quarta-feira, 2 de julho de 2025

Golpe no sistema financeiro

 *Na madrugada, um PIX de R$ 18 milhões. Começava o assalto*


Geraldo Samor e Pedro Arbex2 de julho de 2025


Na madrugada de domingo para segunda, um executivo da BMP recebeu uma ligação de um banco, informando que R$ 18 milhões haviam sido transferidos da conta da empresa de banking as a service para aquele banco.


Era um PIX às 4 da manhã.


Alarmado, o executivo saiu de casa e foi até o escritório da BMP, onde verificou que diversos outros PIX não-autorizados haviam sido feitos. 


No total, R$ 400 milhões haviam evaporado da conta da empresa. 


O episódio era a ponta do iceberg de um ataque que, segundo estimativas preliminares do Banco Central, drenou R$ 800 milhões de oito instituições bancárias e não-bancárias. 


O mais problemático: os recursos roubados foram tirados da chamada “conta reserva” que as instituições mantêm junto ao BC — uma conta que mistura dinheiro de clientes e da própria instituição.


O ataque cibernético – o mais sofisticado e mais caro já perpetrado no País até onde se tem conhecimento – joga luz sobre vulnerabilidades até então indetectadas na infraestrutura que interconecta o sistema financeiro, num momento em que cada vez mais players precisam se plugar no BC e em que o PIX oferece uma rota de fuga rápida para os criminosos. 


O ataque começou na C&M Software, uma empresa que algumas instituições contratam para fazer a “mensageria” entre elas e o BC.


A C&M é o que se chama no jargão do setor de PSTI, uma provedora de serviços de tecnologia da informação. Hoje, sete empresas deste tipo, autorizadas e supervisionadas pelo BC, conectam 293 instituições à autoridade monetária. 


São esses PSTIs que disponibilizam os APIs que dão acesso às mensagens do PIX, TED e outras funções do Sistema Brasileiro de Pagamentos – e é por esses sistemas que algumas instituições (tipicamente fintechs) têm acesso a suas contas reservas no BC. (Os bancões se conectam diretamente, sem intermediários.)


O hacker entrou por aquela porta, e a partir dali acessou as contas das instituições, fazendo múltiplos PIX em questão de minutos.


Uma fonte próxima ao Banco Central disse que os sistemas do BC estão íntegros e não foram atacados. “O que chegou foi uma ordem lícita, que partiu do participante do sistema, por meio de seu prestador. Era uma ordem que atendia todos os critérios de segurança do BC,” disse a fonte. 


Essa fonte fez uma analogia com um cartão de crédito. “É como se tivéssemos recebido uma transação com o chip e a senha do cartão. Estava tudo certo. O que aconteceu é que o prestador foi enganado, dando acesso aos hackers a esses dados.”


O BC está trabalhando para identificar o ponto exato de vulnerabilidade que gerou a falha para fazer uma avaliação do que pode ser recuperado — e de como é possível aperfeiçoar os mecanismos de segurança do sistema.


“O processo de segurança é um processo dinâmico e contínuo de aprendizado. Pensando no ecossistema como um todo, há aprendizados a serem extraídos desse episódio,” disse essa fonte.


Na manhã de segunda-feira, tentando estancar novos ataques, a própria C&M desabilitou a função PIX para as instituições que haviam sido roubadas. 


Na segunda à tarde, a BMP começou uma série de reuniões com o BC para contar o que estava lhe acontecendo e tentar entender o full picture. 


“Nossa parte foi de R$ 400 milhões, mas já recuperamos R$ 130 milhões,” Carlos Eduardo Benitez, o fundador da BMP, disse ao Brazil Journal. “Nossos clientes estão 100% protegidos. Sempre prezamos pela segurança, que não é só cibernética, mas também de recursos. Nenhuma conta de cliente foi afetada e nenhum dado foi vazado.” 


Se o resto do dinheiro não for recuperado, a BMP sofrerá um dano de cerca de R$ 300 milhões em sua liquidez, que era de R$ 600 milhões antes do ataque.


Rocelo Lopes, CEO da SmartPay e criador da carteira de auto-custódia Truther, disse ao CoinTelegraph Brasil que detectou que havia algum problema às 00:18 de 30 de junho. Lopes observou um movimento atípico em suas plataformas, o que o levou a robustecer os filtros de validação nas compras de USDT (um stablecoin de dólar) e Bitcoin.


Segundo ele, a empresa congelou grandes somas de dinheiro e as devolveu às instituições envolvidas.


“O coração do problema está nas mensagerias. Se não mudarem isso, isso vai acontecer de novo e outras instituições terão problemas,” Rocelo disse ao Brazil Journal. “Me chama muita atenção que não havia protocolos de segurança in place capazes de barrar isso porque, veja, isso não aconteceu às 3 horas da tarde, aconteceu depois da meia-noite!”


Rocelo disse que já houve outras invasões de contas reserva, mas sem repercussão na imprensa porque não interessa às instituições mostrar que foram hackeadas. 


Há poucos dias, um banco de São Paulo foi hackeado. O dinheiro foi enviado de sua conta reserva para uma conta PF, de lá para uma OTC (uma empresa que recebe ordens de compra e venda de cripto), e de lá para a SmartPay, a empresa de Rocelo, onde a compra de uma stablecoin foi efetuada.


A SmartPay não achou a ordem estranha porque, apesar de grande (R$ 30 milhões), a OTC tinha um histórico de grandes operações com a casa.


“Para mim, é clara a fragilidade do sistema de mensageria. Se o sistema tivesse mecanismos para analisar transações atípicas, esse problema não teria ocorrido.  Aliás, nessa era de AI, você não ter uma AI que possa analisar isso… é complicado.”


https://braziljournal.com/na-madrugada-um-pix-de-r-18-milhoes-comecava-o-assalto/

BDM Matinal Riscala

 Bom Dia Mercado.


Quarta Feira, 02 de Julho de 2.025.


*Crise é monitorada, mas não afeta ativos*


Agenda tem Produção industrial aqui e emprego da ADP nos EUA


02/07/2025

MC 5ªF

Foto:

… Mais um dado do emprego nos EUA será divulgado hoje: a pesquisa ADP com as vagas no setor privado (9h15), em meio às expectativas pelo payroll (amanhã), que pode ajustar as apostas ao juro. Nesta 3ªF, números fortes do relatório Jolts e do PMI industrial esvaziaram qualquer reação a Powell, que admitiu em Sintra uma ação do Fed “em algum momento”. Os indicadores positivos e a aprovação do pacote fiscal de Trump puxaram as taxas dos Treasuries. Aqui, a produção industrial (9h) é destaque da agenda, com previsão de queda de 0,5%, enquanto a decisão do governo de recorrer ao STF para manter o aumento do IOF teve pouca influência nos ativos, apesar de render grande espaço no noticiário político. O mercado monitora o embate sem saber no que vai dar. A única certeza é que antecipou a campanha eleitoral de 2026.


… Em que pesem preocupações sobre a pauta econômica no Congresso, governistas sustentam que o Planalto ficou sem alternativa após o presidente da Câmara, Hugo Motta, romper o acordo com a Fazenda e aprovar de surpresa o Projeto de Decreto Legislativo (PDL).


… Se Lula não respondesse, dizem os aliados, estaria jogando fora o último ano do seu mandato, ficando ainda mais (do que já está) refém do Legislativo. O presidente foi para o jogo desafiado pelo Congresso, o primeiro a radicalizar.


… O discurso do “nós contra eles”, recuperado por Lula e Haddad, antecipa a mensagem do PT para a disputa do ano que vem.


… A partir de agora, é ver como as coisas evoluem, se para uma crise crônica ou para uma acomodação, que não pode ser descartada em se tratando de política, onde o desenho das nuvens muda a todo instante.


… Como reação inicial, parlamentares ameaçam atrapalhar a votação do projeto de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil/mês. A apresentação do parecer do deputado Arthur Lira, prevista para a última 6ªF, foi adiada em acordo com a Fazenda.


… Deputados avisam que dificilmente o texto será votado antes do recesso parlamentar, marcado para começar em 18 de julho, e líderes dizem, nos bastidores, que a crise afetará toda a agenda do governo no Legislativo.


… A MP com novas medidas de arrecadação, entre elas a taxação de aplicações financeiras e de bets, também estaria ameaçada, assim como o projeto que visa a financiar o programa Tarifa Social, para isentar a população de baixa renda das contas de luz.


… Parlamentares também estão irritados com o tom de campanha e com vídeos que circulam nas redes sociais, que pintam o Congresso como “inimigo do Brasil” ou ilustram um cabo de guerra entre a classe média (“atraso”) e o trabalhador (“avanço”).


… No Estadão, irritados com o Planalto, deputados dizem que as retaliações podem aumentar mais, pois há na sala de espera Propostas de Emenda à Constituição para proibir o Executivo de aumentar impostos por MP e até para extinguir o IOF.


… A decisão de recorrer ao STF foi anunciada em entrevista do Advogado Geral da União, Jorge Messias, pela manhã, argumentando que a derrubada do decreto que aumentou o IOF pelo Congresso viola o princípio da separação dos poderes.


… A ação está com o ministro Alexandre de Moraes, que trabalha no recesso do Judiciário e pode dar uma liminar a qualquer momento.


… Haddad disse que para fechar o orçamento de 2026 com cumprimento da meta de superávit de 0,25% do PIB precisa do IOF, além de corte de R$ 15 bilhões em benefícios tributários e dos efeitos da MP com elevação de impostos sobre bets e aplicações financeiras.


NÃO É BEM ASSIM – Apesar do acirramento do ambiente político, o Senado aprovou ontem à noite a MP do Fundo Social, incluindo a permissão para o leilão de petróleo e gás excedentes do pré-sal, e que pode arrecadar até R$ 20 bilhões ao governo.


… O texto, que havia sido aprovado pela Câmara, precisa ser sancionado até amanhã, 5ªF, para não perder a validade.


MAIS AGENDA – A retração de 0,50% para a produção industrial em maio (9h), segundo a mediana do Broadcast, após alta de 0,10% em abril, já deve refletir a perspectiva de acomodação da atividade no segundo trimestre, pelo efeito do juro elevado.


… Segundo economistas, a despeito da expectativa de queda, a indústria extrativa ainda deve apresentar bom desempenho no mês.


… Antes (8h), sai o IPC-S Capitais e, à primeira hora do dia (5h), o IPC-Fipe de junho.


… Estão ainda na agenda o emplacamento de veículos em junho, da Fenabrave, e o fluxo cambial semanal do BC (14h30).


… Às 12h30, o diretor de Política Monetária do BC, Nilton David, participa de conferência do Citi em São Paulo, e, às 13h30, o diretor de regulação do Banco Central, Gilneu Vivan, participa de evento da ABBC.


LÁ FORA – O relatório ADP de criação de empregos no setor privado (9h15) é o dado mais relevante, com previsão de ter aberto 103 mil vagas em junho, contra apenas 37 mil em maio. Ontem, o Jolts já veio forte, superando as estimativas.


… A pesquisa mostrou abertura de 7,769 milhões de postos de trabalho em maio, contra projeção de 7,3 milhões. A grande expectativa é pela divulgação do payroll de junho, cuja divulgação será antecipada para amanhã (5ªF), em virtude do feriado de 4 de Julho.


… Às 11h30, o DoE divulga os estoques de petróleo nos Estados Unidos, que, na semana anterior, caíram 5,8 milhões de barris.


… Na Zona do Euro, a Eurostat divulga a taxa de desemprego em maio (6h) e dois dirigentes do BCE falam: Luis Guindos (5h) e Philip Lane (7h30). A presidente do banco, Christine Lagarde, volta a discursar hoje (11h15).


CHINA – Divulga no final da noite (22h45) o PMI/Caixin do setor de serviços em junho.


O LINDO PROJETO – O presidente da Câmara dos Estados Unidos, Mike Johnson, afirmou que os republicanos irão trabalhar rapidamente para aprovar até o dia 4 de julho o texto do projeto de lei orçamentário de Trump, que passou ontem no Senado.


