segunda-feira, 22 de setembro de 2025

BDM Matinal Riscala

 BDM - Bom Dia Mercado

21 de setembro de 2025

… Semana tem agenda cheia, com PIB, PCE e PMIs nos Estados Unidos e Zona do Euro, e, aqui, ata do Copom e Relatório de Política Monetária, além do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas e IPCA-15. Também a política é movimentada, a começar pelo discurso de Lula na abertura da Assembleia Geral da ONU, amanhã, e a expectativa em relação à ameaça da Casa Branca de anunciar medidas adicionais contra o Brasil. Já o Congresso pode avançar em pautas econômicas importantes, como a isenção do IR, a MP do tarifaço e a segunda parte da regulamentação da reforma tributária. Em paralelo, a Oposição ainda agita com a PEC da Blindagem e a Lei da Anistia.


EUA ATENTOS A DADOS – Após Powell dar alertas de preocupação sobre a inflação, dizendo que as decisões dos juros serão tomadas reunião a reunião, os mercados em NY esperam pela leitura final do PIB/3Tri (quinta-feira) e, principalmente, pelo PCE (sexta-feira).


… O tom de cautela do presidente do Fed esvaziou o entusiasmo com as projeções de mais dois cortes de juro este ano, diante dos riscos de que o impacto das tarifas sobre os preços possa se tornar duradouro, impondo um ritmo mais lento para o afrouxamento em 2026.


… Outro ponto de atenção são as falas dos Fed boys, em especial, do diretor recém indicado por Trump, Stephen Miran, que participa de evento nesta segunda-feira (13h). Ele foi o único voto por um corte de 50pbs na reunião do Fomc.


… Muitos outros dirigentes do Fed falam esta semana, incluindo Jerome Powell, amanhã (terça-feira), que sempre pode influenciar os negócios. Ainda hoje, têm discursos previstos de Alberto Musalem (11h), Tom Barkin e Beth Hammach (13h).


… Amanhã, terça-feira, serão conhecidas as primeiras leituras dos PMIs dos Estados Unidos, da Zona do Euro, do Japão e do Reino Unido.


CHINA HOJE – PBoC manteve a taxa para empréstimos (LPR) de 1 ano em 3% e de 5 anos em 3,5%.


SHUTDOWN – O Senado americano rejeitou na sexta-feira projetos tanto de democratas como de republicanos para financiar as agências federais, aumentando a possibilidade de uma paralisação parcial do governo em 1º de outubro.


… Trump disse que continuará conversando com a oposição, mas duvida que o impasse político seja vencido. “Podemos acabar com o país fechado por algum tempo”, afirmou, em coletiva no Salão Oval da Casa Branca.


NO BRASIL – Os juros também ficam no foco com a ata Copom, na terça-feira, e o Relatório de Política Monetária/3Tri, na quinta, acompanhado por uma coletiva de Gabriel Galípolo e do diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen.


… Entre os indicadores, o IPCA-15 de setembro (também na quinta) deve ficar no radar do mercado, assim como os dados do setor externo de agosto (sexta-feira), após a piora no déficit em conta corrente. Além disso, está prevista reunião do CMN (quinta-feira).


… O 4º Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas será divulgado hoje à tarde pela equipe econômica, com expectativa de aumento no montante bloqueado do orçamento em face do crescimento das despesas obrigatórias.


… A mediana do mercado apurada pelo Broadcast indica um congelamento (soma de valores bloqueados e contingenciados) de R$ 10,7 bilhões, ou seja, sem contenções adicionais em relação ao que foi anunciado em julho.


… As casas também esperam manutenção do contingenciamento zero, dado o bom desempenho das receitas no ano até aqui. A projeção é de déficit primário de 0,15% do PIB este ano, dentro da faixa de tolerância da meta do arcabouço fiscal.


… Ainda sem data prevista, a Receita Federal também deve divulgar os dados da arrecadação do mês de agosto.


… Hoje, o Boletim Focus (8h35) mostra o ritmo de redução da projeção do IPCA para 2027 em direção ao centro da meta de 3%.


LULA NA ONU – O presidente embarcou para Nova York, neste domingo, para participar da assembleia geral da ONU. Como é tradição desde 1955, o Brasil faz todos os anos o discurso de abertura, seguido do discurso do presidente dos Estados Unidos.


… Não há previsão de uma reunião entre Lula e Trump, embora possa haver um encontro dos dois líderes nos bastidores.


… Será a primeira vez que o presidente brasileiro estará no mesmo ambiente que Donald Trump, desde que ele voltou à Casa Branca e impôs tarifas de 50% a produtos exportados para os americanos e ameaça com novas sanções pela condenação de Bolsonaro.


… Lula deve aproveitar a audiência global da ONU para um recado ao americano, defendendo a soberania, a democracia, o multilateralismo. No seu discurso, deve ainda defender o reconhecimento do Estado da Palestina e uma solução pacífica para a guerra na Ucrânia.


… Hoje, Lula tem um encontro com o diretor-executivo da TikTok, Shou Zi Chew, às 12h (Brasília), horas depois que Trump revelou à Fox News nomes dos empresários que assumirão as operações do aplicativo chinês: Lachlan Murdoch, Michael Dell e Larry Ellison.


