quinta-feira, 29 de maio de 2025

Resumo 2905

 Resumo de mercado 29/05/2025:


A Corte de Comércio Internacional dos EUA decidiu bloquear parte das tarifas impostas por Trump, por considerar ilegal o uso da lei de emergência econômica (IEEPA) para esse fim. A decisão atinge tarifas amplas, como as aplicadas à China, Canadá e México, mas não afeta medidas setoriais como as do aço e alumínio. O governo vai recorrer e pode buscar outros caminhos legais para manter as tarifas. O mercado reagiu bem a notícia, com alta da bolsa e valorização do dólar por um período, mas uma sequência de dados mais fracos de atividade, incluindo a revisão do PIB do 1o trimestre, pedidos de seguro-desemprego e vendas de casas, mudaram o humor do mercado. As taxas dos títulos americanos de 10 anos encerram o dia com queda de 6 pontos-base, enquanto a bolsa subiu 0,2% e o dólar índice cai 0,5%. O preço do petróleo recua 1,5%.


No Brasil, os juros seguem subindo com receio de cancelamento da medida que aumentou o IOF e impulsionados por dados mais fortes do mercado de trabalho, indicando economia ainda aquecida. Os ativos financeiros aumentaram a chance de outra alta na Selic na próxima reunião do Copom, embora essa probabilidade ainda seja minoritária. O real aprecia 0,5% com o enfraquecimento global do dólar.


O Ibovespa fechou em leve queda de 0,25% com um pregão de desempenho bastante misto entre os setores. O destaque negativo ficou com o setor financeiro, que pressionou o índice para baixo, enquanto o segmento de utilities, com destaque para Copel (+2.1% ON) ajudou a limitar as perdas. No exterior, os mercados repercutiram positivamente a decisão judicial que suspende parte das tarifas de Trump e o resultado de Nvidia (+3.2%), que surpreendeu positivamente.

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: Decreto contra IOF pode entrar na pauta*


… HP levou um tombo próximo de 8% no after hours após cortar projeção de lucro, mas Nvidia não decepcionou, disparando quase 5%, com boas chances de garantir entusiasmo para as ações em NY, em meio às notícias de que um tribunal comercial dos EUA bloqueou as tarifas de Trump. Entre os indicadores, destaque para a nova leitura do PIB/1Tri americano, que deve se recuperar do susto com a retração de 0,3% na preliminar. Aqui, o dia é cheio, com o IGP-M/maio e a taxa de desemprego do IBGE, após os dados surpreendentes do Caged, que mostraram a criação de 257 mil empregos em maio. No início da tarde, saem os números do Governo Central. A maior atenção, no entanto, deve estar no Congresso, onde reuniões de líderes discutem um projeto de decreto legislativo para derrubar as medidas do IOF.


… Ontem à noite, Haddad esteve com os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, David Alcolumbre, tentando evitar o pior. No Parlamento, já há mais de 20 projetos para a derrubada do decreto do IOF, não só da oposição, mas também da base aliada.


… À saída do encontro, o ministro falou com os jornalistas, dizendo que explicou o aumento do IOF e que as medidas estão mantidas.


… “Explicamos exatamente em que consistiu o anúncio da semana passada. Procuramos calibrar o corte de despesas com o aumento de receitas para compor um quadro que permitisse garantir as metas estabelecidas pelo próprio Congresso.”


… Haddad disse ainda ter advertido os parlamentares sobre os impactos de uma eventual rejeição da medida.


… “Expliquei as consequências disso no caso de não aceitação da medida, o que acarretaria um contingenciamento adicional. Ficaríamos em um patamar bastante delicado do ponto de vista do funcionamento da máquina pública.”


… Segundo ele, não há alternativas à medida: “Nesse momento não tem alternativas.”


… De acordo com o ministro, tanto Motta quanto Alcolumbre manifestaram “preocupação muito grande” com o risco de o decreto do IOF ser derrubado pelo Congresso, destacando a importância de o governo apresentar alternativas fiscais de médio e longo prazos.


… Haddad afirmou ainda que recebeu da cúpula do Congresso o pedido para apresentar às Casas medidas mais estruturantes. “Expliquei o problema de curto prazo que temos, mas que é absolutamente possível nós pensarmos em medidas mais estruturantes.”


… O ministro acrescentou que haverá um nova reunião na semana que vem.


… O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT), disse que “o governo não está debatendo revogação do decreto, já que a revogação significa um contingenciamento maior e um congelamento maior, e o governo não negocia com isso”.


… “Houve uma conversa aqui porque tem um ambiente no Congresso de revogação do decreto, e diante disso o governo mostrou que há uma consequência clara, a paralisação da máquina pública”, disse Randolfe.


… O líder disse ainda que foi apresentado um conjunto de propostas que será analisado pela Fazenda nos próximos dias, e após a análise desse conjunto de propostas, será tomada uma decisão.


SEM ACORDO – Pelas declarações do ministro Haddad e do líder Randolfe Rodrigues, a reunião com a cúpula do Congresso não chegou a um consenso sobre os projetos de decreto legislativo que tentam derrubar as medidas do IOF.


… Durante a sessão, Motta firmou posição de resistência, afirmando que teria uma posição, “ainda nesta noite (ontem à noite)”, sobre as pressões dos deputados para derrubar o decreto de Lula. “Outras medidas podem vir em substituição a essa medida infeliz.”


… Dizendo que “há um esgotamento” na Casa com a política de elevação de impostos do governo, prometeu buscar uma solução para a crise causada pela taxação do IOF, sinalizando a necessidade de corte de gastos. “Precisamos avançar em um debate estrutural.”


… De acordo com Motta, a discussão sobre o equilíbrio fiscal ainda não foi colocada como prioridade na pauta da Câmara, o deve começar a acontecer com a retomada das discussões sobre a reforma administrativa. “Essa é uma medida que penso ser urgente para o País.”


… Caberá a Motta deliberar sobre uma votação dos projetos de decreto legislativo apresentados pela Oposição para barrar o aumento do IOF. O governo tem dito que, se o decreto cair, haverá necessidade de contingenciamento das emendas parlamentares.


… Nesta 4ªF, uma primeira medida da equipe econômica solucionou a perda de receita com o recuo do IOF aos investimentos no exterior, com o resgate de R$ 1,4 bilhão do Fundo Garantidor de Operações e do Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo.