AFTER HOURS – Tranquilizados por terem passado nos testes de estresse do Fed, o JPMorgan e Morgan Stanley anunciaram aumento de dividendos após o fechamento, mas terminaram o pregão estendido com altas moderadas.


… Os papéis do JPMorgan subiram 0,29% e as ações do Morgan Stanley avançaram 0,33%.


VEIO A CALHAR – Vindo de três pregões de alívio firme, o dólar estava só precisando de uma justificativa para desencadear uma correção e, neste contexto, a decisão do governo de judicializar o IOF caiu como uma luva.


… Também para a curva do DI, que havia queimado bastante prêmio no dia anterior, a crise em Brasília atuou no pano de fundo para facilitar uma realização natural de lucro, puxada ainda pela alta dos juros dos Treasuries.


… Na parada estratégica, depois de ter caído quase 5% no acumulado de junho, o dólar à vista fechou em alta de 0,50%, a R$ 5,4612. Mas pode permanecer abaixo de R$ 5,50, se der tudo certo com o payroll e com as tarifas.


… Além disso, o câmbio tem a Selic altamente atrativa, a 15%, como trunfo para manter o real apreciado.


… Para a Genial Investimentos, embora a dinâmica de preços esteja mais construtiva no curto prazo e o Caged de maio tenha indicado atividade mais fraca, o ciclo de cortes do juro pelo BC só deve começar no 2Tri do ano que vem.


… Segundo a casa, a conjuntura de expansionismo fiscal e as expectativas inflacionárias ainda desancoradas devem levar o BC a manter a Selic no nível atual por um período “bastante prolongado”, como o Copom já prometeu.


… Quebrando o efeito positivo da recente rodada de indicadores inflacionários, que mostraram perda de fôlego dos preços, causou surpresa ontem o reajuste médio de 13,94% das tarifas de energia elétrica da Enel em SP.


… O porcentual veio quase no triplo do esperado pela gestora de investimento ASA, que esperava 5% e elevou a projeção para o IPCA de junho de 0,12% a 0,21%, avisando que a aposta para o ano (5,2%) também deve subir.


… Um dia depois de terem derretido, os juros futuros ensaiaram uma acomodação, com o IOF e o aumento das taxas dos Treasuries no radar. Os contratos fecharam com sinais mistos, mas todos pertos dos ajustes.


… No fechamento, o DI para Jan/26 marcava 14,915%, na mínima do dia (de 14,928% no ajuste anterior); Jan/27, 14,105% (de 14,090%); Jan/29, 13,080% (de 13,068%); Jan/31, 13,160% (de 13,184%); e Jan/33, 13,230% (13,285%).


… Lá fora, os rendimentos dos Treasuries foram pressionados pelo pacote orçamentário de Trump, que passou raspando no Senado (51 x 50) e pode acentuar o déficit fiscal. Além disso, os indicadores econômicos exibiram força.


… Às vésperas do payroll, o relatório de emprego Jolts mostrou resultado melhor que o consenso, como se viu.


… No termômetro da atividade econômica, o PMI/ISM subiu de 48,5 em maio para 49 em julho (projeção: 49,1). Também o PMI medido pela S&P Global avançou no período, de 52 para 52,9, contra aposta de manutenção.


… Os indicadores reforçaram a percepção de que o tarifaço ainda não custou danos maiores à economia americana.


… A Note de 2 anos pagou 3,774%, contra 3,722%, e o retorno da Note-10 anos subiu a 4,247%, de 4,237%, apesar de Powell não ter descartado corte de juro já este mês, embora tenha recomendado esperar pelos próximos dados.


DIVISOR DE ÁGUAS – Como disse um economista do BofA às agências internacionais, estranhamente, os mercados ignoraram o comentário de Powell, no fórum em Sintra, de que “julho não é cedo demais para cortar os juros”.


… “Eu não tiraria nenhuma reunião da pauta, depende dos indicadores”, foi o que ele disse, deslocando toda a expectativa para o payroll de amanhã, que, se vier bem ruim, aí sim pode animar as apostas de corte antecipado.


… Até aqui, o placar do CME dá muito mais chance de o juro cair em setembro (91%) do que em julho (21%).


… Já no clima de esperar para ver como virá o relatório do emprego, o índice DXY do dólar não quis se arriscar e rondou próximo da estabilidade (-0,06%, a 96,819 pontos), anulando a alta exibida mais cedo com o “beautiful bill”.


… Às custas de um rombo no déficit público, o projeto de impostos e gastos de Trump promete turbinar a economia americana, neste momento em que o dólar vem tão desprestigiado pelos impactos da guerra das políticas tarifárias.


… O tombo de quase 11% do DXY no primeiro semestre dá a medida do estrago causado pelo protecionismo.


… As oscilações ontem no câmbio foram limitadas, na contagem regressiva para o indicador decisivo da semana. O euro avançou 0,11%, a US$ 1,1788, a libra esterlina ficou em US$ 1,3740 (+0,06%) e o iene subiu para 143,79/US$.


… Em Sintra, saiu fortalecida a aposta de que o BoJ deve manter o juro na reunião do final do mês (dias 30 e 31).


… Depois das marcas históricas renovadas na véspera, o S&P 500 (-0,11%, aos 6.198,01 pontos) e o Nasdaq (-0,82%, aos 20.202,89 pontos) pararam para tomar fôlego antes do payroll. Só o Dow Jones subiu: 0,91% (44.495,06 pontos.


… Quem também está flertando com recordes inéditos é o Ibov (+0,5%), que ontem superou os 139 mil pontos e marcou o terceiro melhor fechamento de todos os tempos (139.549,43 pontos), só perdendo para os picos de maio.


… Pouco mais de 500 pontos separam o índice à vista de seu recorde histórico (140.109,63). A XP mantém a aposta de que a bolsa não só cruzará este nível, como fechará o ano em 150 mil pontos, de olho nos cortes da Selic.


… Depois de uma curta realização de lucro de um dia apenas, Vale voltou a subir forte (ON, +1,35%, a R$ 53,36), animada pelo PMI industrial da China, medido pelo setor privado, que voltou ao território de expansão em junho.


… De olho na demanda chinesa, o petróleo Brent para setembro avançou 0,55%, a US$ 67,11 o barril, e motivou a Petrobras, ajudando a sustentar o Ibovespa. O papel ON ganhou 0,41%, a R$ 34,23, e PN, +0,35%, a R$ 31,49.


… Entre os papéis dos bancos, só BB ON caiu (-0,81%, a R$ 21,91). Já Itaú registrou valorização de 0,46% (R$ 37,10), Bradesco PN (+0,91%, a R$ 16,68), Bradesco ON (+0,48%, a R$ 14,35); e Santander unit (+2,02%, a R$ 30,29).


… Na liderança do ranking de altas, Embraer (+4,42%) anunciou pedido de US$ 4 bi da Scandinavian Airlines (SAS).


EM TEMPO… As empresas listadas no NOVO MERCADO rejeitaram a proposta da B3 de mudanças no regulamento…


… No total, 152 empresas do segmento votaram: 74 contra todas as propostas, 8 a favor de todas e 70 a favor de algumas propostas. Como mais de 1/3 das companhias foi contrária, as alterações não serão implementadas.


BANCO MASTER. O Banco de Brasília (BRB) informou que ainda não recebeu nenhuma comunicação por parte do BC sobre irregularidades na venda de ativos do Master, o que poderia inviabilizar a negociação de compra de 58%.


MINERVA aprovou 17ª emissão de debêntures simples, de R$ 2,5 bi, com opção de exercício de lote adicional…


… Recursos serão utilizados para investir nas atividades industriais e relações com produtores rurais, como compra e venda de gado.


IGUATEMI iniciou ciclo de administração do shopping Pátio Paulista, localizado no bairro da Bela Vista, em SP…


… Em abril, companhia anunciou que havia sido concluída a compra de participações majoritárias no Pátio Higienópolis e no Pátio Paulista, em parceria com um grupo de sócios, pelo total de R$ 2,58 bilhões.


LOCALIZA. Conselho decidiu propor em AGE incorporação da sua subsidiária integral Locamerica, como parte da estratégia de simplificação societária e ganho de eficiência operacional; assembleia está marcada para 1º/8.


TELEFÔNICA informou a aprovação da incorporação da TLF IoT pela T.Cloud Brasil, ambas sociedades controladas pela companhia.


GOL registrou prejuízo líquido de R$ 1,42 bilhão em maio, com receitas de R$ 1,54 bilhão, segundo prévia operacional divulgada ao tribunal dos EUA, como parte de seu processo de recuperação judicial (“chapter 11”)…


… Companhia destacou que prejuízo exclui o resultado negativo de R$ 271 milhões de variação cambial e resultado negativo de R$ 588 milhões referente à marcação à mercado do SN28.

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: Trump domina todos os títulos, com novidades em vários frentes. O seu plano fiscal recebeu ontem luz verde do Senado e poderá ser novamente aprovado entre hoje e amanhã no Congresso. Ainda assim, tanto as obrigações como as bolsas reagiram surpreendentemente bem. A yield do T-Note subiu apenas +1 p.b., mantendo-se em níveis surpreendentemente baixos de 4,24%, e a bolsa dos EUA recuou ligeiramente -0,1%, penalizada pelo setor tecnológico (-0,9%). Destaque para a Tesla, que caiu -5,3% após um novo confronto entre Trump e Musk. Trump atacou o veículo elétrico e afirmou que Musk é “a pessoa mais subsidiada do mundo”.


Por outro lado, a Cimeira de banqueiros centrais em Sintra trouxe, para já, poucas surpresas. Powell mantém a mensagem de wait & see ("esperar para ver"), perante um possível aumento da inflação devido aos aranceles. Embora não exclua nenhuma opção, nem mesmo uma descida das taxas em julho, considera que o impacto das tarifas deverá começar a refletir-se durante o verão.


Assim, o foco está agora totalmente na frente comercial. Mantém-se, para já, o dia 9 de julho como data limite para negociar os aranceles recíprocos. Neste contexto, Trump afirmou hoje que poderá chegar em breve a um acordo com a Índia, embora as negociações com o Japão possam estar estagnadas. O Nikkei reage com uma ligeira descida de -0,2%.


Em suma, é provável que hoje tenhamos uma sessão de bolsas a lateralizar num intervalo estreito (+/-0,3%), numa sessão praticamente sem referências e à espera de novidades na frente comercial. As bolsas estão em máximos históricos nos EUA e precisam de novos catalisadores para continuar a subir.


S&P500 -0,1% | Nq-100 -0,9% | SOX -0,7% | ES50 -0,4% | IBEX -0,0% | VIX 16,8% | Bund 2,57% | T-Note 4,24% | Spread 2A-10A EUA = +47pb

O10A: ESP 3,22% | PT 3,02% | FRA 3,25% | ITA 3,47% | Euribor 12m 2,07% (fut. 2,01%) | USD 1,181 | JPY 169,3 | Ouro 3.339$ | Brent 67,3$ | WTI 65,5$

Bitcoin -1,5% (105.967$) | Ether -3,5% (2.416$)

terça-feira, 1 de julho de 2025

News 1

 NEWS - 01.07


Haddad prevê corte de R$ 15 bi em gasto tributário para fechar contas do ano / Ministro diz que governo precisa da receita do IOF e se diz disposto a discutir a respeito das medidas com deputados e senadores- Valor 1/7


Lu Aiko Otta / Guilherme Pimenta / Fernando Exman


Em uma entrevista em que destacou sua disposição de buscar o entendimento com o Congresso Nacional, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, insistiu ao Valor que precisa das receitas a serem geradas pelo aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), da aprovação da Medida Provisória (MP) 1.303/25 e de um corte de pelo menos R$ 15 bilhões em gastos tributários para fechar as contas de 2025 e 2026.


Originalmente, contou, o governo queria cortar R$ 40 bilhões e abarcar todos os incentivos fiscais. No entanto, na reunião com a cúpula do Congresso no último dia 8 ficou claro que não haveria condições de avançar com essa proposta. A ideia sobre a mesa é cortar apenas os gastos tributários infraconstitucionais, por isso a cifra menor.