… À tarde (15h), participa da Conferência Internacional de Alto Nível para a Solução Pacífica da Questão da Palestina, na sede da ONU.


… Neste domingo, Canadá, Reino Unido, Austrália e Portugal anunciaram o reconhecimento da Palestina. Já o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, divulgou comunicado afirmando que “não haverá um Estado Palestino”.


… Às 18h, Lula encerra o dia com um encontro com o Rei Carl XIV Gustaf e a Rainha Sílvia da Suécia.


HADDAD –O ministro da Fazenda não acompanhou o presidente Lula na viagem aos Estados Unidos, preferindo ficar no Brasil pela possibilidade de votação do projeto de lei que amplia a isenção do imposto de renda a salários de até R$ 5 mil.


… Hugo Motta pediu ao deputado Arthur Lira para apresentar seu parecer nesta terça-feira; a ideia é levar o texto ao plenário esta semana.


PADILHA – Além de Haddad, o ministro da Saúde desistiu de viajar com Lula após ter sua locomoção limitada nos Estados Unidos, por ordem do governo Trump. Seu visto diplomático autoriza apenas deslocamentos entre o hotel e a sede da ONU.


… Padilha foi sancionado pelos Estados Unidos por participação na criação do programa Mais Médicos.


MP DO TARIFAÇO – Enquanto a Câmara se ocupa da reforma da renda, o Senado deve votar amanhã, terça-feira, o projeto de lei complementar que viabiliza a medida provisória para socorrer as empresas afetadas pelo tarifaço dos Estados Unidos e tramita sob regime de urgência.


… A proposta, apresentada pelo líder do governo, senador Jaques Wagner (PT), exclui até o fim de 2026 os valores de créditos extraordinários e renúncias fiscais previstos na MP dos limites do arcabouço fiscal e das metas de resultado primário.


… O texto também abre espaço para R$ 5 bilhões em renúncias fiscais via programa Reintegra e permite à União aumentar em até R$ 4,5 bilhões os aportes a três fundos garantidores: Fundo de Operações, Fundo para Investimentos e Fundo de Operações de Crédito Exterior.


REFORMA TRIBUTÁRIA – Já na quarta-feira, será votada a segunda parte da regulamentação da reforma tributária, que foi aprovada na semana passada pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Caso aprovada pelo plenário, retornará à Câmara.


… O texto tem o objetivo de criar regras para o Comitê Gestor do IBS, responsável por arrecadar e distribuir o IBS (novo imposto de Estados e municípios) e a CBS (novo imposto federal), que passarão a ser os principais tributos a incidir sobre as relações de consumo a partir de 2027.


LDO – Ainda na quarta-feira, o relator do Projeto de Lei Orçamentária, deputado Gervásio Maia (PSB), pretende votar o texto na CMO.


ANISTIA – Ainda na Câmara, o deputado Paulinho da Força (SD) dará andamento às negociações em torno do projeto da anistia, rebatizado por ele de PL da Dosimetria. Paulinho defende a redução de pena, não uma anistia, aos condenados por tentativa de golpe.


… No Globo, a Oposição vai levar ao relator proposta de redução de penas que tiraria Bolsonaro do regime fechado.


… O desenho em discussão tem dois eixos e prevê mudanças na dosimetria para os cinco crimes pelos quais os réus da trama golpista e os demais envolvidos nos atos de 8 de janeiro já foram condenados.


… O primeiro deles é o perdão total para os dois crimes menos graves, dano qualificado e deterioração do patrimônio. O segundo é o corte automático entre 1/3 ou 2/3 das penas para organização criminosa, tentativa de golpe e abolição violenta do Estado democrático de direito.


… Em entrevista à Rádio Eldorado, o deputado Paulo Pereira da Silva afirmou que a proposta com foco na redução de penas vai beneficiar todo mundo, “inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro”, condenado pelo STF a 27 anos e três meses de prisão pelo plano de golpe.


… “Com certeza vai reduzir a pena que foi imputada a Bolsonaro. Se vai reduzir para que Bolsonaro seja liberado, aí é outra discussão”, disse Paulinho.


… Na Coluna do Estadão, o PL prepara uma cartada final para salvar Bolsonaro e deve apresentar destaque de bancada para votar uma medida que beneficie o ex-presidente, de forma separada, após a aprovação do texto principal no plenário.


… Paulinho se reuniu na semana passada com o deputado Aécio Neves (PSDB) e o ex-presidente Michel Temer (MDB), em São Paulo, para discutir a proposta. O encontro teve a participação virtual do presidente da Câmara, Hugo Motta, e consultas ao STF.


… O projeto tramita em regime de “urgência urgentíssima” e o relator pretende finalizar o texto até esta quarta-feira.


PEC DA BLINDAGEM – Na mesma quarta-feira, o senador Alessandro Vieira (MDB) apresentará à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) parecer contrário à proposta, que impede o andamento de processos criminais contra parlamentares sem autorização do Congresso.


