*Rosa Riscala: Feriado nos EUA encurta semana do payroll*
Sou Economista com dois mestrados, cursos de especialização e em Doutoramento. Meu objetivo é analisar a economia, no Brasil e no Mundo, tentar opinar sobre os principais debates da atualidade e manter sempre, na minha opinião essencial, a independência. Não pretendo me esconder em nenhum grupo teórico específico. Meu objetivo é discorrer sobre varios temas, buscando sempre ser realista.
segunda-feira, 30 de junho de 2025
BDM Matinal Riscala
The Economist
Sonhos enfraquecidos
O presidente do Brasil perde influência no exterior e é impopular em casa
29 de junho de 2025
Em 22 de junho, horas depois de os Estados Unidos atingirem instalações nucleares iranianas com enormes bombas anti-bunker, o Itamaraty divulgou uma nota. Nela, o governo brasileiro “condena veementemente” o ataque americano e afirma que os bombardeios foram uma “violação da soberania do Irã e do direito internacional”. A contundência do comunicado isolou o Brasil de todas as demais democracias ocidentais, que ou apoiaram as investidas ou apenas manifestaram preocupação.
A boa vontade do Brasil com o Irã deve continuar em 6 e 7 de julho, quando os BRICS — grupo de 11 economias emergentes que inclui Brasil, China, Rússia e África do Sul — realizarem sua cúpula anual no Rio de Janeiro. Membro desde 2024, o Irã deve enviar uma delegação. O clube é atualmente presidido por Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula. Antes, a participação dava ao Brasil uma plataforma para exercer influência global; agora faz o país parecer cada vez mais hostil ao Ocidente. “Quanto mais a China transforma os BRICS em instrumento de sua política externa, e quanto mais a Rússia usa o grupo para legitimar sua guerra na Ucrânia, mais difícil será para o Brasil manter o discurso de não alinhamento”, diz Matias Spektor, da Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo.
Os diplomatas brasileiros tentam contornar o problema ao pautar a cúpula por temas inofensivos: cooperação em vacinas e saúde; transição para a energia verde; e manutenção do status de nação mais favorecida como base do comércio internacional, em que os países tratam todos os membros da Organização Mundial do Comércio de forma igual. Querem evitar conversas sobre um assunto que o presidente americano, Donald Trump, detesta: o esforço dos BRICS para liquidar comércio em moedas locais em vez do dólar. Provavelmente também prefeririam que os iranianos ficassem calados. “Estamos num momento mais de contenção de danos do que de criação de novos instrumentos”, afirma um diplomata brasileiro de alto escalão.
O papel do Brasil no centro de um BRICS ampliado e dominado por regimes mais autoritários é parte de uma política externa de Lula cada vez mais incoerente. Ele não fez esforço para estreitar laços com os Estados Unidos desde que Trump tomou posse, em janeiro. Não há registro de os dois terem se encontrado pessoalmente — o Brasil é, assim, a maior economia cujo líder nunca apertou a mão do presidente americano. Em vez disso, Lula corteja a China: encontrou-se com Xi Jinping duas vezes no último ano.
Talvez a iniciativa mais sensata de Lula seja tentar aproveitar a desconfiança global em relação aos Estados Unidos como parceiro comercial. Ele se aproximou da Europa e expandiu as trocas comerciais. Em março, visitou o Japão — que importa a maior parte de sua carne dos EUA — para oferecer carne brasileira como substituta. Seus ministros têm se reunido com burocratas chineses para discutir maneiras de aumentar as importações agrícolas do Brasil, provavelmente à custa das americanas.
Mas isso vem acompanhado de gestos grandiosos que extrapolam o peso do Brasil no cenário mundial. Em maio, Lula foi o único líder de grande democracia a comparecer às comemorações em Moscou pelo fim da Segunda Guerra Mundial. Aproveitou a viagem para tentar convencer Vladimir Putin de que o Brasil deveria mediar o fim da guerra na Ucrânia. Nem Putin nem ninguém deu ouvidos.