Há também oito propostas de redução de gastos primários enviadas pelo governo que aguardam apreciação pelo Legislativo, entre elas a regulamentação dos supersalários, previdência dos militares e um aperto na concessão do seguro-defeso. O ministro disse querer discutir estas e outras medidas com deputados e senadores, para sentir quais temas têm chance de prosperar. Nada foi descartado pelo chefe da equipe econômica.


O diálogo com o Congresso, porém, não avançou depois daquela reunião. Pelo contrário, deputados e senadores aprovaram um decreto legislativo que sustou o aumento do IOF. “Eu espero que, superado esse momento, a gente retome [o diálogo] com o Congresso”, disse.


As declarações foram dadas no mesmo dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia decidir sobre o ingresso de ação no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a decisão do Congresso sobre o IOF. A possível iniciativa é vista até por parte dos integrantes do governo como algo que pode tensionar ainda mais as relações.


Se for deflagrada, a ação no Judiciário não terá sido motivada por questões políticas e sim por “dever funcional” do presidente, argumentou o ministro. A ação será protocolada se a Advocacia-Geral da União (AGU) concluir que o Congresso, ao derrubar o decreto, invadiu prerrogativas que a Constituição atribui ao Poder Executivo.


Respondendo ao vídeo postado por Motta, que fala na tentativa de criar uma “polarização social”, numa referência ao discurso de pobres contra ricos adotado pelo PT, Haddad disse que a polarização “é concreta” e afirmou que o governo não está defendendo só os mais pobres, mas os 90% da população que pagam impostos.


Questionado sobre a estratégia do Banco Central (BC) de manter os juros elevados por um tempo prolongado para combater a inflação, Haddad disse que está ainda observando os movimentos da autoridade monetária. Acrescentou que a economia muda rapidamente e o Fed, banco central dos Estados Unidos, sinaliza corte nos juros, o que pode trazer uma surpresa positiva. A seguir os principais pontos da entrevista ao Valor:


Valor: O presidente Hugo Motta disse hoje que não houve traição por parte do Congresso e que ele havia avisado que o aumento do IOF teria dificuldade em avançar. O governo foi avisado?


Fernando Haddad: Eu tenho uma boa relação com o presidente Hugo Motta e pretendo manter essa amizade com muita tranquilidade. Essas coisas podem acontecer. Nosso papel é buscar caminhos para resolver o problema. O que nós estamos fazendo, na verdade, é fechando brechas de planejamento tributário em que vai se construindo soluções para escapar da tributação. Quando nós explicamos isso para os parlamentares, começou a ficar claro.


Valor: Por exemplo?


Haddad: O gasto no exterior paga o IOF câmbio, aí alguém inventa um jeito de transferir recursos para o exterior para escapar da tributação. O próprio risco sacado, que é uma operação de crédito, que estava sendo vendida como uma coisa que não é bem uma operação de crédito, era uma venda de ativo. E nós sabemos que não é bem assim. É natural que as pessoas vão tentando desenvolver teses, mas a base fiscal do Estado acaba ficando comprometida. Nós negociamos as alíquotas, reduzimos, reconhecemos lá que podia ficar salgado e atendemos o setor do varejo. Conversamos com o sistema financeiro. Desde o começo do governo eu estou dizendo: “Olha, a evasão fiscal, a elisão fiscal atingiu patamares insustentáveis”. Se todo mundo está comprometido que as contas públicas têm que ser ajustadas, a pergunta é onde é possível fazer o melhor trabalho possível. Primeiro, recuperando a base fiscal. Com tanta elisão fiscal, com tanto jabuti, não é melhor enfrentar as injustiças? Nós procuramos enfrentar o IOF, que era driblado. O Congresso nos deu respaldo até aqui. Você não vai me ver criticar um Congresso que apoiou as medidas.


Valor: O sr. já retomou o diálogo com o presidente Hugo Motta?


Haddad: Eu não só não consegui, como eu não recebi nenhuma explicação para o que aconteceu. E eu não estou falando aqui esse termo que você utilizou [traição], ele não cabe no meu discurso. Falar em traição não faz parte do meu relacionamento com nenhum parlamentar. Não me sinto assim. Eu quero entender justamente porque eu não acho que o que aconteceu foi isso, porque nós estamos fechando brechas pelas quais o imposto escapa.


Valor: O Congresso também cobra respostas no front das despesas.


Haddad: Nós estamos procurando fazer a coisa do ponto de vista mais justo e limitando a despesa, que você sabe que está sendo uma grande dificuldade. E o presidente comprou: todo mundo falando de um contingenciamento com bloqueio da ordem de R$ 15 bilhões, R$ 18 bilhões, e nós entendemos que tínhamos que fazer mais. E fizemos. Então, cobram que o governo não está cuidando das despesas... Como não? Quem é que no meio do ano faz um corte desse? Tem áreas muito prejudicadas com esse corte.


Valor: O sr. falou que pretende manter a amizade, com um discurso mais conciliador. No entanto, tem essa possibilidade de o governo ingressar na Justiça para manter o decreto do IOF...


Haddad: A minha personalidade é de buscar um entendimento. O que o presidente me disse na sexta-feira e deve estar sendo resolvido hoje [segunda-feira] com a AGU [Advocacia-Geral da União] foi: “Eu tenho o dever funcional de defender a Constituição, pois jurei cumpri-la. Se o advogado-geral disser que o decreto legislativo invade prerrogativas do Executivo, eu tenho de defender o ato por dever funcional”. Aí não é uma questão política. Não tem nada a ver com política. É de prerrogativas constitucionalmente atribuídas ao chefe do Executivo. Não é uma questão de conveniência. É quase que um dever funcional. Ele não pode mudar a Constituição por omissão. Isso também não tem a ver com rompimento ou não rompimento, assim como quando o Congresso toma decisões de derrubar um veto presidencial.


Defendo que nós voltemos a sentar e conversar, inclusive sobre gasto primário, que ficou pendente naquela reunião”


Valor: Estamos às vésperas do relatório bimestral de receitas e despesas de julho. Pode haver uma medida alternativa para compensar a arrecadação que estava prevista com o IOF?


Haddad: Se nós tivermos o decreto do IOF e a MP que foi encaminhada, isso vai dar conforto para o Brasil. Não para o governo, mas para o Brasil executar o seu Orçamento sem prejudicar programas sociais, sem descontinuidade de políticas públicas importantes para a população e, ao mesmo tempo que fazemos justiça social, comprometidos com as metas que foram pactuadas até aqui, com as metas fiscais.


Valor: Somando também a economia prevista com o corte dos gastos tributários?


Haddad: Mas não aquele que tinha sido anunciado pelo próprio presidente Hugo Motta, de um corte linear. Houve uma espécie de manifestação de alguns parlamentares dizendo que não topavam o corte de benefícios fiscais de natureza constitucional.


Valor: Mas não dá para fazer linear de forma infraconstitucional?


Haddad: Foi isso que eu pedi. Como é muito complexo um processo de corte linear infraconstitucional, que eu teria que rever lei por lei, nós estamos estudando aqui uma maneira de fazer. Porque a sensação que eu tive é que não havia espaço para corte de gastos tributários de natureza constitucional. Nós estávamos com a medida pronta.


Valor: Era uma proposta de emenda constitucional (PEC), incluindo Zona Franca, Simples e todo mundo?


Haddad: Nós estávamos com a PEC pronta. Pegava tudo e ia definir a régua, o percentual. Já existe uma emenda constitucional, como vocês sabem, que já foi aprovada pelo Congresso Nacional, de número 109, determinando a redução do gasto tributário. Então, de novo, qual é a incoerência do Executivo Federal? Por isso que eu defendo que nós voltemos a sentar e conversar, inclusive sobre gasto primário, que ficou pendente naquela reunião.


Valor: Mas não aconteceu nada em relação à discussão do gasto primário depois da reunião.


Haddad: Não aconteceu nada depois. Mas nós chegamos a incluir na MP coisas que não estavam previstas, como o disciplinamento do seguro-defeso. Quando a gente fala: “Vamos disciplinar melhor o BPC para ele continuar um programa importante, vamos disciplinar melhor o seguro-defeso, vamos colocar o Pé-de-Meia dentro do piso da educação, vamos corrigir os supersalários...”


Valor: No entanto, essas medidas não são tímidas?


Haddad: Não são tímidas. Lançamos aquele conjunto de medidas no final do ano passado, houve uma confusão enorme de frustração com as medidas. Depois, muita gente boa foi fazer a conta, dizendo que as medidas são coerentes.


Valor: Quando o sr. diz que quer voltar à mesa para debater o gasto primário, isso significa que são as medidas encaminhadas ou novas medidas?


Haddad: Nós encaminhamos, em seis meses, dez medidas. Só foram duas aprovadas. Só foi a política de valorização do salário-mínimo, que foi revista. E a questão do abono constitucional foi revista. Outras oito não foram apreciadas ainda pelo Congresso. E eu falei que não tenho nenhum problema em sentar-se à mesa para discutir, inclusive porque eu quero ter a sensibilidade do Congresso do que ele está disposto a encarar do ponto de vista do debate público. Porque vários ali [na reunião com os parlamentares] se manifestaram de que não é simples debater as medidas em ano de eleição. Mais uma razão para nós sentarmos e discutirmos quais são as condições políticas de nós avançarmos. O Executivo está aberto. A área econômica vai participar do debate.


Valor: O Legislativo está fechado a esse diálogo?


Haddad: Eu creio que não, porque nos discursos, pelo menos do ponto de vista de narrativa, eu vejo cobrança de medidas nessa direção. Eu preciso saber do que nós estamos falando. Inclusive essas oito medidas que ainda podem ser apreciadas, elas serão?


Valor: Quais são essas outras oito medidas?


Haddad: Tem quatro na MP, além de outras quatro. O supersalário, previdência dos militares, tinha uma questão que era uma coisa ligada ao BPC, que ficou para ser discutido o veto presidencial [veto à medida que restringia a concessão do BPC a pessoa com deficiência], e a questão do indexador do Fundo do GDF, que nós queríamos que fosse o mesmo do Fundo de Desenvolvimento Regional, que vale para todo o país, ou alguma outra sugestão que aparecesse porque estava havendo um descasamento entre os fundos de desenvolvimento.


Valor: O que está faltando para a agenda avançar?


Haddad: Eu mandei uma mensagem dizendo que eu continuo à disposição. Eu não posso impor uma agenda legislativa. Eu sou ministro. Existe o chefe do Executivo, o chefe do Legislativo. Eu posso, como faço sempre, me colocar à disposição. Não vai faltar empenho da minha parte, mas eu preciso saber o que está na mesa para nós avançarmos.


Valor: O que o governo pode propor de medidas estruturantes? Há medidas sempre lembradas pelo mercado, como desvinculação do salário mínimo dos benefícios previdenciários e sociais, os pisos da saúde e educação...


Haddad: Fala-se de tudo. Em tese, fala-se muito disso ou daquilo. Mas, quando você consulta os parlamentares, os líderes das bancadas, a coisa muda de figura.


Valor: Esse discurso do andar de cima e do andar de baixo não acaba prejudicando o diálogo com o Congresso Nacional, de que o governo está defendendo os mais pobres?


Haddad: Nós não estamos protegendo só os mais pobres. Não é verdade. Nós estamos falando de 90%, 95% da população. Todo mundo paga imposto. Por que o morador da cobertura não paga? Não tem sentido o sistema tributário brasileiro. Ele é um dos mais criticados do mundo, primeiro por uma razão, que ele era caótico. Nós resolvemos a parte mais caótica, que era a questão do imposto sobre consumo. Com a introdução do IVA, o caos vai acabar. Mas, segundo, porque ele é injusto. Ele é pouco progressivo, então nós estamos corrigindo a parte da progressividade.


Valor: Não passa a impressão de que o governo coloca o Congresso como o protetor dos mais ricos?


Haddad: Não, não é a verdade.


Valor: O presidente Hugo Motta disse nesta segunda-feira que, com esse discurso, o governo está buscando a “polarização social”.


Haddad: Primeiro o seguinte: a polarização social é concreta. Tem 140 mil pessoas que não pagam imposto e que deveriam estar pagando, estamos falando de no mínimo 10%, gente. O imposto em um país desenvolvido para essa camada social é 30%, 40%, 50%. Nós estamos falando de 10%. É a pessoa começar a contribuir.


