quarta-feira, 29 de outubro de 2025

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: Fed está dado, mas Powell gera expectativa*


Wall Street espera os balanços de três magníficas após o fechamento: Meta, Alphabet e Microsoft. Na B3, tem Bradesco e Santander


… Antes uma notícia importante de ontem à noite: o Senado americano derrubou o tarifaço contra o Brasil. Se isso é bom ou vai irritar Trump, que agora está de boa com Lula, é o que se verá. De qualquer modo, não é pra valer, e hoje o dia é do Fed. O mercado em peso aposta no corte de mais 25pbs do juro (15h). A expectativa é para Powell (15h30), que pode quebrar o paradigma de cautela e sinalizar nova queda em dezembro. No cenário de fundo, o investidor conta as horas para o acordo EUA-China, enquanto Wall Street espera os balanços de três magníficas após o fechamento: Meta, Alphabet e Microsoft. Na B3, tem Bradesco e Santander. A agenda de indicadores fica em segundo plano.


FED CORTA O JURO – O mercado inteiro aposta todas as fichas na queda da taxa de juros, projetando esse resultado em 99,5% no CME Group, apesar do apagão de dados com o shutdown, que impediu a divulgação do payroll, do PCE e do PIB/3Tri.


… A convicção dos investidores vem desde os relatórios de emprego de julho e agosto, especialmente, desde o Simpósio de Jackson Hole, quando Powell deixou clara a inflexão da política monetária, admitindo a preocupação do Fed com o mercado de trabalho.


… Ainda que os dirigentes do BC americano tenham mantido um discurso cauteloso sobre a inflação, que continua elevada e acima da meta, o emprego passou a ser a prioridade. O corte de hoje será o segundo consecutivo, levando o juro para a faixa entre 3,75% e 4%.


… Na semana passada, o CPI de setembro, divulgado como exceção em meio ao apagão de dados, reforçou as expectativas de corte, vindo abaixo do esperado. O grande suspense é Powell, que pode esvaziar as apostas em nova queda de 25pbs na última reunião do ano.


… Em Wall Street, há especulações de que o Fed pode anunciar também o fim do processo de redução do seu trilionário balanço de ativos.


… Na véspera da reunião, o presidente Trump voltou a criticar Powell em uma reunião com empresários na Ásia, repetindo que o Fed tem hoje um “chefe incompetente”, mas que ele logo sairá de lá. O mandato de Jerome Powell vai até maio do ano que vem.


TRUMP E XI – Com as pontas amarradas em negociações preliminares que aconteceram na Ásia nos últimos dias, o encontro entre os dois presidentes desperta grande otimismo de que um acordo comercial será fechado entre os Estados Unidos e a China.


… No WSJ, Trump e Xi Jinping discutirão a redução de tarifas em troca do compromisso de Pequim em coibir exportações de fentanil.


… Segundo reportagem do Journal, os Estados Unidos poderiam reduzir à metade a taxa de 20% imposta em retaliação à exportação de produtos químicos chineses para a fabricação de fentanil e, em troca, os chineses retomariam as compras de soja americana.


… O acordo suspenderia potenciais novas tarifas dos Estados Unidos e adiaria os controles de exportação de terras raras da China.


… A bordo do Air Force One, no trajeto ontem à noite entre o Japão e a Coreia do Sul, Trump disse a jornalistas ter uma “relação muito boa” com a China e adiantou que “muitos problemas serão resolvidos” no encontro com Xi.


SURPRESA NO SENADO – Justo quando Lula reabriu um canal de diálogo com Trump, com boas chances de conseguir a revisão das sobretaxas de 50%, o Senado americano decide aprovar uma resolução revogando o tarifaço aos produtos brasileiros.


… Desafiando a orientação do vice-presidente J.D. Vance, cinco senadores republicanos uniram-se aos democratas para aprovar a medida, que contesta o uso de poderes emergenciais do presidente Trump para implementar as chamadas tarifas recíprocas.


… Apesar de aprovada no Senado, a resolução deve ficar parada na Câmara, após deputados republicanos terem votado, recentemente, um compromisso de não considerar projetos sobre as tarifas comerciais até o início de 2026.


… Algumas análises vão no sentido de que os democratas apenas quiseram provar que Trump não tem o apoio de todo o seu partido em sua política tarifária. Novos projetos sobre tarifas podem ser votados no Senado esta semana, inclusive sobre o Canadá.


… O fato é que mesmo se a legislação fosse aprovada agora pela Câmara, Trump ainda poderia vetar, o que provavelmente faria.


… Mais importante é a decisão da Suprema Corte, que analisará em breve a autoridade de Trump para implementar tarifas abrangentes.


BALANÇOS – Depois de entusiasmarem as bolsas em Nova York, nesta terça-feira (abaixo), as techs continuam no foco, com os balanços da Meta (previsão de lucro/ação de US$ 6,72), Microsoft (US$ 3,60/ação) e Alphabet (US$ 2,26/ação) – as três após o fechamento.


… Antes da abertura, saem Boeing (US$ 5,16), Verizon (US$ 1,19) e Caterpillar (US$ 4,53) – previsões da FactSet.


… Na B3, o mercado espera que o Bradesco divulgue lucro de R$ 6,303 bilhões no terceiro trimestre, segundo o Broadcast. Se confirmado, o resultado representará crescimento de 20,6% contra igual intervalo de 2024. O resultado sai após o fechamento.


… Já o Santander, antes da abertura, deve registrar lucro trimestral líquido de R$ 3,726 bilhões, leve melhora de 1,9% na base anual.


… Ainda hoje, após o fechamento, saem os balanços de Isa Energia, Kepler Weber e Motiva.


AFTER HOURS – Divulgado ontem à noite, o balanço da Visa reportou lucro líquido de US$ 5,09 bilhões no quarto trimestre fiscal de 2025, uma queda de 4% em relação a igual período de 2026. O lucro/ação foi de US$ 2,98, pouco acima da previsão da FactSet (US$ 2,97).


… Nas negociações do pós-mercado em Nova York, as ações da Visa fecharam em alta de 0,44%.


ISENÇÃO DO IR – Relator da matéria no Senado, Renan Calheiros continua esperando da Fazenda a atualização do impacto do projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil/mês, que, segundo ele, comprometeu a neutralidade fiscal na Câmara.


… Renan disse ontem que trabalha com ajustes no texto, aprovado por unanimidade pelos deputados, mas voltou a garantir que as mudanças que pretende fazer não levarão a matéria de volta para a Câmara. “Meu compromisso é que vá direto à sanção presidencial.”