Falta pragmatismo também mais perto de casa. Lula não conversa com o presidente argentino, Javier Milei, por divergências ideológicas. Ao assumir o terceiro mandato, em 2023, abraçou Nicolás Maduro, o autocrata da Venezuela, apesar de o país já ser uma ditadura plena (a relação só azedou depois que Maduro roubou mais uma eleição no ano passado). Tendo liderado a missão da ONU para estabilizar o Haiti após o terremoto de 2010, o Brasil agora mantém silêncio enquanto o país colapsa num inferno comandado por gangues. Lula parece incapaz ou sem vontade de unir as nações latino-americanas para enfrentar as deportações de migrantes e a guerra tarifária de Trump.
A fraqueza no palco internacional se soma ao desgaste de Lula em casa. Em seus dois primeiros mandatos (2003-2010), o Brasil surfou no boom das commodities, e Lula foi um dos líderes mais populares do mundo. Sua força doméstica lhe dava credibilidade no exterior, e muitos colegas o viam como porta-voz das economias em rápido desenvolvimento.
Agora, porém, Lula enfrenta impopularidade crescente. O país se deslocou para a direita. Muitos brasileiros associam o PT à corrupção, devido a um escândalo que o levou à prisão por mais de um ano (a condenação foi depois anulada). Lula construiu o partido com apoio de sindicatos, católicos preocupados com temas sociais e beneficiários de programas de transferência de renda. Mas hoje o Brasil é um país onde o evangelicalismo cresce, o emprego no agronegócio e na gig economy [empregos fora do regime CLT] avança rápido, e a direita também oferece benefícios sociais.
A aprovação pessoal de Lula ronda os 40%, o pior índice de seus três mandatos. Apenas 28% dos brasileiros dizem aprovar seu governo. Em 25 de junho, o Congresso o humilhou ao rejeitar um decreto que instituía novos impostos — a primeira derrubada de decreto presidencial em mais de 30 anos —, deixando menos espaço fiscal para gastar antes das eleições gerais de 2026.
Enquanto isso, o movimento MAGA de Trump está fortemente aliado à direita dura brasileira, liderada por Jair Bolsonaro, ex-presidente que se autointitula um “Trump tropical”. Bolsonaro deve ser preso em breve por supostamente tramar um golpe para permanecer no poder após perder as eleições de 2022. Ainda não indicou quem será seu sucessor; mas, se o fizer e a direita se unir em torno desse nome para 2026, a Presidência será deles para perder.
Trump critica livremente outros líderes muito mais amistosos com ele do que Lula. Ainda assim, quase não falou do Brasil desde que assumiu em janeiro. Em parte, porque o Brasil possui algo que nenhuma outra grande economia emergente tem: um déficit comercial gigantesco com os EUA, de cerca de US$ 30 bilhões por ano. Trump gosta quando outros países compram mais dos Estados Unidos do que vendem. Mas seu silêncio também pode dever-se ao fato de que o Brasil, relativamente distante e inerte geopoliticamente, simplesmente não pesa tanto em questões como a guerra na Ucrânia ou o Oriente Médio. Lula deveria parar de fingir que pesa — e concentrar-se em assuntos mais próximos de casa. ■"
domingo, 29 de junho de 2025
Diario de um economista de mercado 3
Observando a minha decisão de passar uns anos em Portugal, vi que eu não decidi sozinho. Vários amigos tomaram a mesma decisão. Uma pesquisa na Internet me mostrou o Brasil entre os que "expulsaram" seus cidadãos, por políticas teimosamente erradas.
Nesta pesquisa, indagou-se, "por que será que os ricos estão deixando o Brasil — e tantos outros países?
Porque cansaram de financiar o populismo disfarçado de justiça social.
