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Dan Kawa

 EUA: Sinais de Fadiga

By Dan Kawa
10Nov25

A semana começa com algum alívio nos mercados. No domingo, surgiram sinais de que a paralisação do governo americano pode ser equacionada, reduzindo o risco de impacto mais prolongado sobre a economia dos EUA. A notícia tem contribuído para uma abertura positiva dos ativos de risco nesta segunda-feira.

Como mencionei no sábado (aqui: https://lnkd.in/dACbEJZy), os mercados vinham mostrando sinais de fadiga. Após um corte de juros acompanhado de discurso ainda duro do Fed, surgiram dúvidas sobre os gastos em IA, ruídos políticos em torno das tarifas e uma posição técnica mais congestionada — fatores que limitaram o ímpeto de alta, ainda que de forma pontual.

Os dados divulgados na sexta-feira reforçaram a leitura de uma desaceleração mais estrutural da economia americana: aumento nas demissões e forte queda na confiança do consumidor. São sinais de que o mercado de trabalho americano começa a ajustar o ritmo, o que tende a manter o debate sobre o real estágio do ciclo econômico.

A temporada de resultados corporativos nos EUA segue sólida — lucros e receitas continuam superando as expectativas —, mas o mercado começa a premiar disciplina e punir o excesso. Liquidez ainda não falta, mas a alavancagem e a concentração de posições mostram sinais de cansaço. O movimento recente em tecnologia e IA ilustra bem esse momento: menos euforia, mais seletividade.

À medida que o ano se aproxima do fim, o mercado parece entrar em um modo “comprado, porém mais cauteloso”. Há rotação entre estilos, com o fator valor voltando a ganhar relevância e maior ênfase em empresas de qualidade e boa execução. O ambiente parece se tornar mais propício à diferenciação e à volta dos fundamentos — um terreno fértil para o stock picking.

No Brasil, o foco segue voltado para o tema eleitoral, agora com novos rumores em torno de uma potencial candidatura de Tarcísio de Freitas à presidência em 2026 (aqui: https://lnkd.in/dU8VjBg3). No campo corporativo, os resultados seguem saudáveis e ajudam a sustentar o mercado local.

No geral, seguimos em um cenário de transição: crescimento moderado, lucros em alta e uma economia que tenta manter o ritmo — menos por velocidade, mais por cadência.

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