… O senador antecipou que as mudanças devem envolver emendas de redação, supressão de matérias ou o desmembramento do projeto, com a opção de votar o texto como aprovado na Câmara e apresentar outro projeto para compensar eventuais desequilíbrios.


… Haddad informou que a Fazenda vai reavaliar o impacto fiscal e estudar a necessidade de nova compensação, prometendo uma definição ainda nesta quarta-feira. Aos jornalistas, disse acreditar que, “na pior das hipóteses, o projeto está próximo do equilíbrio”.


… De acordo com estudo da Instituição Fiscal Independente (IFI), da forma como está, o texto gera R$ 1 bilhão de déficit por ano.


… Não há data ainda para a votação da isenção do IR no Senado, mas Renan admitiu que, se o relatório for apresentado esta semana, pode ser discutido na Comissão de Assuntos Econômicos e remetido para o plenário no mesmo dia, ou na semana seguinte.


MUDANÇA NA LDO –Davi Alcolumbre convocou para amanhã, quinta-feira, uma sessão conjunta do Congresso para analisar o projeto de lei que pede alterações na LDO de 2025, permitindo que a isenção do IR até R$ 5 mil/mês tenha validade por tempo indeterminado.


… A LDO determina que a criação de benefícios só pode valer por até cinco anos e, por isso, a necessidade de ajuste no texto.


MEDIDAS FISCAIS – O ministro Fernando Haddad confirmou que as propostas que foram derrubadas na MP do IOF serão incorporadas no projeto do deputado Juscelino Filho (PT), que trata da Regularização de Valores e Bens Móveis e Imóveis de pessoas físicas.


… O projeto incluiria medidas relacionadas ao Pé-de-Meia, seguro-defeso e ao Atestmed, com expectativa de votação ainda nesta semana.


… Já o aumento de impostos para as bets e criptoativos deve ser adicionado na MP do Gás do Povo, relatado pelo deputado Hugo Leal (PSD), segundo apurou o Valor. As propostas serviriam como compensação para o programa, que tem impacto fiscal de R$ 8 bilhões.


… A tributação das bets seguiria o modelo original proposto pelo governo, com elevação de 12% para 18%.


SETOR ELÉTRICO – O relator da MP que estabelece novas regras para o setor elétrico, senador Eduardo Braga (MDB), manteve em seu relatório a criação de um teto para os subsídios embutidos nas tarifas de energia.


… Diferentemente da proposta do governo, que atrelava o limite ao orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) de 2026, ainda indefinido, Braga optou por vinculá-lo ao orçamento deste ano, que chegou quase a R$ 50 bilhões.


… O parecer foi apresentado na comissão mista, que deve retomar a sessão nesta manhã para discussão e votação da matéria.


… No Estadão, Braga reintroduziu os “jabutis” que atendem a segmentos selecionados do setor de energia e têm como consequência encarecer as contas de luz, com a proposta de uma nova alteração da lei da privatização Eletrobras, de 2021.


… Dessa forma, abre espaço às termelétricas movidas a gás natural e a carvão para manter seus nacos na venda de energia aos consumidores.


DANÇA DAS CADEIRAS – Fontes do mercado ouvidas pela Broadcast acreditam que o BC pode buscar uma solução caseira para substituir Guillen e Renato Gomes, que deixarão os seus cargos de diretores no final deste ano.


… Picchetti, responsável por Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos, é cotado para assumir a Política Econômica de Guillen. Para a vaga de Gomes, outro nome do BC: o secretário-executivo Rogério Lucca.


MAIS AGENDA – O BC divulga a nota de crédito de setembro (8h30) e o fluxo cambial semanal (14h30). Também às 14h30, o Tesouro solta o relatório mensal da dívida pública relativo de setembro, que será comentado às 15h.


LÁ FORA – Antes da decisão do Fed, saem nos Estados Unidos as vendas de imóveis pendentes em setembro (11h) e os estoques semanais de petróleo do DoE (11h30), que devem registrar queda de 200 mil barris.


… O BC do Canadá BC divulga decisão de política monetária às 10h45 e deve baixar o juro em 25pbs, para 2,25%.


NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESTE PAÍS – Testando novamente a rotina de recordes, o Ibovespa superou a marca inédita dos 147 mil pontos, com três principais drivers no radar: juros, balanços e esperança de trégua tarifária.


… O Brasil opera na expectativa de reversão do tarifaço e também o encontro marcado de Xi Jinping com Trump amanhã renova a percepção de que os Estados Unidos possam estar dispostos a pegar mais leve no protecionismo.


… Além dos gestos de aproximação diplomática, o ciclo de corte de juro pelo Fed e as apostas cada vez mais amplas de que o Copom pode antecipar um alívio da Selic para janeiro ajudam a embalar a bolsa aos picos históricos.


… Entra ainda no radar a safra dos balanços. Na véspera de seu balanço, Bradesco ON registrou valorização de 0,45% (R$ 15,61). Já Bradesco PN ficou praticamente estável (+0,05%), a R$ 18,24, e Santander caiu 0,14%, a R$ 29,36.


… Itaú subiu 0,34% e fechou na máxima do dia, a R$ 38,48, enquanto BB ON engatou alta de 0,53%, para R$ 20,96.


… Em seu 16º recorde do ano, o Ibovespa terminou o dia subindo 0,31%, a 147.428,90 pontos, com giro de R$ 20,4 bilhões. O índice se afastou da máxima intraday de 147.811 pontos e perdeu fôlego na última meia hora de pregão.


… A desaceleração do ritmo foi atribuída à queda expressiva do petróleo. O Brent para dezembro caiu 1,86%, a US$ 64,40, de olho na Opep+, que deve decidir no domingo por um novo aumento na produção, de 137 mil barris.


… A oferta, no entanto, é considerada moderada, o que leva a crer que o barril pode estar se valendo de pretextos para continuar realizando lucro, depois do salto superior a 7% na semana passada com as sanções ao petróleo russo.


… Petrobras perdeu tração e fechou praticamente estável: ON, +0,09%, a R$ 32,00; e PN, -0,03%, a R$ 29,99. Já Vale subiu 0,88% (R$ 62,20), na esteira da valorização de quase 2% do minério e na expectativa de seu balanço amanhã.


… Os papéis da MBRF ampliaram os ganhos da véspera, dispararam mais 15,62%, para R$ 18,50, e lideraram o ranking positivo do Ibovespa, impulsionados pela expansão da joint venture com o fundo soberano saudita (PIF).