O novo “mapa da fuga” mostra algo inquietante: tanto países emergentes como o Brasil quanto potências como França, Alemanha e até mesmo o Reino Unido figuram entre os campeões na perda de milionários. Isso não é coincidência — é consequência.
Quando governos abandonam a responsabilidade fiscal e abraçam a demagogia, a equação se torna insustentável: gastar cada vez mais, arrecadar cada vez menos, e compensar isso punindo justamente quem mais investe, mais emprega e mais paga impostos.
Sem ricos, não há país.
É o capital dos empreendedores, dos inovadores e dos investidores que financia a criação de empregos, que viabiliza o surgimento de novas tecnologias, e que sustenta, com seus impostos, os programas sociais. A verdade incômoda é que os ricos não são o problema — são parte essencial da solução.
Mas em vez de promover eficiência e meritocracia, muitos governos preferem o caminho fácil: culpar os ricos, aumentar impostos, e distribuir benesses para manter votos. Isso não é justiça social. É chantagem institucional.
O resultado?
Os ricos votam com os pés. E levam consigo empregos, inovação, capital e futuro.
Essa fuga deveria servir de alerta: quem tributa a criação de riqueza para sustentar o desperdício estatal cava a própria estagnação. A verdadeira justiça social só é possível com eficiência econômica — e essa exige liberdade, segurança jurídica e respeito a quem investe.
O Brasil está diante de uma escolha histórica: continuar criminalizando o sucesso ou entender que não se combate a pobreza atacando a riqueza, mas sim criando mais oportunidades para todos prosperarem."
Eu, Julio, fui um que "piquei a mula" para educar o meu filho.
Fui economista-chefe a minha vida toda. Primeiro na Lopes Filho, depois em duas "corretoras" (não gostei do q vi nestes ambientes).
Nestas experiências fui gerando "massa crítica" suficiente para perceber o que deve ser feito, ou não, numa governança de democracia em Economia de mercado.
Depois de anos me cansei.
Somos condenados a viver nestes desgovernos e, embora, tendo um mercado financeiro moderno não há dúvida q presos ao samba de uma nota só. Somos o país da renda fixa. Assim é, assim será por mais uma geração.
Para mim, este País se tornou frustrante, porque nós, como nação, temos todos os recursos, os potenciais, os chamados fatores de produção, para nos tornarmos uma grande nação. Somos ricos em recursos, em biomassa, em energia, limpa inclusive, terras aráveis, etc.
Mas uma governança ordinária e vagabunda há 25 anos...em breve interregno no Temer, o resto...
Vivi em Portugal e visto de fora, era um espanto para mim ver um país tão rico, nesta situação...
Portugal importa quase tudo, e vende cortiça, vinho, azeite e uns poucos produtos com valor agregado. A diferença é o q eu chamo de marco civilizatório. Instituições preservadas e respeitadas.
Portanto. Somos uma peça de ficção.
Um país cercado de esquemas variados, tráfico de influência, amigos dos amigos, sem a mínima chance de dar certo.
Ranking das universidades brasileiras
Um país com as dimensões do nosso, continental, tendo esta qualidade do ensino superior público?
O sistema está muito errado, caindo aos pedaços, falido, e competem às bestas esquerdistas enxergarem isso.
Segundo Anderson Correia,
Saiu o ranking internacional de universidades, o CWUR de 2025.
USP estável, se mantendo em uma posição boa, 118 no mundo, empatada com a Universidade de Bonn na Alemanha, a Sapienza de Roma, o INSEAD e à frente de muitas tops na Ásia, na Europa e América do Norte.
Orgulho do IPT fazer parte desse ecossistema, sendo sediado na cidade universitária da USP e apoiando a transferir esse conhecimento para as empresas.
Crescimento da UFRJ com louvor. Parabéns, pois subiu 70 posições. Sempre se reinventando. A UFRJ é uma ilha de excelência.
