terça-feira, 3 de junho de 2025

EDITORIAL. **A perseguição a Ives Gandra e o papel da OAB*



Nem mesmo Kafka imaginaria um enredo tão

absurdo quanto o enfrentado pelo jurista Ives

Gandra Martins, acusado, sem qualquer

fundamento, de suposta incitação a golpe de

Estado. 


O jurista, aos 90 anos, enfrenta desde

2023 uma representação aberta pela Associação

Brasileira de Imprensa (ABI) e pelo Movimento

Nacional dos Direitos Humanos (MNDH) no

Tribunal de Ética e Disciplina da seccional

paulista da Ordem dos Advogados do Brasil

(OAB-SP), sob a alegação de que teria inspirado os

atos de 8 de janeiro de 2023 por meio de um

e-mail escrito em 2017.


A mesma representação já havia sido analisada

pela OAB. Em dezembro de 2023, a 6ª Turma do

Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-SP concluiu

que o jurista não cometeu infração. As autoras

recorreram, mas a 8ª Câmara Recursal da OAB-SP

decidiu manter o julgamento sem sequer analisar

o pedido de recurso, arquivando o caso em

fevereiro deste ano por considerar que o recurso

foi apresentado fora do prazo. Mais uma vez, a

ABI e o MNDH recorreram, e o caso voltou a

julgamento. 


Nesta semana, um pedido de vista

apresentado por um dos conselheiros da OAB-SP

suspendeu a análise do novo recurso.


O respeito ao debate constitucional

– ainda que envolva interpretações

complexas e sensíveis – é condição

essencial para a preservação da

democracia. 


Transformar juristas em réus por suas ideias é repetir os

vícios dos regimes autoritários, que

perseguiam pensamentos


A fantasiosa representação contra Gandra

baseia-se em um documento encontrado no

celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O documento é, na verdade, uma

troca de e-mails ocorrida em 2017, na qual o

advogado, conhecido por seu profundo saber

constitucional, foi procurado por um major do

Exército para responder a questões sobre a

“elucidação jurídica do que caracteriza a garantia

dos poderes constitucionais”. Em sua resposta,

Gandra apresentou uma interpretação técnica

sobre o artigo 142 da Constituição Federal,

semelhante à publicada em um livro de 2014

escrito por ele e outros autores em homenagem

ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF),

Gilmar Mendes.


Em nenhum momento Gandra trata ou defende

uma ruptura da ordem institucional. Em sua

intensa produção intelectual, que inclui artigos

de opinião, análises acadêmicas e livros, o jurista sempre defendeu com firmeza o respeito à

Constituição, jamais tendo se posicionado a favor

de uma ruptura do Estado Democrático de

Direito. 


Ainda que algumas pessoas possam, de

fato, ter se apropriado da interpretação de Gandra

e a utilizado – seja por ignorância, seja por má-fé

– para defender uma absurda intervenção militar

após a eleição de Lula, é ridículo querer impingir

ao jurista qualquer responsabilidade pelo

lamentável episódio do 8 de janeiro. Só uma falta

extrema de bom senso e sensibilidade justificaria

tal aberração.


A perseguição a Ives Gandra – não há outra

forma de nomeá-la – é reflexo de uma atmosfera

de histeria coletiva, na qual ideias e

interpretações legítimas são constantemente

alvo de tentativas de criminalização. Essa

atmosfera é alimentada, em parte, pela atuação

desastrosa do Judiciário brasileiro no episódio do

8 de janeiro. 


Como já mencionamos outras vezes

neste espaço, aquele foi um acontecimento de

extrema gravidade que, se devidamente punido,

poderia ter servido para reforçar na sociedade a

importância de defender a democracia em sua

totalidade. No entanto, transformou-se em

pretexto para que liberdades e garantias

democráticas fossem ainda mais agredidas no

país.


Uma acusação tão esdrúxula quanto a enfrentada

por Ives Gandra – de que uma interpretação

técnico-jurídica feita em 2017 incitou uma

suposta tentativa de golpe em 2023 – só poderia

prosperar em um ambiente em que o respeito à

liberdade de pensamento e opinião é

constantemente escamoteado sob o pretexto da

defesa da democracia. Ironicamente, esta só pode existir plenamente em um contexto onde reine a

liberdade de expressão e opinião.


Que haja entidades ou grupos dispostos a

distorcer um estudo jurídico sobre norma

constitucional, realizado por um professor de

Direito, para transformá-lo em pseudo-base

teórica de um golpe de Estado não surpreende.

Mas que a OAB – cuja missão é zelar pela

advocacia e pela integridade do Direito – se

preste ao papel de acolher representações tão

descabidas, ainda mais contra um homem como

Gandra, com quase 70 anos de vida dedicados ao

Direito e à defesa da democracia, é inaceitável.


Seu legado de inestimável saber jurídico não

pode ser manchado por uma perseguição que

afronta a própria razão de ser da OAB.


A Ordem não pode se curvar a servir de

instrumento de perseguição, atendendo a

investidas de quem tenta subverter a ordem

jurídica em nome de seus próprios interesses.

Ives Gandra não pode continuar sendo

constrangido a se explicar por suas

interpretações – que são absolutamente

legítimas concorde-se ou não com elas. 


Cabe à OAB, como instituição responsável por zelar pela

advocacia e pelo livre exercício do pensamento

jurídico, reconhecer o erro de admitir

representações infundadas como a movida

contra Ives Gandra Martins.


O respeito ao debate constitucional – ainda que

envolva interpretações complexas e sensíveis – é

condição essencial para a preservação da

democracia. 


Transformar juristas em réus por

suas ideias é repetir os vícios dos regimes autoritários, que perseguiam pensamentos.


Defender Gandra é defender o direito de pensar

livremente, de interpretar a Constituição e de

contribuir com o pensamento jurídico nacional

sem medo de represálias. A democracia não se

sustenta sem liberdade, nem o Direito sem

independência.

Notas comerciais crescem mais

 Notas comerciais avançam no lugar de cédulas bancárias


Estoque de títulos atingiu R$ 111 bilhões neste ano, ante R$ 40 bilhões em 2021; isenção de IOF e entrada de empresas limitadas explicam alta


03/06/2025 05h01 Atualizado há um minuto


Em um cenário de juros altos, que eleva a demanda por papéis de renda fixa e torna o crédito mais restritivo, as emissões de notas comerciais têm aumentado. O volume desses títulos de dívida corporativa emitido em 2024 chegou a R$ 77 bilhões, um aumento de 64% em relação ao ano anterior, segundo dados da B3. O estoque das emissões atingiu neste ano em R$ 111 bilhões - ante R$ 40 bilhões em 2021.


O crescimento veio na esteira de um ajuste na legislação, há quatro anos. A mudança, entre outros pontos, levou o acesso desses títulos para as empresas limitadas. “Isso fez com que o produto mudasse de patamar”, afirma o superintendente de produtos de balcão da B3, Leonardo Betanho.


Outra alteração relevante, feita no contexto da pandemia de covid-19, foi que a nota comercial passou a ser escritural e não mais física, ajudando a desburocratizar o produto.


Desde então, os papéis estão substituindo as cédulas de crédito bancário (CCBs), tradicional veículo para empréstimos na carteira dos bancos.


A migração tem ocorrido, em grande parte, por uma questão tributária. A CCB é um título de crédito bancário, e portanto passível de cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Enquanto isso, nas notas comerciais não há incidência desse imposto porque são consideradas um valor mobiliário.


As notas comerciais passaram a atender um público que antes não estava sendo atendido”


Com a abertura das emissões por empresas limitadas, o perímetro de companhias que podem captar recursos usando notas comerciais cresceu substancialmente. “Isso representa uma revolução no acesso ao mercado de capitais por parte de empresas que tradicionalmente não emitiam títulos públicos, ou seja, empresas de médio porte, muitas vezes familiares, com bons fundamentos, mas fora do radar do mercado tradicional”, diz o responsável pela coordenação e distribuição de ofertas públicas da Bloxs, Matheus Fonseca.


Bruno Tuca, sócio da área de mercado de capitais do Mattos Filho, diz que a nota comercial permite que empresas limitadas emitam um título de dívida semelhante às debêntures, permitidas apenas para as sociedades de ações. Até então, o único acesso das limitadas ao mercado de capitais se dava por meio dos certificados de recebíveis agrícolas e imobiliários (CRAs e CRIs).


Se a decisão do governo de aumentar o IOF de operações de crédito a pessoa jurídica for mantida, a expectativa é que o apelo das notas comerciais cresça ainda mais. “As notas comerciais vão engolir parte relevante das CCBs, haverá uma substituição natural”, afirma o presidente da Oliveira Trust, José Alexandre Freitas. Segundo o executivo, desde o anúncio os questionamentos de empresas que tinham no CCB a principal fonte de financiamento cresceram, com a atenção agora voltada às notas.