… Em Nova York, a estrela do dia foi a Nvidia, com um rali de quase 5%, depois de uma série de anúncios de parcerias: com a Nokia, Oracle, Palantir, Uber, Eli Lilly e o Departamento de Energia dos Estados Unidos.


… O otimismo garantiu que as bolsas americanas subissem pelo quarto pregão seguido, renovando recordes: Dow Jones, +0,34% (47.706,37 pontos); S&P 500, +0,23% (6.890,89 pontos); e Nasdaq, +0,8%, aos 23.827,49 pontos.


DARLING – Ao Broadcast, o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, destacou o real como “campeão mundial” entre as principais moedas quando se observa o carry trade, com a melhor relação entre risco e retorno.


… Esta posição privilegiada tem tudo para ser reforçada hoje, quando o Fed não vai decepcionar a aposta super ampla de corte do juro, enquanto o Copom ainda deve levar mais algum tempo para abandonar o conservadorismo.


… O dólar à vista fechou ontem em leve baixa de 0,20% e voltou à faixa de R$ 5,35, cotado a R$ 5,3597, menor patamar em três semanas. Além do diferencial do juro, a expectativa positiva para Trump/Xi jogou a favor do câmbio.


… Os juros futuros, porém, operaram descolados do alívio do dólar, exibindo cansaço depois das quedas recentes.


… O contrato de DI para Jan/2027 avançou para 13,830% (contra 13,812% no pregão da véspera); Jan/29 subiu para 13,082% (de 13,020%); Jan/31 se ajustou para 13,365% (de 13,286%); e Jan/33 foi a 13,515% (de 13,525%).


… Lá fora, as taxas dos Treasuries exibiram queda limitada, no suspense se Powell vai sinalizar cortes em série do juro. O retorno da Note-2 anos caiu a 3,486%, de 3,501%, e o rendimento de 10 anos recuou a 3,976%, de 3,990%.


ARIGATÔ – O índice DXY registrou queda de 0,12%, a 98,667 pontos. O iene, que subiu 0,51%, a 152,00/US$, esteve no centro das atenções depois do encontro entre representantes do governo Trump com autoridades japonesas.


… Comentários do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, contra a “volatilidade excessiva da taxa de câmbio” indicaram a preferência de Washington por um dólar mais fraco, na interpretação de Danske Bank.


… A libra esterlina caiu 0,49%, para US$ 1,3277, em meio a ruídos fiscais no Reino Unido. Já o euro ficou estável (+0,06%), a US$ 1,1660, apesar Lagarde (BCE) ter dito que a inflação dos alimentos deve continuar diminuindo.  


COMPANHIAS ABERTAS – PETROBRAS espera ter em breve uma conclusão sobre entraves societários na Braskem, segundo o diretor de processos industriais da estatal, William França (Valor)…


… De acordo com ele, a companhia está próxima de conseguir um acordo junto à Novonor (antiga Odebrecht) e os bancos para que haja a reestruturação da petroquímica e novo acordo de acionistas.


PRIO. Conselho de Administração aprovou, em 21 de outubro, aumento de capital social de R$ 2 bilhões, mediante a capitalização de recursos alocados na reserva de lucros denominada de “reserva de investimentos”…


… Após a operação, o capital social da companhia será de R$ 15,73 bilhões.


FLEURY anunciou a compra do Laboratório São Lucas (LSL), em Rio Claro (SP), por R$ 34 milhões.


HYPERA registrou lucro atribuído aos controladores de R$ 457,6 milhões no terceiro trimestre, alta anual de 21,6%. Ebitda somou R$ 759,7 milhões, crescimento de 35,3% em relação ao mesmo período de 2024.


NUBANK atingiu valor de mercado de US$ 76,97 bilhões ontem, superando a Petrobras (US$ 74,50 bilhões) e se tornando a empresa mais valiosa do Brasil.


AÉREAS. A Câmara aprovou emenda que retoma a gratuidade do despacho de bagagem de até 23 quilos em voos domésticos ou internacionais operados em território nacional e veda a cobrança por marcação de assento padrão.

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: Hoje é o dia da Fed, e amanhã de Trump/Xi sobre comércio. E continua o fluxo de resultados corporativos, com um saldo em Wall St. de +14,1% vs. +8,5% (EPS), o que significa que desacelera um pouco. Nas últimas horas, o tom foi misto: Hynix (semis, Coreia) bate e afirma que a procura supera a sua capacidade de produção (sobe +7%), ASMI resultados bons, mas guidance e pedidos fracos por China (ADR -7%), Santander bate e confirma guidance, Mercedes maus resultados, mas menos do que o esperado (Vendas -6,9%; BNA -32,3%), BASF resultados mistos, Endesa bate, Ferrovial um pouco débil… e Nokia subiu ontem +21% após Nvidia anunciar que comprou 2,9%. 


Os futuros europeus vêm um pouco fracos (-0,1%/-0,2%), mas os americanos sobem (+0,2%/+0,4%). As obrigações sem grandes mudanças. Apoiadas, embora tenham ganho um pouco de yield (retrocesso em preços) nas últimas horas. Parece que o ouro descansará um tempo abaixo de 4.000 $/onça após a recente realização de lucros, e o petróleo continua em níveis muito confortáveis para a economia mundial (60/65 $/barril).


O Canadá irá baixar taxas de juros às 13: 45 h (-25 p.b., até 2,75%) e depois (18 h) também a Fed (-25 p.b. até 3,75/4,00%), sendo a abordagem de Powell o mais relevante. Perante a ausência de indicadores macro americanos devido ao encerramento parcial do governo, deverá confirmar o seu recente movimento para uma atitude mais dovish/suave e talvez esclarecer se a redução do balanço será ou não mais lenta, inclusive se, como pareceu expressar-se num discurso a 14 de outubro, a Fed está perto de ter terminado esse processo de redução. Porque quanto menos ou mais lentamente reduza o balanço, mais dovish/suave será a sua política monetária e mais agradavelmente será recebido pelo mercado. Esta é a chave hoje, que chegará com a Europa já fechada. E amanhã, a reunião Trump/Xi sobre comércio, que provavelmente terminará de forma ambígua, mas não destrutiva, com a China a aparentar ceder na exportação de terras raras e os EUA a referirem uma extensão da trégua atual em relação à aplicação de 100% de impostos alfandegários sobre a China. Os gestos de ambas as partes antes da reunião parecem indicar esse caminho de desescalada, embora instável: China comprou a primeira soja americana da colheita deste ano, e Trump afirmou que irá falar com Xi sobre o chip Blackwell de Nvidia. Embora também a China tenha dito que não renuncia de forma alguma a usar a força sobre Taiwan. Poderíamos dizer que se trata de uma tentativa de reequilíbrio que, a qualquer momento, pode desequilibrar-se.