Estabilidade da Unicamp e com isso foi ultrapassada pela UFRJ. Porque a Unicamp, que tem mais dinheiro que a UFRJ e tem acesso à FAPESP (a maior fundação de pesquisa do Brasil) não consegue avançar mais?
UNESP e Federais da lista com relativa queda, mas nada tão crítico. Contudo, impressiona a colocação entre 400 e 800, o que certamente poderia avançar, especialmente porque os recursos federais tem melhorado, especialmente FINEP, CAPES e CNPq. Vamos acompanhar as edições mais à frente.
ITA não vai muito bem nesse ranking, que é baseado em publicações científicas e o forte do ITA é na graduação e na pós-graduação aplicada. Além disso, muitos alunos do ITA não podem publicar tudo que fazem, já que os parceiros (indústria aeronáutica e de defesa) pedem segredo.
Resumidamente, não vi um desastre nessa edição de 2025, diferentemente do que a mídia vem divulgando.
sábado, 28 de junho de 2025
Diário de uma vida 2
Diario de um economista de mercado 2
Falemos da minha experiência em Portugal. Teve prós e contras, como tudo na vida.
Cheguei à Évora num dia ameno de outubro, e o primeiro local que me aloquei foi num monastério da Igreja Católica, ao lado da Universidade de Évora, num quartinho minúsculo, mas dentro das minhas posses. Lá fiquei uns 40 dias me acostumando com a cidadela.
Évora está localizada no centro do Alentejo, meio caminho para Lisboa, a 129 km de distância e da fronteira com a Espanha, em Badajóz. Fica próximo também de Monsaráz, outra fortificação muito interessante. Aliás, a maioria das pequenas cidades naquela região, distritos, possuem um castelo num pequeno monte que seja.
Talvez Évora seja a cidadela mais interessante, cercada por muralhas, com uma das universidades mais antigas da Europa. Lá vivi uma boa temporada, alocado na Universidade de Évora, depois, indo para Lisboa, onde meu filho iria cursar a "poli" de lá, no Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, no curso mais concorrido, Engenharia Aeroespacial. Para ingressar neste curso, voce precisa de 19,3 pontos, de 20. E não é que o gajo conseguiu?
Interessante o sistema de ensino na terrinha. Por lá, existe o Exame Nacional, e vce ingressa num "ranqueamento". As escolas, públicas e privadas, concorrem entre si. Importante que se diga que o Bruninho ingressou numa escola pública, o Centro Educativo Gabriel Pereira (foto ao fim). Chegaram, o Bruno e a Lu, no dia 10 de dezembro, 40 dias depois da minha chegada. Bruno já havia perdido 3 meses e meio de aula (sistema de ensino por lá é de setembro a julho do ano seguinte, entre férias de verão, em julho a agosto. Meu filho chegou lá, os diretores da escola, como sempre, se mostraram céticos. Quando viram as notas do menino no Brasil, se engalfinharam pelo aluno. Na verdade, ele havia mandado as aplicações para duas escolas, a Gabriel Pereira e a Severim de Farias. A primeira é considerada padrão em Évora, um modelo, mas a segunda, forte em exatas.
Vejam as estruturas, a Gabriel Pereira, mais moderna, a Severim de Faria, mais antiga e tradicional (abaixo).
Bruninho ingressou no segundo ano do ensino médio (secundário), meio pela metade, e teve que correr atrás, para recuperar as notas. Chegou ao terceiro, em turma especial, já se preparando para o exame nacional.
Ao fim, acabou aprovado com 19,15 para engenharia mecânica, em seguida, obtendo vaga para Aeroespacial.
Interessante. Por este desempenho, a escola Gabriel Pereira elevou seu ranking. Por lá, quanto melhor ranqueada é a escola, mais eles recebem recursos do DGE (Departamento Geral de Educação). Tudo pelo mérito. Quanto melhor a escola, mais ela sobe no ranking, melhor é a sua estrutura. Isso explica o q é a Gabriel Pereira. ☺️
Produtividade é a saída
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