… O presidente da CCJ, senador Otto Alencar (PSD), também se opõe à proposta, que ele chama de “escândalo”. Mas, em entrevista à GloboNews ontem, disse que vai pautar a PEC “para sepultar de vez esse assunto no Senado”.


… A proposta foi aprovada pela Câmara na semana passada e a forma açodada com que aconteceu irritou Davi Alcolumbre, no Senado.


… Neste domingo, atos convocados por centrais sindicais, partidos de esquerda e artistas ocorreram em todas as capitais e em pelo menos outras 30 cidades contra a PEC da Blindagem e a anistia a golpistas. Na Avenida Paulista, o protesto reuniu cerca de 42,4 mil pessoas.


CELSO SABINO – Após ultimato do União Brasil, o ministro do Turismo já avisou a Lula que vai entregar a sua carta de demissão do cargo logo após o presidente retornar de sua viagem a Nova York. A previsão é que o encontro aconteça até a próxima quinta-feira.


PIQUE NO LUGAR – Quase todo dia agora é dia de topos inéditos no Ibovespa, que cravou nova semana histórica, com os recordes de todos os tempos batidos em quatro dos cinco pregões, sonhando com os 146 mil pontos.


… Embalados por NY, os investidores globais ajustam apostas sobre o ciclo de corte monetário nos Estados Unidos e operam na torcida de que o diferencial de juro vantajoso ao Brasil, com a Selic a 15% e o Fed dovish, turbine o fluxo.


… A alta tímida de 0,25% no último pregão foi suficiente para o Ibovespa estabelecer novo pico de fechamento, aos 145.865,11 pontos, com volume financeiro de R$ 28 bilhões fortalecido pelo exercício de opções sobre ações.


… Em mais um dia de recorde duplo, o índice à vista marcou 146.398,76 pontos na máxima intraday, sinalizando que quer ir mais longe, apesar dos desafios que se impõem, como as ameaças de Trump e os ruídos fiscais domésticos.


… Na sessão de sexta-feira, os papéis dos bancos foram decisivos para a bolsa esticar os recordes. Itaú subiu 1,33% e fechou na máxima de R$ 39,00; Bradesco PN ganhou 1,78%, a R$ 17,71; e Bradesco ON, +1,68% (R$ 15,13).


… BB, alvo mais direto das sanções do governo americano ao Brasil foi, novamente, na contramão do setor e caiu 2,17%, à mínima do dia, de R$ 21,62. A Moody´s reafirmou o rating Ba1 do banco público, com perspectiva estável.


… Entre as blue chips das commodities, Vale subiu 0,40%, R$ 57,92) e acompanhou, ainda que em menor medida, os ganhos de 0,81% do minério de ferro. Já Petrobras operou no terreno negativo, colada à queda firme do petróleo.


… A ação ON perdeu 1,46%, a R$ 33,68, e a PN recuou 1,11%, a R$ 31,06. Lá fora, o Brent cedeu 1,31%, a US$ 66,04.


… Três gatilhos acionaram vendas na commodity: a alta do dólar; comentário de Trump de que prefere petróleo barato a sanções contra Moscou, o que reduz o temor de corte na oferta; e o novo pacote de sanções da UE à Rússia.


… A Comissão Europeia prevê restrições à compra da commodity e teto menor do preço (US$ 60,00 para US$ 47,60).


DEIXOU NO AR – No câmbio, a dúvida plantada por Powell sobre se o Fed vai pular outubro ou se vem a segunda dose de corte do juro no mês que vem garantiu alta moderada de 0,3% ao índice DXY, aos 97,644 pontos.


… Confiante que o impacto das tarifas de Trump na inflação será temporário, o Fed boy Nell Kashkari disse na sexta-feira que trabalha com a previsão de o Fed relaxar a política monetária mais duas vezes este ano, em 25 pontos cada.


… Segundo ele, um salto acentuado dos preços é improvável, é difícil ver a inflação subindo muito mais do que 3% com a política protecionista e é mais fácil projetar uma rápida queda de empregos do que um pico de inflação.


… Kashkari fez o alerta de que, se o mercado de trabalho se mostrar resiliente ou a inflação aumentar, o Fed deve fazer uma pausa. Por outro lado, disse que, se o emprego enfraquecer, o juro americano pode cair mais rápido.


… Apesar da inclinação dovish, o dólar levou a melhor na sexta-feira contra o euro, que caiu 0,36%, a US$ 1,1745, e na comparação com a libra esterlina, que perdeu 0,62%, a US$ 1,3471. Já o iene se deu bem, cotado a 147,94/US$.


… Cresceu no Japão o sentimento hawkish para o BoJ em outubro, depois dos dois votos dissidentes por uma elevação do juro na reunião de política monetária da última sexta-feira e o compromisso pela normalização da taxa.


… Quanto ao BCE, o dirigente Gediminas Simkus defendeu no final de semana que “é melhor cortar do que não cortar” o juro em dezembro, embora Christine Lagarde considere que a taxa no nível atual está em um “bom lugar”.


… O BofA mantém as apostas contra o dólar e a favor do euro, que deverá avançar a US$ 1,20 este ano e a US$ 1,25 no próximo. O banco vê riscos de estagflação nos Estados Unidos e pressão política por nível mais baixo dos juros.