Valor: Mas o discurso, reforçado pela propaganda do PT, tem gerado reações públicas do Congresso de que essas medidas vieram com uma pegada de “pobres contra ricos”, uma pegada de “campanha”.


Haddad: Essa acusação foi feita de parte a parte, e eu não considero isso. Falaram que derrubaram o decreto porque começou [a campanha eleitoral de] 2026, derrubaram o decreto do presidente porque vai vir um golpe. Eu não vou entrar nessa, nem nessa narrativa que derrubaram porque estão preocupados com a recuperação da popularidade do presidente, nem do lado contrário, do governo não poder defender uma visão de mundo para o qual esse partido, a que eu pertenço se constituiu, que era corrigir desigualdades sociais.


Valor: Estamos próximos do governo enviar a proposta de Orçamento de 2026. Diante dessa resistência do Congresso de aprovar medidas de receita e até de gasto primário, a meta de superávit primário de 0,25% do PIB está ameaçada? Ela pode ser revista?


Haddad: Em 2023, nós mandamos uma série de medidas enjoadas para o Congresso, porque mexia com jabutis, mexia com interesses muito localizados. E eu dependia daquilo para cumprir a meta de zerar o déficit no ano seguinte. Eu não fiquei falando em mudar a meta. Eu acredito que, ao colocar o dedo na ferida de que nós precisamos recuperar o Orçamento público no Brasil, eu estou comprometendo o país inteiro com isso. Não é só o Executivo. É uma forma de chamar a atenção do Judiciário, para não ter outra Tese do Século. É uma forma de chamar a atenção do Legislativo de que não dá para brincar com jabuti a essa altura do campeonato. É uma forma de clamar por racionalidade. Então, você vai me perguntar, mas depende do Congresso? Depende, óbvio que depende. Eu dependo do decreto do IOF. Eu dependo da MP que nós mandamos. Eu dependo do Congresso, mas eu estou sempre atrás de alternativas. Eu não faço milagre, mas o que nós fizemos o ano passado para ficar dentro da banda [de resultado primário], mais perto do centro do que do teto, foi um trabalho de botar a mão na massa mesmo. E eu vejo alguns analistas dizendo: “É, mas teve que fazer um acordo com a Petrobras”. O cara quer que eu faça o quê? Que eu imprima dinheiro? Eu fui buscar alternativa [para cumprir a meta].


Valor: A Receita informou que precisaria de R$ 118 bilhões em receitas extras para fechar o Orçamento de 2026. Vão ter novas medidas de arrecadação?


Haddad: Esse valor entra tudo, inflação, tudo.


Valor: Então, essas medidas que estão no Congresso são suficientes para 2026?


Haddad: E o IOF.


Valor: Qual a expectativa de arrecadação com o corte de gastos tributários?


Haddad: Nós temos que voltar para conversar com os líderes, mas eu acredito em alguma coisa em torno de R$ 15 bilhões [no ano]. Se pensava [aqui na Fazenda] em algo maior, porque pegava todos os benefícios, por PEC. Nesse caso, seria um impacto perto de R$ 40 bilhões, mas veio a demanda dos líderes de não mexer com benefícios constitucionais.


Valor: Haverá necessidade de ajuste no Bolsa Família?


Haddad: Eu acho que a demanda não vai surgir, porque o Brasil é referência de combate à fome neste governo. O parâmetro [de ajuda governamental para combate à fome] é US$ 40 por família. Nós estamos atendendo mais que isso.


Valor: O BC fala em Selic contracionista por período “bastante prolongado”. O mercado espera que ciclo de queda comece só em 2026. Isso pode prejudicar a economia?


Haddad: Eu ainda estou observando esses movimentos do BC, lendo as atas. Nós estamos aí a quatro reuniões do Copom [até o fim de 2025], vamos ver como é que as coisas andam. Hoje saiu revisão da inflação de um grande banco, que passou de 5,4% para 5%. E o ano que vem já está em menos de 4%. Essas coisas são muito dinâmicas. Quem três meses atrás iria dizer que o dólar ia estar em R$ 5,45? E o mundo está numa dinâmica muito particular. O Fed já está sinalizando, mesmo com o tarifaço do Trump, de que vai cortar. O Brasil está numa posição boa. Essa é a verdade. Tudo somado, nós podemos tirar proveito dessa situação, fazendo as coisas certas.


 


Governo bate martelo e vai brigar por decreto do IOF no Supremo / Ação contra decisão do Congresso deverá ser protocolada nesta terça-feira pela AGU- Folha SP 1/7


Catia Seabra /Ana Pompeu


Apesar da resistência de uma ala do governo e do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu brigar na Justiça pela reativação do decreto com elevações no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que foi derrubado na terça-feira (24) pelo Congresso Nacional.


A AGU (Advocacia-Geral da União) deve protocolar uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) nesta terça-feira (1°). A ideia é questionar a constitucionalidade da decisão do Congresso, com base na análise técnica e jurídica.


A própria ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, informou a parlamentares nesta segunda-feira (30) que a decisão está tomada. A pedido do presidente, o ministro-chefe da AGU, Jorge Messias, já concluiu a ação —apontada por integrantes do governo como tentativa de resgate da normalidade institucional no país.


Na semana passada, o presidente solicitou que AGU elaborasse recursos ao STF para reativar o decreto. A orientação foi dada a Messias na noite da quinta-feira (26), durante reunião que contou com a presença de Gleisi.


Segundo integrantes do governo, Lula pediu à AGU para analisar a constitucionalidade da decisão do Congresso, com o argumento de que a derrubada do decreto ameaça uma prerrogativa do presidente da República de editar esse tipo de mecanismo.


Ministros afirmam haver brechas legais, e o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já se manifestou a favor de um recurso ao STF.


Aliados do presidente chegaram a defender um esforço para evitar novo confronto entre a cúpula do Congresso e o Supremo, uma vez que, na avaliação desses governistas, existe base legal para uma vitória judicial na corte. Integrantes do governo também alegam que uma ação direta de inconstitucionalidade poderia fornecer um discurso para a oposição nas redes sociais: o de que Lula teria entrado na Justiça para aumentar imposto (ainda que sobre operações financeiras).


Lula está, no entanto, irritado com a condução do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que informou no fim da noite de segunda-feira (23), pelas redes sociais, a decisão de levar a matéria a voto no dia seguinte. O presidente teria classificado o gesto como uma traição a ele, não apenas a Haddad.


Esse mal-estar se acentuou depois de Motta responder, com um vídeo, às críticas de integrantes do governo e da base. Nesta segunda, ele criticou discurso do Executivo de que seu objetivo é fazer justiça tributária, a que chamou de "polarização social".


"Capitão que vê barco ir em direção ao iceberg e não avisa não é leal, é cúmplice. E nós avisamos ao governo que essa matéria de IOF teria muita dificuldade de ser aprovada no Parlamento", disse Motta.


"Presidente de qualquer Poder não pode servir ao seu partido. Tem que servir ao seu país", completou, após classificar como falsa a declaração de que o governo se sentiu traído e foi pego de surpresa com a derrubada da medida.


Motta avisou no fim da noite que antecedeu a votação que o tema estaria na pauta da Câmara. Na manhã seguinte à postagem, dia da derrubada do decreto, ele não atendeu aos telefonemas de Gleisi e Haddad. Uma audiência com o presidente, programada para a mesma manhã, acabou cancelada.


Já há duas ações sobre o tema no STF (Supremo Tribunal Federal), apresentadas pelo PL e pelo PSOL, com pedidos opostos. O presidente da corte, Luís Roberto Barroso, encaminhou a ação do PSOL para retomar o decreto com mudanças no IOF ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, que será relator do caso.


Nesta segunda, o ministro redistribuiu o processo que havia sido sorteado inicialmente ao decano da corte, Gilmar Mendes, por entender que outra ação semelhante já está sob o comando de Moraes.


Motta envia recados sobre crise do IOF, enquanto governo mantém tom de confronto


 


STF/MORAES TRABALHARÁ NO RECESSO E PODERÁ ANALISAR PEDIDO DE LIMINAR SOBRE IOF- Broadcast 30/6


Por Lavínia Kaucz


Brasília, 30/06/2025 - O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), continuará trabalhando normalmente durante o recesso do Judiciário, que começa nesta terça-feira, 1º, e se estende por todo o mês de julho. Durante esse período, o ministro poderá, se quiser, proferir uma decisão liminar para reativar o decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), derrubado pelo Congresso na semana passada.


Moraes assumiu a relatoria da ação movida pelo Psol contra a derrubada do decreto do IOF porque já era relator de outra ação do PL sobre o tema. O processo havia caído nas mãos do ministro Gilmar Mendes na última sexta-feira, mas ele pediu ao presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, que avaliasse a remessa da ação para Moraes para evitar decisões contraditórias.


Normalmente, o poder de proferir decisões liminares - que devem ser concedidas apenas quando estiver presente o requisito da urgência - ficaria restrito durante o recesso ao presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, e ao vice-presidente, Edson Fachin. Os dois se revezam no plantão: Fachin fica a postos de 2 a 16 de julho, e Barroso volta no dia 17 e fica no plantão até o fim do mês.


A maioria dos ministros, contudo, optou por continuar trabalhando de forma integral ou parcial. Além de Moraes, André Mendonça, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Nunes Marques decidiram trabalhar normalmente durante todo o recesso.


Já os ministros Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin vão atuar em parte dos processos. Dino trabalha até o dia 14 em algumas classes processuais, e volta a trabalhar normalmente a partir do dia 15. Cármen trabalha durante todo o mês de julho somente nas classes criminais, e Zanin atua apenas em processos sigilosos. Luiz Fux vai tirar férias durante os 30 dias.


O decreto que elevaria o IOF foi sustado pelo Congresso na semana passada, medida que o Psol argumenta ser inconstitucional por violar a prerrogativa do Executivo de alterar as alíquotas do IOF. O governo também avalia se vai entrar com ação no Supremo contra a derrubada do decreto.


Na última sexta, a Advocacia-Geral da União (AGU) informou que estuda, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), medidas jurídicas para manter a alta do IOF. Na prática, mesmo se não ajuizar ação própria, o governo será intimado a se manifestar no processo do Psol e poderá marcar posição contra a derrota no Congresso. Essa intimação pode ser feita nos próximos dias.


Presidente da Câmara diz que não aceitará judicialização do caso; Haddad diz que governo continuará fazendo justiça- O Globo 1/7


Bernardo Lima / Camila Turtelli / Victoria Abel / Sérgio Roxo / Daniel Gullino / luiza marzullo


Após sofrer a maior derrota no Congresso durante o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, na semana passada, o governo manteve a estratégia de adotar a retórica do confronto e recebeu recados do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Sem uma alternativa negociada para compensar a derrubada do decreto que elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), Motta avisou reservadamente que não aceitaria a judicialização do caso. Nas redes sociais, também negou ter traído o Palácio do Planalto ao pautar a proposta.


Em vídeo publicado ontem nas redes sociais, o parlamentar reiterou que já havia feito alertas sobre o assunto:


— Capitão que vê o barco indo em direção ao iceberg e não avisa não é leal, é cúmplice. E nós avisamos ao governo que essa matéria do IOF teria muita dificuldade de ser aprovada no Parlamento.


A decisão do Congresso de derrubar o decreto que aumentava as alíquotas do IOF agravou a crise fiscal e piorou a situação política entre Executivo e Parlamento. Motta voltou a dizer que não atende a projetos políticos individuais:


— Presidente de qualquer Poder não pode servir a um partido, tem que servir ao seu país.


Impasse e congelamento


O Ministério da Fazenda calculava uma receita de R$ 10 bilhões neste ano com a medida, e o dobro disso no ano que vem. Para 2025, a receita é considerada necessária para evitar um congelamento ainda maior nos gastos, hoje em R$ 31,3 bilhões.


O projeto que derrubou a alta do IOF foi aprovado por ampla margem na Câmara, com 383 votos favoráveis e 98 contrários. Já no Senado a votação foi simbólica, sem o registro nominal.