Tuca, do Mattos Filho, diz que além do aumento do IOF sobre os títulos bancários, as restrições impostas à emissão de CRIs e CRAs, que diminuíram as possibilidades de lastro para esses títulos, serão outra via de crescimento para as notas comerciais.


“Com isso, as empresas limitadas terão como alternativa as notas comerciais”, diz. Ou seja, o papel deverá ser ainda mais acessado por esse grupo.


Esses títulos são, no geral, emitidos por pequenas e médias empresas e têm, na maioria um valor que gira entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões. São registradas, contudo, emissões maiores, algumas raras já se aproximando de R$ 1 bilhão. Os recursos captados costumam ser usados para capital de giro, segundo Freitas.


“As notas comerciais passaram a atender um público que antes não estava sendo atendido”, afirma o sócio da área de mercado de capitais do escritório Machado Meyer Luis Filipe Gentil.


A maior procura das notas comerciais pelas empresas também se deu sob o contexto de um crescimento rápido do mercado de Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs), que se tornaram importantes compradores de notas comerciais, especialmente aquelas privadas, que podem ser vendidas sem esforços de venda, no geral ficando com poucos investidores. Outros fundos de crédito e até mesmo fundos de pensão também são compradores desses papéis, segundo especialistas.


Segundo Ricardo Prado, sócio da área de mercado de capitais do Lefosse, desde a mudança da lei em 2021 se criou um instrumento adicional de financiamento das companhias, que vem crescendo à medida que se torna mais conhecido. Atualmente, lembra, esses títulos são muito parecidos com as debêntures. A diferença é que estas têm liquidez no mercado secundário, algo que acaba sendo fundamental para emissões maiores e de vencimento mais longo. Há, ainda, o benefício fiscal no caso das debêntures incentivadas.


Antes, as notas comerciais tinham como vantagem a celeridade, já que não era necessário fazer a escritura da emissão na Junta Comercial. Por isso, era comum que grandes empresas acessassem o papel como um empréstimo-ponte para uma emissão de debênture. No entanto, recentemente, essa exigência para as debêntures foi flexibilizada.


As notas comerciais são emitidas principalmente pelos bancos menores e algumas butiques que fazem emissões de produtos de renda fixa. Parte dos grandes bancos acaba mantendo a atuação mais voltada às ofertas públicas, ou seja, as distribuídas ao mercado e que, por isso, tendem a ser mais líquidas. Segundo uma fonte de um grande banco, existe ainda a percepção de maior risco desses títulos e ainda o questionamento de que, nas emissões privadas se trata, à risca, de um título de valor mobiliário.


Algumas instituições financeiras, por isso, decidiram por enquanto apenas emitir as notas públicas e, dependendo do cliente que opta por uma emissão privada, o banco pode apoiá-lo sendo um investidor do papel.


https://valor.globo.com/google/amp/financas/noticia/2025/06/03/notas-comerciais-avancam-no-lugar-de-cedulas-bancarias.ghtml

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: Temos tido uns dias claramente mais fracos e hoje também o será. Europa está há 4 sessões consecutivas a retroceder. Pouco, mas em queda. Nova Iorque alterna entre retrocessos e ligeiros avanços. E maio está a ser mais ou menos plano para ambas as partes. Na realidade, esse é o balanço de todas as bolsas do mundo. Trata-se da etapa de aplanamento que precede a reflexão que resultará num reajuste que muito provavelmente deverá acontecer mais cedo ou mais tarde. Porque a origem deste debilitamento está na macro e nos resultados empresariais, também fracos pouco a pouco. 


Ontem saiu um ISM Industrial americano pior do que o esperado e a manter-se em zona de contração: 48,5 vs. 48,7 anterior vs. 49,5 esperado. Esta madrugada, saiu na China o PMI Industrial Caixin mais débil desde setembro de 2022: 48,3 vs. 50,4 anterior vs. 50,6 esperado. A realidade deve ser muito má para que a China reconheça um dado como este. Às 10 horas, sairão a inflação na UE, provavelmente a retroceder até +2,0% desde +2,2%, e o Desemprego a repetir em 6,2%. E às 15 h, os JOLTS ou empregos disponíveis nos EUA: 7,10M vs. 7,19M anterior, de forma que os empregos disponíveis já se igualam praticamente ao número de desempregos, quando há 1 ou 2 anos o rácio era muito melhor, 2:1 inclusive. 


Foi divulgado (intencionadamente?) um documento/carta do governo americano que convida todos os países a apresentarem amanhã, 4 de junho, a sua “melhor oferta alfandegária” para completar os acordos alfandegários o mais cedo possível. Até agora, os EUA só têm um acordo com o Reino Unido. De seguida, conforme a carta (que se desconhece quais os países que a receberam), os EUA responderão em questão de dias com as medidas alfandegárias que acreditam serem adequadas para cada país. E indica que os EUA avançarão com a sua política de impostos alfandegários recíprocos, independentemente da decisão do Tribunal Internacional de Comércio. É impossível saber como interpretar isto, exceto pelo facto de que Trump demonstra começar a ter pressa. Recordemos que as eleições de meio mandato serão em novembro de 2026, nas quais será escolhido a 100% o representante da Câmara de Representantes (435) e 1/3 do Senado (33)… portanto são bastante decisivas, principalmente porque hoje os republicanos controlam ambas as câmaras. Daí ter pressa. 


CONCLUSÃO: Nova Iorque fraca, mas a Europa poderá aguentar em positivo graças a uma inflação provavelmente ilusoriamente benigna. Obrigações um pouco compradas hoje, com redução de -2/-4 p.b., por exemplo. Complacência suave à espera do realmente importante desta semana, entre quinta e sexta-feira: BCE, Broadcom e emprego americano. O USD deprecia-se até 1,143 e o ouro subiu um pouco mais, cumprindo a sua clássica correlação inversa. Quando esta combinação acontece, a debilidade de fundo está servida. O mercado está a deixar para trás a fase de negociação (isto é, Trump não muda nada de importante) e a entrar na fase de aceitação (isto é, irá, a ver se acontece algo, porque o fluxo de fundos não neutraliza tudo), que nos levará a um mercado plano, prévio ao ajuste necessário. As obrigações mandam sempre e os maiores desequilíbrios fiscais que se avizinham, principalmente o americano, elevarão o prémio temporário (term premium) pouco a pouco, e isso fará com que a yield suba e a avaliações das bolsas se tornem incómodas.


S&P500 +0,4% Nq-100 +0,7% SOX +1,6% ES50 -0,2% IBEX +0,4% VIX 18,4% Bund 2,51% T-Note 4,43 Spread 2A-10A USA=+49pb B10A: ESP 3,11% PT 2,99% FRA 3,18% ITA 3,50% Euribor 12m 2,057% (fut.1,997%) USD 1,142 JPY 163,3 Ouro 3.363$ Brent 64,8$ WTI 62,8$ Bitcoin +0,6% (105.371$) Ether +4,7% (2.609$). 


FIM

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: Acordo do IOF pode sair ainda hoje*


… Pela primeira vez em oito meses, a atividade industrial na China caiu abaixo dos 50 pontos – para 48,3 em maio – indicando a contração da economia. O dado divulgado ontem à noite já afetava os pregões asiáticos. Na Europa, o relatório trimestral de Perspectivas Globais da OCDE abre o dia, seguido pelo CPI de maio na Zona do Euro, que deve validar as expectativas de um novo corte do juro pelo BCE, na 5ªF. Nos EUA, sai o relatório Jolts (11h), com a abertura de vagas em abril, primeiro dos indicadores de emprego da semana, que termina com os números do payroll (6ªF). Aqui, o destaque é a produção industrial de abril (9h), que deve desacelerar para expansão de 0,5% (mediana do Broadcast), após +1,20% em março. Na política, evoluem as negociações de Haddad com os líderes do Congresso para um acordo que possa reduzir o impacto do IOF e colocar na pauta medidas estruturais. O desfecho pode sair ainda hoje, antes da viagem de Lula à França.


… Depois dos afagos de Lula a Hugo Motta no final de semana, acompanhados de mea-culpa sobre o decreto do IOF sem apresentação prévia ao Parlamento, foi a vez de Haddad elogiar os presidentes da Câmara e do Senado, com quem se reuniu ontem à noite.


… O ministro não deu declarações à saída do encontro, mas pela manhã já havia levantado a bandeira branca.


… “Eles têm uma agenda boa e ampla, as conversas evoluíram e os temas abordados não se resumem a soluções paliativas, que só visam o cumprimento da meta de um ano, mas soluções estruturais que darão conforto a qualquer governante no anos seguintes.”


… Haddad deixou claro que não está desistindo do IOF, mas admitiu “calibrar” o decreto para corrigir desequilíbrios. “É preciso promover medidas que resolvam o curto e o longo prazo e que darão um horizonte para a sociedade das regras do jogo daqui em diante.”