BEM NA FITA – Entre os emergentes, o BofA vê o real e o rand sul-africano como as moedas melhores posicionadas para aproveitar os fluxos de saída do dólar, diante do ciclo de corte do juro do Fed, que está só começando.


… Apesar disso, a região de R$ 5,30 no câmbio ainda se estabelece como um suporte a ser furado. A moeda americana fechou praticamente estável na sexta-feira, em leve alta de 0,03%, negociada a R$ 5,3209.


… Mas acumulou baixa de 0,62% na semana do Fed dovish e já devolveu quase 2% neste mês, porque o carry trade, com o diferencial de juro entre o Copom e o BC americano, continua fazendo toda a diferença para o câmbio.


… A ponta curta do DI ainda não esqueceu o comunicado bem conservador do Copom, que tenta eliminar a esperança de corte antecipado da Selic. Além disso, os juros de médio e longo prazo monitoram o fiscal.


… Vista com desconforto pelo mercado, a resolução proposta por Renan Calheiros de colocar o teto de 80% para a dívida federal em relação ao PIB é a novidade do momento que recoloca no radar a cautela com as contas públicas.


… No fechamento, o DI para Jan/26 marcava 14,890% (de 14,891% no ajuste anterior); Jan/27, a 14,000% (contra 13,978% na véspera); Jan/29, 13,145% (de 13,098%); Jan/31, 13,315% (de 13,276%); e Jan/33, 13,395% (de 13,411%).


… Também a leve pressão observada nas taxas dos Treasuries longos ajudou a manter o viés altista na curva do DI. A Note de 10 anos pagou 4,126%, contra 4,121% um dia antes. Já o retorno da Note-2 anos caiu a 3,568%, de 3,577%.


… Em nova rodada de recordes históricos, o Dow Jones subiu 0,37%, a 46.315,27 pontos; o S&P 500 ganhou 0,49%, a 6.664,36 pontos; e o Nasdaq avançou 0,72%, aos 22.631,48 pontos, impulsionado pelo rali da Apple (+3,20%).


… A gigante de tecnologia começou a vender na última sexta-feira o novo iPhone 17.


… No pano de fundo, o investidor também precificou a conversa “produtiva” entre Trump e Xi Jinping.


… Embora os detalhes sobre o TikTok ainda permanecem incertos, o republicano disse que o aplicativo será “fortemente controlado” pelos Estados Unidos e que a assinatura de um acordo é apenas “questão de formalidade”.


… O presidente americano afirmou que deve voltar a se encontrar com Xi Jinping na cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), que será realizada entre o fim de outubro e o início de novembro na Coreia do Sul. 


CIAS ABERTAS – Fundos do BTG Pactual e a empresa de investimentos Perfin irão fazer um aporte de R$ 10 bilhões na COSAN. O controlador, Rubens Ometto, permanece como sócio majoritário, com 50,01% de participação…


… O aumento de capital cortará mais da metade da dívida corporativa da Cosan, que fechou o 2Tri em R$ 17,5 bi.


AZUL participou de audiência perante a Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York com o objetivo de avaliar petições da empresa relativas ao processo de “Chapter 11” (recuperação judicial nos Estados Unidos)…


… Segundo a companhia, as petições, que ainda estão sujeitas à aprovação judicial, solicitam a prorrogação dos períodos de exclusividade para apresentação e votação do plano de reorganização financeira.


CEMIG informou a homologação de acordo com Sindicato dos Eletricitários do Sul de MG (Sindsul) e Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas de MG (FTIUMG) no âmbito do dissídio coletivo sobre plano de saúde…


… Acordo prevê pagamento de indenização compensatória no valor total máximo de R$ 1,2 bilhão, em seis parcelas, sendo a última em 2030…


… Acerto considera a totalidade de 15.496 aposentados e pensionistas titulares, ativos e inscritos no plano de saúde PSI da Cemig Saúde, em fevereiro de 2025.


AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

Fernando Schuler

 Com a categoria de sempre, Fernando Schüler prova que o ministro Barroso mente ao dizer que não há censura no Brasil. 🤥 


“No Brasil não existe censura”, disse o ministro Barroso, esta semana, na abertura de uma sessão do STF. A declaração me surpreendeu. Tenho apreço pelo ministro, de modo que dou uma resposta popperiana: listo dez casos de censura, no Brasil dos últimos anos. Se eles não existirem, está tudo bem. Mas se eles forem reais, quem sabe vale refletir sobre o que vem se passando, afinal, em nossa democracia. 


O primeiro é o ato inaugural. Muita gente acha que os inquéritos surgiram para salvar a democracia, mas não. Foi para censurar uma revista, em 2019. Depois vem o caso do PCO. Um tuíte que quase ninguém leu, um “ataque” ao STF, quem sabe em nome da justiça soviética, e o minúsculo partido comunista foi apagado. O terceiro é o professor Marcos Cintra. Tuíte elegante sobre o resultado de algumas urnas. Nenhum “ódio”. Apenas o direito de questionar alguma coisa, na internet. O próximo é o deputado Homero Marchese. Divulgou um protesto, em Nova York. Estava no Paraná. Mas foi a pique. Censurado durante meses, recorreu. Sua indenização foi anulada e, o juiz que a concedeu, investigado. Curioso caso em uma democracia onde “não existe censura”.


