terça-feira, 16 de setembro de 2025

BDM Matinal Riscala

 Bom Dia Mercado.


Terça Feira, 16 de Setembro de 2.025.


*Nova ameaça dos EUA na véspera da superquarta*

… Vendas no varejo e produção industrial de agosto são destaques entre os indicadores nos Estados Unidos na véspera da decisão do Fed, nesta superquarta, com o entusiasmo pela queda dos juros derrubando o dólar e garantindo recordes nas bolsas. Aqui, mais um recuo da taxa de desemprego tende a reforçar a cautela do Copom para manter a Selic estável, apesar dos dados fracos do IBC-Br. No cenário político, sinais de que uma anistia ampla tem poucas chances no Congresso trazem algum alívio, enquanto repercute a nova ameaça do governo americano de anunciar “medidas adicionais” contra o Brasil na próxima semana, em resposta à condenação de Bolsonaro.


CONTINUA NA PAUTA – A declaração do secretário de Estado americano, Marco Rubio, em entrevista à Fox News, reduziu os ganhos dos ativos domésticos, no meio da tarde de ontem, surpreendendo quem já não esperava mais retaliações da Casa Branca.


… Segundo Rubio, o “Estado de Direito está ruindo no Brasil”.


… Referindo-se a Alexandre de Moraes (STF), disse que “há juízes ativistas, um em particular, que não foi apenas atrás de Bolsonaro, mas tentou agir até contra cidadãos americanos e contra pessoas que publicam online dentro dos Estados Unidos”.


… Questionado sobre qual seria a reação do presidente Trump, Rubio não deu detalhes, mas assegurou que “haverá uma resposta” dos Estados Unidos. “Teremos alguns anúncios na próxima semana sobre quais medidas adicionais pretendemos tomar.”


… Na opinião dele, o julgamento é apenas parte de uma crescente campanha de opressão judicial que tenta alcançar empresas americanas.


… Trump usou o julgamento contra Bolsonaro e o que chamou de “caça às bruxas” ao ex-presidente como argumento para impor uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, cassou vistos e impôs a lei Magnitsky a Alexandre de Moraes.


ALCKMIN – Ao participar ontem à noite da 25ª Edição do Prêmio Valor 1000, em São Paulo, o vice-presidente e ministro do MDIC disse que o Brasil não pretende usar a Lei de Reciprocidade contra os Estados Unidos, ao comentar as ameaças de Marco Rubio.


… “Acho que não vamos responder, vamos dialogar, nós acreditamos que tem espaço para o diálogo e para negociação. Então, não pretendemos usar a lei de retaliação, de reciprocidade nesse momento, mas avançar no diálogo e na negociação.”


SEM ANISTIA – Na Câmara, Hugo Motta não está disposto a colocar em pauta um projeto que venha a ser barrado pelo Senado, onde uma anistia encontra forte resistência de Alcolumbre, ou venha a ser vetado pelo presidente Lula ou, ainda, derrubado pelo STF.


… As chances de Motta patrocinar uma anistia “ampla, geral e irrestrita”, como querem os bolsonaristas, seria praticamente nula.


… O que o presidente da Câmara pode fazer é negociar um texto que tenha chances mínimas de ser viável. “Ele tratará do tema da anistia de forma institucional, sem aceitar pressões e pautando no momento adequado”, disse um interlocutor ao Valor.


… O mais provável é que Motta apoie o texto que está sendo discutido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, com o governo e os ministros do Supremo Tribunal Federal, que inclui dois benefícios a Bolsonaro: redução de pena e garantia de prisão domiciliar.


… Na semana passada, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, disse que a oposição queria votar a urgência do projeto de anistia ampla em plenário já nesta terça-feira. Mas a ausência de uma proposta de consenso vai adiar essa pretensão.


… Além disso, repercute declaração do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, no fim de semana, quando ele defendeu que a decisão do STF deveria ser “respeitada” – um banho de água fria na ala mais radical dos bolsonaristas.


… Valdemar ainda fez mais: admitiu a tentativa de golpe de Estado, embora tenha afirmado que não é crime, se não foi concretizado.


… Também na Folha, a colunista Mônica Bergamo apurou que Motta e líderes do Centrão estão costurando um acordo com o STF para derrubar o pedido de urgência do projeto de anistia e votar a versão enxuta da PEC da Blindagem.