… Segundo a Fazenda, esse resgate será suficiente para cobrir a perda de arrecadação, embora o ministro tenha citado inicialmente que o impacto desse recuo poderia chegar a R$ 2 bilhões. A pasta explicou que o número foi recalculado.


… Com a recomposição da receita, a contenção de gastos do Orçamento será mantida em R$ 31,3 bilhões, segundo uma fonte da Fazenda informou ao Valor, sem a necessidade de um relatório extemporâneo de avaliação de receitas e despesas.


ENCONTRO COM OS BANCOS – Antes da reunião com líderes do Congresso, Haddad conversou mais cedo com banqueiros, que foram a Brasília nesta 4ªF para negociar o IOF e apresentar “alternativas” elaboradas pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).


… O secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, disse que a reunião foi “construtiva e produtiva”, elogiando os estudos da Febraban, que “levou o impacto das medidas no setor de maneira legítima, de maneira bem racional, de maneira detalhada”.


… Sinalizando que há negociação, Durigan disse que “é natural que a gente avance nesse debate sobre o que poderia ser uma alternativa” e que “vamos nos debruçar sobre as alternativas para uma avaliação cuidadosa, célere, do que é melhor para o País nesse momento”.


… Participaram Isaac Sidney (Febraban), Milton Maluhy Filho (Itaú), Marcelo Noronha (Bradesco), Mario Leão (Santander Brasil) e Roberto Sallouti (BTG). Do lado do governo, além de Haddad e Durigan, Rogério Ceron (Tesouro) e Marcos Pinto (Reformas Econômicas).


… A cobrança de IOF sobre operações de risco sacado foi um dos temas debatidos, com os bancos afirmando que poderá aumentar preços no varejo e desestabilizar cadeias de fornecedores, a exemplo do que as varejistas também defendem.


… Cálculos nas instituições financeiras indicam que as operações de risco sacado podem ficar de 7% a 10% mais caras com o IOF.


… À saída da reunião com Haddad, o presidente da Febraban, Isaac Sidney, afirmou aos repórteres que o impacto das mudanças no IOF é “severo” no custo do crédito. Ele não quis detalhar as alternativas levadas à Fazenda, “porque ainda serão debatidas”.


… Mas Sidney diz que os bancos levaram não apenas posições contrárias, mas “os números dos impactos que são relevantes, são severos para o custo do crédito, e também trouxemos alternativas de fontes de receitas e de redução de despesas”.


… O presidente da Febraban disse que saiu de Brasília com “a percepção clara de que o diálogo foi aberto e que o ministro está disposto a construir conosco. Nós gostaríamos muito que essa medida [do IOF] fosse revisitada”.


LULA – Enquanto cresce no mercado a preocupação com a crise do IOF e o risco de que o impasse possa piorar as condições das contas públicas, o presidente Lula segue insistindo em temas de apelo popular, que significam mais gastos.


… Nesta 4ªF, na Paraíba, voltou a falar do preço do gás de cozinha, dizendo que “está errado” a população pagar R$ 140 pelo botijão que custa R$ 37 na Petrobras. O governo deve lançar no próximo mês o novo Vale-Gás, com gás de graça para 22 milhões de famílias.


… Lula mencionou ainda um programa voltado para o financiamento de motocicletas a “entregadores de comida” e confirmou que o seu governo vai relançar amanhã, 6ªF, o programa Mais Especialistas, principal aposta da gestão petista para a área da saúde.


… Já em Pernambuco, Lula falou da ampliação da tarifa social de energia, que poderá beneficiar até 100 milhões de pessoas, e da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. “Muita gente vai ficar sem pagar energia elétrica.”


TRUMP – Um Tribunal Comercial dos EUA bloqueou nesta 4ªF as tarifas do “Dia da Libertação”, decidindo que o presidente extrapolou sua autoridade ao impor tarifas generalizadas sobre importações de países que vendem mais para o país do que compram.


… O Tribunal impediu a aplicação de tarifas abrangentes com base em uma lei de poderes emergenciais, usada por Trump.


… A decisão foi tomada após várias ações judiciais argumentarem que Trump excedeu sua autoridade e deixou a política comercial dos Estados Unidos dependente de seus caprichos, desencadeando um caos econômico.


… A decisão impede a grande maioria das tarifas de Trump, inclusive sua “tarifa global fixa” de 10%, taxas elevadas e “recíprocas” sobre a China e outros países, e suas tarifas relacionadas ao fentanil sobre China, Canadá e México.


… As medidas tarifárias para o alumínio, aço e automóveis, baseadas em uma lei de segurança nacional, permanecerão por enquanto.


… O Tribunal também impede que o presidente Trump aumente as taxações, incluindo a ameaça de tarifas de 145% sobre as importações da China e de 50% sobre a UE. Trump pode recorrer da decisão. A Suprema Corte dos EUA poderá ter a palavra final no caso.


MUSK – O bilionário despediu-se do governo Trump nesta 4ªF com uma postagem no X: Com o fim do meu período como Funcionário Especial do Governo, gostaria de agradecer ao Presidente Donald Trump pela oportunidade de reduzir gastos desnecessários.”


AFTER HOURS – Balanço mais esperado da semana, Nvidia disparou 4,89% no pregão estendido.


… A gigante de tecnologia reportou lucro ajustado por ação de US$ 0,96 no 1Tri, acima dos US$ 0,93 esperados. A receita atingiu US$ 44,06 bilhões, também superando as projeções de US$ 43,31 bilhões do analistas.


… Já a HP afundou 7,75%. Além de o lucro ajustado por ação de US$ 0,71 no 2Tri fiscal ter frustrado a expectativa do mercado, de US$ 0,80, a empresa reduziu projeções para o ano, citando incertezas.


… A companhia espera fechar 2025 com lucro por ação entre US$ 3,00 a US$ 3,30, abaixo da previsão anterior, entre US$ 3,45 e US$ 3,75. Os profissionais estavam projetando uma estimativa de US$ 3,56 por papel.


MAIS AGENDA – É esperada deflação de 0,37% para o IGP-M de maio (8h), revertendo o avanço de 0,24% em abril. O intervalo das projeções do mercado no Broadcast varia de uma retração de 0,47% a uma alta de 0,01%.