Depois vem a turma do WhatsApp. Grupo privado, papo-furado. Um sujeito diz que prefere uma ditadura à eleição de um candidato. Bobagem, não crime. Os demais, nada. Um deles, Luciano Hang. Dois anos de censura por dizer coisa nenhuma, no WhatsApp. A lista segue com o Monark. Primeiro, censurado por achar que mesmo um partido nazista deveria ter direito à expressão. Princípio elementar da Primeira Emenda Americana. Crime? Foi censurado ainda uma segunda vez por críticas ao STF. Ameaça nenhuma, apenas uma opinião ácida. Dessas a que estão sujeitos os que ocupam funções públicas. 


Censurar um documentário sobre o atentado a Bolsonaro, sem conhecer o conteúdo? Caso clássico, e algo ridículo, de censura prévia; Indiciar um deputado, Marcel Van Hatten, por uma denúncia de abuso de poder, na tribuna da Câmara? Um deputado não pode fazer uma denúncia, no Parlamento, se julgar relevante? E as plataformas digitais obrigadas a apagar sua visão sobre o “PL das Fake News”? E uma autoridade, numa manhã de Brasília, dando ordens para “desmonetizar” revistas? E depois de ouvir que “não tem nada”, que há apenas “matérias jornalísticas”, mandar que se “use a criatividade” para incriminar veículos de comunicação? 


Desde que o mundo é mundo, liberdade de expressão é para ideias desagradáveis e controversas. Ideias que “odiamos”, como lembrou Oliver Holmes. Liberdade só para ideias aceitáveis ao poder é democracia café com leite. Ou para as tantas formas do iliberalismo atual. Quero crer que o ministro concorde com isso. Muitos cidadãos foram agredidos, em seus direitos, e isto jamais deveria acontecer em nossa democracia. Oxalá o tempo e a sabedoria nos ajudem a corrigir essas coisas.”

domingo, 21 de setembro de 2025

Amilton Aquino

 Apatia geral e irrestrita


Já escrevi algumas vezes sobre a estarrecedora guinada do Reinaldo Azevedo à esquerda. No lugar dele, confesso, preferiria mudar de profissão a ter que defender com unhas e dentes tudo aquilo que passei anos criticando. Mas é preciso admitir: ele foi o primeiro a perceber o perigo da radicalização bolsonarista.


Embora a data oficial da virada de chave seja a operação que o flagrou numa conversa muito “descolada” com a irmã do Aécio Neves, lembro bem do dia em que ele traçou, no antigo Pingos nos Is, a linha divisória entre ele e o bolsolavismo nascente. Com a arrogância peculiar dos muito inteligentes, dispensou a audiência que passou a chamar de “direita xucra”. Daí a se tornar um dos articuladores do conchavo que resultou na guinada do STF para soltar Lula foi apenas questão de meses.


Por que essa digressão? Porque, nesta semana, mais uma vez me surpreendi com a capacidade bolsonarista de atirar no próprio pé e, claro, ressuscitar o PT. Refiro-me à PEC da Blindagem, que deu ao PT — vejam só! — o discurso anticorrupção (!!!), e à obsessiva, porém natimorta, PEC da Anistia, que não só energiza ainda mais a militância petista, como reforça a aliança entre PT e STF.


Até então, eu achava que o ápice da humilhação bolsonarista seria a condenação certa de Bolsonaro. Mas eis que tive de assistir, vejam só, Renan Calheiros posando de arauto da virtude e acusando a manobra bolsonarista de “blindagem de corruptos”!!!


Fiquei pensando com meus botões: e se o PT tivesse realmente entrado em campo pelo impeachment de Bolsonaro no pós-pandemia? Será que teríamos vivido todos os lamentáveis episódios que culminaram no 08/01? Se Mourão tivesse assumido, quem estaria hoje na presidência?


Foi então que despertei do devaneio ao acompanhar uma discussão política. E percebi que o fanatismo bolsonarista está longe de ser sepultado. Pelo contrário: tende a se radicalizar ainda mais. E aí, quem ganha sobrevida é o PT.


Para esse núcleo duro, que torce o nariz para Tarcísio por considerá-lo parte da “direita permitida”, vale inclusive o voto nulo que tanto criticaram no “isentão” da última eleição — só que agora por pirraça. Ou seja: esse poço não tem fundo. Se aparece uma casca de banana do outro lado da rua, o bolsonarismo atravessa para escorregar de propósito.


O padrão se repete sempre. O bolsonarismo traça uma nova linha divisória. Quem discorda do novo limite é imediatamente tachado de traidor e sujeito ao expurgo — o velho assassinato de reputação copiado da cartilha petista. Assim, reduzem a própria base de apoio, mas sempre sob um patamar mais radical de “fidelidade ao mito”. Foi assim com a pauta anticorrupção, que terminou na fritura de Moro e no acordão das rachadinhas, simbolizado no abraço entre Bolsonaro e Toffoli. Foi assim com a recusa em negociar com o Congresso, que acabou no orçamento entregue ao centrão. Foi assim com a pauta liberal na economia, que mal avançou e, no último ano de mandato, abriu espaço para a gastança — o bastante para o PT resgatar o velho discurso da “herança maldita”.