Como informou a colunista do GLOBO Bela Megale, Motta deu um recado duro a auxiliares de Lula sobre as consequências de entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a decisão do Congresso.


Motta destacou que o gesto será visto como um enfrentamento claro e só levará o Congresso a querer dobrar a aposta nos embates com Planalto. A leitura da judicialização do caso, segundo ele, será que “o governo abriu mão de governar com os parlamentares e agora busca governar com o STF.”


A falta de base no Congresso e a crescente insatisfação de parlamentares com o governo Lula são apontadas por Motta como fatores que podem levar à ingovernabilidade, caso o Planalto não consiga mudar sua relação com os congressistas. Para o presidente da Câmara, judicializar o IOF é aumentar a aposta no enfrentamento sem colocar no radar as possíveis consequências.


Embora o governo ainda não tenha dado esse passo, o PSOL já ingressou com uma ação neste sentido, que ficará sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes.


Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo seguirá fazendo “justiça social” e que não adianta “gritar”. Durante o evento de lançamento do Plano Safra para a Agricultura Familiar, no Palácio do Planalto, Haddad falou das políticas sociais do governo, como o reajuste da tabela do Imposto de Renda, e o projeto do governo que visa isentar quem recebe até R$ 5 mil.


— Vamos continuar fazendo justiça social. Pode gritar, pode falar, vai chegar o momento de debate, mas temos que continuar fazendo justiça social e não podemos nos intimidar — disse Haddad.


Ele voltou a criticar o “andar de cima”:


— Estão falando de aumento de imposto por quê? Porque estamos fechando brechas? Fazendo o andar de cima pagar? Nós vamos continuar fechando todas as brechas —afirmou. — Isso não é aumento de imposto, é o mínimo de respeito com o trabalhador que paga as contas em dia.


Na mesma cerimônia, Lula afirmou que o caminho para tornar o país mais justo começa pela tributação:


— Nós queremos fazer deste país um país justo. E ele começa a ser justo pela tributação e depois pela repartição. É por isso que estamos isentando o Imposto de Renda até R$ 5 mil e trabalhando para que o gás chegue mais barato à casa das pessoas.


Em conversas com integrantes do governo, Motta se queixou de que o Planalto ignorou as medidas positivas que ele pautou e que foram aprovadas no mesmo dia da derrubada do IOF. Como a medida provisória (MP) que autoriza o uso de até R$ 15 bilhões do Fundo Social do pré-sal para habitação popular e que permite ao governo leiloar óleo e gás excedente, com potencial de arrecadar até R$ 20 bilhões.


Enquanto parte do governo mantém a narrativa de embate com o Congresso, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, costura a retomada do diálogo com lideranças da Câmara. Alguns dos integrantes do Centrão já começam a ceder, falam em “virar a página”. Para eles, é momento de olhar para frente, desde que o governo se comprometa com mais medidas de ajuste fiscal e não insista no aumento de impostos.


'Virar a página’


Nas redes, o governo vem apostando no discurso de “nós contra eles” e em defesa dos mais pobres. Nos bastidores, porém, o Planalto vem correndo atrás do prejuízo nos últimos dias.


— O governo tem que entender que nem sempre seremos convergentes. Essa narrativa de ir para o confronto não ajuda. Temos que virar a página e sentar com o governo. Quero conversar com a Gleisi nesta semana— afirmou o líder do União Brasil, Pedro Lucas Fernandes (MA).


Na noite de ontem, Motta participou de um jantar na casa do ex-governador de São Paulo João Doria. Além de empresários, estavam presentes o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), o presidente do PSD, Gilberto Kassab, e o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. Nas redes sociais, Doria postou que “o empresariado aplaude” a postura do presidente da Câmara.


Motta, por sua vez, disse que “a polarização existe”, mas defendeu um caminho de diálogo:


— A Câmara tem uma responsabilidade muito grande, representando o povo brasileiro nessa pluralidade. (Colaborou Sérgio Quintella)


'Não queremos arroubos e nem instabilidade', diz Motta em jantar de Doria em São Paulo / Encontro, em meio à crise entre Congresso e governo Lula (PT), é visto como apoio do empresariado ao presidente da Câmara- O Globo 30/6


Sérgio Quintella


Um jantar na casa do ex-governador de São Paulo, João Doria, reúne lideranças em apoio ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), na noite desta segunda (30), na capital paulista.


O encontro, no Jardim Europa, bairro nobre da cidade, é uma homenagem de Doria a Motta e ocorre em meio à crise entre o Congresso e o governo Lula (PT) devido à derrubada do IOF. Durante o jantar, Motta afirmou que não querer "arroubos nem instabilidade". A declaração ocorre após o deputado dizer a aliados que, se o governo recorrer ao STF para contrapor a decisão dos congressistas, a crise iria escalar.


"A votação da última semana foi um retrato de um parlamento muito aguerrido, pronto pra fazer um enfrentamento a favor do país. Não queremos arroubos e nem criar instabilidade. Momentos como esse são importantes. Quando eu assumi essa função eu sabia o tamanho da responsabilidade. É uma posição complexa e desafiadora, mesmo em momentos de divergência buscamos oportunidade de impulsionar o Brasil através da política", disse Motta, durante o encontro.


Entre os presentes, estão lideranças como Gilberto Kassab (presidente do PSD e secretário estadual de Governo e Relações Institucionais), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central. A lista de convidados tem ainda 50 empresários, o que fez o jantar ser visto como uma demonstração de apoio do setor a Motta — embora estivesse marcado antes da escalada da crise.


— Hugo (Motta) tem se revelado uma grande liderança, dedicado às causas do Brasil. O empresariado aplaude sua postura, equilíbrio e firmeza. O País espera gestões públicas eficientes e comprometidas com o controle fiscal. Parabéns Hugo Motta — disse Doria, em postagem durante o jantar.


O aumento do OIF enfrentava críticas dos empresários e da chamada Faria Lima. Entre os presentes estão nomes de empresários e executivos como Cláudio Lottenberg (presidente do conselho deliberativo do Einstein), Roberto Musto (executivo do BlueBank) e Antonio Alban, presidente Confederação Nacional da Indústria.


"Ao longo dessa semana, houve um movimento crucial para a vida do país, liderado pelo Hugo Motta. Ele fez a defesa de um princípio que atende todo o Brasil. Ele se colocou e convenceu seus colegas da Câmara e do Senado de que a decisão tomada não era contra o presidente Lula, mas sim uma decisão a favor do Brasil. Eu mandei uma mensagem pra ele essa semana e agora reafirmo: Hugo, você é o herói do Brasil", disse Doria aos presentes, durante o jantar.


É o segundo encontro de Motta com Doria neste mês. No dia 11, ambos participaram do 2º Brasília Summit, promovido pelo Lide, grupo empresarial de Doria, no Hotel Brasília Palace, na capital federal.


O jantar teve início por volta das 21h. Também eram esperados o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e o vice-governador paulista, Felício Ramuth (PSD).


Cúpula da Câmara critica discurso de Lula de ricos contra pobres e cita riscos a outras propostas / Aliados de Hugo Motta citam que pacote da reeleição depende do Legislativo e defendem pacificação- Folha SP 30/5


Raphael Di Cunto / Victoria Azevedo


A cúpula da Câmara dos Deputados se incomodou com o discurso do presidente Lula (PT) e de integrantes do governo que classifica o Congresso como defensor dos ricos, enquanto o governo petista estaria a favor dos mais pobres, e passou a cobrar uma pacificação, com o alerta de que o "pacote eleitoral" prometido para 2026 depende do Legislativo.


Lula pretende melhorar sua popularidade e chegar com mais força para a reeleição sustentado por um pacote de ações, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, a ampliação do auxílio-gás e da gratuidade da conta de luz para mais famílias, além do fortalecimento do Susp (Sistema Único de Segurança Pública).


Esses projetos todos estão no Congresso, com maior ou menor grau de dificuldade. Deputados aliados ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), dizem que um atrito maior com os parlamentares poderá comprometer o clima para votar essas medidas.


O relatório do projeto de lei do Imposto de Renda, por exemplo, já teve a apresentação adiada pelo relator, deputado Arthur Lira (PP-AL), e agora não tem data definida para divulgação. Há um impasse sobre a forma de bancar a proposta. O governo defende criar um imposto mínimo sobre rendas acima de R$ 50 mil mensais, mas parte do Congresso é contra.


O adiamento ocorreu após a Câmara e o Senado derrubarem na quarta-feira (25) o decreto que aumentou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para elevar a arrecadação. O Executivo avalia agora se recorre ao Judiciário para manter o aumento do imposto ou se promove novos cortes em investimentos, verbas dos ministérios e emendas parlamentares.


Mas, paralelamente a isso, Lula adotou a estratégia de acusar o Congresso de estar ao lado dos mais ricos, enquanto o governo busca beneficiar os mais pobres. Nesta segunda (30), em ato no Palácio do Planalto, o presidente citou o pacote de medidas e afirmou que quer "fazer com que esse país se transforme num país justo".


"Nós vamos continuar fazendo justiça social. Podem gritar, podem falar, mas chegou o momento de fazer justiça pelo Brasil", apoiou o ministro Fernando Haddad (Fazenda).


As falas ocorreram após Motta gravar um vídeo para rebater as críticas e afirmar que "quem alimenta o nós contra eles acaba governando contra todos". Ele ainda disse que "a polarização política tem cansado muita gente, agora querem criar a polarização social".


Nos bastidores, dois aliados de Motta defendem que o confronto com o Congresso deve ser evitado porque o governo também precisará contar com o presidente da Câmara e com sua base para controlar os trabalhos da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos desvios no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).


Outro assunto que os ataques podem enterrar de vez, segundo esses deputados, é a medida provisória que aumenta impostos sobre bets, fintechs e investimentos hoje isentos. Parte dos aliados de Motta afirma, porém, que essa proposta já enfrenta muita resistência no Congresso e que os ataques mudam pouco o clima de rejeição.


Motta procurou aliados desde o fim de semana para combinar uma estratégia conjunta em defesa do Legislativo e enviar emissários ao governo em busca de desmobilizar a pressão contra o Congresso nas redes sociais.


Líder do União Brasil na Câmara, o deputado Pedro Lucas (MA) afirma que o "diálogo é a melhor forma de solucionar os problemas" e que o embate é ruim para os dois lados. "Não sinto que o presidente Hugo quer esticar a corda. Sinto que ele quer sentar, mas com responsabilidade e com honestidade para discutir o problema das despesas", diz.


Já governistas dizem que não buscaram o embate e que a resposta do PT e do Executivo é uma reação natural à resistência do Legislativo às pautas.


O PT divulgou na última semana um vídeo sobre pagamento de impostos no qual fala que o governo vai "passar a taxar quem sempre pagou pouco ou quase nada: os super-ricos".


Um auxiliar de Lula afirma que não há uma cruzada contra o Congresso, muito menos contra Motta, mas que o governo não vai abandonar uma agenda que considera prioritária —e que ela não deve ser encarada como uma agenda contra os parlamentares.


Outro aliado do petista diz que fazer uma disputa política não significa romper com o Congresso. Ele afirma que uma diz que não interessa ao Palácio do Planalto gerar ruídos com os parlamentares.


O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), minimizou as críticas de que o governo estaria tensionando a relação com o Congresso ao defender justiça tributária.


"Direito dele [Motta] de responder, a gente também pode se posicionar. Não é subir o tom, é explicar a nossa posição, o governo precisa explicar a posição que tem para as pessoas entenderem. Não é necessariamente subir o tom", disse a jornalistas nesta segunda, em evento.


Wagner também disse que esse clima de tensionamento "não deveria" comprometer a pauta do governo no Congresso e citou a reunião do dia 8 de junho em que parlamentares, presidentes das duas Casas e ministros discutiram alternativas ao decreto do IOF.


"O que estamos fazendo fora das normas? Nada. É bom lembrar que foi feita uma coisa acordada, vocês foram testemunhas na saída [da reunião] daquele domingo. Ali saiu o texto. A rapidez que resolveram derrubar o texto depois de ter havido… Houve um primeiro texto que foi retirado e feito um segundo mais brando, de acordo com a demanda. Mas eles resolveram ir com o PDL [projeto de decreto legislativo]", disse Wagner.