… Do lado do emprego, a taxa de desocupação deve registrar a primeira queda no ano. A mediana para a Pnad (9h) indica recuo da taxa de desemprego a 6,9% no trimestre móvel encerrado em abril, ante 7% no anterior.


… À tarde (14h30), o superávit do Governo Central deve disparar para R$ 16,325 bilhões em abril, diante dos recolhimentos com IRPJ e CSLL. O resultado será muito superior ao saldo positivo de R$ 1,096 bilhão em março.


… O dado será comentado em entrevista coletiva pelo secretário do Tesouro, Rogério Ceron, às 15h.


… Ainda na agenda do dia, o BC divulga a nota sobre operações de crédito em abril (8h30). O diretor de Fiscalização do BC, Ailton de Aquino, palestra em congresso organizado pela ABIPAG, em Brasília, às 12h.


LÁ FORA – Embutido na segunda leitura do PIB americano do 1Tri, que sai às 9h30, vem o PCE trimestral.


… Ainda entre os indicadores econômicos, saem o auxílio-desemprego (9h30), com previsão de queda de mil pedidos, para 226 mil; as vendas pendentes de imóveis em abril (11h); e os estoques de petróleo do DoE (13h).


… Entre os Fed boys, falam Tom Barkin (9h30), Austan Goolsbee (11h40), Adriana Kugler (15h), Mary Daly (17h) e Lorie Logan (21h25). Andrew Bailey (BoE) participa de evento às 16h. O BC da África do Sul decide juro às 10h.


CIDE – STF pode definir nesta 5ªF a validade da taxação de remessas de pagamentos ao exterior, decidindo se a União pode exigir a Cide sobre remunerações por royalties, licenças de uso, transferência de tecnologia e serviços técnicos e administrativos.


… A estimativa de impacto para a União é de R$ 19,6 bilhões, conforme indicado na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2026.


IMPOSTO DE RENDA – Relator do projeto de reforma do IR, deputado Arthur Lira, confirmou a data de 27 de junho para a apresentação do seu parecer sobre a isenção para quem ganha até R$ 5 mil/mensais, após ter se reunido com o ministro Haddad.


… O texto ainda define desconto para salários até R$ 7 mil e taxação de até 10% dos dividendos para altas rendas.


INSS – Em 15 dias, 2,3 milhões de aposentados e pensionistas já contestaram os descontos de associações em seus benefícios e solicitaram o ressarcimento dos valores. Esse é o balanço mais recente do Instituto, divulgado no final da tarde de 4ªF.


ENTRE A CRUZ E A ESPADA – É grande a expectativa para a abertura hoje do mercado doméstico, dividido entre a euforia com a derrota judicial de Trump sobre as tarifas e, por aqui, a proporção que a crise do IOF ganhou.


… Ontem, a percepção de que o governo Lula prefere arrecadar do que economizar melou o clima nos negócios.


… A um triz de voltar à marca de R$ 5,70, o dólar à vista acompanhou ontem um movimento global de pressão, mas o real fechou com o pior desempenho entre as 33 moedas mais líquidas acompanhadas pelo Valor.


… Não dá para negar ser um sintoma de que o investidor está cauteloso com todo o rolo em torno do IOF.


… O desgaste abriu terreno fértil para boatos de que Lula estaria sendo pressionado por alas do PT a trocar Haddad por Mercadante no comando da Fazenda, tensionando ainda mais o ambiente no câmbio doméstico.


… Dificilmente, o ruído do IOF levará a uma ruptura deste tamanho na equipe econômica, mas o rumor ajudou ontem a desencadear apostas contra o real, com o dólar à vista fechando em alta firme de 0,88%, a R$ 5,6952.


… Já às voltas com o estresse do IOF, a curva do DI embutiu alta adicional quando vazou que o Caged viria em 256 mil postos, bem acima dos 175 mil esperados e mais do que o dobro dos 71,5 mil registrados em março.


… Dito e feito: o indicador mostrou a criação 257.528 vagas de emprego em abril, perto do teto das previsões (267.366), e levou os contratos futuros dos juros a quebrarem uma sequência de três pregões em queda.


… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 subia a 14,735% (de 14,685% na sessão anterior); Jan/27, a 13,940% (13,850%); Jan/29, a 13,490% (13,370%); Jan/31, a 13,680% (13,600%); e Jan/33, a 13,750% (13,690%).


… É a segunda vez em três meses que os dados do Caged circulam nas mesas antes da divulgação oficial.


… Em fevereiro, quando o resultado bateu a marca histórica de 437 mil postos de trabalho formais, o rumor entre os investidores era de “mais de 400 mil”, enquanto as expectativas rondavam a casa de 100 mil.


… Na repercussão ao Caged de ontem, a XP disse que o dado reforça a chance de PIB acima de 2,3% no ano.


SEMPRE CABE MAIS UM – Se o IOF não abalar o humor, o Ibovespa pode ganhar espaço para renovar os recordes históricos, surfando na onda positiva do revés de Trump no tarifaço e do balanço da Nvidia.


… Pesquisa do BTG mostra aumento no número de gestoras que avaliam que o Ibov já estaria perto do valor justo após o rali recente. Mas o desmonte da escalada protecionista nos EUA ainda pode garantir gás adicional.


… Nesta 4ªF, diante dos juros futuros pressionados pelos dados fortes do Caged e em meio à escalada da tensão do IOF e as quedas nas bolsas em NY, o Ibovespa se viu sem saída para ampliar uma recuperação.


… Fechou em baixa de 0,47%, aos 138.887,81 pontos, com volume financeiro fraco, de nem R$ 20 bilhões.


… Petrobras ON (-1,24%, a R$ 33,39) e Petrobras PN (-0,32%, a R$ 31,43) ignoraram a alta do petróleo Brent (+1,26%, a US$ 64,90), depois da decisão da Opep de manter a produção estável até o final do ano que vem.


… Nas agências internacionais, fontes dizem que haverá uma outra reunião, no sábado, com oito membros do cartel, para tratar especificamente da continuidade do aumento na produção de 411 mil bpd em julho.


… O encontro não foi oficialmente confirmado, mas existe o risco de os sauditas e os russos reverterem a melhora dos preços da commodity, caso decidam por uma elevação significativa na oferta no fim de semana.


