, Powell*


Nos EUA, os próximos dias trarão informações importantes para balizar as expectativas de corte de juros do Federal Reserve em dezembro, com destaque para os indicadores de atividade ISM e para os índices de preços PCE e PPI. No fim de semana, também começa o período de silêncio do banco central americano. Na segunda-feira, o presidente do Fed, Jerome Powell, participa de evento. Na China, os PMIs oficiais e privados indicarão a força da recuperação, com impacto direto sobre os preços de commodities. Outro destaque, em 5 de dezembro, é o sorteio para a Copa do Mundo, que será sediada nos três países da América do Norte. A presidente mexicana Cláudia Sheinbaum disse que seu primeiro encontro cara a cara com Donald Trump pode acontecer durante o sorteio, em Washington. Ela afirmou nesta quinta-feira que aguarda o presidente dos EUA e o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, confirmarem presença no sorteio antes de decidir se irá comparecer.


*Petróleo e risco geopolítico*


A Opep+ se reúne neste final de semana para discutir ajustes de capacidade e possíveis cortes adicionais para conter a queda do petróleo. Os delegados afirmaram que os países do grupo provavelmente manterão a decisão de suspender o aumento da produção de petróleo no início de 2026. O mercado também acompanha as negociações entre Rússia e Ucrânia, que podem mexer com os preços da commodity. Um possível acordo de paz entre os países pode ter repercussões significativas para o mercado de petróleo, já que qualquer flexibilização das sanções ocidentais abriria espaço para liberar o fornecimento russo, elevando ainda mais oferta.


*Governo x Congresso*


O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta crescente desgaste na relação com o Congresso, que culminou na derrubada de uma série de vetos presidenciais. A tensão foi agravada pela resistência do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, à indicação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal, além da insatisfação com a distribuição de emendas parlamentares, segundo pessoas com conhecimento do assunto. O governo tenta adiar a sabatina, programada para o dia 10, diante do risco de rejeição, dizem os jornais. As articulações para 2026 também têm peso no cenário político, com os partidos do centrão de olho em uma candidatura da oposição liderada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

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