… O ministro antecipou o entendimento para discutir soluções estruturais antes da viagem de Lula para a França, hoje à noite. Não quis adiantar as medidas que estão na mesa, mas destacou a importância da compensação da folha de pagamentos.


… “É difícil entender que a desoneração da folha não foi resolvida até hoje. Nós estamos esperando essa compensação há um ano e meio. São R$ 22 bilhões que estão faltando na peça orçamentária porque não houve a compensação.”


… Sobre a reforma administrativa, já citada por Hugo Motta, Haddad citou alguns dispositivos na PEC 32 que aumentam o gasto público, dizendo que há um pouco de “fetiche” em torno da expressão. “Quando você faz a conta, ela não fecha. É preciso cautela.”


… Mas defendeu o debate sobre a questão dos supersalários e o acordo com as Forças Armadas sobre aposentadoria, como pontos que já foram endereçados pelo governo e que não andaram. “Daríamos um bom exemplo começando pelo topo do serviço público.”


… Dentre algumas das alternativas que rodam nos corredores da Câmara estão a taxação das bets e fintechs – sugestão feita por bancos – e de criptoativos.


ISENÇÕES – Outro ponto que o ministro vem batendo há muito tempo são as isenções e benefícios fiscais, que, segundo a Receita Federal, somarão R$ 800 bilhões este ano. Mas quem está de olho nesse dinheiro é o deputado Arthur Lira (PP).


… A Coluna do Estadão apurou que Lira, relator da reforma do Imposto de Renda – que isenta quem ganha até R$ 5 mil/mensais e reduz o recolhimento para rendas até R$ 7 mil – quer um pente fino em desonerações fiscais para bancar o custo do projeto.


… Em conversas com representantes de setores econômicos, Lira afirmou que “vai ter choro” com a revisão dos benefícios, considerados “vacas sagradas”, mas que quer apresentar um relatório inicial entre 15 e 20 de junho, para “apanhar e amadurecer o texto”.


… O governo enviou a proposta com a previsão de compensar o aumento da faixa de isenção do IR com a cobrança adicional de imposto para quem tem renda superior a R$ 50 mil mensais, mas essa medida enfrenta resistência no Congresso.


ALTERNATIVA PETRÓLEO – Uma norma em discussão na ANP, que prevê a revisão de regras sobre os preços de petróleo para cálculo das participações governamentais pode elevar a arrecadação em até R$ 10 bilhões ao ano, segundo estima a equipe econômica.


… A medida em estudo, antecipada pelo JOTA e confirmada pelo Valor, pode ser apresentada como uma alternativas ao aumento do IOF.


… Há um processo interno de revisão aberto desde 2023 para debater uma mudança na resolução, que estabelece critérios para a fixação do preço de referência do petróleo adotado no cálculo das participações governamentais, como royalties.


… Segundo membros da equipe econômica, o potencial máximo é de R$ 10 bilhões ao ano, mas nem tudo entrará diretamente nos caixas da União, já que uma parcela é repartida para os entes subnacionais [Estados].


… Em 2024, a Secretaria de Reformas Econômicas da Fazenda enviou um ofício à ANP indicando que, sem a revisão da norma, a perda de arrecadação federal poderia ser de até R$ 6 bilhões ano.


… Já o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tenta emplacar uma série de medidas na área de petróleo como alternativa ao IOF. Segundo técnicos do MME, seria possível arrecadar R$ 20,25 bilhões ainda em 2025 com as medidas e mais R$ 15 bilhões em 2026.


… Para 2025, a principal receita seria advinda do leilão de petróleo de áreas não contratadas do pré-sal. Um projeto de lei já foi enviado ao Congresso autorizando o certame. A expectativa é que a medida renda ao menos R$ 15 bilhões aos cofres públicos neste ano.


… Para 2026, técnicos do MME contam com aumento da arrecadação com a venda de óleo da União pela PPSA (a estatal do Pré-Sal), além de outras medidas regulatórias, que foram apresentadas por Silveira ao presidente Lula em reunião nesta 2ªF.


GALÍPOLO – Em debate ontem à noite em São Paulo, disse que a discussão do modelo final do IOF ainda está em discussão, que pode ser alterado, mas que o BC tende a avaliar com parcimônia o quanto o aumento do imposto poderá ser incorporado nas suas projeções.


… Defendeu, contudo, que o IOF não deveria ser usado para arrecadação nem apoio à política monetária. “IOF é imposto regulatório.”


… Galípolo reforçou que o Banco Central ainda está no estágio de discutir o ciclo de alta, que a decisão será tomada no próximo Copom. “Flexibilidade significa que estamos abertos e vamos tomar a decisão sobre o que fazer na reunião.”


… Disse que o BC vai esperar mais informações para definir se a taxa de juros está em nível “suficientemente contracionista”.


… Galípolo afirmou que não é o momento de projetar “guidance”, que isso é um desafio de todos os banqueiros centrais no cenário de incertezas, assumir uma postura “humilde”, trazer clareza nas comunicações e evitar gerar mais turbulência.


O ALERTA DE JAMIE DIMON – Com um longo histórico de prognósticos preocupantes sobre a saúde da economia e dos mercados, o CEO do JPMorgan Chase previu uma crise “severa” nos EUA se não forem tomadas medidas para lidar com a crescente dívida.


… “Vocês verão uma ruptura no mercado de títulos. Vai acontecer”, em entrevista em um Fórum Econômico, 6ªF, na Califórnia.


… Os mercados de títulos têm sido abalados pela perspectiva de que a instável situação fiscal do país se agrave, caso a legislação tributária de Trump se torne lei – uma medida que aumentaria os déficits orçamentários em cerca de US$ 2,7 trilhões ao longo de uma década.


… No domingo, em entrevista à CBS, o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, disse que “os EUA nunca entrarão em default, isso nunca vai acontecer”, amenizando as preocupações dos investidores e os alertas de Jamie Dimon.


… “Conheço Jamie há muito tempo e, durante toda a sua carreira, ele fez previsões como esta. Felizmente, nenhuma delas se confirmou.”


… Nesta 2ªF, Trump voltou a pedir ao Senado que aprove a lei tributária, que chama de “grande e belo projeto de lei”, para que chegue à sua mesa antes do 4 de Julho. “Daremos um grande passo [com ela] para equilibrar o nosso orçamento.”


MAIS AGENDA – Antes da produção industrial (9h), sai o IPC-Fipe de maio (5h), que fechou abril em 0,45% e deve desacelerar a 0,34%, com o alívio previsto para grupo Alimentação, segundo economistas ouvidos pelo Projeções Broadcast.


… Em Brasília, o ministro Haddad participa do Encontros Piauí (9h30), com o tema “Os três poderes e a democracia”.


… Na Zona do Euro, o CPI deve desacelerar para 2% na medida anualizada em maio (consenso do Trading Economics), após 2,2% em abril, às 6h. No mesmo horário, sai a taxa de desemprego no bloco, que deve ser mantida em 6,2% no mês de abril.


… Nos EUA, o relatório Jolts deve mostrar a abertura de 7,120 milhões de vagas em abril, só um pouco abaixo de março (7,192 milhões), às 11h. No mesmo horário, saem as encomendas à indústria em abril, com previsão de queda de 3%, após +3,4% em março.


… Três dirigentes do Fed têm falas públicas hoje: Austan Goolsbee/Chicago (13h45), Lisa Cook (14h) e Lorie Logan/Dallas (16h30).


… Nesta 2ªF, Goolsbee afirmou que, mesmo com as tarifas recíprocas em vigor, “ainda acho que os juros podem cair nos próximos 12 a 18 meses”. Segundo ele, “surpreendentemente, até agora tivemos pouco impacto direto das tarifas sobre a inflação”.


… Já Lorie Logan, que também discursou ontem, foi mais cautelosa: “O maior risco é a consolidação de expectativas de inflação mais altas”.


TRUMP & XI – Fontes da Casa Branca informam que o presidente dos EUA e o líder chinês devem conversar ainda nesta semana (CNBC).


… O presidente Trump quer que os países apresentem sua melhor proposta nas negociações comerciais até amanhã (4ªF), segundo um documento enviado aos parceiros de negociação obtido pela agência Reuters.


PLANO B – A confirmação pelo MME, no fim da tarde de ontem, de que a alternativa ao IOF pode passar pelo aumento da arrecadação do setor de óleo e gás ajudou a acomodar a curva do DI na reta final do pregão.


… O trecho intermediário desacelerou e a ponta curta manteve a queda já observada com as boas notícias para a inflação (queda da gasolina e Focus). Só os contratos longos não escaparam à pressão dos juros dos Treasuries.