NY +0,3% US tech +0,7% US semis +0,4% UEM -0,1% España +0,5% VIX 16,4% Bund 2,61% T-Note 3,98% Spread 2A-10A USA=+48pb B10A: ESP 3,13% PT 2,99% FRA 3,42% ITA 3,39% Euribor 12m 2,195% (fut.2,292%) USD 1,163 JPY 177,0 Ouro 3.980$ Brent 64,5$ WTI 60,3$ Bitcoin -0,7% (113.132$) Ether -1,8% (4.025$)


CONCLUSÃO: A Fed decidirá a sessão, embora as empresas americanas grandes que publicam também influenciarão muito: Microsoft, Starbucks, Alphabet, Meta, Ebay… Por isso, será uma sessão mais durante a tarde do que de manhã. Assim, a manhã europeia estará um pouco desorientada, embora seja provável que evolue desde débil para melhor. E o desenvolvimento da tarde não deverá ser mau, porque a Fed irá baixar taxas de juros e mostrar-se mais dovish/suave, talvez até esclareça algo sobre o seu saldo, embora este último seja apostar às cegas. Isso significa que Nova Iorque poderá subir um pouco (+0,5%?), mas perdendo vontade no final da sessão, porque será imposta alguma cautela em relação à reunião EUA/China. Mas, caso se desmarque desse padrão estimado, será mais provavelmente para melhor, para subir.


FIM

terça-feira, 28 de outubro de 2025

Diário de um Economista de Mercado 2810

Diário de um economista de mercado

Mais um dia de risk on nos mercados, 2810


1. Amanhecemos nesta terça-feira 28 repercutindo os avanços nas negociações tarifárias entre Donald Trump e Lula da Silva, abrindo-se uma boa perspectiva para o encontro entre Trump e Xi Jingping na Coréia do Sul na quinta-feira 30. Se estabelece a estratégia, para muitos, meio caótica, de Trump, de endurecer e ir cedendo, no velho "morda e assopra". Dizem que é isso que fazemo os brokers do mercado imobiliário de Manhattan. Trump, nascido daí, não nega suas origens.


2. O mercado se anima também, principalmente, pela acachapante vitória nas eleições legislativas de domingo, do histriônico presidente da Argentina, Javier Milei, cheio de trejeitos, mas muito acertivo nas suas ações. Neste mundo aparente das esquerdas festivas pelo mundo, cheio de retóricas e "atitudes", é a pior das impressões. Mas o que vale são ações efetivas, não perfomances pirotécnicas. Vence a Argentina, que vem passando por uma faxina geral contra o populismo. E a inflação, neste outubro, devendo ficar abaixo de 2%. Milei obteve 107 cadeiras na Câmara, sendo 93 do seu partido e passou de 6 a 20 no Senado. Ganha mais tranquilidade para tocar suas reformas. E é um aviso ao populismo rastaquera destas plagas.


3. Populismo este que vem atrasando o Brasil há algumas décadas. Não tem jeito. O passado condena. Sabendo do histórico petista - Lava Jato, mensalão, esquemas com empreiteiras - como achar que agora vai ser diferente? Estão gastando muito com várias medidas parafiscais, como a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil, aumento nos gastos dos estados, maturação dos programas, "Gás para o povo", "Luz para todos", maior oferta de crédito, em especial, para a classe média, etc. Sem dúvida que estas medidas, imediatistas, de alcance limitado, possuem só um objetivo, a reeleição em outubro de 2026.


4. Enquanto isso, as despesas devem crescer bem mais neste segundo semestre, mesmo depois da austeridade inicial. Estimativas de mercado já indicam quem, despesas obrigatórias, depois de recuar 2,4% no primeiro semestre, devem crescer 11% no segundo, contra o mesmo período do ano passado. Já as discricionárias devem crescer 34,6% neste segundo, depois de recuar 20,6% no primeiro.


5. Isso nos ajuda a explicar uma dívida bruta, que se aproxima de 77,5% do PIB, depois de fechar 2022 a 71,7%, rumando a 80% nos próximos meses. E o pior é que já se fala em R$ 399 bilhões de despesas fora da meta fiscal em 2026, desmoralizando ainda mais o "arcabouço fiscal".


6. Como deve responder o BCB? Ingressar na farra populista ou assumir uma leitura mais responsável do momento economico? Embora Gabriel Galípolo se mostre cauteloso a cada declaração, meio desconfortável até, muito já se fala em início do ciclo de cortes da Selic na primeira Copom de janeiro de 2026.


7. Numa leitura atual, o câmbio se aprecia fortemente, já a R$ 4,35,13,5% neste ano. Ainda temos o preço da gasolina mais baixo. Para reforçar, na Focus, o IPCA passou de 4,70% para 4,56% neste ano, e 4,27% para 4,20% no ano que vem. Ainda, o IPCA-15 veio em 0,18% em outubro, mais baixo, depois de 0,24% em setembro. 


8. No futuro de DI, o de janeiro de 2029 passou de 13,46% há tres semanas, para 13,04% ontem, dia 27. 


Vamos monitorando.


 

Anderson Nunes

 *GASTOS FORA DO TETO CHEGAM A R$ 399 BI - MC 28/10/25*

*Por Anderson Nunes - Analista Político.*


O governo Lula 3 gastará ao menos R$ 399 bilhões fora das regras fiscais até 2026, minando a credibilidade econômica do país o que poderá forçar o Banco Central a manter os juros altos.


*A CONTA CHEGOU*


A expansão fiscal demonstra um forte viés de aumento da despesa pública, sem um esforço consistente para melhorar o quadro fiscal. O resultado é uma política frouxa que obriga o Banco Central a manter a Selic em 15% ao ano.


*DÍVIDA PÚBLICA EM ALTA*


O endividamento segue a mesma rota e já atinge 77,5% do PIB, acima dos 71,7% registrados no final de 2022. A trajetória ascendente não dá sinais de reversão e contrasta com a disciplina fiscal do primeiro mandato de Lula.


