Diário de um economista de mercado
Mais um dia de risk on nos mercados, 2810
1. Amanhecemos nesta terça-feira 28 repercutindo os avanços nas negociações tarifárias entre Donald Trump e Lula da Silva, abrindo-se uma boa perspectiva para o encontro entre Trump e Xi Jingping na Coréia do Sul na quinta-feira 30. Se estabelece a estratégia, para muitos, meio caótica, de Trump, de endurecer e ir cedendo, no velho "morda e assopra". Dizem que é isso que fazemo os brokers do mercado imobiliário de Manhattan. Trump, nascido daí, não nega suas origens.
2. O mercado se anima também, principalmente, pela acachapante vitória nas eleições legislativas de domingo, do histriônico presidente da Argentina, Javier Milei, cheio de trejeitos, mas muito acertivo nas suas ações. Neste mundo aparente das esquerdas festivas pelo mundo, cheio de retóricas e "atitudes", é a pior das impressões. Mas o que vale são ações efetivas, não perfomances pirotécnicas. Vence a Argentina, que vem passando por uma faxina geral contra o populismo. E a inflação, neste outubro, devendo ficar abaixo de 2%. Milei obteve 107 cadeiras na Câmara, sendo 93 do seu partido e passou de 6 a 20 no Senado. Ganha mais tranquilidade para tocar suas reformas. E é um aviso ao populismo rastaquera destas plagas.
3. Populismo este que vem atrasando o Brasil há algumas décadas. Não tem jeito. O passado condena. Sabendo do histórico petista - Lava Jato, mensalão, esquemas com empreiteiras - como achar que agora vai ser diferente? Estão gastando muito com várias medidas parafiscais, como a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil, aumento nos gastos dos estados, maturação dos programas, "Gás para o povo", "Luz para todos", maior oferta de crédito, em especial, para a classe média, etc. Sem dúvida que estas medidas, imediatistas, de alcance limitado, possuem só um objetivo, a reeleição em outubro de 2026.
4. Enquanto isso, as despesas devem crescer bem mais neste segundo semestre, mesmo depois da austeridade inicial. Estimativas de mercado já indicam quem, despesas obrigatórias, depois de recuar 2,4% no primeiro semestre, devem crescer 11% no segundo, contra o mesmo período do ano passado. Já as discricionárias devem crescer 34,6% neste segundo, depois de recuar 20,6% no primeiro.
5. Isso nos ajuda a explicar uma dívida bruta, que se aproxima de 77,5% do PIB, depois de fechar 2022 a 71,7%, rumando a 80% nos próximos meses. E o pior é que já se fala em R$ 399 bilhões de despesas fora da meta fiscal em 2026, desmoralizando ainda mais o "arcabouço fiscal".
6. Como deve responder o BCB? Ingressar na farra populista ou assumir uma leitura mais responsável do momento economico? Embora Gabriel Galípolo se mostre cauteloso a cada declaração, meio desconfortável até, muito já se fala em início do ciclo de cortes da Selic na primeira Copom de janeiro de 2026.
7. Numa leitura atual, o câmbio se aprecia fortemente, já a R$ 4,35,13,5% neste ano. Ainda temos o preço da gasolina mais baixo. Para reforçar, na Focus, o IPCA passou de 4,70% para 4,56% neste ano, e 4,27% para 4,20% no ano que vem. Ainda, o IPCA-15 veio em 0,18% em outubro, mais baixo, depois de 0,24% em setembro.
8. No futuro de DI, o de janeiro de 2029 passou de 13,46% há tres semanas, para 13,04% ontem, dia 27.
Vamos monitorando.
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