Sobrou ao bolsonarismo posar de vítima da imprensa e do STF, um papel muito aquém do capitão antissistema que preferiu o caminho suicida de brigar com todos ao mesmo tempo. O saldo: uma coleção de frases icônicas como “eu acabei com a Lava Jato”, “eu sou do centrão” e o constrangedor charme de tiozão de churrasco lançado sobre o próprio carrasco, Alexandre de Moraes, a quem chegou a convidar para compor sua chapa em 2026.


Como explicar que os bolsonaristas continuem fiéis a um líder covarde, disposto a rifar todos ao seu redor — inclusive os presos do 08/01 e até o próprio país — apenas para escapar da cadeia?


Com a palavra, os bolsonaristas. Da minha parte, só poso expressar minha apatia total e irrestrita a eleição de 2026, que, ao que tudo indica, vai levar o PT a mais um mandato.

Eduardo Affonso

 Distinção entre esquerda e direita é roupa que não serve mais


Eduardo Affonso, O Globo (20/09/2025)


São farinha do mesmo saco quem comemorou o assassinato de Marielle e quem acha que o tiro letal em Charlie Kirk melhorou o mundo


Aprendemos nos livros de História que os termos “esquerda” e “direita” nasceram na França, no fim do século XVIII: na Assembleia Nacional, os partidários da monarquia se sentavam do lado direito, e os simpatizantes da Revolução, do lado oposto. Desde então (grosso modo), esquerdistas são associados a democracia, coletivismo, internacionalismo, intervencionismo estatal e desejo de mudança; a direita, a elitismo, individualismo, nacionalismo, livre mercado e apego a que as coisas continuem do jeito em que estão. Hoje, isso virou um balaio de gatos.


A mesma esquerda que investiu contra o dicionário, considerando que o verbo “judiar” perpetuava o preconceito contra os judeus, embarcou de mala e cuia no antissemitismo. A pretexto de defender os palestinos, fez de Israel — única democracia do Oriente Médio — seu inimigo preferencial. E qualquer coisa é pretexto para que o antissemita enrustido saia do armário: bastou o ministro Luiz Fux divergir da condenação aos golpistas do 8 de Janeiro para que os piores epítetos fossem associados à sua origem judaica. Tivesse o voto sido do ex-ministro Joaquim Barbosa, veríamos os antirracistas rasgarem as cartilhas em que exibem suas virtudes igualitárias. Viesse a divergência de Cármen Lúcia, adeus sororidade e feminismo; no mínimo ouviríamos que lugar de mulher é no tanque e no fogão. Flávio Dino que ouse divergir, para ver o que é gordofobia. Parte da esquerda só é progressista até a página 2 — isso se as letras forem grandes, e as margens bem largas.


A direita, que bancou 21 anos de ditadura — com censura, tortura e prisões arbitrárias — tomou para si a defesa da (sua) liberdade de expressão. Faz-se de vítima da “ditadura da toga” — logo ela, que deitou e rolou com a ditadura da farda. Trocou a soberania por uma enorme bandeira americana e, depois de acusar os adversários de defender bandidos, aderiu em massa à blindagem dos delinquentes com assento no Congresso.


A turma da diversidade fez das feiras literárias um feudo de sua panelinha — e sobe nas tamancas quando alguém de seu campo é excluído. Pessoas “de bem” exigem que sejam expurgados das bibliotecas públicas livros que não rezem pelo seu catecismo. E ambos os lados reduzem a arte ao proselitismo – anticapitalista, antiwoke etc. Ninguém ainda ateou fogo, mas os fósforos já estão na mão.


São farinha do mesmo saco quem comemorou o assassinato de Marielle Franco e quem acha que o tiro que matou Charlie Kirk tornou o mundo um lugar melhor. Aliás, Kirk, que fazia turnês para debater com quem discordava dele, era chamado de fascista; Márcia Tiburi se recusou a conversar com quem não pensa da mesma forma que ela; e manteve a aura de antifa.


O pensador Augusto de Franco coloca a questão não em termos de esquerda ou direita, mas de liberais e iliberais. Os primeiros podem ser progressistas ou conservadores, mas defendem democracia, liberdade, pluralidade e preferem as reformas à ruptura. Os segundos são populistas, com um pé no autoritarismo e uma queda pela hegemonia — que é o golpismo por outros meios.


Visto por esse ângulo, Lula, Bolsonaro, Trump, Putin, Orbán, Ortega, Bukele, Maduro estão todos sentados do mesmo lado. Do outro — dos que prezam o diálogo e acham que a sociedade deve controlar o governo, não o contrário —, o que mais tem é cadeira vazia.