Banqueiros minimizam tensão entre governo e Congresso / Para eles, apesar de IOF ser medida do Executivo, Congresso colocou outras alternativas na mesa- Painel S.A- Folha SP 30/6


Três banqueiros ouvidos pelo Painel S.A. afirmam que a disputa de forças entre o Congresso e o presidente Lula em torno do aumento do IOF marca o início de uma fase de confrontos que se estenderá até 2026.


Para eles, o governo entendeu, com o episódio do IOF, que o grupo com quem negociava apoio no Congresso é o mesmo que tenta asfixiá-lo financeiramente para que Lula se enfraqueça até a campanha eleitoral.


Um dos executivos, acionista de uma dos maiores bancos de varejo do país, considera que a recente declaração pública do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que é hora de vestir o uniforme do embate, foi um recado já ciente dessa realidade junto ao Congresso.


Essa avaliação, no entanto, não é a mesma feita pelos outros dois banqueiros. Para eles, apesar da tensão e os danos de imagem ao governo com o revés no Congresso, o IOF não foi aprovado, mas, em contrapartida, há na mesa outras medidas que geram receitas para o governo: o leilão de novas áreas do pré-sal, um recolhimento maior de dividendos dos bancos e a intensificação de congelamento das despesas e revisões de gastos, como os tributários.


Um desses executivos lembra que Haddad foi até aconselhado por parlamentares a ingressar com um projeto de lei para o corte de 10% dos gastos tributários não protegidos pela Constituição. Isso exigiria menos votos e traria novas receitas.


O ministro, contudo, prefere mais segurança, algo oferecido por uma emenda constitucional. Neste caso, precisa de apoio de dois terços do Congresso.


Caberá a Haddad a difícil tarefa de negociar no Congresso para tentar, ao máximo, não judicializar as decisões –especialmente a derrubada do IOF.


Assessores do presidente Lula afirmam que ele se irritou com a decisão do Congresso em relação ao IOF, vista como uma interferência no Executivo, a quem cabe regular sobre o imposto, e cogitou ir ao STF.


Os recados do Congresso para o Planalto foram de que o governo não deveria recorrer ao Supremo. Caso contrário, outras medidas de interesse do governo serão barradas.


Com Stéfanie Rigamonti


 


O DIA NA POLÍTICA: 'CLIMA PÓS IOF' E LENTIDÃO ADIAM PAUTA ECONÔMICA NO SENADO- Broadcast 30/6


Brasília, 30/06/2025 - A menos de três semanas do recesso do meio do ano, propostas da pauta econômica do governo federal que tramitam no Senado enfrentam um cenário de indefinição ou lentidão. Na lista, estão a segunda parte da regulamentação da reforma tributária, a criação de regras sobre devedores contumazes, a limitação de supersalários no serviço público e a autonomia orçamentária para o Banco Central. O rescaldo da votação que derrubou o decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) tornou o cenário ainda mais indefinido, apurou o Broadcast Político. Embora o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), tenha afirmado na semana passada, depois da derrota do governo no IOF, que o resultado não afetaria votações de outros temas defendidos pelo Palácio do Planalto, nenhum desses projetos consta da pauta do Senado desta semana. Restariam duas semanas antes do recesso. Mas o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), já disse que gostaria de usar os últimos dias antes das "férias" dos senadores para votar vetos em uma sessão conjunta entre Câmara e Senado.


MP do Fundo Social deve ser votada nesta terça / Texto autoriza a União a fazer os leilões das áreas adjacentes ao pré-sal- Valor 1/7


Gabriela Guido / Caetano Tonet


A Medida Provisória (MP) 1.291, que amplia as possibilidades de uso do Fundo Social do pré-sal e autoriza o governo federal a aplicar até R$ 15 bilhões por ano em projetos de habitação de interesse social, infraestrutura social - como saneamento, saúde e educação - e enfrentamento de calamidades públicas deve ser votada pelo Senado nesta terça-feira (1). A MP perde a validade na quinta-feira (3), caso não seja aprovada.


A medida, que passou no plenário da Câmara na quarta-feira (25), permite que o governo leiloe o excedente em óleo e gás da União nos contratos de partilha do pré-sal, o que pode representar uma arrecadação extra de até R$ 20 bilhões. O texto foi aprovado na mesma sessão que derrubou o decreto do governo que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).


Após um pedido do Planalto, o relator da MP na comissão mista, deputado José Priante (MDB-PA), incluiu no seu parecer um trecho de um projeto do governo que autoriza a União a fazer leilões de áreas adjacentes ao pré-sal, com potencial de arrecadar entre R$ 15 bilhões e R$ 35 bilhões, de acordo com o governo. Essa proposta, enviada pelo Planalto ao Congresso em regime de urgência, estava parada na Câmara.


Por conta dos valores que pode arrecadar, o projeto chegou a ser proposto pelo Ministério de Minas e Energia (MME) como uma alternativa aos recuos do governo no IOF.


Segundo lideranças ouvidas pelo Valor, o acordo é o Senado aprovar a medida provisória sem a mudança do texto de Priante, o que garantiria a autorização da União para fazer os leilões das áreas adjacentes ao pré-sal.


Chegou a ser negociada a possibilidade de a Tarifa Social, política fundamental da MP do setor elétrico, ser fatiada e levada para essa MP do fundo social. Entretanto, ela não foi contemplada no parecer do emedebista.


Em uma semana esvaziada no Congresso com os parlamentares em eventos internacionais, o Senado deve votar a MP do crédito consignado na quarta (2).


Os governistas têm a expectativa de que outras duas medidas provisórias importantes para o governo, a do setor elétrico e a que estabelece alternativas ao aumento do IOF, tenham suas comissões instaladas na próxima semana. A presidência da primeira ficará com o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), e a relatoria com o deputado Fernando Filho (União-PE).


Além da Tarifa Social para o pagamento de energia elétrica, a MP do setor elétrico tornou-se ainda mais sensível para o governo após a derrubada dos vetos feitos ao projeto das eólicas offshore pelo Congresso. O Planalto pretende editar uma medida provisória com políticas para evitar o aumento da conta de luz com a manutenção dos jabutis, mas há, no Parlamento, quem defenda que essas alternativas sejam adicionadas à MP presidida por Braga. Um deles é o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).


Já a presidência da comissão mista da MP do IOF, que cabe a Alcolumbre indicar, ainda não foi definida. O governo quer que o cargo fique com um senador alinhado à sua base, assim como a relatoria ficou com o deputado petista Carlos Zarattini (SP).


Câmara pode votar hoje urgência de projeto sobre corte de benefícios tributários / Proposta é de autoria parlamentar e não teve participação do ministro da Fazenda- O Globo 1/7


Victoria Abel


O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), incluiu na pauta desta terça-feira um pedido para acelerar a análise de um projeto de lei que prevê cortes de benefícios tributários no país. A proposta, aprovada pelo Senado em 2023, entrou em discussão após o Ministério da Fazenda anunciar a intenção de enviar uma medida de mesmo tema, mas apenas em agosto, de acordo com Fernando Haddad.


A iniciativa da Câmara ocorre em meio à tensão com Executivo após os parlamentares derrubarem o decreto presidencial que previa aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).


A proposta sobre benefícios fiscais, de autoria do senador Espiridião Amin (PP-SC), chegou a ser mencionada na última reunião entre Haddad e líderes no Congresso, no dia 8 de junho. O ministro pontuou, porém, que a Fazenda estava elaborando um texto próprio. Para os governistas, ambos os textos poderiam andar juntos, com ajustes. Mas os deputados saíram na frente.


O texto prevê aperfeiçoar a Lei de Responsabilidade Fiscal, reavaliar o alcance dos benefícios e seu impacto para as contas de estados e municípios. Para integrantes da Fazenda, uma proposta do Executivo seria mais detalhada.


 


Dólar vai ao menor nível em 9 meses / Juros futuros mais longos despencaram a patamares inéditos desde novembro; Ibovespa subiu 1,45% no dia e teve o melhor 1º semestre depois de 2016- Valor 1/7


Gabriel Roca / Bruna Furlani /. Maria Fernanda Salinet / Gabriel Caldeira


Na contramão de boa parte das previsões de agentes financeiros que estimavam um avanço da moeda americana no ano, o dólar à vista encerrou o último pregão do primeiro semestre no menor patamar desde 19 de setembro de 2024, a R$ 5,4335, uma queda de 0,91%. O desempenho do real foi o melhor entre as 33 moedas mais líquidas acompanhadas pelo Valor no pregão de ontem. Com o resultado diário, a moeda americana acumulou uma desvalorização de 12,08% frente à divisa brasileira entre janeiro e junho deste ano.


O recuo mais expressivo do dólar à vista na sessão também deu suporte para as taxas domésticas. Os juros futuros fecharam em queda forte, principalmente nos vértices de mais longo prazo, que despencaram aos menores níveis desde novembro de 2024. O movimento foi puxado pelo Caged de maio, que registrou um número de contratações líquidas no mercado de trabalho abaixo do esperado e, assim, alimentou a expectativa pelo início do ciclo de corte de juros do Banco Central (BC).


A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento de janeiro de 2026 teve queda modesta de 14,935%, do ajuste anterior, para 14,925%; a do DI de janeiro de 2027 caiu de 14,18% para 14,095%; a do DI de janeiro de 2029 recuou de 13,315% para 13,07%; e a do DI de janeiro de 2031 cedeu de 13,475% a 13,17%.


O movimento garantiu um fôlego extra ao Ibovespa, que encerrou com alta de 1,45%, aos 138.855 pontos. No acumulado do primeiro semestre, o avanço do índice foi de 15,44%, no melhor resultado para o período desde 2016, segundo dados compilados pelo Valor Data.


“Esse fluxo externo que vimos no ano é pequeno próximo do potencial que pode vir, já que essa grande puxada [do Ibovespa no semestre] foi do estrangeiro”, avalia o gestor de renda variável do ASA, Marcelo Nantes. Para ele, o que pode manter ou acelerar o otimismo dos alocadores globais é uma visibilidade maior sobre o início do ciclo de corte de juros no Brasil, além de uma antecipação do cenário eleitoral para o ano que vem.


Participantes notam que o fluxo estrangeiro para os ativos locais também se mostrou presente na sessão de ontem. Eles lembram que o último pregão do semestre costuma marcar o rebalanceamento das carteiras dos investidores globais. Assim, no contexto de dólar fraco no exterior e de uma demanda elevada dos investidores por ampliar a exposição para fora dos Estados Unidos, há bons argumentos que sustentam, neste momento, algum otimismo com o Brasil.


Os profissionais citam ainda uma taxa Selic bastante elevada, “valuations” descontados e expectativas do mercado sobre uma mudança na política econômica local após as eleições do ano que vem como fatores que ajudaram a contribuir para o bom desempenho conjunto dos ativos brasileiros ontem.


Com a Selic na faixa dos 15%, o gestor de moedas da ACE Capital, Daniel Tatsumi, nota que é bastante “caro” apostar contra o real neste momento. “O dólar futuro para janeiro de 2027 está em R$ 6,17. Ou seja, mesmo que suba até R$ 6,17 na virada do ano que vem, quem comprar hoje sai no zero a zero", aponta, notando o custo de oportunidade elevado.


Sobre a sessão de ontem, o executivo da ACE observa que havia certa expectativa dos agentes financeiros de que o Banco Central pudesse anunciar alguma medida para neutralizar os efeitos do vencimento dos US$ 2,1 bilhões em contratos de linha com prazo para hoje. Parte do volume - US$ 1 bilhão - já havia sido compensado na semana passada, quando o BC anunciou o leilão de dólares à vista com o swap reverso.


“Achei que o BC ia acabar fazendo mais. Mas, no final, deixou o estoque de linha vencer, e nem fez falta, pelo contrário. O mercado foi bem ‘vendedor’ de dólar”, aponta Tatsumi.


Participantes do mercado também destacam que, na semana passada, havia uma discussão sobre o rebalanceamento do índice GBI-EM, do J.P. Morgan, que acompanha títulos de dívida de mercados emergentes emitidos em moeda local. Com a expectativa de perda de peso do Brasil dentro do indicador, o mercado acabou se antecipando ao episódio e aumentando a busca por dólares, o que chegou a aumentar a demanda pela divisa americana.