… Apesar de o minério de ferro ter caído pouco ontem (-0,14%), Vale ON recuou 0,80%, a R$ 53,41.


… Entre os bancos, só Bradesco PN (+0,69%, a R$ 16,15) subiu, ainda embalado pela melhora da recomendação do Citi (neutra para compra). Itaú caiu 0,81% (R$ 37,79); BB, -1,99% (R$ 24,08); e Santander, -1,12%, a R$ 29,90.


… A lista das maiores baixas trouxe Azul PN (-3,74%, a R$ 1,03), que pediu recuperação judicial nos EUA.


… Também Usiminas PNA (-4,67%, a R$ 5,31) e CSN ON (-3,67%, a R$ 8,67) foram mal, mesmo após o governo renovar por 12 meses o sistema de proteção ao setor, com o objetivo de reduzir as importações de aço.


PILHA NO FED? – Depois de Powell ter dito tantas vezes que não estava com pressa de cortar juro, preferindo aguardar com maior clareza os efeitos da políticas de Trump, surge agora o fato novo da anulação das tarifas.


… É possível que a novidade precipite apostas no mercado de um relaxamento monetário antecipado nos EUA, embora, de seu lado, o Fed possa continuar querendo esperar para ver, porque não pode dar passo em falso.


… Se Trump recorrer (e é claro que ele vai), as coisas ainda podem continuar virando de ponta cabeça.


… Ontem, a ata do Fed teve efeito nulo nos negócios e as bolsas em NY assumiram dose de cautela, em clima de suspense pelo balanço da Nvidia, que saiu pouco depois do fechamento dos negócios em Wall Street.


… Operando na defensiva, o Dow Jones caiu 0,58%, aos 42.098,70 pontos; o S&P 500 recuou 0,56%, aos 5.888,55 pontos; e o Nasdaq fechou com desvalorização de 0,51%, aos 19.100,94 pontos.


… Entre os Treasuries, o viés do dia foi de alta. A taxa da Note-2 anos subiu a 3,999%, de 3,977% na véspera; a de 10 anos avançou para 4,478%, contra 4,446%, e a do T-Bond de 30 anos foi a 4,977% (de 4,951%).


… No câmbio, o índice DXY testou nova retomada (+0,36%), mas ainda não voltou aos 100 pontos (99,875). O dólar levou a melhor contra o euro (-0,34%, a US$ 1,1292), a libra (-0,32%, a US$ 1,3465) e o iene (144,91/US$).


EM TEMPO… Ibama pediu que PETROBRAS agende datas para vistorias de equipamentos na Foz do Amazonas., no último passo antes da resposta final do Instituto sobre licenciamento para explorar produção na região…


… Petrobras confirmou a 8ª emissão de debêntures no valor de R$ 3 bilhões.


AZUL. A Fitch e a S&P rebaixaram o rating de CCC- para D, depois do pedido de proteção da companhia aérea nos termos do Chapter 11, nos EUA.


SABESP firmou contrato com Iguá e assumiu o controle das sociedades Águas de Andradina e Águas de Castilho.


CEMIG. Justiça de MG suspendeu liminar que obrigava depósito judicial de R$ 912,2 milhões referente a 50% do déficit do plano A do fundo de pensão Forluz em 2022.


CARREFOUR anunciou dividendo especial de 163 milhões euros, a 0,23 euro por ação; ex na próxima 2ªF.


AMERICANAS anunciou a emissão de novas ações ordinárias decorrentes do exercício de bônus de subscrição vinculados ao plano de recuperação.


JHSF assinou Memorando de Entendimentos (MOU) com o Einstein para instalação de uma unidade de serviços médicos e ambulatoriais na expansão do Complexo Boa Vista, no Boa Vista Village, no interior de São Paulo.


AGROGALAXY adiou pela segunda vez a divulgação de seu balanço do 1Tri e marcou nova data para 9 de junho.

Bom dia 2905

 *Bom dia ☕️*


*🌎Os índices futuros dos EUA operam em forte alta nesta quinta-feira (29),* após um tribunal comercial federal bloquear as tarifas 'recíprocas' impostas pelo presidente Donald Trump e diante dos resultados acima do esperado divulgados pela Nvidia.


*📊Veja o desempenho dos mercado futuros*


*🇺🇸EUA*


* Dow Jones Futuro: +1,18%

* S&P 500 Futuro: +1,58%

* Nasdaq Futuro: +1,95%


🌏 Ásia-Pacífico


* Shanghai SE (China), +0,70%

* Nikkei (Japão): +1,88%

* Hang Seng Index (Hong Kong): +1,35%

* Kospi (Coreia do Sul): +1,89%

* ASX 200 (Austrália): +0,15%


🌍 Europa


* STOXX 600: +0,35%

* DAX (Alemanha): +0,56%

* FTSE 100 (Reino Unido): -0,07%

* CAC 40 (França): +0,73%

* FTSE MIB (Itália): +0,41%


🌍 Commodities


* 🛢️Petróleo WTI, +1,50%, a US$ 62,77 o barril

* 🛢️Petróleo Brent, +1,39%, a US$ 65,80 o barril

* 🧲Minério de ferro negociado na bolsa de Dalian, +1,29%, a 707,00 iuanes (US$ 98,14)


🪙Bitcoin, +0,91%, a US$ 108.301,40


*📚MZ Investimentos*

*🗞️Jornal do Investidor*

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: E Trump voltou a falar. Anunciou novas restrições às exportações de tecnologia para a China, nomeadamente pediu aos fornecedores de software para chips que deixem de os vender, de forma a travar o desenvolvimento próprio de semis. Resultado? Bolsas em baixa ontem. No plano geopolítico, foram divulgadas informações de uma proposta da OTAN para que os membros aumentem a sua despesa em Defesa até 5% do PIB (vs. 2% atual), sendo 3,5% de investimento direto no sentido estrito da palavra defesa, enquanto os 1,5% restantes incluiriam despesas “relacionadas”, como a cibersegurança, proteção de costas e fronteiras ou atividades espaciais. Recordamos a nossa preferência por ambos os setores há vários trimestres (Carteiras Temáticas de Defesa e Cibersegurança). Por último, as Atas da Fed de 6/7 de maio não acrescem grandes novidades, como se esperava. Mantiveram taxas de juros, destacaram o amplo consenso sobre dar um tempo antes retomar às descidas e avisaram sobre o possível impacto na inflação e crescimento da política alfandegária atual.