… No fechamento, o DI para Jan/26 caiu para 14,770% (de 14,805% no pregão anterior); e Jan/27 recuou a 14,110% (de 14,150%). Jan/29 estabilizou em 13,630% (de 13,625%). Jan/31 subiu a 13,780% (13,760%).


… O governo se meteu na sinuca de bico do IOF. Se o decreto for revogado, sem compensação, inviabiliza o compromisso fiscal. Por outro lado, comprar briga com o Congresso em ano pré-eleitoral é uma tática suicida.


… O mercado passa os dias colado ao noticiário, de olho em uma solução negociada para a crise do momento.  


… Além de monitorar as novidades sobre o IOF ontem, os negócios colocaram o foco na perspectiva de alívio da inflação com o anúncio da Petrobras de redução de 5,6% no preço da gasolina às distribuidoras a partir de hoje.


… O corte nas refinarias deve ser sentido pelos postos de combustíveis este mês e pode reduzir o IPCA de junho entre 0,8pp e 0,10pp, calcula a Warren, que revisou a projeção da inflação do ano de 5,3% para 5,2%.


… Diante da gasolina mais barata, também o Santander reduziu a alta estimada para o IPCA de junho, de 0,46% para 0,36% (-0,9pp), e estimou alívio residual de 0,01pp em julho, com desaceleração da inflação para 0,15%.


… Apesar disso, o banco preferiu manter a estimativa para o IPCA no acumulado do ano em 5,8%.


… A Bradesco Asset reduziu a aposta para a inflação/25 de 5,4% para 5,3% e a Terra baixou de 5,5% para 5,4%.


… No Focus, divulgado antes da Petrobras, a estimativa já havia caído de 5,50% para 5,46%, contratando novo ajuste em queda para a semana que vem, embora ainda continue estourando de longe o centro da meta, de 3%.


… Pelos cálculos do Itaú BBA, o corte da gasolina é o “ajuste exato necessário” para realinhar o valor do combustível, após ter permanecido acima do preço de paridade de importação (PPI) por quase duas semanas.


… Já o CBIE aponta que, com a redução, o valor praticado pela Petrobras fica 10% abaixo da média internacional.


… Ninguém se ilude, porém, que a gasolina sensibilize o BC a antecipar um corte do juro. O fôlego do emprego e da atividade projetam Selic elevada por período prolongado, apesar da potencial pausa no Copom deste mês.


… Sem falar na dinâmica fiscal preocupante, que sempre exige senso de cautela da política monetária.


… O efeito positivo na percepção inflacionária do anúncio da Petrobras ofuscou ontem o impacto no DI da piora do outlook do Brasil pela Moody´s, recebido sem maior susto pelo mercado, que no fundo já esperava por isso.


ALERTA LARANJA – A volta à cena de Trump com os novos capítulos da guerra comercial abalou ainda mais a reputação do dólar em escala global e, aqui, a moeda caiu por tabela, cotada a R$ 5,6750, em queda de 0,75%.


… A dúvida se o impasse do IOF será resolvido chegou a limitar a alta do real, mas o exterior falou mais alto.


… Lá fora, o índice DXY recuou 0,63%, para 98,706 pontos. Reportagem da Bloomberg aponta que Wall Street está muito pessimista com o dólar e antecipa novas rodadas de enfraquecimento da divisa americana.


… Segundo a matéria, a moeda continuará incorporando os riscos das políticas comerciais e fiscais de Trump, da desaceleração do crescimento econômico e dos cortes de juro pelo Fed, projetados para a partir de setembro.


… Os modelos do Goldman Sachs sugerem que o dólar está cerca de 15% supervalorizado. O Morgan Stanley afirma que a moeda norte-americana cairá para patamares vistos pela última vez durante a pandemia da covid.


… O banco prevê que, daqui a um ano, o DXY terá afundado perto de 9% e atingido marca próxima de 90 pontos.


… O JPMorgan reforça visão negativa para o dólar e recomenda apostas no iene (que ontem subiu a 142,69/US$), no euro (que começou a semana avançando 0,86%, a US$ 1,1444) e no dólar australiano.


… Não só o investidor voltou a pôr em xeque ontem a credibilidade do dólar, como também reduziu a exposição aos Treasuries, pressionando a taxa da Note-2 anos (3,947%, de 3,908%) e de 10 anos (4,448%, de 4,408%).


… Relatório do UBS aponta, porém, que os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano ainda não atingiram níveis que forcem os parlamentares a enfrentarem o crescimento insustentável da dívida pública.


… O nervosismo dos investidores sobre o tamanho do endividamento aumenta à medida que Trump pressiona o Congresso a aprovar o “big, beautiful” projeto de lei orçamentária, que terá de vencer a resistência do Senado.


… Operando em dois tempos, as bolsas em NY rodaram em baixa pela manhã com a investida de Trump para dobrar as tarifas de aço e alumínio importados para 50%. Mas viraram à tarde para alta moderada.


… A reversão teve como gatilho a confirmação oficial pela Casa Branca de que Trump e Xi Jinping devem conversar por telefonema esta semana para tentar acelerar as discussões em torno da guerra comercial.


… No fechamento dos negócios, o índice Dow Jones operava perto da estabilidade (+0,08%), aos 42.305,48 pontos; o S&P 500 avançava 0,41%, aos 5.935,94 pontos; e o Nasdaq ganhava 0,67%, aos 19.242,61 pontos.


DARLING – Coincidindo com o momento de rotação de portfólios para os mercados emergentes, precipitado pela política protecionista de Trump, duas casas manifestaram ontem o otimismo em relação ao Ibovespa.


… O Santander elevou o preço-alvo do índice à vista de 145 mil pontos para 160 mil pontos ao fim deste ano, enquanto a XP revisou a projeção de 149 mil para 150 mil pontos, contra a faixa atual de 136 mil pontos.


… O Ibov perdeu ontem os 137 mil pontos e caiu de leve (-0,18%, a 136.786,65 pontos) com os ruídos de Trump e o corte da gasolina, que roubou boa parte da força exibida pela Petrobras pela manhã com o rali do petróleo.


… Petrobras ON subiu apenas 0,30%, a R$ 33,01, e PN reduziu os ganhos a 0,58%, a R$ 31,08, contra uma alta de quase 3% do Brent (+2,85%, US$ 62,52), em meio ao ataque recorde de drones russos contra a Ucrânia.


… A escalada de violência acontece às vésperas da nova rodada de negociações entre Kiev e Moscou.


… O mercado também absorveu a decisão da Opep+ de elevar a produção de petróleo em 411 mil bpd a partir de julho, que já era amplamente esperada, embora tenham rolado rumores sobre um aumento ainda maior.


… A decisão de Trump de dobrar as tarifas sobre o aço a partir de amanhã ajudou as ações da Gerdau Metalúrgica PN (+5,14%, a R$ 8,79) e Gerdau PN (+5,05%, a R$ 16,02), já que o grupo possui usinas nos EUA.


… Mas a ameaça pesou negativamente sobre as ações de CSN Mineração, com queda acentuada de 2,77%.


EM TEMPO… Moody´s reafirmou o rating da PETROBRAS, VALE, AMBEV e de 27 bancos, mas alterou as perspectivas de positiva para estável, na esteira da mudança de outlook da nota soberana do Brasil…


… Entre as instituições financeiras afetadas estão o BRADESCO, ITAÚ e o BANCO DO BRASIL.


PETZ/COBASI. A área técnica do Cade aprovou a fusão, sem restrições. Concorrentes e conselheiros têm 15 dias para questionar o parecer ou o caso fica definitivamente aprovado.


MINERVA levantou R$ 1,72 bilhão no aumento de capital, com adesão de 85% dos investidores da base. O montante representa 85,75% do valor máximo que a companhia busca, de R$ 2 bilhões…


… A empresa também informou que concluiu a recompra de mais uma parcela dos bonds de 2028 e 2031, totalizando US$ 309,1 milhões recomprados desde março.  


AZUL. A Moody´s rebaixou o rating corporativo de Caa2 para Ca, refletindo pedido de Chapter 11 (recuperação judicial), apresentado em 28 de maio nos EUA. A perspectiva permanece negativa.


 TIM informou que AGOE aprovou o grupamento da totalidade das ações ordinárias emitidas pela companhia, na proporção de 100 ações para 1, seguido de desdobramento, na proporção de 1 para 100 ações.


VIVARA, em linha com sua estratégia de expansão, comunicou que passará a operar um novo centro de distribuição (CD) no Espírito Santo. A inauguração está prevista para o segundo semestre de 2025.


SANTOS BRASIL informou que a SPX atingiu participação de 5,11% no capital social da companhia. Conforme dados recentes do formulário de referência da Santos Brasil, a gestora não detinha fatia relevante anterior.