A despeito dos temores do mercado sobre a divisa americana, Tatsumi nota que não houve sinais fortes de compra de dólares ontem, nem na Ptax e nem mesmo no ajuste.


Economistas do Bradesco, liderados pelo economista-chefe do banco, Fernando Honorato, aproveitaram o momento para revisar as projeções para o câmbio e passaram a esperar um dólar a R$ 5,50 ao fim de 2025 e 2026, de uma estimativa anterior de R$ 5,70 para os dois próximos anos.


Para a equipe do Bradesco, um cenário externo de dólar enfraquecido e sinais incipientes de desaceleração da atividade econômica devem levar o Comitê de Política Monetária (Copom) a reduzir a Selic antes do que a maioria dos economistas projeta. A casa prevê que o primeiro corte da taxa básica de juros ocorrerá já em dezembro e será de 0,5 ponto percentual, a 14,50%.


“Se o corte ocorrer apenas quando as expectativas do Focus estiverem no centro da meta, então o tempo e o espaço para ajustes podem demorar mais e serem bastante menores. Nossa avaliação é de que o modelo [do BC] terá um peso maior do que as expectativas, uma vez que ele já considera essa desancoragem em sua formulação”, avaliam os economistas.


O recuo dos juros futuros potencializou os ganhos de ações domésticas na sessão, replicando o movimento visto ao longo do primeiro semestre. Entre os maiores destaques de alta nos primeiros seis meses do ano ficaram o papel ordinário de Cogna, que avançou 164,78%, seguido por Assaí ON, com ganhos de 103,13%, e por Yduqs ON, que teve alta de 100,22%.


Após o avanço de alguns papéis, o gestor do ASA diz que agora está atrás de entender “histórias que ficaram para trás” e que está mais seletivo na escolha dos papéis.


Entre as posições adicionadas recentemente por Nantes, do ASA, estão RD Saúde e Hidrovias do Brasil. Em contrapartida, a casa reduziu alocação em Itaú e Sabesp, em função da forte alta recente.


Para o Bradesco BBI, a valorização do índice no ano, especialmente de ações mais cíclicas, e os juros reais ainda elevados aumentam a cautela. Os analistas apontam que o foco se volta para empresas expostas à economia local, mas com potencial de ganho.

News 2

 NEWS - 01.07 - 2


Bancos veem corte da Selic este ano com juro real perto de 10% / Patamar tem alimentado percepção de que política monetária já atingiu grau de restrição suficiente para trazer inflação à meta de 3% ao longo do tempo- Valor 1/7


Por Gabriel Caldeira — De São Paulo


O ciclo de aperto monetário do Banco Central (BC), que elevou a taxa Selic para 15% em menos de um ano, e alguma moderação nas expectativas de inflação do mercado para o curto prazo têm provocado um crescimento constante do juro real do país, que já se aproxima de 10%, em seus maiores níveis desde janeiro.


Esse patamar tem alimentado a percepção de que a política monetária já atingiu um grau de restrição suficiente para trazer a inflação à meta de 3% ao longo do tempo, e importantes bancos locais e estrangeiros preveem o início de um ciclo de cortes da Selic ainda em 2025, apesar da sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) de que manterá os juros elevados por um “período bastante prolongado”.


Recentemente, o chamado “juro real ex-ante” passou a oscilar em torno de 9,6%, patamar que não era registrado desde o início de janeiro, de acordo com levantamento do Valor Data. O dado é obtido por meio da diferença entre o swap de juro de 360 dias e a inflação projetada para o período de um ano no relatório Focus, compilado pelo BC, e serve para medir o grau de aperto monetário ao qual a atividade econômica está submetida.


Entre os bancos que acreditam em um corte da Selic já em 2025, o Bradesco tem em seu cenário-base uma Selic de 14,50% no fim deste ano, após um corte de 0,5 ponto percentual em dezembro. De acordo com relatório assinado pelo economista-chefe Fernando Honorato, a forte apreciação do real e sinais “incipientes” de desaceleração da economia devem abrir caminho para o BC flexibilizar a política monetária antes do que a maioria dos economistas estima.


“Na nossa visão, caso os cenários de atividade e inflação evoluam como antecipamos, haverá espaço para início de cortes em dezembro, começando com 0,5 ponto percentual. Essa conclusão deriva da nossa réplica do modelo do Banco Central: ao manter a Selic estável, até lá, acreditamos que o modelo do BC apontará inflação ao redor ou abaixo da meta [de 3%] no horizonte relevante daquele período, tudo o mais constante”, diz Honorato, que projeta a taxa básica de juros em 11,75% no fim de 2026.


O superintendente de macroeconomia do Banco Safra, Eduardo Yuki, tem visão similar e também acredita em uma redução de 0,5 ponto da Selic em dezembro, à medida que o horizonte relevante do Copom avançar para o segundo trimestre de 2027.


“Acreditamos que uma moderada retração da atividade e o arrefecimento da inflação no próximo semestre permitirão iniciar um ciclo gradual de redução da restrição monetária em dezembro deste ano”, dizem Yuki e a equipe de economistas do Safra em relatório publicado pouco depois da última alta de juros do Copom.


Para o J. P. Morgan, os ruídos fiscais ampliados após o Congresso derrubar o decreto do governo que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) devem levar a um fim de ano mais volátil, e o BC fará um corte tímido de 0,25 ponto da Selic em dezembro, para 14,75%. No entanto, a partir de 2026, o ritmo da redução irá acelerar para 0,5 ponto e a Selic deve encerrar o ano que vem na casa de 10,75%, de acordo com a projeção dos economistas Cassiana Fernandez, Vinicius Moreira e Mirella Sampaio.


“Embora os diretores do BC estejam transmitindo a mensagem de que as taxas devem permanecer altas por algum tempo, acreditamos que um crescimento mais lento do PIB e um IPCA mais baixo até o final deste ano permitirão que o Banco Central reduza os juros mais rapidamente e mais do que o mercado está precificando atualmente”, projetam os economistas do J. P. Morgan.


Embora também reconheça o risco de que uma deterioração do quadro fiscal iniba um começo de ciclo de cortes mais agressivo, o Bank of America (BofA) crê em uma primeira redução de 0,5 ponto em dezembro. O chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do banco, David Beker, justifica a expectativa com base em uma inflação que deve continuar em trajetória descendente no segundo semestre.


“Nossa percepção é que os juros permanecerão no nível alto atual por mais tempo. A principal questão é: quanto tempo é suficiente? Em nossa opinião, o BC deve começar a cortar com 0,5 ponto percentual na reunião de dezembro”, diz relatório do BofA, assinado também pelos economistas Natacha Perez e Gustavo Mendes.


Entre os riscos listados para o cenário-base do banco, o relatório cita a evolução das medidas subjacentes de inflação, em particular do setor de serviços. “Se o mercado não migrar para a nossa visão e as expectativas de inflação para 2026 e 2027 seguirem acima da meta, o BC ficará sob muita pressão para manter os juros estáveis”, avaliam os economistas do BofA.


Honorato, do Bradesco, aponta também a comunicação conservadora do Copom como algo que pode frear o começo do ciclo de afrouxamento. “Se o corte ocorrer apenas quando as expectativas do Focus estiverem no centro da meta, então o tempo e o espaço para ajustes podem demorar mais e ser bastante menor. Nossa avaliação é que o modelo [do BC] terá um peso maior do que as expectativas, uma vez que ele já considera essa desancoragem em sua formulação”, pondera.


Bolsa é destaque no 1º semestre mesmo com Selic a 15% / Ibovespa sobe 15,4% no ano e índice de ações do setor imobiliário avança 46%; dólar cai e abre espaço para recuo de juros futuros- Valor 1/7


Por Adriana Cotias — De São Paulo


O primeiro semestre termina com forte alta da bolsa brasileira, com valorização de 15,4% para o Ibovespa. O índice de ações do setor imobiliário foi além, com ganhos de 46,4%, na liderança das aplicações financeiras até aqui. Nem parece que a Selic está em 15% ao ano, na maior taxa nominal desde 2006.


Quem segue no CDI já acumula valorização de 6,4% no ano. Mas o investidor que foi paciente para aguentar os trancos dos títulos prefixados e dos atrelados à inflação ganha 10,8% e 10,7%, respectivamente, considerando-se os índices de renda fixa IRF-M e IMA-B 5+, da Anbima, cestas que representam uma média desses ativos.


O dólar, nas idas e vindas das tarifas comerciais do presidente americano Donald Trump, questionamentos sobre o fim do crescimento excepcional e com a sucessão de conflitos geopolíticos acumula queda de 12,1% em relação ao real - em linha com outras moedas da América Latina e de outros mercados desenvolvidos.


O investidor chega à segunda metade do ano sob o dilema de aumentar suas fichas em classes de maior risco ou seguir na renda fixa brasileira, que assegura liquidez, retorno e segurança.


Com o pano de fundo da cena internacional, todas as classes de ativos de risco de mercado - prefixados, Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B), multimercados e bolsa - performaram bem no Brasil, um comportamento diferente do observado nos últimos 3,5 anos, quando todas as estratégias ficaram abaixo do CDI, afirma Dennis Kac, sócio e executivo-chefe de investimentos (CIO) da gestora de fortunas Brainvest no Brasil.


Uma das explicações vem da rotação de carteiras globais, com o investidor buscando geografias fora dos EUA. “Embora o Brasil esteja fora do radar do gringo, qualquer coisa de fluxo para o país acaba fazendo preço.”


Outra questão que o mercado começa a discutir é uma eventual troca no Planalto a partir da eleição presidencial de 2026. Com o quadro fiscal bagunçado, a virada do timão para alguma disciplina nas contas públicas permitiria ao Banco Central (BC) inverter o ciclo monetário e traria um novo rali para os ativos.


“Falta muito tempo, parece meio conversa de botequim, com muita coisa para acontecer, mas a gente começa a ver o governo [Lula] extremamente enfraquecido. De certa forma, nos dois primeiros anos, o ‘playbook’ foi de expansão fiscal significativa, desemprego baixo e uma inflação pressionada, mas que não se perdeu o controle”, diz Kac.


Embora a projeção para o IPCA esteja ainda fora da meta do BC, um índice entre 5% e 6% para o histórico do país não significa que essa batalha esteja perdida, continua o executivo da Brainvest. “Pode se questionar a qualidade, mas a economia segue com crescimento robusto. Em condições normais de temperatura e pressão, o governo deveria estar com uma popularidade superior. Se com todo ferramental utilizado a popularidade não se reverte - pelo contrário continua perdendo pontos -, cada vez é mais difícil acreditar que 2026 não venha a ter uma alternância de poder.”


Kac avalia que pouco disso está nos preços. O fluxo ainda não pende para o jogo pró-risco em cima da hipótese de um governo de centro-direita em Brasília. Com investidores machucados por anos consecutivos de desempenho frustrante e colocando na conta o CDI a 15% ao ano não há razão para apimentar as carteiras de antemão. “Tem oportunidade na renda fixa que faz com que o investidor não tenha que obrigatoriamente ir para a bolsa”, diz. “A NTN-B próxima de 7,5% é uma baita assimetria de risco/retorno.”


Diferentemente da renda variável, em que o CDI pesa contra e o objetivo tem que ser o ganho de capital, na NTN-B é possível estar exposto a uma eventual melhora de Brasil “sem sangrar tanto mês a mês quando não há performance positiva”, diz Kac. O executivo lembra que os prêmios se equiparam ao da crise financeira de 2008, na quebra do banco americano Lehman Brothers, e ao segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, mas que o quadro atual não é equivalente.


“Do ponto de vista das finanças comportamentais, o investidor precisa ter um ano positivo em outras classes para ganhar confiança e efetivamente ir para as alternativas de risco como a bolsa, superdescontada por todas as métricas de valuation”, diz Kac. “Mais para frente vai estar mais caro, mas com um pouco mais de margem de segurança em termos informacionais.” O cenário é binário, reconhece, e se realmente houver uma alternância de poder, ele diz que o Brasil pode vivenciar um dos maiores ralis desde 2002.