Para hoje temos uma mistura de notícias positivas que animarão a sessão. O Tribunal de Comércio dos EUA declarou ilegal grande parte dos impostos alfandegários, todos exceto o aço, o alumínio e automóveis que vão por outra via, de Trump e dá-lhe 10 dias para os retirar. Considera que não poder alegar “emergência nacional” para legislar sobre política comercial sem passar pelo Congresso. Claro que Trump recorreu à decisão e lutará até ao fim para não cumprir a decisão, mas é um alívio para o mercado. 


Nvidia subiu +5% em aftermarket após publicar resultados melhores do que o estimado e praticamente em linha, apesar de incorporar o impacto previsto de 4.500 M$ das restrições às exportações de semis à China. Salesforce também em alta, +1%, após o fecho ao publicar resultados bons e melhorar as guias. Boas notícias para a tecnologia. 


CONCLUSÃO: Sessão de subidas na bolsa. Nvidia e a frente comercial apoiarão uma sessão em que a principal referência macro será a primeira revisão do PIB americano (-0,3% t/t anualizado 1T 2025 vs. +2,4% anterior). Veremos se será revisto em alta. 


S&P500 -0,6% NQ-100 -0,5% SOX -0,6% ES-50 -0,7% IBEX -1,0% VIX 19,3 BUND 2,55% T-NOTE 4,47% SPREAD 2A-10A USA=+49PB B10A: ESP 3,16% PT 3,04% FRA 3,22% ITA 3,54% EURIBOR 12M 2,06% USD 1,129 JPY 163,6 OURO 3.290$ BRENT 65,0$ WTI 61,9$ BITCOIN -2,1% (107.328$) ETHER -1,3% (2.635$).


FIM

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Tudo q vai, volta....

 Governo Trump anuncia sanções que podem atingir Moraes


28/05/2025 11h21


O secretário de Estado norte-americano Marco Rubio anunciou a restrição de vistos contra autoridades estrangeiras que possam ser considerados como responsáveis por uma suposta censura contra cidadãos ou empresas americanas. A medida é uma reação a governos, parlamentos ou cortes que possam agir contra as plataformas digitais e na defesa da democracia.


"Durante demasiado tempo, os americanos foram multados, assediados e até acusados por autoridades estrangeiras por exercerem os seus direitos de liberdade de expressão", afirmou o chefe da diplomacia americana, nesta quarta-feira.


Ele não citou o caso de Alexandre de Moraes, mas diplomatas avaliam que a iniciativa pode acabar prejudicando o ministro brasileiro e outras autoridades do país que são acusadas nos EUA por medidas que prejudicam americanos. Nos últimos meses, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro passou a fazer uma campanha entre a base mais radical do trumpismo, na esperança de convencer a Casa Branca a agir contra o ministro do STF e outros nomes.


Um dos argumentos usados é que Moraes agiu contra as plataformas digitais, numa suposta operação de censura. Na Flórida, de fato, um processo foi aberto contra Moraes por parte da Rumble, plataforma ligada ao círculo mais próximo de Donald Trump.


Eduardo Bolsonaro comemora


Imediatamente, Eduardo Bolsonaro foi às redes sociais para comemorar. "Parabéns. No Brasil estamos cheios disso. EUA estão trazendo esperança por quem luta pela liberdade", escreveu o filho do ex-presidente indiciado por golpe de estado.


O que é a medida


Nas redes, Rubio explicou sua iniciativa:


"Hoje, estou a anunciar uma nova política de restrição de vistos que se aplicará a funcionários estrangeiros e a pessoas que sejam cúmplices da censura aos americanos. A liberdade de expressão é essencial para o modo de vida americano - um direito inato sobre o qual os governos estrangeiros não têm autoridade", afirmou o chefe da diplomacia americana.


"Os estrangeiros que trabalham para minar os direitos dos americanos não devem ter o privilégio de viajar para o nosso país", disse. "Seja na América Latina, na Europa ou em qualquer outro lugar, os dias de tratamento passivo para aqueles que trabalham para minar os direitos dos americanos acabaram", afirmou.


O UOL apurou que, caso um ministro brasileiro solicite um visto para ir aos EUA, terá sua autorização provavelmente negada se ficar constatado que ele atuou contra esses princípios defendidos por Rubio.


O secretário de Estado de Trump já havia alertado, na semana passada, que medidas contra Moraes estavam "em análise" e que existia uma "chance" de elas serem adotadas.


Há duas semanas, o UOL revelou que a Casa Branca considerava uma ação. Mas ainda pesava o impacto que ela poderia ter nas relações bilaterais.


O governo de Luiz Inácio Lula da Silva prepara uma resposta política forte caso Donald Trump opte por aplicar sanções específicas contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Não há qualquer previsão de que um gesto americano seja respondido com retaliações ou sanções por parte do Brasil. Mas o governo se prepara para declarar que o ato seria uma "ingerência inadmissível" nos assuntos domésticos do país.


EUA criticam "censura" na Europa contra plataformas digitais


Enquanto Rubio anunciava a medida, o Departamento de Estado ainda alertava aos europeus sobre o que poderia ocorrer caso optem pela censura.


"Em toda a Europa, os governos utilizaram as instituições políticas como armas contra os seus próprios cidadãos e contra o nosso patrimônio comum", escreveu Samuel Samson, conselheiro do Escritório de Democracia e Direitos Humanos do Departamento de Estado. "Longe de reforçar os princípios democráticos, a Europa transformou-se num viveiro de censura digital, migração em massa, restrições à liberdade religiosa e muitos outros ataques à auto-governação democrática", disse.


"Estas tendências preocupantes só aumentaram nos últimos anos", alertou. "No Reino Unido, a polícia está a prender cristãos - como Adam Smith-Connor e Livia Tossici-Bolt - por rezarem em silêncio à porta de clínicas de aborto. Em 2023, mais de 12 000 cidadãos britânicos foram detidos por publicações online, incluindo comentários críticos da crise migratória europeia, que as autoridades consideraram "grosseiramente ofensivas", disse.