UBER promoveu o vice-presidente sênior de mobilidade e operações comerciais, Andrew Macdonald, a presidente e diretor de operações. Pierre-Dimitri Gore-Coty deixou cargo de vice-presidente sênior de entregas.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Universidade pública brasileira

 Falta de investimento e pesquisa*faz 87% das universidades brasileiras 

caírem em ranking internacional*



USP também perde uma posição, mas ainda se mantém como a melhor entre as instituições da América Latina segundo CWUR


2.jun.2025 à 1h00

Atualizado: 2.jun.2025 às 8h59


Falta de investimento do governo e queda no desempenho de pesquisas acadêmicas fizeram com que 87% das universidades brasileiras caíssem no ranking internacional de instituições de ensino superior do Centro para Rankings Universitários Mundiais (CWUR).


O CWUR é uma organização que fornece conselhos sobre políticas, ideias estratégicas e serviços de consultoria a governos e universidades para melhorar os resultados educacionais e de pesquisa.


Na edição 2025 do ranking, divulgado nesta segunda-feira (2), 46 das 53 universidades do país listadas no top 2000 tiveram queda. Segundo a instituição, "o principal fator para o declínio das universidades brasileiras é o desempenho em pesquisa, em meio à intensificada competição global de instituições bem financiadas".


Melhor universidade da América Latina, a USP (Universidade de São Paulo) também caiu na lista, do 117º para o 118º lugar. Mesmo assim, manteve sua posição de liderança no continente, à frente da Universidade Nacional Autônoma do México (282º), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro, 331º) e da Unicamp (Universidade de Campinas, 369º).


O CWUR informa que a USP teve declínios nos indicadores de qualidade de educação, empregabilidade, qualidade do corpo docente e pesquisa.


As sete instituições que subiram no ranking foram:


Universidade Federal do Rio de Janeiro [de 401º para 331º ]

Universidade Estadual de Campinas [de 370º para 369º]

Universidade de Brasília [de 836º para 833º]

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul [de 1396º para 1367º]

Universidade Tecnológica Federal do Paraná [de 1465º para 1455º]

Universidade Federal do Rio Grande [de 1677º para 1644º]

Universidade Federal do Triângulo Mineiro [de 1868º para 1836º]

"Com 53 universidades no ranking, o Brasil está bem representado entre as melhores universidades do mundo. No entanto, o que é alarmante é a queda das instituições acadêmicas devido ao enfraquecimento do desempenho em pesquisa e ao limitado apoio financeiro do governo", analisa Nadim Mahassen, presidente do CWUR.


"Enquanto vários países estão colocando o desenvolvimento da educação e da ciência no topo de suas agendas, o Brasil está lutando para acompanhar o ritmo. Sem financiamento mais forte e planejamento estratégico, o Brasil corre o risco de ficar ainda mais para trás no cenário acadêmico global em rápida evolução", alerta.


No ranking global, a americana Universidade de Harvard é, pelo 14º ano consecutivo, a principal do mundo. É seguida por outras duas instituições privadas dos EUA, MIT e Stanford, enquanto Cambridge e Oxford do Reino Unido –classificadas em quarto e quinto lugar, respectivamente– são as instituições públicas de ensino superior mais bem avaliadas do mundo. O restante do top dez global é completado por universidades privadas dos EUA: Princeton, Pensilvânia, Columbia, Yale e Chicago.


Apesar desse domínio de instituições norte-americanas, a China se tornou nesta edição o país com o maior número de universidades no top 2.000, com 346, superando justamente os EUA, que tem 319.


"Em um momento em que as universidades chinesas estão colhendo os frutos de anos de generoso apoio financeiro de seu governo, as instituições americanas estão lidando com cortes no financiamento federal e disputas sobre liberdade acadêmica e liberdade de expressão. Com os Estados Unidos superados pela China como o país com mais representantes nos rankings, sua reputação no setor global de ensino superior está sob séria ameaça", dispara Mahassen.


O CWUR analisou 74 milhões de pontos de dados baseados em resultados para classificar universidades de todo o mundo de acordo com quatro fatores: qualidade da educação (25%), empregabilidade (25%), qualidade do corpo docente (10%) e pesquisa (40%). Este ano, 21.462 universidades foram classificadas, e aquelas que ficaram no topo entraram na lista Global 2000, que inclui instituições de 94 países.


As 53 universidades brasileiras do top 2000:


1) Universidade de São Paulo [▼118º]

2) Universidade Federal do Rio de Janeiro [▲331º]

3) Universidade de Campinas [▲369º]

4) Universidade Estadual Paulista [▼454º]

5) Universidade Federal do Rio Grande do Sul [▼476º]

6) Universidade Federal de Minas Gerais [▼497º]

7) Universidade Federal de São Paulo [▼617º]

8) Fundação Oswaldo Cruz [▼668º]

9) Universidade Federal de Santa Catarina [▼727º]

10) Universidade Federal do Paraná [▼783º]

11) Universidade de Brasília [▲833º]

12) Universidade do Estado do Rio de Janeiro [▼870º]

13) Fundação Getúlio Vargas [▼880º]

14) Universidade Federal de Pernambuco [▼887º]

15) Universidade Federal do Rio Grande do Norte [▼951º]

16) Universidade Federal do Ceará [▼961º]

17) Universidade Federal de São Carlos [▼966º]

18) Universidade Federal Fluminense [▼982º]

19) Universidade Federal de Viçosa [▼984º]

20) Universidade Federal de Pelotas [▼986º]

21) Universidade Federal da Bahia [▼1024º]

22) Universidade Federal de Santa Maria [▼1031º]

23) Universidade Federal de Juiz de Fora [▼1090º]

24) Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) [▼1099º]

25) Universidade Federal de Goiás [▼1119º]

26) Universidade Federal do ABC [▼1122º]

27) Universidade Federal da Paraíba [▼1267º]

28) Universidade Federal do Espírito Santo [▼1268º]

29) Universidade Federal de Lavras [▼1284º]

30) Universidade Federal do Pará [▼1288º]

31) Universidade Federal de Uberlândia [▼1294º]

32) Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) [▼1330º]

33) Universidade Federal de Mato Grosso do Sul [▲1367ª]

34) Universidade Estadual de Maringá [▼1368º]

35) Universidade Federal de São João del-Rei [▼1385º]

36) Universidade Tecnológica Federal do Paraná [▲1455º]

37) Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul [▼1506º]

38) Universidade Estadual de Londrina [▼1526º]

39) Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) [▼1558º]

40) Universidade Federal de Sergipe [▼1584º]

41) Universidade Federal do Rio Grande [▲1644º]

42) Universidade Federal Rural de Pernambuco [▼1691º]

43) Universidade Federal de Mato Grosso [▼1745º]

44) Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro [▼1774º]

45) Pontifícia Universidade Católica do Paraná [▼1785º]

46) Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) [▼1831º]

47) Universidade Federal do Triângulo Mineiro [▲1836º]

48) Universidade Federal de Ouro Preto [▼1911º]

49) Universidade Federal de Campina Grande [▼1930º]

50) Universidade Federal de Alagoas [▼1946º]

51) Universidade Federal do Piauí [▼1950º]

52) Instituto Tecnológico de Aeronáutica [▼1994º]

53) Universidade Federal do Amazonas [▼1999º]


https://www1.folha.uol.com.br/amp/educacao/2025/06/falta-de-investimento-e-pesquisa-faz-87-das-universidades-brasileiras-cairem-em-ranking-internacional.shtml

José Augusto Lambert

Eu entrei para a universidade (UFRJ) em 1974. Na época, ouvi muito avisos de familiares e amigos para tomar cuidado com o que falava e com quem falava. Eu, como outros (poucos) colegas, arriscamos não ficarmos mudos. Fui representante de turma, participei do DCE Mário Prata, fiz discurso a favor de uma greve contra o Pacote de Abril de 1977 e corri de uma tropa de choque que um dia baixou no Fundão, Tinha a certeza, com alguma soberba, de que o DOPS devia ter alguma ficha com meu nome. Assim eram os tempos de chumbo.

Eu, como consequência quase inevitável para todos que se opunham à ditadura, era de esquerda. Assim continuei por mais uma década até começar a entender como funciona o ser humano  e a sociedade.

Uma das coisa que aprendi é que a democracia não é o estado "natural" dos grupamentos humanos. É uma conquista civilizacional ainda muito pouco entendida e praticada. O autoritarismo, sim, é a condição primária do individuo e da maioria das sociedades. Apenas 30 dos 193 paises da ONU são considerados democracias, "relativas" ou não.

Como lembrava Otávio Mangabeira, "a democracia é planta tenra, é frágil e precisa de cuidados constantes para se desenvolver e sobreviver". 

Se descuidarmos, haverá sempre quem se aproveite de momentos muito difíceis (ou muito fáceis) para violar os principios democráticos básicos.