Leitura de domingo

 *Leitura de Domingo: BC diz que teto para dívida/PIB gera problemas graves à política monetária*


Por Célia Froufe


Brasília, 19/09/2025 - Senadores e assessores receberam mensagens extraoficiais do Banco Central apresentando pontos negativos e as "consequências graves" de uma possível aprovação da proposta do senador Renan Calheiros (MDB-AL) de dar mais credibilidade às contas públicas. Como mostrou a Broadcast, o relator do projeto que limita o endividamento da União, senador Oriovisto Guimarães (PSDB-PR) incluiu um limite de 80% para a dívida bruta em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).


Segundo as mensagens vistas pela Broadcast, os assessores e parlamentares foram alertados de que a proposta leva ao enfraquecimento institucional e de reputação do Banco Central. O texto alega que o BC pode ficar limitado à venda de títulos para administrar liquidez bancária e que pode comprometer controle da Selic, além de gerar "problemas graves" à política monetária e à estabilidade financeira.


A mensagem, que é informal e não está em qualquer documento oficial da instituição, revela que as "consequências da aprovação desta lei são bem graves para o BC". Dois aspectos da proposta chamam mais a atenção. O primeiro seria o de que a lei, se aprovada, leva "claramente ao enfraquecimento institucional do BC", pelo fato de a instituição não poder mais contar com a cobertura de resultados financeiros negativos pela União, que é feita por meio da emissão de títulos pelo Tesouro Nacional. Assim, a instituição teria que operar com patrimônio líquido negativo "a perder de vista". "Isso tem impacto na reputação do BC para alcance de seus objetivos."


O outro aspecto é considerado ainda mais grave, conforme as mensagens que chegaram aos senadores: o BC poderia ficar limitado no uso da venda de títulos para administrar a liquidez bancária e manter a taxa Selic perto da meta de juros estabelecida pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Isso aconteceria, conforme o texto, assim que o limite do endividamento fosse alcançado, uma vez que a venda adicional de operações compromissadas implicaria em aumento do endividamento bruto, indicador utilizado pela lei para controle. "Isso aconteceria, mesmo o BC tendo uma carteira de títulos bem ampla disponível para uso em compromissadas", trouxe a mensagem.


A conclusão é a de que o controle da taxa Selic estaria, assim, comprometido e que isso traria também problemas graves não só para a condução da política monetária, mas para a estabilidade financeira. Outros aspectos da proposta ainda podem trazer limitações ao Banco Central. Um dos exemplos citados foi o uso de instrumentos cambiais.


"A prestação de garantias na B3 para execução dos swaps cambiais do BC é feita com TPF (taxa Ptax). Adicionalmente, quando o BC implementa ações para fortalecimento das reservas internacionais, são injetados reais na economia que devem ser esterilizados para controle da taxa Selic. O limite de endividamento certamente traria constrangimentos à aplicação dessas operações no mercado cambial", explicou o texto aos senadores.


Como alternativa a essa proposta, para preservar a capacidade institucional de o BC alcançar seus objetivos de política monetária e de estabilidade financeira, a mensagem sugere que se exclua a autoridade monetária de qualquer limite de endividamento na própria lei. Além disso, a mensagem cita a importância de aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) autorizando o BC a emitir títulos próprios e eliminar qualquer restrição ao uso do instrumento para fins de política monetária.


Contato: celia.froufe@estadao.com


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Fabio Giambiagi

 Meninada, não percam esse artigo.

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A agenda oculta da anistia


Fabio Giambiagi Economista · 19 set. 2025


Eu pensava que quem vencesse o PT teria como prioridade fazer um forte ajuste, mas parece que me enganei


No debate sobre a anistia a Jair Bolsonaro, chama a atenção a ênfase com que a questão tem sido colocada por aqueles que afirmam que “não acreditam que existam elementos para ele ser condenado” e que, por isso, indultá-lo seria a “primeira coisa” que fariam se fossem eleitos para a Presidência da República. Eu pensava que, caso vencesse as eleições, o candidato que derrotasse o Partido dos Trabalhadores (PT) teria como prioridade aprovar um forte ajuste, mas parece que me enganei, à luz da bizarra prioridade já explicitada.


O problema não se limita à falta de compromisso dos maiores representantes da oposição em priorizar o desafio fiscal. Imaginemos que Lula tivesse sido vencedor das eleições de 2018, que em 2022, sendo presidente, enfrentasse Bolsonaro e que, perdendo a eleição, se negasse a aceitar o resultado. Indo além: imaginemos que Lula assistisse aos “companheiros” promoverem acampamentos Brasil afora até que, uma semana depois de Bolsonaro ser empossado, uma turba de baderneiros invadisse o Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), quebrando tudo e exigindo a nomeação de Lula no lugar do presidente escolhido pelas urnas.


Caro leitor, honestamente: o que pensaria de quem, em nome de uma “pacificação nacional” ( sic), pregasse a anistia aos vândalos, começando pelo líder? O que diria se, caso, neste Brasil hipotético, Fernando Haddad tivesse sido eleito governador de São Paulo no mesmo pleito de 2022, ele viesse a público dizer, com ar angelical, que não vê “elementos para condenar ninguém” pela destruição de nada menos que a sede dos Três Poderes da República?