Ele ainda cita que, na Alemanha, "o governo criou sistemas elaborados para monitorizar e censurar o discurso em linha sob o pretexto de combater a desinformação e prevenir ofensas".


"Quando os cidadãos alemães expressam preocupações legítimas sobre os impactos econômicos e sociais da globalização ou criticam os políticos, correm o risco de serem multados, rotulados de radicais ou mesmo de terem as suas casas invadidas pelas forças da ordem", afirmou.


"A Lei dos Serviços Digitais da União Europeia, que se destina a proteger as crianças de conteúdos nocivos em linha, é utilizada para silenciar as vozes dissidentes através de uma moderação de conteúdos orwelliana. Os reguladores independentes policiam agora as empresas de redes sociais, incluindo plataformas americanas proeminentes como o X, e ameaçam com multas imensas em caso de incumprimento dos seus regulamentos rigorosos em matéria de discurso", apontou.


Samson diz que este ambiente também restringe as eleições na Europa. "Tal como foi recentemente salientado pelo Secretário Rubio, o popular partido Alternative für Deutschland acaba de ser classificado como uma organização "extremista" pelos serviços secretos alemães, o que poderá levar à exclusão do partido do processo eleitoral", disse.


"A principal candidata às presidenciais francesas, Marine LePen, foi acusada de desvio de fundos e, ao contrário do procedimento habitual, foi imediatamente proibida de concorrer. Na Polônia e na Romênia, foram igualmente impostas restrições a determinados partidos políticos ou políticos. Ao mesmo tempo, nações cristãs como a Hungria são injustamente rotuladas como autoritárias e violadoras dos direitos humanos", afirmou.


"Os americanos estão familiarizados com estas tácticas. De fato, uma estratégia semelhante de censura, demonização e armamento burocrático foi utilizada contra o Presidente Trump e os seus apoiadores. O que isto revela é que o projeto liberal global não está a permitir o florescimento da democracia. Pelo contrário, está a espezinhar a democracia e, com ela, a herança ocidental, em nome de uma classe governante decadente que tem medo do seu próprio povo", alertou o diplomata americano.


Segundo ele, "a supressão do discurso, a facilitação da migração em massa, o direcionamento da expressão religiosa e o enfraquecimento da escolha eleitoral ameaçam os próprios alicerces da parceria transatlântica".


"Uma Europa que substitui as suas raízes espirituais e culturais, que trata os valores tradicionais como relíquias perigosas e que centraliza o poder em instituições irresponsáveis é uma Europa menos capaz de se manter firme contra as ameaças externas e a decadência interna", disse.


Ele ainda lembrou que Rubio atuará sempre no interesse nacional dos EUA. "O retrocesso democrático da Europa não só afeta os cidadãos europeus, como também afeta cada vez mais a segurança e os laços econômicos americanos, juntamente com os direitos de liberdade de expressão dos cidadãos e das empresas americanas", alertou.


Reportagem



Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.


https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2025/05/28/governo-trump-anuncia-sancoes-que-podem-atingir-moraes.htm

Fuga de cérebros

"Opinião
Lula não tem chance no 'saldão' das universidades norte-americanas
Raul Juste Lores Colunista do UOL
27/05/2025 05h30 Atualizada em 27/05/2025 15h08
O governo Lula quer atrair acadêmicos dos EUA para fazer pesquisas aqui, aproveitando a caça às bruxas contra as universidades promovida por Trump. Dificilmente terá sucesso.

Infelizmente para o governo, o anúncio marqueteiro coincidiu com a notícia de que repasses federais às universidades sob Lula já estão abaixo dos repasses sob Temer e Bolsonaro. Mesmo com a militância domesticada e silenciada, a Academia Brasileira de Ciências e a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) acusaram o governo de "desmonte" das universidades.

Pior ainda, a proposta do governo, anunciada pelo ministro Alexandre Padilha, mostra que os governos petistas ainda não têm a menor ideia do que seja internacionalização da isolada academia brasileira. Para começar, Padilha falou em priorizar cientistas brasileiros que queiram sair dos EUA. Ou seja, resgatar os poucos brasileiros com acesso às pesquisas mais desenvolvidas do mundo. Onde há colegas e professores do planeta inteiro, e a colaboração entre empresas e universidades é permanente.

Como não é a primeira vez que Padilha é ministro, deve saber o quão lento, demorado e caro é para um pesquisador brasileiro importar uma substância, um material, um laboratório de fora. Se for para sair dos EUA, por que um pesquisador de ponta voltaria para um ambiente ainda mais isolado e onde o governo coopera ainda menos que o de Trump?

Harvard tem 27% de estudantes e mais de 20% dos seus professores nascidos fora dos EUA. Nenhuma universidade federal brasileira tem mais de 1% de estudantes estrangeiros, e boa parte deles é apenas intercambista. Professores estrangeiros? O número é menor ainda. Se você pode levar um ano para conseguir um CPF e alugar um imóvel no Brasil sem fiador ou CPF, imagine para o cientista indiano ou turco que quisesse se aventurar no Brasil? Aulas de graduação em inglês? Onde?

Nossas universidades são isoladas e corporativistas, e jamais tiveram muito apetite para atrair o mundo para suas salas. Como o PT já está na metade de sua quinta gestão federal, tal interesse poderia ter começado antes de Trump. Estamos muito despreparados para o saldão.

Que programa foi criado para aumentar a transparência e melhorar a governança das universidades federais? Para que ex-alunos doem sem achar que o dinheiro sumirá em um buraco negro? Algum reitor criou programas de arrecadação independentes de verbas de Brasília?

Até para fazer bravata, o governo brasileiro chegou tarde no bonde. Apesar do discursinho pró-Brics, poderiam checar o que a China fez nos últimos vinte anos.

Quando fui correspondente da Folha na China, entrevistei o ex-reitor da Universidade Cornell, Jeffrey Lehman. Ele tinha acabado de se mudar para dirigir a novíssima Faculdade de Direito Transnacional da Universidade de Pequim. Recebeu tapete vermelho e um pacote financeiro irrecusável, para uma faculdade onde todas as aulas eram em inglês.

Em 2012, o programa "Mil Experts Internacionais" foi lançado pelo governo chinês para subsidiar universidades chinesas que conseguissem atrair acadêmicos de prestígio do exterior, especialmente americanos. Em 2024, são estimados 18 mil professores estrangeiros nas universidades chinesas, a maioria americanos. De convidados e assistentes a efetivados. Lecionando em inglês, algo que causaria imolações nas nossas universidades públicas.