O autoritarismo sempre esteve presente na vida institucional brasileira. Simplificando, podemos dizer que a Esquerda, com suas fantasias igualitaristas,  não receia em pisar nas liberdades democráticas, especialmente a liberdade de expressão. A Direita, com seu reacionarismo, tende a subestimar o direito à diferença das minorias.

O que assistimos, hoje, é a degradação, acumulada em décadas, dos tres poderes, resultado último do descuido com a educação durante a fase em que a população pobre cresceu em ritmo geométrico, especialmente a partir dos anos 50.

A CF de 88, pré queda do Muro de Berlim, ao invés de procurar a autonomia dos indivíduos carentes, optou pelo assistencialismo dos direitos sem _plata_ ou contrapartida na produtividade. Para piorar, a CF preservou os vícios institucionais impostos pela ditadura no seu esforço de esticar sua permanência no poder, com destaque para a super-representação do Norte e Nordeste no Legislativo e os subsídios à improdutividade protegida.

O resultado foi a eleição de políticos fisiológicos e populistas que, eternizando-se nos Executivos e Legislativos, acabaram também por envenenar as supremas cortes com indicação de cumplices despreparados.

Todos saqueando a Viúva até chegarmos ao ponto em que, exauridas a capacidade produtiva e arrecadatória do país, tentam se manter no poder, calando as vozes dissidentes mais agressivas ou ameaçadoras aos seus projetos de poder. Muitas dessas vozes, é bom não deixar passar, também de recorte autoritário e rentistas do erário público.

Milei, com todos os suas esquisitices e alguns traços autoritários, vem, porém, mostrando o caminho. É possivel ganhar eleições, rejeitando o ilusório e impagável assistencialismo estatal. O problema é que a situação na Argentina teve que piorar muito. Só depois de muita inflação e corrupção, é que os argentinos resolveram dar uma chance à realidade de que _there is no such thing as free lunch_.


Parece que estamos ainda muito longe de aqui surgir alguém como Milei. Precisaremos chegar ao ponto em nossos _hermanos_ chegaram?

BDM Matinal Riscala

 Segunda-feira, 2 de Junho de 2025.


*MOODY´S E SOBRETAXA AO AÇO ABREM A SEMANA*

​Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*


… Antes de considerar a agenda intensa nos EUA nesta semana, com novos dados do emprego (incluindo o payroll), índices de atividade e o Livro Bege do Fed, os investidores globais repercutem a decisão de Trump, anunciada após o fechamento dos mercados, na 6ªF, de dobrar de 25% para 50% as tarifas sobre o aço e o alumínio, já a partir de 4ªF, dia 4/6. A notícia disparou o ADR de Gerdau no after hours, mas é negativa para outras metalúrgicas brasileiras. Aqui, a revisão da perspectiva do rating soberano da Moody’s, para negativa, também pegou a bolsa e o câmbio fechados e deve pesar hoje, já que, praticamente, enterra as chances de o Brasil recuperar o investment grade. A notícia veio no meio da crise do IOF, que aumentou as incertezas fiscais com o confronto aberto entre o governo e o Congresso Nacional.


… Em nova exigência, o presidente da Câmara, Hugo Motta, pediu no final de semana a suspensão imediata da incidência do IOF sobre as operações de risco sacado. Quer o recuo antes de acabar o prazo dado à equipe econômica para apresentar alternativas.


… O decreto do IOF estabeleceu que o risco sacado é uma operação de crédito, elevando a alíquota máxima de 1,88% para 3,95% ao ano.


… No domingo, o presidente Lula aproveitou um discurso no 16º Congresso Nacional do PSB para pregar o diálogo e facilitar a aprovação do decreto do IOF. O evento, que elegeu o prefeito do Recife, João Campos, para suceder a Carlos Siqueira, aconteceu em Brasília.


… Com Motta na plateia, Lula disse que “o governo tem de aprender que, quando quiser ter uma decisão que seja unânime entre todos os partidos, o correto não é a gente tomar uma decisão e depois comunicar. É chamar as pessoas para tomar a decisão junto com a gente”.


… Dizendo que “é assim que tem feito com Motta e com Alcolumbre”, o presidente também afirmou que os líderes do Congresso, cientes das medidas que o governo quer aprovar, “podem ajudar o Executivo a corrigi-las”.


… “Ninguém tem a obrigação de aprovar as medidas do governo se não concordar, nosso papel enquanto governo é convencer as pessoas da importância daquilo.” Lula ainda elogiou Motta, dizendo que ele representa “uma novidade na política brasileira”.


… E falando diretamente para Motta, disse que, “independente do seu partido (Republicanos), o seu comportamento e sua eleição como presidente da Câmara são a demonstração de que, dentre tantas coisas ruins que nós vivemos, começam a acontecer coisas boas”.


… Na 5ªF, horas depois de ter dado um ultimato a Haddad, os 10 dias de prazo antes de votar um decreto legislativo, Motta defendeu que Lula entrasse diretamente no debate sobre o aumento do IOF, afirmando que o Brasil “está cansado de tantos impostos”.


… Mas moderou as ameaças dizendo que o Congresso quer “construir uma solução com o governo”, e não “colocar fogo no País”.


… Também destacou que a sociedade “cobra cortes de gastos” e que, “talvez, tenha chegado a hora de colocar o dedo na ferida e fazer os ajustes, mesmo com medidas impopulares”. “O Congresso está disposto a encarar pautas que antes eram impossíveis.”


… Haddad contava que os parlamentares não derrubariam o decreto do IOF para não terem mais emendas contingenciadas. Já houve um corte de R$ 7,8 bilhões. Mas Motta está bancando a queda de braço, afirmando que o Congresso dará a sua “contribuição”.


MAIS LULA – Ainda neste domingo, Lula criticou a manifestação do governo dos EUA contra a atuação do ministro Alexandre de Moraes.


… “Os EUA querem processar o Alexandre de Moraes porque ele tá querendo prender um cara brasileiro que está lá fazendo coisa contra o Brasil o dia inteiro. Que história é essa? Eu nunca critiquei a Justiça deles. Fazem tanta guerra, matam tanta gente.”


… Na 5ªF, o Depto de Justiça dos EUA enviou ao Ministério da Justiça e a Moraes uma carta sobre as ordens de bloqueio determinadas por ele contra perfis em redes sociais de plataformas americanas (Rumble), repreendendo a atuação do ministro do STF.


… O governo Trump afirmou que Moraes pode aplicar as leis no Brasil, mas não dar ordens a empresas americanas nos EUA.


MOODY’S – A agência mudou a perspectiva para o rating do Brasil de positiva para estável, argumentando que a alteração reflete uma redução dos riscos de crédito positivos diante de uma deterioração acentuada na capacidade de pagamento da dívida.


… Para a Moody´s, a mudança no outlook reverbera ainda um progresso mais lento do que o esperado no enfrentamento da rigidez dos gastos e na construção de credibilidade em torno da política fiscal, apesar da adesão às metas para o resultado primário.


… Em relatório, afirma que a “solidez de crédito do Brasil é contrabalançada por uma dívida elevada e crescente, pagamentos de juros elevados e uma estrutura de gastos rígida que limita a capacidade do governo de responder a choques”.


… De um lado, a agência reconhece esforços, como um teto para o crescimento do salário mínimo de 2,5% aa acima da inflação, mas, de outro, defende reformas mais profundas para desacelerar o gasto e controlar as expectativas de inflação e seus efeitos sobre os juros.


… A Moody’s diz que a Selic em alta piorou as projeções de endividamento do governo brasileiro, que agora vão estabilizar em 88%, e não em 82%, e exime o BC, porque o aumento da inflação é sustentado pelo forte crescimento em função dos estímulos do governo.


… Em setembro do ano passado, a equipe econômica e o presidente Lula haviam se encontrado com representantes da Moody´s em NY, e o aval de Lula aos planos de Haddad para controlar gastos foi determinante para a melhora da nota, com perspectiva positiva.


… Sem expectativa de avanço fiscal relevante e com eleições à frente, que podem aumentar os gastos, a Moody´s corrigiu o rumo.


… Bastidor apurado por Célia Froufe/Estadão indica que a Fazenda tem esperança de que a decisão da Moody’s pode ajudar a colocar pressão no Congresso para aprovar medidas fiscais estruturantes, como Hugo Motta está defendendo.


… Um dos técnicos citou o fim ao menos parcial da desoneração da folha de pagamentos e a aprovação da MP sobre crédito presumido. “Com isso, talvez a medida sobre o IOF não estaria nem sendo proposta”, disse a fonte à jornalista.


… Segundo ele, houve sensibilização maior do Congresso após o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, ter exposto na CMO dados das renúncias fiscais, revelando o peso de benefícios para setores como o agronegócio e a Zona Franca de Manaus.


… Os dados foram levados aos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, e a impressão é de que o tema entrou na pauta. Mas há um ceticismo sobre a real intenção dos parlamentares de se mexer nesse vespeiro, que são os benefícios fiscais.