*LULA VOLTA AO BRASIL*


O presidente Lula desembarca hoje à noite em Brasília após seu tour pela Ásia. A reunião com Trump na Malásia foi vista como positiva, mas por enquanto é apenas retórica, e as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros continuam em vigor.


*"TAXA DA BLUSINHA" FREIA CONSUMO*


A desistência de compras em sites internacionais disparou de 13% para 38% após a criação do imposto de importação. A Câmara analisa hoje um projeto para restabelecer a isenção de US$ 50. Sendo sarcástico, quem poderia imaginar que taxar as "blusinhas" faria o desinteresse do consumidor. 


*GOVERNO FATIA PACOTE FISCAL NO CONGRESSO*


A Fazenda enviará projetos para substituir a MP 1.303, visando R$ 31,6 bilhões em 2026. As medidas incluem limites a compensações tributárias, novas regras do seguro-defeso e aumentos de impostos para fintechs e apostas.


*GOVERNO PODE "ENGAVETAR" PLP DO TARIFAÇO*


Diante da pressão da oposição, o governo avalia desistir do projeto que retirava gastos do tarifaço da meta fiscal. A manobra pragmática economizaria R$ 9,5 bilhões no apertado orçamento.


*ETANOL ENTRA NA MESA DE NEGOCIAÇÃO COM EUA*


O Brasil avalia reduzir a tarifa de importação do etanol americano, hoje em 18%. A medida busca destravar um acordo para que os EUA retirem sobretaxas atualmente aplicadas ao café e à carne brasileiros.


*TRUMP E XI SINALIZAM ACORDO*


Diplomatas dos EUA e China confirmam progresso significativo. O Secretário do Tesouro, Scott Bessent, indicou que tarifas de 100% e restrições estão "fora da mesa", enquanto Pequim pede "respeito mútuo" para destravar o diálogo.


*SUCESSÃO DE POWELL TEM CINCO FINALISTAS*


O Tesouro americano confirmou a lista final para o comando do Fed. Os nomes incluem os diretores do Fed Christopher Waller e Michelle Bowman, o ex-diretor Kevin Warsh, o economista Kevin Hassett e Rick Rieder, da BlackRock.


*RADAR CORPORATIVO*


1. BTG: O banco de investimentos lançou o BTG Pay, seu novo ecossistema de pagamentos, entrando na disputa das maquininhas de cartão.

2. Amazon: A gigante de tecnologia planeja demitir até 30.000 funcionários corporativos a partir de hoje para reduzir despesas.

3. Balanços: O mercado aguarda os resultados do terceiro trimestre de grandes nomes do setor financeiro, incluindo HSBC, Visa e PayPal.

4. NEOENERGIA: Lucro líquido sobe 10% no 3TRI, atingindo R$ 924 milhões, com Ebitda de R$ 3,39 bilhões (alta de 14%).

5. EQUATORIAL: Energia injetada cresce 3,1% no terceiro trimestre na comparação anual.

6. JSL & VAMOS: JSL firma contrato de R$ 74,67 milhões para locação de empilhadeiras da Vamos por 84 meses.

7. GAFISA: Fundos geridos pela Concórdia (Jaburá e Spinelli Alfa) anunciam a venda total de suas participações acionárias na companhia.


O Canal Auxiliando usa as seguintes fontes de notícias: 'Monitor do Mercado, BDM, Broadcast, Valor Econômico, Folha de São Paulo, Estadão, O Globo, BM&C, B3, Revista Oeste, Poder 360, Money Times, Agência CMA, Agência Brasil, Bloomberg, Infomoney, CNN, The Washington Post, The Wall Street Journal, Fox Business, Reuters, Oil Price, Investing e Yahoo Finance'.

Bankinter Portugal Matinal

 SESSÃO: As bolsas do mundo sincronizadas em máximos históricos. O ouro perde o nível psicológico de 4.000 $/onça e a bolsa espanhola finalmente recupera os níveis anteriores à Crise Financeira: 16.000 vs. 15.945. Foi a bolsa que mais demorou a recuperar e, por isso, tem tanta recuperação. É curioso que ser o último se apresente como um sucesso. Segundo os nossos cálculos, já não oferece potencial (avaliação 15.700). Isso, para começar a manhã com sinceridade. Mas as bolsas europeias, americanas e asiáticas marcaram novos máximos históricos. Todas as relevantes. Este é outro motivo pelo qual reafirmamos o que dissemos na Estratégia de Investimento Semanal de ontem: “o desenvolvimento semanal deverá ser mais benigno… embora nos sentíssemos mais tranquilos se simplesmente lateralizasse. Mas tememos que não é isso que irá acontecer, portanto, continuará a prolongar-se a cautela perante os níveis alcançados… sem que chega a acontecer nada por isso”. Oxalá consolidasse níveis, oxalá descansasse… mas receamos que isso não vai acontecer. Pode ser bom a curto prazo, mas talvez não tanto se considerarmos 2026. Veremos.


Ontem, saiu um IFO Clima Empresarial na Alemanha melhor do que o esperado (88,4 vs. 88,0 esperado vs. 87,7 anterior) e a bolsa argentina +22% de uma vez, com a vitória de Milei nas eleições de meio mandato. Hoje não sai macro relevante, mas continuarão a publicar muitas empresas. Esta manhã, BNP e Air Liquide dececionam com os seus resultados, mas Danone bate em Vendas (+4,8% vs. +4,4% esperado) e confirma guidance. Iberdrola bate e melhora guidance. Isto encaixa nas nossas recomendações: Vender BNP e Comprar Danone (+5,5% em outubro) e Iberdrola. Publicarão PayPal, UPS, UnitedHealth, HSBC, Ferrovial, ASMI e Visa. 


O novo Ministro da Economia japonês afirmou que um yen débil tem benefícios para a sua economia, portanto continua a retroceder até 152,3/$ e 177,5/€. As bolsas asiáticas realizaram alguns lucros esta madrugada, como reação natural à sincronização de novos máximos históricos das bolsas do mundo. Temos a sorte de o contemplar. Hoje deverão realizar alguns lucros antes de recuperar outro impulso amanhã, também pelo desenvolvimento provavelmente não destrutivo (pode ser esteticamente construtivo) da reunião entre Trump/Xi, na quinta-feira. 