O mundo poderia estar perdendo tempo ao publicar manifestos ou notas de repúdio contra o presidente que só teve sucesso na vida como apresentador de reality show (e quebrou quase todos os negócios em que entrou, inclusive os que herdou).

Mas quanto mais Trump ameaça universidades e persegue cientistas no próprio governo, Europa, Ásia, Canadá e Austrália tiram o carrinho da garagem e fazem as mais variadas ofertas para importar o saber americano.

Até a habitual modorra da União Europeia foi chacoalhada. O presidente francês, Emmanuel Macron, e a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lançaram pacote de 500 milhões de euros para atrair cientistas americanos. Sem dissimular. O programa, em inglês, significa "Escolha a Ciência, escolha a Europa". Espanha e Alemanha também divulgaram que farão programas para atrair talentos acadêmicos.

Como muitos dos cientistas americanos não são nascidos no país, podem facilmente se mudar para um centro de pesquisas onde se sintam mais bem-vindos. Muitos chineses, por exemplo, estão voltando para a China, graças ao novo clima. Trump ainda vai deixar as universidades chinesas mais competitivas.

Universidades na França e no Canadá lançaram uma ofensiva de charme para contratar cientistas e intelectuais americanos de renome, que estejam sem paciência para o bullying de Trump. Yale perdeu três de seus maiores intelectuais para Toronto nas últimas semanas: Timothy Snyder, Marci Shore, Jason Stanley. E esse governo chegou apenas a seu quarto mês.

O novo ministro da Saúde dos EUA, Robert Kennedy, demitiu alguns dos maiores cientistas americanos do NIH, o instituto federal de pesquisas cientificas. Kennedy é contrário até mesmo a vacinas contra sarampo e rubéola, que têm bons resultados confirmados há décadas —54 cientistas abandonaram (ou foram "saídos") o NIH.

Elon Musk, em seu teatrinho —já interrompido— de cortar gastos federais, também demitiu pesquisadores na Agricultura e na Educação. Imagine a Embrapa sendo ceifada por neófitos no assunto? A globalização competitiva, a mesma que Trump e nossos desenvolvimentistas sempre atacaram, dá vitórias aos mais espertos.

Em 2002, a cidade Yiwu, no Sudeste chinês, então com 100 mil habitantes, era um dos principais centros atacadistas da China. Seus comerciantes descobriram que estava cada vez mais difícil para empresários árabes, do Oriente Médio ou para qualquer barbudo de pele morena em geral conseguir um visto para os EUA. O trauma do 11 de Setembro foi aproveitado pela mercantil Yiwu.

Yiwu não só abriu um escritório de promoção em Dubai, que já se firmava como hub do Golfo, como o Partido Comunista de Yiwu decidiu patrocinar a construção de uma mesquita com capacidade para 5.000 fiéis "se sentirem em casa".

Yiwu cresceu graças a essa antena muito ligada com o mundo. Hoje tem 2 milhões de habitantes e virou o maior centro atacadista do país. O atacadão de 340 mil metros quadrados de 2002 virou uma central interminável de 6,4 milhões de metros quadrados —ou quase 30 vezes o Ceagesp. Tem 80 mil vendedores em suas centenas de lojas, e 210 mil visitantes por dia (5.000 deles estrangeiros).

Turismo sem fronteiras
Na última vez em que o governo brasileiro fez de conta que queria internacionalizar a educação brasileira, lançou o Ciências sem Fronteiras, no governo Dilma Rousseff, em 2011.

De 2011 a 2016, mandou 104 mil universitários da graduação e gastou R$ 13 bilhões à época (em valores de hoje, mais que o dobro). Quase metade dos alunos foi para países como Portugal, Espanha e Argentina. Uma boa parcela dos estudantes que passaram seis meses nos EUA —sim, um único semestre para estudantes em início de vida acadêmica— não tinha domínio do inglês.

O governo Dilma jamais se preocupou em avaliar o resultado do programa. Quantos voltaram tendo feito alguma pesquisa fora? Quantos voltaram com o idioma melhor? Quantos se empregaram melhor depois de terminada a graduação?

Quantos ficaram só se divertindo, nos tenros 19, 20 aninhos, sem a supervisão dos pais e professores?

Ao mesmo tempo, a China anunciou a isenção de vistos a cidadãos de cinco países latino-americanos, incluindo o Brasil, para visitas de até um mês.

Quando milhões de turistas do mundo inteiro pensam duas vezes se vale a pena enfrentar perrengues com os brucutus dos aeroportos americanos, a China corre para tentar lucrar em cima.

Prejuízo provinciano
Trump quer reduzir o dinheiro público nas universidades privadas e intervir na política interna delas, movido por ressentimento intelectual, compartilhado por seus seguidores. Acusa as instituições de serem tolerantes com o antissemitismo e de serem bastiões do esquerdismo esnobe.

Mas Trump aceitou um avião de presente, avaliado em US$ 400 milhões, pela ditadura do Qatar, principal financiadora do Hamas. Na última semana, dois filhos de Trump anunciaram um mega resort com campo de golfe no Qatar, orçado em US$ 5 bilhões. A ditadura anti-Israel entra com o dinheiro, a família Trump, com a marca, e os republicanos fingem não haver conflito de interesses.

Para não se ter dúvidas sobre o compromisso do Donald com direitos humanos e civis, ele acusou o governo da África do Sul de "racismo" contra fazendeiros brancos. E sobre o longo apartheid? Nem um pio.

Mas e o Brasil nessa? A culpa não é só do governo federal, obviamente. Ele apenas espelha algo mais amplo no país todo. Nossa elite empresarial, política e midiática costuma ser tão monoglota quanto nossas universidades. Patrocinam convescotes em Harvard e em Nova York só com brasileiros, para não ter a obrigação de balbuciar em inglês. Mas preferem mesmo longas temporadas em Portugal ou na Flórida.

Networking só entre gente que frequenta celeiros intelectuais como Fazenda Boa Vista e Trancoso. Até nossas estrelas da "renovação política" não perdem um trem da alegria para falar para as mesmas pessoas que encontrariam na Fiesp ou na Faria Lima.