TRUMP – As tarifas de 50% para o aço foram mencionadas em um discurso na fábrica da US Steel, na noite de 6ªF, mas os detalhes vieram depois na sua rede Truth Social, confirmando a sobretaxa a partir desta 4ªF, 4 de Junho.


… Depois de cair 4,36% no pregão regular na Nyse (-3,17% na B3), o ADR de Gerdau deu um salto de 6,46% (US$ 2,80) no after market, já que mais de 40% do faturamento da metalúrgica vem da América do Norte.


… O mercado em Wall Street já vinha descontente com a nova escalada nas tensões dos EUA com a China, acusada pelo presidente Trump de ter violado a trégua combinada em Genebra. Em entrevista no domingo à CBS, Scott Bessent botou panos quentes.


… O secretário do Tesouro americano disse estar confiante de que, “quando Trump e o presidente Xi [Jinping] fizerem uma ligação, o que deverá acontecer em breve, tudo isso será esclarecido”. Trump voltou aos ataques desde que virou meme em Wall Street.


… Os seus recuos sobre as tarifas estão sendo usados para batizar um tipo de investimento na bolsa de valores.


… Denominado TACO (Trump always chickens out, em português Trump Sempre Se Acovarda), os investidores compram ações em queda quando ele impõe alguma tarifa e vendem com lucro quando ele recua e as ações voltam a subir.


… Em comunicado divulgado na noite deste domingo, a China rebateu as acusações de Trump, acusou os americanos de terem violado o pacto selado em Genebra no mês passado e prometeu defender seus interesses.


OPEP – Também no final de semana, a Opep+ decidiu acelerar o aumento na produção de petróleo em 411 mil bpd em julho. É o terceiro mês consecutivo de anúncio de elevação da oferta, apesar de o barril estar em queda.


… Alguns países integrantes da Opep+ afirmam que estão simplesmente atendendo à demanda robusta; outros, que a Arábia Saudita busca recuperar fatia de mercado e punir outros membros por terem burlado suas cotas.


… Como a commodity já vinha antecipando há alguns pregões a potencial nova elevação na oferta pela Opep e aliados, os contratos futuros de petróleo realizavam lucro na noite de ontem e saltavam mais de 2%.


RÚSSIA VS UCRÂNIA – Moscou lançou no domingo o maior número de drones sobre o território ucraniano (472) desde o início da invasão, há três anos, além de sete mísseis, na véspera de mais uma rodada de negociações de paz nesta 2ªF, na Turquia.


AGENDA – Os dados de emprego em maio nos EUA são importantes para medir as chances de o Fed ficar mais sensibilizado para antecipar cortes nos juros, embora eles tenham que vir significativamente piores para mudar o discurso de cautela na política monetária.


… A série começa com o relatório Jolts amanhã (3ªF), segue com a pesquisa ADP (5ªF) e termina com o payroll (na 6ªF).


… Na 4ªF, o Livro Bege poderá ser especialmente importante, diante da expectativa do comportamento da economia americana após as tarifas recíprocas – de 10% para todos os países e de até 145% para os chineses, antes de serem reduzidas para 30%.


… Acredita-se que essa edição já terá informações de como se comportaram as empresas e os efeitos das tarifas de Trump sobre preços, atividade e mercado de trabalho. O Livro Bege embasará a próxima reunião do Fomc, no dia 18 de junho.


… Na Zona do Euro, a reunião do BCE (5ªF) deve confirmar as expectativas de novo corte do juro em 25pbs, com a inflação desacelerando, de 2,25% para 2%. Ainda são destaques no bloco o CPI de maio (3ªF) e o PIB do 1Tri (6ªF).


… Ainda o BC da Rússia realiza reunião de política monetária nesta semana (6ªF).   


HOJE – Índices de atividade PMI industrial de maio da S&P Global/HCOB abrem a semana na Alemanha, Zona do Euro, Reino Unido e EUA (10h45), onde sairão também os indicadores do ISM (11h) e JP Morgan (12h). Na China, o PMI Caixin sai às 22h45.


… A presidente do BCE, Christine Lagarde, participa com vídeo pré-gravado de evento organizado pela AEFR (13h30) e o presidente do Fed, Jerome Powell, discursa na conferência do 75º aniversário da Divisão de Finanças Internacionais do Federal (14h). 


… Mais dois dirigentes do Fed têm falas previstas: Lorie Logan/Dallas (11h15) e Austan Goolsbee/Chicago (13h45).


CHINA – Os mercados chineses não abriram hoje, feriado local. Na 6ªF, o PMI industrial oficial continuou abaixo da marca de 50, revelando que a atividade está em retração, apesar de ter avançado de 49 (abril) para 49,5 em maio, abaixo do consenso (49,6).


… O PMI de serviços caiu de 50,4 para 50,3 no período, também decepcionando a previsão, de 50,6.


JAPÃO – O PMI industrial permaneceu abaixo do patamar neutro de 50, sinalizando uma deterioração na saúde do setor pelo 11º mês consecutivo, mesmo tendo acelerado de 48,7 em abril para 49,4 em maio.


NO BRASIL – A agenda de indicadores é mais fraca, com destaque para a produção industrial de abril amanhã (3ªF) e a balança comercial de maio (5ªF). Hoje, o IPC-S de maio abre o dia (8h), com previsão de desacelerar para 0,35% (Broadcast), após 0,52% em abril.


… Às 8h25, o Banco Central divulga a pesquisa Focus, com a atualização das projeções para o IPCA, Selic, PIB e câmbio.


GALÍPOLO – O presidente do BC participa de debate sobre “Conjuntura Econômica Brasileira” (18h30), promovido pelo Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP), em São Paulo. O evento é aberto à imprensa por meio de transmissão.


ANEEL – Junho terá bandeira tarifária vermelha patamar 1, com cobrança adicional de R$ 4,46 a cada 100 kW/h consumidos.


PETROBRAS – Preço do querosene de aviação (QAV) está 7,9% mais barato para as distribuidoras desde ontem, 01/06, equivalente a uma redução de R$ 0,28/litro em relação ao preço de maio de 2025 e de 7,4% na comparação com dezembro de 2024.


GAP DE CAUTELA – A recaída protecionista de Trump e o recado da Moody´s para o governo Lula, de que não dá para passar pano para a dinâmica fiscal, contratam ajuste negativo na abertura para os negócios domésticos. 


… Na prática, a piora do outlook do rating do Brasil não chega exatamente a pegar ninguém de surpresa.


… Ao Broadcast, o economista Nicolas Borsoi (da Nova Futura) comentou que a decisão parece equilibrada.


… “Situação fiscal está difícil; governo tem tido dificuldade de avançar pautas no Congresso, tendo de adotar medidas fora do Orçamento para fechar a conta; conta de juros está elevada; Lula promete novos estímulos.”


… Para o ex-Tesouro Carlos Kawall (da Oriz), na prática, a Moody´s só tratou de corrigir o erro de outubro, quando elevou a nota, colocou o Brasil a passo do grau de investimento e manteve a perspectiva positiva.


… “Hoje, o outlook deveria, na verdade, ser negativo. Mas os equívocos são corrigidos em etapas”, acrescentou.


… A investida da Moody´s coincide com o momento de desgaste na popularidade de Lula, com recorde da desaprovação (57,3% na pesquisa Atlas Intel), redobrando os riscos de ações populistas, de olho em 2026.


… Só a curva do DI ainda estava operando no final da 6ªF quando estourou no mercado a notícia da Moody´s. Os juros futuros, que já subiam com o PIB aquecido do 1Tri, ampliaram a alta nos últimos minutos da sessão.


… Bombado pelo agro (12,2%), o PIB doméstico nos primeiros três meses do ano registrou crescimento de 1,4%, colado à mediana das estimativas do mercado (1,5%) e no melhor nível da série histórica para o período.


… O dado entra para a coleção que confirma o ritmo ainda aquecido da economia, apesar da Selic em quase 15%, reforçando a percepção de que, após a pausa esperada no Copom de junho, um corte não virá tão cedo.


… Além de a atividade e o emprego estarem andando rápido, o contexto fiscal não dá espaço para o BC relaxar de vez. Na 6ªF, o superávit primário consolidado em abril (R$ 14,15 bi) frustrou o consenso (R$ 18,75 bi).


… Pesquisa-relâmpago conduzida pelo Broadcast logo após a divulgação do PIB revelou que o mercado subiu de 0,3% para 0,5% a mediana para o crescimento da economia no 2Tri, mas manteve a projeção para o ano (2,2%).


… O Barclays tem estimativa de 2,1%, mas com viés de alta, diante dos efeitos do lançamento do novo crédito consignado privado em abril e da liberação de R$ 12 bi em recursos do FGTS para saque-aniversário em junho.