A agenda oculta da anistia é uma decorrência lógica da atitude deste grupo político: a noção de que a eleição só vale quando eles vencem. Neste caso, teremos de reconhecer que quem deseja transformar o Brasil numa Venezuela – onde a eleição só pode ser vencida por Nicolás Maduro – é o bolsonarismo. Ou, por isonomia, teremos de dar ao PT, caso ele perca, o mesmo direito de invadir o Planalto, o Congresso e o STF – haveria anistia para eles também?


Não deixa de ser curioso que a atitude apontada neste texto seja manifestada por aqueles que dizem defender versões extremas do liberalismo. Na Argentina dos anos 70, dizia-se que a esquerda peronista queria repetir a Revolução Cultural Chinesa “sem revolução, sem cultura e sem chineses”. Já o bolsonarismo defende uma espécie de “liberalismo austríaco bras i l ei r o”, s em l i berali s mo, sem austríacos e, uma vez que o bolsonarismo hoje é comandado desde os Estados Unidos, aparentemente também sem brasileiros. •

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Teto da dívida pública

 *Senado discute teto para dívida pública e governo teme risco de moratória*


Na prática, se limite for atingido, não poderá haver novas despesas financeiras, o que inclui colocação de papéis para rolagem e também pagamento de juros


Um projeto de resolução em tramitação no Senado que estabelece um teto para a dívida bruta está causando preocupações em integrantes da equipe econômica do governo porque, na prática, poderá representar uma moratória da dívida pública.


A proposta define um teto para a dívida bruta equivalente a 80% do Produto Interno Bruto (PIB) ou seis vezes e meia o valor da receita corrente líquida da União acumulada nos doze meses imediatamente anteriores à sua apuração. Apenas a dívida bruta da União entraria no limite.


O que preocupa os economistas do governo é que, na prática, se esse limite for atingido, o governo estará impedido de fazer novas despesas financeiras, o que inclui a colocação de papéis para a rolagem da dívida vencida e também o pagamento de juros.


A interpretação de técnicos do governo é que a proposta limitaria, inclusive, a realização de operações compromissadas pelo Banco Central, que é um dos instrumentos utilizados para retirar o excesso de dinheiro em circulação na economia e manter a taxa Selic na meta estabelecida pelo Comitê de Política Monetária (Copom). As compromissadas integram o conceito de dívida bruta da proposta, que usa o conceito adotado pelo Banco Central.


O projeto de Resolução do Senado n° 8 é de autoria do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e de outros sete senadores e tem chances de ser colocado para votação na próxima terça-feira na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. A proposta conta com parecer favorável do relator, o senador Orivosto Guimarães (PSDB-PR).


A proposta regulamenta o artigo nº 52, inciso VI, da Constituição, que determina que “o Senado Federal, no âmbito de suas competências privativas, deve fixar, por proposta do presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”.


Também regulamenta o artigo nº 30, inciso I, da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que diz que, no prazo de 90 dias, o Presidente da República “submeterá ao Senado Federal proposta de limites globais para o montante da dívida consolidada da União, Estados e Municípios, cumprindo o que estabelece o inciso VI do art. 52 da Constituição”.


Apesar de previstos na Constituição e na LRF há décadas, o governo e o Congresso Nacional evitavam a sua regulamentação porque, na prática, abririam a possibilidade de um calote na dívida pública e a extinção do principal instrumento de controle da inflação pelo Banco Central.


Se entrar em vigor, a moratória da dívida pública poderia acontecer em poucos anos, receiam economistas do governo — e a tendência seria uma crise nos mercados desde já, porque haveria uma rejeição à compra de papéis que no futuro poderiam deixar de ser honrados pelo Tesouro.


O parecer de Guimarães inclui no limite de 80% do PIB apenas as dívidas da União, excluindo Estados e município, que têm limites próprios. Hoje, a dívida bruta do governo geral se encontra em 77,6% do PIB, dos quais 74,1% do PIB se referem às dívidas da União.


Segundo projeções do mercado reunidas no boletim Focus, a dívida bruta deverá fechar o ano em 80% do PIB, incluindo União, Estados e municípios. Não há projeções de mercado no Focus apenas para a dívida bruta da União. Mas é possível que a parte da dívida apenas da União ultrapasse 80% do PIB em até três anos, considerando que a projeção do mercado para a dívida bruta total é de 84,1% do PIB em 2026, 87,3% do PIB em 2027 e 89,4% do PIB em 2028.


Em vários momentos, economistas e parlamentares chegaram a defender um teto no endividamento público como forma de disciplinar os gastos do governo, mas desistiram diante da realidade de que o débito federal sobe devido a fatores que fogem do controle dos formuladores e executores do Orçamento.


A dívida bruta sobe quando há, por exemplo, uma desvalorização cambial ou uma alta de juros para combater um surto inflacionário. Também pode crescer mais rapidamente nas recessões, quando o PIB passa a crescer mais lentamente em termos nominais. A única variável diretamente sob controle do governo é o resultado primário, que tem metas definidas pelo Congresso.



https://valor.globo.com/financas/noticia/2025/09/18/senado-discute-teto-para-dvida-pblica-e-governo-teme-risco-de-moratria.ghtml

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