O que isso significa? Quando o bloco soviético virou pó no final dos anos 80 e início dos 90, Europa e EUA ganharam, de graça, pelo menos 50 mil cientistas acadêmicos russos, ucranianos, poloneses e uma longa lista. O Brasil da hiperinflação e do Plano Collor nem tinha como entrar nessa liga.

E o saldão das universidades americanas e dos centros de pesquisa já começou, mas nossa moeda intelectual continua desvalorizada. Assistiremos de longe."

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Brasil

 

O Valor afirma que vem ganhando força no Congresso a pressão pela revogação do decreto de aumento do IOF e traz declarações do líder do União na Câmara, Pedro Lucas Fernandes, e do presidente do Republicanos, Marcos Pereira, a favor dos PDLs que visam sustar as medidas. O jornal ressalta que Hugo Motta reforçou a promessa de discutir essa possibilidade na reunião do colégio de líderes e que uma definição deve ser tomada até amanhã. Segundo o líder da oposição, Luciano Zucco (PL), Motta sinalizou que poderá pautar os PDLs, mas que quer apresentar paralelamente alguma proposta alternativa para o equilíbrio fiscal, como a retomada das discussões sobre a reforma administrativa (https://tinyurl.com/mryndacf). O ministro Fernando Haddad deve se reunir hoje com senadores e banqueiros para discutir o aumento do IOF. A agenda, que ainda não foi oficialmente confirmada, estaria sendo articulada pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner, com o objetivo de conter a ofensiva contra o decreto (https://tinyurl.com/2ukdnbct). Caso a medida seja de fato revogada, o jornal O Globo reporta que a Fazenda avalia a possibilidade de ampliar o congelamento de emendas parlamentares – neste que seria o principal trunfo da pasta nas negociações com o Congresso –, bem como recorrer ao STF, sob argumento que alterar o IOF é competência do presidente da República, não do Legislativo (https://tinyurl.com/4nkaczhd). 

 

Em meio às discussões, a Folha registra que o governo incluiu nas projeções do relatório bimestral uma receita extra de R$ 8,44 bilhões com o resgate de recursos da União parados em fundos privados, o que contribuiu para reduzir o congelamento de despesas necessário para garantir o cumprimento das regras fiscais – que seria maior do que os R$ 31,3 bilhões anunciados sem o resgate. Segundo o relatório, a maior parte dos recursos viria do FGO (Fundo de Garantia de Operações), reforçando o caixa do Tesouro em R$ 4,9 bilhões, enquanto outros R$ 3,4 bilhões teriam como origem o Fgeduc (Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo) (https://tinyurl.com/3peaxaec). 

 

Ontem também foi realizada nova audiência na comissão especial que debate a reforma do Imposto de Renda na Câmara. O secretário da Receita, Robinson Barreirinhas, afirmou que a ampliação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil deve gerar uma perda anual de arrecadação de R$ 1,5 bilhão para Estados e R$ 3 bilhões para municípios (https://tinyurl.com/ms59v46t). O secretário disse que o FPM e o FPE “estão sendo fortalecidos” nos últimos anos – com medidas como as mudanças nas tributações da subvenção de investimentos e das offshores – e que, por isso, os entes subnacionais não perderão arrecadação nessa frente (https://tinyurl.com/yck8jjcj). Arthur Lira, por sua vez, ressaltou que o governo ainda precisa explicar porque há sobra de arrecadação de R$ 8 bi na proposta de compensação da medida. Barreirinhas pontuou que o excedente de arrecadação em 2026 será usado para compensar a queda de receitas com o IR em 2025, causado pela correção da tabela, e que nos anos seguintes a tendência é de equilíbrio (https://tinyurl.com/3ryytuk2). 

 

Por fim, os jornais reportam que o governo negocia com o Ministério Público Federal um acordo para garantir o reembolso aos aposentados e pensionistas do INSS afetados pelos descontos indevidos (https://tinyurl.com/78prupst) e que a intenção é anunciar o cronograma de pagamentos até o mês que vem (https://tinyurl.com/mry87ewt). O presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, garantiu que todos os beneficiários lesados serão ressarcidos até o fim do ano (https://tinyurl.com/4ebvjs5x). Também levantou a possibilidade de o Executivo usar recursos públicos para realizar os pagamentos e, posteriormente, ressarcir o Tesouro com o valor apreendido de entidades e sócios investigados (https://tinyurl.com/3rscjjew). 

 

Agenda BCB: Presidente e diretores não possuem agenda pública ou com o mercado. 

 

Agendas de Lula e Haddad: Lula vai ao Nordeste nesta quarta, onde participa de cerimônias em Pernambuco e na Paraíba, às 12h e às 16h, respectivamente. A agenda de Haddad não havia sido atualizada até a publicação deste material. 

 

Agenda local de dados: O relatório mensal da dívida de abril será publicado às 14h30 e, o CAGED de abril, às 15h30 (est 170k; XP 145k).

 

Internacional

 

Lá fora, os jornais destacam que União Europeia e EUA sinalizaram disposição de trabalhar em direção a um acordo comercial nas próximas seis semanas (https://tinyurl.com/yumn4hjn). Donald Trump também voltou a criticar Vladimir Putin pelo prolongamento da guerra na Ucrânia, ao afirmar que o presidente russo está "brincando com fogo" ao se recusar a participar de negociações de cessar-fogo e que, se não fosse por ele, “coisas realmente ruins já teriam acontecido na Rússia”. Em resposta, o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia disse só conhecer uma coisa realmente ruim, a 3ª Guerra Mundial (https://tinyurl.com/pjah8bu8). 

 

Agenda internacional de dados: Na Zona do Euro, a expectativa de inflação dos consumidores para um ano ficou em 3,1% (est 2,8%) e para três anos em 2,5% (est 2,5%). 

 

Nos EUA, tem Richmond FED às 11h, mas o destaque será a ata do Fomc, às 15h. Além disso, tem um Fed speaker e o leilão de USD 70 bi de títulos de 5 anos, às 14h.

 

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Bons negócios!

 

XP Política & Macro Strategy

Produtividade é a saída

  O mundo está girando (e rápido): o Brasil vai acompanhar ou ficar para trás? 🌎🇧🇷 Acabei de ler uma análise excelente de Marcello Estevã...