… Motta conversou no fim de semana com ministros do Supremo e almoçou ontem com o presidente Lula, que reforçou recado de que o governo não apoia anistia. O presidente também pediu pela MP da tarifa social de energia, que pode caducar nesta quarta, 17.


… A proposta de diminuir as penas para os condenados do 8 de Janeiro deve caminhar no Parlamento, mas a condenação de Bolsonaro deve ser mantida. Em contrapartida, a PEC da Blindagem poderia avançar na Câmara, sem oposição do STF e da base do governo.


… Só que essa PEC seria mais enxuta do que a proposta anterior, que previa até mesmo a suspensão de decisões da Corte. O texto em negociação prevê que o Congresso retome a prerrogativa de autorizar a abertura de processos contra parlamentares pelo Supremo.


… Na mesma Folha, aliados de Motta dizem que ele não é favorável ao perdão a Bolsonaro, mas quer votar um projeto para encerrar o assunto.


REI MORTO… – Em meio ao esvaziamento das pressões pela anistia, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, cancelou a viagem a Brasília, nesta segunda-feira, que tinha como objetivo reforçar as articulações políticas em favor da anistia de Bolsonaro.


… Tarcísio foi aconselhado a submergir e, apesar de ter pedido ao STF para visitar o ex-presidente hoje, só foi autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes a encontrar Bolsonaro no dia 29 de setembro.


O APOIO DE GILMAR – Decano do STF, o ministro Gilmar Mendes disse estar convicto de que a anistia é ilegítima e inconstitucional, por se tratar de crime contra a democracia, “uma lesão grave à cláusula pétrea da Constituição”.


… Em evento do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa, disse ainda que tem um diálogo muito profícuo, muito respeitoso e muito efetivo com Hugo Motta e Davi Alcolumbre. “Temos toda confiança neles e no seu respeito à institucionalidade”.


… Gilmar ainda avaliou como “incoerente” o voto divergente do ministro Luiz Fux no julgamento da trama golpista. “Se não houve golpe, não deveria haver condenação. Condenar Mauro Cid e Walter Braga Netto e deixar os demais de fora parece uma incoerência.”


… Questionado, respondeu que, se integrasse a Primeira Turma, teria acompanhado o voto do relator “de maneira inequívoca”.


UBS BB – Relatório do agregador de pesquisas de popularidade do UBS BB avalia que o aumento da aprovação do governo parece sugerir o início de uma tendência de melhora da popularidade do presidente Lula, embora em níveis ainda insuficientes para garantir a vitória em 2026.


… O estudo do banco, antecipado pelo Valor, inclui quatro novas sondagens: Paraná Pesquisas (25/08); CNT/MDA (08/09); Ipsos/Ipec (11/09); e Datafolha (11/09), com as três últimas projetando que a estimativa de “ótimo/bom” passou de 29,7% para 31,4%.


REFORMA TRIBUTÁRIA – O senador Eduardo Braga (MDB), relator do segundo projeto que regulamenta a reforma tributária, apresentou ao ministro Fernando Haddad, nesta segunda-feira, os últimos ajustes feitos no texto.


… Segundo interlocutores, não há grandes mudanças de última hora e tudo caminha para votação na CCJ do Senado amanhã, quarta-feira.


… Com o relatório aprovado na CCJ, os senadores poderão aprovar regime de urgência para votação do projeto no plenário. A data depende de definição de Davi Alcolumbre. Como é um projeto de lei complementar, precisa apenas de maioria absoluta dos senadores (41 votos).


… Na semana passada, Braga fez uma série de mudanças no texto, inclusive nas regras do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), além de normas para a tributação de Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) e Fundos do Agronegócio do Brasil (Fiagros).


AGENDA – Na mínima histórica, a mediana das estimativas do mercado indica recuo da taxa de desemprego para 5,7% no trimestre encerrado em julho (de 5,8% até junho). As projeções apuradas em pesquisa Broadcast variam de 5,6% a 6%. O dado será divulgado às 9h.


… Esta será a quarta queda do ano da taxa de desocupação, impulsionada pelo ritmo de crescimento da atividade doméstica.