NY +1,2% US tech +1,8% US semis +2,7% UEM +0,6% España +0,9% VIX 15,8% Bund 2,61% T-Note 3,98% Spread 2A-10A USA=+49pb B10A: ESP 3,14% PT 2,99% FRA 3,41% ITA 3,40% Euribor 12m 2,175% (fut.2,221%) USD 1,166 JPY 177,2 Ouro 3.945$ Brent 65,6$ WTI 61,3$ Bitcoin -1,1% (113.980$) Ether -1,2% (4.097$)


CONCLUSÃO: Só se pode dizer que não devemos nos deixar levar por um contexto favorável para a inflação nos preços dos ativos (bolsas, obrigações, imobiliário…) que se traduz num mercado disposto a interpretar em positivo o positivo, e a ignorar tanto o negativo como os riscos subjacentes (geoestratégia, fiscalidade ultra-laxa…). E assim continuará, porque os cálculos não alertam em relação a sobreavaliações claras, e é difícil encontrar alguma argumento sólido e objetivo que piore a situação. A realização de lucros de hoje provavelmente será efémera… dito isso, se lateralizar e consolidar até 31 de dezembro, seria melhor para 2026.


FIM

Disputa do Fed

 *Bessent anuncia os finalistas na disputa para presidência do Fed; saiba quem são*


O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, anunciou os cinco finalistas para suceder Jerome Powell na presidência do Federal Reserve, com nomeação esperada até o final do ano pelo presidente Donald Trump. Os candidatos incluem membros atuais do Fed, ex-membro, funcionários do governo e um executivo da BlackRock. Bessent pretende realizar mais uma rodada de entrevistas antes de apresentar sua indicação ao presidente. Trump criticou Powell, citando que acredita que ele prejudica a economia por não reduzir as taxas de juros, enquanto a expectativa é que o Fed corte as taxas em 25 pontos-base na reunião de política monetária que termina em 29 de novembro. O próximo presidente do Fed assumirá por um mandato de 14 anos, começando em fevereiro, e precisa ser confirmado pelo Senado, enfrentando debates sobre sua visão econômica, política monetária e independência do banco central. Powell, que termina seu mandato em maio, pode continuar como governador até 2028, e sua permanência poderá criar conflitos com o novo presidente do Fed. Atualmente, o Fomc enfrenta pressões devido à desaceleração do mercado de trabalho e preocupações com a inflação acima da meta, enquanto busca equilibrar cortes nas taxas de juros com sinais de forte crescimento econômico dos EUA no terceiro trimestre.


Fonte: https://valor.globo.com/financas/noticia/2025/10/27/bessent-anuncia-os-finalistas-na-disputa-para-a-presidencia-do-fed-saiba-quem-sao.ghtml

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: Mercados globais em modo risk on*


A expectativa positiva para um acordo entre Washington e Pequim sustenta um forte otimismo


… Com o sentimento de missão cumprida, Lula embarca de volta para o Brasil, enquanto Trump viaja a Tóquio para encontros com empresários japoneses e a primeira-ministra, Sanae Takaichi, antes da reunião com Xi Jinping, quinta-feira, na Coreia do Sul. A expectativa positiva para um acordo entre Washington e Pequim sustenta um forte movimento de risk on nos mercados globais, que se reproduz aqui, onde os investidores repercutem também as negociações retomadas com os Estados Unidos para a revisão do tarifaço. O otimismo é reforçado ainda pelo corte dos juros americanos esperado para amanhã, que impulsiona o câmbio e o Ibovespa.


EUA & CHINA – As notícias do fim de semana já eram boas, com as indicações do secretário do Tesouro, Scott Bessent, de que as preliminares com representantes chineses tinham “tirado da mesa” tanto as tarifas de 100% como as restrições à venda das terras raras.


… Nesta segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, confirmou o avanço nas negociações em Kuala Lumpur, na Malásia, divulgando um comunicado para afirmar que “as duas partes esclareceram suas posições e aprimoraram o entendimento mútuo”.


… Mencionando o “respeito mútuo”, ele disse que as relações bilaterais podem progredir desde que ambos os lados estejam “comprometidos em resolver conflitos por meio do diálogo e abandonem a prática de exercer pressão de forma arbitrária”.


… Já o presidente Trump disse que vê uma “boa chance” de fechar um acordo com Pequim, citando o desejo de visitar o país no início do próximo ano. “Tenho muito respeito pelo presidente Xi. Gosto dele, e acho que ele gosta de mim também. Ele respeita o nosso país.”


… A China também conversará esta semana com a União Europeia para tentar apaziguar a disputa comercial sobre terras raras. As restrições impostas por Pequim às exportações de minerais e chips essenciais prejudicariam a indústria automobilística europeia.


… Na Bloomberg, conversas preliminares ontem prepararam a chegada de uma delegação técnica chinesa de alto escalão na quinta (30).


BRASIL & EUA – Uma reunião entre negociadores dos dois países já começou a formatar os próximos passos das tratativas comerciais. O governo brasileiro deve enviar na semana que vem uma comissão de alto nível a Washington, incluindo Alckmin e Haddad.


… Trump elogiou Lula nesta segunda-feira, desejou a ele um Feliz Aniversário pelos 80 anos e comentou que está impressionado com seu “vigor”. O presidente Trump também completará 80 anos daqui a um mês e, segundo observadores, identifica-se com Lula, neste aspecto.


… Perguntado sobre um acordo com o Brasil, o presidente disse: “Tivemos uma ótima reunião, não sei se algo vai acontecer, vamos ver”.


… Em um dossiê entregue a Trump, Lula pediu uma trégua de 90 dias para as tarifas, que atingem 50%. Mas o pedido ainda não foi atendido.


… Lula também pediu o fim das sanções impostas pelos Estados Unidos contra autoridades brasileiras, entre elas a aplicação da Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes (STF) e a cassação de vistos da família do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.


… Embora nada de concreto tenha sido ainda anunciado, as entidades que representam setores afetados pelo tarifaço de Trump avaliam que a reabertura de diálogo, com viés estritamente técnico, é positiva e permitirá uma reavaliação das alíquotas impostas.


ETANOL – Na Folha, o governo brasileiro considera a possibilidade de reduzir a tarifa de importação de etanol dos Estados Unidos, atualmente em 18%, em troca da retirada da sobretaxa imposta pelos americanos ao café e carne brasileiros.


… A informação foi revelada por assessores do presidente Lula que acompanharam as conversas com o presidente Donald Trump.


AGENDA FISCAL – O governo deve enviar ao Congresso os projetos para garantir as receitas antes previstas na Medida Provisória (MP) 1.303, que trazia alternativas à alta do IOF, logo após a chegada do presidente Lula ao Brasil.