… Na 6ªF, o contrato de DI para Jan/26 subiu para 14,805% (de 14,755% no pregão anterior); Jan/27, a 14,150% (14,040%); Jan/29, a 13,625% (de 13,520%); Jan/31, a 13,760% (de 13,700%); e Jan/33, a 13,820% (de 13,750%).


… A curva ganhou impulso do PIB, da Moody´s e do dólar, que rodou acima de R$ 5,70, com Trump acusando a China de violar a trégua acertada em Genebra e, por aqui, o desconforto com a polêmica detonada pelo IOF.


… Mesmo depois de liquidada a briga da ptax (+0,93%, a R$ 5,7087), o dólar continuou sob pressão na 6ªF e fechou em alta firme de 0,93%, cotado a R$ 5,7195. No acumulado de maio, teve valorização de 0,76%.


TIME QUE ESTÁ GANHANDO – Revogar todas as mudanças no IOF, como cobra o Congresso, pode ser um duro golpe para a continuidade do fluxo estrangeiro para o Brasil, que vêm garantindo topos históricos ao Ibovespa.


… Uma volta atrás do governo transmitiria a mensagem de descontrole das contas públicas e poderia colocar o País em desvantagem, neste momento de rotação global de portfólios aos emergentes com a guerra comercial.


… À espera do ultimato de 10 dias estabelecido por Motta para a equipe econômica apresentar alternativas à elevação do IOF, o Ibovespa completou três quedas seguidas na 6ªF, quando a piora externa também pesou.


… O índice à vista caiu 1,09%, a 137.026,62 pontos. O giro forte de R$ 31,1 bi deu a medida do fôlego vendedor. Apesar da queda do dia, o Ibov fechou maio com alta de 1,45%, contra +3,69% em abril e +6,08% em março.


… Operando nas mínimas no pregão de 6ªF, Petrobras ON (-1,32%, a R$ 32,91) e Petrobras PN (-1,09%, a R$ 30,90) reproduziram a queda do petróleo, que antecipou o aumento na produção no sábado pela Opep+.


… O contrato do barril do Brent para agosto registrou desvalorização de 0,90%, para US$ 62,78.


… Vale ON (-2,53%, a R$ 52,10) caiu forte com Trump voltando a assumir uma retórica agressiva com a China.


… Rebaixado para recomendação neutra pelo Santander, BB ON perdeu 1,18%, a R$ 23,42. Entre os bancos, só Bradesco PN (+0,75%, a R$ 16,20) se salvou. Itaú caiu 0,16%, a R$ 37,43, e Santander Unit, -0,27%, a R$ 29,73.


ELE NÃO RESISTE – Trump acordou atacado na 6ªF e, já pela manhã, escreveu em seu perfil nas redes sociais que os chineses estão enrolando nas negociações e quebrando os acordos firmados semanas atrás em Genebra. 


… Horas depois, a Bloomberg apurou que os EUA devem impor sanções adicionais a subsidiárias de empresas de tecnologia chinesas. O clima melhorou um pouco, após Trump dizer que pretende conversar com Xi Jinping.


… O índice Dow Jones terminou o dia em leve alta de 0,13%, aos 42.270,07 pontos; o S&P 500 ficou estável (-0,01%), aos 5.911,69 pontos; e o Nasdaq fechou em queda moderada de 0,32%, aos 19.133,77 pontos.


… Foi um mês de ouro, porém, para as bolsas em Wall Street, que vinham desfrutando da trégua tarifária: o Dow Jones acumulou ganho de 2,31% em maio, o S&P 500 avançou 3,96% e o Nasdaq eletrônico subiu 6,32%.


… As provocações lançadas por Trump na 6ªF elevaram o apelo pela segurança dos Treasuries e derrubaram os juros dos títulos, que repercutiram ainda a desaceleração do PCE de 2,3% em março para 2,1% em abril.


… O dado de inflação olhado mais de perto pelo Fed está agora muito próximo da meta de 2% ao ano. Mas não abalou a aposta de dois cortes de juro este ano nos EUA, de 25 pontos-base cada, começando em setembro.


… O payroll desta semana e o protecionismo de Trump continuarão, porém, calibrando as expectativas para a política monetária. Powell está sem pressa de agir e quer maior clareza dos impactos da guerra comercial. 


… Na 6ªF, a taxa da Note-2 anos caiu a 3,897%, de 3,942% na véspera, e a de 10 anos foi a 4,400%, de 4,427%.


… No câmbio, apesar do PCE comportado e da turbulência das tarifas, o índice DXY fechou estável (+0,05%), a 99,329 pontos. Às vésperas de um potencial novo corte de juro pelo BCE, o euro caiu 0,16%, a US$ 1,1353.


… A libra esterlina foi negociada em baixa de 0,16%, cotada a US$ 1,3469. Já o iene subiu para 144,00/US$.


EM TEMPO… JBS recebeu aprovação final da CVM para dupla listagem no Brasil e EUA. A empresa terá registro de emissor estrangeiro e programa de BDRs na B3. Ações passarão a ser negociadas na NYSE a partir de 12/6…


… Os BDRs da JBS N.V, que serão equivalentes a duas ações ON da JBS S.A, começarão a ser negociados na B3 em 09/6. As ações ON na B3 serão negociadas até a próxima 6ªF.


PETROBRAS entrou com pedido de registro na CVM para emissão de R$ 3 bilhões em debêntures com incentivo fiscal, com recursos direcionados para dois projetos relacionados ao escoamento e exploração de gás natural…


… Petrobras retomou posse das plantas de fertilizantes (FAFENs) na Bahia e em Sergipe, após homologação de acordo com a Proquigel, subsidiária da Unigel.


ELETROBRAS confirmou que contratou o BTG Pactual em 29 de outubro de 2024 para prestar assessoria financeira para vender uma fatia na Eletronuclear…


… Segundo a empresa, isso não significa, no entanto, que a venda será realizada, considerando que não há acordos firmados com terceiros…


… O posicionamento é uma resposta à CVM para esclarecimento de notícias que dão conta de avanços nas tratativas envolvendo o negócio…


… A Eletrobras e sua subsidiária CGT Eletrosul informaram a conclusão do descruzamento das participações acordado com a Copel Geração e Transmissão.


ITAÚ. Contador Eliseu Martins chegou a acordo com o banco para encerrar dois processos movidos contra ele…


… Além de já ter devolvido R$ 1,5 milhão ao banco por serviços pagos, mas não prestados, ele concordou em pagar R$ 2,5 milhões para encerrar a disputa, segundo petição à qual o Valor teve acesso…


… O Itaú segue com os processos contra seu ex-vice-presidente financeiro, Alexsandro Broedel, que atuava em conjunto com Martins.


GOL reportou prejuízo líquido de US$ 78 milhões em abril (R$ 440 milhões), receita líquida de US$ 300 milhões (R$ 1,696 bilhão) e Ebitda de US$ 65 milhões (R$ 368 milhões). Os dados são preliminares e não auditados.


AZUL recebeu todas as aprovações judiciais preliminares solicitadas no âmbito da audiência inicial relacionada ao pedido de Chapter 11 e o acesso imediato a US$ 250 mi de seu financiamento DIP de US$ 1,6 bi.


VIRACOPOS. Anac informou que o processo de relicitação da concessão do aeroporto, em Campinas (SP), segue válida e que o prazo final depende de resolução do TCU…


… Com isso, a Agência nega o entendimento de que a relicitação expiraria hoje, o que inviabilizaria a realização do leilão do ativo.


EQUATORIAL comunicou, em resposta a questionamento da B3, que ainda não há decisão sobre os ativos de saneamento no Amapá e eólicas no Nordeste, e que está constantemente avaliando oportunidades…


… Notícia veiculada recentemente no Valor informava que a companhia teria colocado à venda a Concessionária de Saneamento do Amapá (CSA), como parte de um movimento mais amplo de reestruturação do portfólio.


GRUPO CARREFOUR BRASIL anunciou a conclusão da reorganização societária. Com o fechamento de capital, as operações no País passam a ser subsidiária integram da matriz francesa…


… A 6ªF foi o último dia de negociação das ações na B3. Para manter posição na varejista alimentícia, a alternativa serão os BDRs, que estarão disponíveis na bolsa.


ASTRAZENECA divulgou resultados positivos de um ensaio clínico para um medicamento contra o câncer de mama que pode interromper a mutação de tumores antes que eles comecem a crescer.


MODERNA informou que a FDA, agência reguladora dos EUA, aprovou uma nova vacina contra a covid-19, indicada para adultos com 65 anos ou mais e para pessoas entre 12 e 64 anos com ao menos um fator de risco.

Produtividade é a saída

  O mundo está girando (e rápido): o Brasil vai acompanhar ou ficar para trás? 🌎🇧🇷 Acabei de ler uma análise excelente de Marcello Estevã...