… Nesta segunda-feira, o IBC-Br de julho registrou declínio mais forte que o esperado, de 0,53% (da previsão de -0,20%), levando as instituições financeiras a revisarem as projeções para o PIB/3Tri, de +0,30% para +0,20%, e para o PIB/4Tri, de +0,10% para zero.


… Para os economistas ouvidos pela AE, os números do PIB à frente demonstrarão cada vez mais os impactos negativos do aperto monetário.


… Apesar do resultado fraco do IBC-Br, a ampla maioria continua esperando o primeiro corte da Selic apenas para janeiro (abaixo). O tom do comunicado do Copom amanhã deve ajustar as expectativas.


… Às 8h, sai a prévia do IPC-S e, às 9h30, Haddad participa online do J.Safra Investment Conference 2025.


LÁ FORA – Os dois indicadores de atividade previstos para hoje nos Estados Unidos não mudam a convicção de que o Fed vai cortar o juro nesta quarta-feira em 25 pontos, mas ajudam a projetar se o ciclo do ano será de dois ou três cortes.


… As vendas no varejo saem às 9h30 e têm previsão de alta de 0,2% em agosto. Já a produção industrial, que será divulgada às 10h15, deve cair 0,10%. Às 11h, tem o índice NAHB de confiança das construtoras em setembro.


… Dia também tem produção industrial de julho na zona do euro e o índice alemão Zew de expectativas econômicas em setembro (6h).


LISA COOK – Em uma derrota para Trump, o Tribunal de Apelações dos Estados Unidos rejeitou o pedido do presidente para demitir a diretora do Fed Lisa Cook. A Casa Branca espera agora que a Suprema Corte acelere a votação do recurso impetrado.


MIRAN – Ainda ontem à noite, o Senado dos Estados Unidos aprovou o nome de Stephen Miran para assento no Fed, dando à Casa Branca maior influência sobre as decisões do Banco Central na véspera da reunião de política monetária, nesta quarta-feira.


TIKTOK – Presidente Trump confirmou reunião com Xi Jinping para esta sexta-feira, quando deverão acertar os termos finais da venda da rede social chinesa. Estados Unidos e China chegaram a um acordo estrutural após as discussões em Madri, no fim de semana.


… Trump havia estabelecido um prazo até 17/9 para a ByteDance alienar os negócios do TikTok nos Estados Unidos.


… Segundo o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, a ameaça de paralisação do TikTok no país levou os negociadores chineses a um acordo, mas as informações são de que exigiram uma compensação por meio de tarifas e concessões de controle de exportação.


… As negociações apontam para uma nova prorrogação de 90 dias da trégua tarifária.


RÚSSIA – Em paralelo, a China acusou os Estados Unidos de “coerção econômica” após as pressões para que a União Europeia imponha tarifas de até 100% ao país pela compra de petróleo russo. O mesmo pedido para punir a Rússia teria sido feito à Índia.


… Hoje, representante de Washington estará em Nova Déli para um dia de negociações comerciais; as exportações da Índia para os Estados Unidos caíram para US$ 6,86 bilhões em agosto, de US$ 8,01 bilhões em julho, desde a implantação das tarifas.


REINO UNIDO – Já o presidente Trump está hoje em Londres para anunciar acordos de mais de US$ 10 bilhões, incluindo nova parceria em ciência e tecnologia, cooperação em energia nuclear civil e avanços na cooperação em tecnologia de defesa.


… Vários empresários de tecnologia dos Estados Unidos participam do encontro, que prevê uma coletiva de imprensa de Trump e Starmer.


ESPADA SOBRE A CABEÇA – O aviso em dois de Rubio, de retaliação pela frente, descolou as ações do BB da alta dos bancos e afastou o dólar e DI das mínimas. Mas dá para dizer que o mercado doméstico deu um show de sangue-frio.


… O exterior falou mais alto e, animado pela perspectiva de cortes em série de juro pelo Fed, o dólar emplacou a quarta queda consecutiva e se aproximou da marca de R$ 5,30, enquanto o Ibovespa largou para novos recordes.


… Quanto maior ou mais intenso for o ciclo de relaxamento monetário nos Estados Unidos e quanto mais tempo o Copom sustentar a Selic nos 15%, tanto mais atrativo permanecerá o carry trade e tanto melhor o fluxo para o Brasil.


… No menor patamar em 15 meses, o dólar caiu 0,61%, a R$ 5,3211, após ter batido em R$ 5,3090 na mínima do dia.