… Na semana passada, o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, adiantou que o governo deveria fatiar a MP em dois projetos. A ideia, segundo ele, é manter o volume de corte de despesas e arrecadação extra previstos com o texto, de R$ 31,6 bilhões em 2026.


… O deputado Kiko Celeguim (PT), relator do PL do Metanol, já havia incluído alguns pontos que constavam da MP em seu relatório, mas, nesta segunda-feira, o governo decidiu transferir as propostas para o projeto do deputado Juscelino Filho (União).


… O texto de Juscelino institui o Regime Especial de Atualização e Regularização Patrimonial e o objetivo dessa troca, segundo apurou o Broadcast Político, é “não misturar os temas de contenção de gastos e do metanol”, relacionado à falsificação de bebidas alcoólicas.


… Entre as medidas está o limite às compensações tributárias, com arrecadação prevista de R$ 10 bilhões este ano e R$ 10 bilhões em 2026.


… Ainda serão incorporados ao texto o endurecimento das regras do seguro-defeso e mudanças no Atestmed (licenças médicas sem perícia), além de um trecho que classifica as despesas com o programa Pé-de-Meia como parte do piso da Educação.


… No caso do Pé-de-Meia, o governo quer derrubar o limite de R$ 20 bilhões imposto à execução anual do programa, de forma a evitar que esse teto leve a cortes nos repasses para estudantes de baixa renda já em 2026, em pleno ano eleitoral.


… A equipe econômica ainda deve enviar ao Congresso pelo menos mais um Projeto de Lei, com medidas para turbinar as receitas, incluindo os aumentos da alíquota da CSLL para fintechs, da tributação das bets e da taxação dos Juros sobre o Capital Próprio (JCP).


MP DO TARIFAÇO – Com a pressão da oposição para aprovar destaques ao projeto de lei complementar que retira os gastos do tarifaço da meta de resultado primário, o governo já considera deixar a proposta de lado, sem insistir na aprovação, apurou o Valor.


… A avaliação é de que “engavetar” o PLP seria o caminho mais pragmático, em um contexto de Orçamento apertado, e permitiria economia de R$ 9,5 bilhões. O governo também deixaria caducar a MP que cria as linhas de crédito aos exportadores afetados pelo tarifaço americano.


AGENDA FRACA – Único destaque aqui é a balança comercial semanal (15h). Nos Estados Unidos, a Conference Board divulga a confiança do consumidor em outubro, às 11h. No final da tarde, às 18h, o BC do Chile decide juro.


… Entre os balanços, Hypera (aqui) e Visa (Nova York) vêm após o fechamento. Antes da abertura, saem Iberdrola, HSBC, UnitedHealth e BNP.


ARGENTINA – Os mercados financeiros reagiram com forte entusiasmo ao bom desempenho do partido do presidente Javier Milei nas eleições legislativas de meio de mandato, realizadas neste domingo, impulsionando uma onda de valorização nos ativos do país.


… Os títulos do governo subiram em todos os prazos, com os títulos denominados em dólares e vencimento em 2035 disparando mais de 20%. O peso argentino chegou a valorizar mais de 10%, com o dólar fechando a 1432,26 pesos, queda de 3,99%.


… A Bolsa de Valores de Buenos Aires registrou uma alta histórica, com o índice Merval saltando 21,8%, aos 2.529.084,12 pontos e, na Bolsa de Nova York, as ações argentinas que operam em Wall Street subiram quase 50%: BBVA, 42%, e Banco Supervielle, 49%.


… O partido de Milei obteve 40,74% dos votos para a Câmara. O mercado previa que a coalizão governista conquistaria 30% das cadeiras.


… Com 102 deputados e 20 senadores (contra apenas seis antes), Milei agora detém o capital político necessário para acelerar as reformas estruturais. Os resultados também devem ajudar a dissipar dúvidas sobre a continuidade do apoio crucial dos Estados Unidos.


… Pouco antes da eleição, Trump havia sinalizado que poderia retirar seu apoio se a agenda de Milei fosse derrotada.


… Os Estados Unidos ofereceram um socorro de US$ 20 bilhões para o BC argentino estabilizar o peso. Negociações com um grupo de bancos para um pacote adicional de financiamento de US$ 20 bilhões continuam sendo realizadas.


SÓ LOVE – Com Trump quebrando o gelo com o Brasil e a China, as bolsas aqui e em Nova York conquistaram as maiores pontuações da história e foi por pouco que o Ibovespa não cravou os 148 mil pontos no pico intraday.


… Além da esperança de alívio do tarifaço, o investidor opera animado pela chance de corte da Selic já em janeiro, o que projetou o índice à vista da bolsa doméstica aos 147.976,99 pontos no melhor momento do pregão de ontem.


… Teve marca inédita também no fechamento, aos 146.969,10 pontos, com ganho de 0,55% do Ibovespa, embora o volume financeiro fraco, de apenas R$ 16,5 bilhões, revele que o fluxo comprador não está com aquela energia toda.


… Reportagem do Broadcast aponta que as tensões comerciais de Washington com Pequim, além dos ruídos fiscais domésticos, desencadearam o pior outubro em seis anos para a B3 em termos de fuga dos investidores estrangeiros.


… Até a última quinta-feira, a retirada de capital externo no acumulado do mês estava em R$ 3,721 bilhões.


… Mas este quadro não chega a assustar, porque o contexto que se anuncia mais positivo, com os avanços diplomáticos entre os americanos e os chineses, além do Fed dovish, deve recuperar o apetite pelo Brasil.


… Diante deste horizonte promissor, especialistas consultados pelo Broadcast acreditam que, apesar das pressões sazonais de fim de ano das remessas ao exterior, o câmbio deve ter volatilidade mais moderada nesta reta final.


… Andrea Damico, economista-chefe da BuysideBrazil, lembra que 2024 foi atípico, quando as saídas totais atingiram mais de US$ 26 bilhões em dezembro, mais que o dobro do usual, levando o dólar a saltar para R$ 6,26 naquele mês.


… Àquela época, o movimento se deu em meio à tendência de alta externa da moeda americana e à leitura do analistas de que o pacote de contenção de gastos do governo era insuficiente para equilibrar as contas públicas.


… O fiscal doméstico persiste como desafio. Quanto à tendência externa do dólar, este tem sido um ano de enfraquecimento da moeda americana, diante da perspectiva de um ciclo de cortes em série do juro pelo Fed.


… Aliviando ontem as pressões, o dólar à vista fechou em queda de 0,41%, cotado a R$ 5,3703. Mas a semana ainda promete volatilidade no mercado cambial, diante da briga técnica em torno da Ptax, que será decidida na sexta-feira.