O fluxo estrangeiro que tem alimentado a bolsa brasileira esbarra nas taxas de juros altíssimas, mas tem sido essa capacidade de atrair um pedaço da realocação de recursos que saiu dos EUA que fez as ações brasileiras se valorizarem, diz Ruy Alves, sócio e gestor macro da Kinea Investimentos. Mais do que uma aposta em crescimento de lucros ou da economia, o movimento provocou a queda do dólar e, por consequência, das taxas futuras de juros. “O país é da renda fixa até para a bolsa que sobe quando a ‘B’ [NTN-B] fecha [a taxa cai]”, diz. “Tem muito diferencial de juros para ir contra, mas para a bolsa andar é preciso que a percepção de risco mude.”


Se o Brasil não esboçar um ajuste nas contas públicas até a travessia de 2026, ano eleitoral, dificilmente vai evitar o “precipício fiscal” em 2027, diz Alves. Por enquanto, a bolsa avança pelo efeito de valorização do real, mas em dólar está parada desde 2006.


Para o brasileiro, Alves vê o risco da NTN-B e da bolsa como equivalente. Cabe ao investidor decidir se vale estar exposto a uma concessionária de serviços públicos na B3, que paga bons dividendos, ou ficar na renda fixa.


O gestor não acha que a eleição esteja sendo incorporada ao preço dos ativos locais. O Brasil se valeu da realocação dos EUA para outros emergentes, incluindo América Latina e Brasil, e para desenvolvidos como Europa e Japão. Só que nessas economias há uma série de empresas sem crescimento de lucros, o dinamismo continua vindo do mercado acionário americano, em especial das empresas de tecnologia e da inteligência artificial. E, diferentemente das americanas, nas companhias europeias e japonesas, uma queda do dólar se reflete também nos resultados.


“Vender Google, Microsoft, Nvidia para comprar Brasil, Vale, Petrobras e Ambev é vender o futuro para comprar empresas do passado. Pode funcionar, mas é mais difícil. Tem espaço para subir? Tem porque está barato.” A eleição, conforme avance 2026 vai começar a ser um fator e 2027 vai ser um ano fundamental para o Brasil porque o espaço fiscal é nulo.


O investidor global passou a buscar não só mercados descontados, mas também outros estilos de investimentos, diz Lucas Carvalho, chefe do departamento de análise da Toro Investimentos, do Santander. Com múltiplos esticados, “alguns papéis de tecnologia perderam um pouco da atratividade para um viés mais ‘value investing’', da velha economia, setores considerados estáveis como o bancário, commodities e energia e saneamento, não só no Brasil, mas lá fora também”, diz ele.


O especialista destaca o ouro como um ativo vencedor, com os investidores colhendo excelentes resultados pela visão clássica de reserva de valor e de proteção contra a inflação num ambiente global cheio de incertezas. “Vários BCs diminuíram a exposição em dólar e têm buscado o ouro, não à toa o dólar vem se enfraquecendo”, diz Carvalho.


Ele acrescenta que o metal tem correlação negativa (anda na direção oposta) das taxas de juros do Tesouro americano. Depois da divulgação do índice de preços ao consumidor nos EUA na semana passada, o mercado passou a incorporar três cortes de juros pelo Fed, cita. “A renda pessoal veio abaixo do esperado, os gastos dos consumidores bem abaixo, pode haver no segundo semestre quedas de juros, no plural, o que seria benéfico para o ouro e para ativos de risco.”


No Brasil, o analista da Toro diz que 2026 pode trazer ventos favoráveis para corte de juros. É o que vem beneficiando companhias mais alavancadas como as do setor de construção civil e de varejo. Se as taxas futuras seguirem caindo, são papéis que podem ter desempenho acima da média de mercado. A corretora revisou a projeção para o Ibovespa de 145 mil pontos para 160 mil pontos. No curto prazo, o investidor pode colocar o lucro no bolso e acompanhar o andamento da pautas fiscal, após a derrubada do decreto de aumento do IOF pelo Congresso.


 


MÚLTIPLOS E ROTAÇÃO MANTÊM ATRATIVIDADE DE AÇÕES BRASILEIRAS, ENQUANTO ELEIÇÃO ENTRA NO RADAR-Broadcast 30/6


Por Ana Paula Machado, Beth Moreira e Vinicius Novais


São Paulo, 30/6/2025 - Analistas consultados pela Broadcast veem potencial de valorização ainda maior para o Ibovespa nos próximos meses. Além da perspectiva de queda de juros, a Bolsa brasileira tem como fatores-chave para o segundo semestre a presença de múltiplos atrativos e ainda algum fôlego na rotação global de carteiras. Gradualmente, outros fatores locais podem entrar no radar do investidor, como o processo eleitoral de 2026.


A gestora de renda variável do Fator Gestão, Isabel Lemos, pontua que, comparada a pares emergentes, a Bolsa brasileira tem o múltiplo mais atrativo.


O indicador preço sobre lucro (P/L) do Brasil neste ano está em torno de 8 vezes. Na prática, é como se o investidor demorasse oito anos para ver o retorno do seu investimento. No México, esse indicador é de 13 vezes; no Chile, 14 vezes; e na Índia, 22 vezes.


Mesmo em relação à série histórica brasileira este índice está baixo, o que indica que a Bolsa brasileira está muito barata. A média dos últimos 20 anos é de 11,5 vezes o P/L.


"Olhamos múltiplos atrativos no Brasil e temos uma perspectiva no longo prazo de se iniciar a queda dos juros. Isso impulsiona um pouco mais a Bolsa. Além da desvalorização do dólar frente às outras moedas", afirma Lemos.


Há também aqui uma tendência de diversificação dos grandes portfólios globais. O head de Equity Research do Citi para a América Latina, André Mazini, lembra que a gestão "irrequieta" do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, favorece o fluxo para outros países.


"Ele é muito imprevisível e o investidor odeia isso. Há até no mercado a expressão TACO, o acrônimo de 'Trump Always Chickens Out' [Trump sempre volta atrás, em tradução livre], para se referir a ele, que nunca segue nas promessas. Isso faz com que as pessoas comecem a tirar o dinheiro dos Estados Unidos que teve 'boom market' por 15 anos. Agora, está um pouco mais volátil", diz Mazini.


Ao longo do primeiro semestre, como a Broadcast mostrou, a chegada de recursos ao Brasil decorreu de um processo global de diversificação de carteiras, principalmente em meio à queda do dólar mundialmente.


Segundo Mazini, qualquer fluxo, por menor que seja, que saia dos Estados Unidos para outras praças representa um volume importante de alocação no mercado mundial.


"Os índices americanos respondem por 75% dos índices globais; o Brasil, apenas 4%. Qualquer mínima alteração para fora dos EUA, principalmente para o mercado brasileiro representa um volume importante por aqui", ressalta o profissional do Citi.


O head do Citi ressalta que o mercado já vai precificar as eleições gerais de 2026 ao longo do segundo semestre de 2025.


"Há um viés positivo para a Bolsa, temos a questão da eleição no ano que vem ainda em aberto. Imagino que, se vier um governo mais fiscalista, mais preocupado com a questão fiscal, os juros poderão cair."


Diversificação


Em relatório publicado nesta segunda-feira, 30, o Bradesco BBI observa que, com os fortes ganhos já registrados e as taxas de juros ainda elevadas, investidores estão mais seletivos, buscando oportunidades que não apenas oferecem exposição doméstica, mas também proporcionem maior potencial de valorização.


Das 160 ações acompanhadas pelo banco, 132 tiveram alta. Os destaques foram os setores de Educação (+93%) e Imobiliário (+62%), enquanto ficaram para trás commodities (+3%) e Petróleo e Gás (-1%).


"Nesse contexto, revisamos nossa cobertura para identificar ações com desempenho abaixo do esperado", dizem os analistas Pedro Grimaldi e Ben Laidler.


Na lista final de oportunidades, segundo o banco, aparecem, entre outras, Nubank, Ambev, Weg, BRF, Rumo, RD Saúde, Klabin, Hapvida, Raízen, Natura, Cosan, CSN, São Martinho, Vamos e Petz. Essa cesta, segundo o Bradesco BBI, caiu 6% no acumulado do ano e está sendo negociada com múltiplos de 24 vezes o P/L, acima do múltiplo de 20 vezes do início do ano.


 


Mistura de dados e previsões no IBGE acende sinal de alerta / Ex-presidentes do instituto de pesquisas alertam que proposta vai contra recomendações de boas práticas internacionais- Valor 1/7


Lucianne Carneiro


Os ex-presidentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Wasmália Bivar e Roberto Olinto veem riscos para a credibilidade do instituto ao se misturar estatísticas com previsões em um instituto oficial e afirmam que o caminho vai contra as boas práticas internacionais.


O alerta veio após o lançamento pelo IBGE do Programa Nacional de Inteligência e Governança Estatística e Geocientífica, com objetivo de “subsidiar políticas públicas preditivas”. O plano é parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e teve a adesão de oito órgãos públicos.


No evento de divulgação, o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, defendeu que a iniciativa permitirá a união de diferentes bancos de dados, o que ajuda a reduzir custos e oferece melhores subsídios para políticas públicas.


A construção de um sistema nacional de estatísticas é uma das bandeiras da gestão de Pochmann. A ideia é que esse sistema, sob a coordenação do instituto, integre as informações de diferentes produtores de dados. O debate é antigo dentro do próprio IBGE, e a legislação prevê que o instituto coordene o sistema estatístico nacional, função que nunca foi exercida.


Agora, no entanto, Pochmann incluiu nessa discussão o papel das predições, termo que é sinônimo de previsões e tem sido usado no contexto das soluções de inteligência artificial. A IA preditiva identifica padrões para ajudar a prever o que ocorrerá no futuro.


No lançamento, o presidente do IBGE disse que políticas públicas têm sido realizadas com base em realidades do passado. Diante das mudanças atuais, no entanto, defendeu, é “fundamental trabalhar com a ideia de predições”: “Queremos dar um passo, e é um passo experimental, são pesquisas experimentais que vamos levar à frente a partir do IBGE”.


Procurada pelo Valor , a assessoria de imprensa do IBGE encaminhou link (ibge.gov.br/singed-programa-nacional) de nova área do site com explicações sobre o Programa Nacional de Inteligência e Governança Estatística e Geocientífica.


O texto cita o “Projeto Projeções de Força de Trabalho e Ocupações para Brasil 2040”, que “atua comprometido com a finalidade do desenvolvimento e aplicação, experimental, da metodologia de projeção de força de trabalho e de grupos ocupacionais no país para os próximos 15 anos”.


“Como o futuro é incerto, previsões estão sujeitas a falhas. Isso cria uma crise de credibilidade, fundamental para um instituto oficial de estatísticas. É uma ameaça enorme à credibilidade institucional e vai contra as boas práticas internacionais”, afirma Wasmália Bivar, que foi presidente da Comissão de Estatística da ONU.


Na sua avaliação, as acusações de manipulação das informações podem ocorrer de diferentes formas, tanto em caso de erros ou de acertos nas projeções.


Os planos da atual direção do IBGE contrastam com os “Princípios Fundamentais das Estatísticas Oficiais: orientações para divulgações de resultados pelo IBGE”. O documento determina que não se deve “especular sobre resultados futuros dos dados divulgados ou de fatores que irão influenciá-los”, com exceção das projeções da população e da produção agrícola.


A preocupação de Bivar é compartilhada pelo também ex-presidente Roberto Olinto. Um instituto oficial de estatísticas, diz, produz dados que descrevem a realidade geográfica, social, econômica de um país, enquanto previsões são sujeitas a erros.


“O risco de ter uma mistura das coisas, entre estatísticas e projeções, é muito grande. Sou radicalmente contra”, afirma.


Pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), Francisco Pessoa Faria celebra as ações do IBGE para coordenar e organizar diferentes bases de dados, como registros administrativos e estatísticas de diferentes fontes, mas condena projetos que envolvam produção de estimativas: “Trabalhar com previsões não faz parte do escopo de um instituto oficial de estatísticas. E eventuais benefícios não superam os riscos”.

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