… Lá fora, o índice DXY registrou leve baixa de 0,13%, para 98,783 pontos. O iene ficou estável em 152,92/US$, o euro subiu 0,17%, negociado a US$ 1,1649, e a libra esterlina avançou 0,18% e fechou cotada a US$ 1,3335.


O PAI TÁ ON – No dia seguinte ao domingo “muito feliz”, nas palavras de Lula, após o encontro com Trump na Malásia, as ações das blue chips financeiras foram decisivas para impulsionar o Ibovespa aos topos históricos.  


… Além da perspectiva de corte da Selic em janeiro, de reavaliação do tarifaço contra o Brasil e de um acordo entre os americanos e chineses, a bolsa doméstica ainda é movida aos recordes pela temporada dos balanços corporativos.


… Amanhã, Bradesco e Santander soltam seus números. Às vésperas dos resultados, Bradesco PN registrou avanço de 0,83%, a R$ 18,23; Bradesco ON subiu 0,39%, para R$ 15,54; e Santander unit engatou alta de 1,00%, a R$ 29,40.


… Ainda no setor, destaque para a força dos papéis do Itaú (+0,84%; R$ 38,35) e do BB (ON, +1,61%; R$ 20,85).


… Também no campo positivo, Petrobras ON ganhou 0,69% (R$ 31,97) e PN, +0,54% (R$ 30,00), apesar da queda de 0,49% do Brent, a US$ 65,62. Após o rali de 7% semana passada, o barril realiza lucro com a menor tensão comercial.


… Segundo as agências internacionais, a Opep+ está inclinada a promover outro aumento modesto na produção global, de 137 mil barris, mesmo nível do último ajuste. O cartel deve se reunir no próximo domingo para decidir.


… Sem fôlego para seguir o salto de quase 2% do minério de ferro com a reaproximação entre Trump e a China, Vale ON caiu 0,11%, a R$ 61,66. Mas ainda tem gordura de sobra: sobe 7% no acumulado do mês e 20% no ano.


… Usiminas disparou 10,53%, para R$ 5,46, e liderou os ganhos do Ibovespa. Segundo analistas, a siderúrgica tende a ser uma das companhias mais beneficiadas com uma possível trégua tarifária dos americanos contra o Brasil.


… MBRF ocupou a segunda melhor colocação do dia (+6,45%, a R$ 16,00), com a notícia de que a empresa ampliou uma joint venture como o fundo soberano saudita (PIF), com previsão de IPO em Riad até o início de 2027.


… Em Nova York, a aposta de que Xi Jinping e Trump vão se entender levou as bolsas a renovarem as máximas históricas de fechamento pela segunda sessão consecutiva, com o S&P 500 superando a barreira dos 6.800 pontos.


… O índice subiu 1,23%, a 6.875,16 pontos. O Dow Jones ganhou 0,71%, aos 47.544,59 pontos; e o Nasdaq avançou 1,86%, para 23.637,46 pontos, já antecipando uma rodada positiva dos balanços das magníficas esta semana.


… Subiram Amazon (+1,23%), Microsoft (+1,51%), Meta (+1,69%), Apple (+2,28%) e Alphabet (+3,60%).


… Já os retornos dos Treasuries ficaram sem direção única. O juro da Note de 2 anos subiu a 3,512%, de 3,501% na sessão anterior, apesar das amplas apostas de dois cortes do juro pelo Fed no radar (amanhã e em dezembro).


… A taxa da Note de 10 anos caiu a 3,994%, contra 4,023%; e a do T-Bond de 30 anos recuou a 4,564%, de 4,604%.


TOP 5 – O secretário Scott Bessent (Tesouro) confirmou os cinco finalistas para suceder Powell no comando do Fed.


… São eles: os membros do conselho do Fed Christopher Waller e Michelle Bowman , o ex-governador do Fed Kevin Warsh, o diretor do Conselho Econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, e o executivo da BlackRock, Rick Rieder


… Bessent deve fazer nova peneira em uma rodada de entrevistas para apresentar uma lista mais enxuta a Trump após o feriado de Ação de Graças (27/11). O desejo é escolher o novo presidente do Fed antes de o ano acabar.


SÓ ASSISTIU – Apesar da tensão comercial mais pacificada e de mais uma onda de melhora nas expectativas de inflação no boletim Focus, a curva do DI deu sinais de esgotamento, depois de ter caído na semana passada inteira.


… A curva acompanhou à distância o otimismo generalizado e fechou com viés de alta nos contratos mais curtos.


… Jan/27 fechou a 13,835% (de 13,817%); e Jan/29, a 13,045% (de 13,036%). Já o Jan/31 caiu a 13,300% (de 13,314%); e Jan/33, a 13,470% (de 13,495%). A acomodação veio após o ânimo da semana passada com a inflação.


… A percepção positiva com a surpresa do IPCA-15 de outubro e o corte da gasolina apareceu no Focus: a mediana das apostas para a inflação deste ano caiu de 4,70% para 4,56%, já quase respeitando o teto da meta (4,5%).


… Para 2026, a estimativa caiu de 4,27% para 4,20%; para 2027, de 3,83% para 3,82%; e para 2028, de 3,60% para 3,54%. A mediana do relatório para a inflação suavizada nos próximos 12 meses diminuiu de 4,12% para 4,06%.


… Não será por isso que o BC antecipará o corte de juro para dezembro. Mas pode adiantar de março para janeiro.


COMPANHIAS ABERTAS – NEOENERGIA registrou lucro líquido de R$ 924 milhões no 3TRI, alta anual de 10%. O Ebitda somou R$ 3,388 bilhões, crescimento de 14% na comparação com o mesmo período de 2024.


EQUATORIAL encerrou o terceiro trimestre com 18.328 gigawatts-hora (GWh) de energia injetada, aumento de 3,1% na comparação anual.


JSL e VAMOS firmaram contrato de locação de frota de empilhadeiras pelo prazo de 84 meses, no valor total de R$ 74,67 milhões. Valor mensal devido pela JSL à Vamos será reajustado anualmente.


GAFISA comunicou que os fundos Jaburá e Spinelli Alfa, sob gestão da Concórdia, venderam integralmente as posições em ações da companhia.

Produtividade é a saída

  O mundo está girando (e rápido): o Brasil vai acompanhar ou ficar para trás? 🌎🇧🇷 Acabei de ler uma análise excelente de Marcello Estevã...