… O real liderou o desempenho entre as moedas emergentes e foi o segundo melhor colocado no pregão desta segunda-feira entre as 33 divisas mais líquidas acompanhadas pelo Valor, ficando atrás apenas do won sul-coreano.


… A se confirmar a aposta de três cortes seguidos dos juros americanos, o ING acredita que o dólar entrará em um canal de baixa que poderá levar o euro a alcançar US$ 1,20 até o fim do ano. Ontem, subiu 0,27%, a US$ 1,1767.


… A libra esterlina ganhou 0,36%, cotada a US$ 1,3610, o iene avançou para 147,40 por dólar e, diante de mais esta rodada de enfraquecimento da moeda americana, o índice DXY fechou em baixa de 0,25%, aos 97,302 pontos.


… Na contagem regressiva para o dia D do Fed (amanhã), os juros dos Treasuries recuaram em todos os vértices, com a taxa da T-Note de 10 anos voltando para a faixa de 4,03%, a 4,037%, contra 4,061% no pregão anterior.


… O yield da Note-2 anos caiu a 3,537%, de 3,557% na sexta-feira. O Swissquote Bank observa que, embora o bônus tenha se recuperado dos níveis abaixo de 3,50% da semana passada, continua oscilando perto das mínimas do ano.


… Este movimento se justifica pela ampla expectativa no mercado, de praticamente 70% na ferramenta do CME Group, de que o juro americano não só comece a cair amanhã, como recue também em outubro e em dezembro.


… Sob a pressão dovish de Trump para acelerar o ritmo de afrouxamento monetário, o ex-presidente do Fed de St. Louis James Bullard disse que que conversou na semana passada com o secretário do Tesouro, Scott Bessent…


… Questionado sobre a chance de suceder Powell no comando do Fed, afirmou estar “muito interessado” no cargo.


AGORA VIROU ROTINA – Sob o “efeito Rubio”, BB ON afundou 2,20% e fechou na mínima do dia, a R$ 21,82, na terceira pior queda do Ibovespa. Mas não comprometeu o rali da bolsa, que anda cortejando os 144 mil pontos.


… Toda semana agora o índice à vista estabelece recordes duplos. Em novo pico intraday ontem, bateu 144.193,58 pontos e estabeleceu no fechamento a marca inédita dos 143.546,58 pontos, em alta expressiva de 0,90%.


… Só o giro decepcionou, em R$ 17 bi. Junto com Nova York, o Ibovespa surfa nos topos históricos, de olho no Fed.


… Vale subiu 0,88%, a R$ 57,50, mesmo diante da baixa de 0,31% do minério. O BTG elevou o preço-alvo dos ADRs da mineradora de US$ 10 para US$ 11, com recomendação neutra, diante da nova estratégia comercial da empresa.


… Segundo o banco, anima a “disciplina de capital” e possibilidade de dividendos extraordinários no curto prazo.


… Petrobras acompanhou a força do petróleo, com a ação ON em alta firme de 1,45%, a R$ 34,24, e PN ganhando 0,87%, a R$ 31,45. Lá fora, o contrato do Brent para novembro avançou 0,67%, a US$ 67,44 por barril na ICE.


… Os investidores operaram em estado de alerta, monitorando uma eventual interrupção no fornecimento da commodity na Rússia, após os novos ataques ucranianos do últimos domingo à infraestrutura petrolífera do país.


… A pressão de Trump para a Otan suspender as compras do produto russo também influenciou, embora Bessent tenha dito que Washington não vai impor tarifas sobre produtos chineses, a menos que a Europa faça o mesmo.


… Entre as blue chips do setor financeiro, com exceção do BB, o apetite por risco abriu compras em Itaú PN (+1,66%, a R$ 38,00); Bradesco PN (+1,19%, a R$ 17,03); Bradesco ON (+1,32%, a R$ 14,60); e Santander, +0,49% (R$ 28,80).


… O ambiente positivo foi reforçado pelo processo de ancoragem das expectativas inflacionárias no horizonte relevante de política monetária, com a mediana para o IPCA de 2027 caindo no Focus de 3,93% para 3,90%.


… A eficácia do conservadorismo do Copom tem se manifestado não só nas pressões inflacionárias mais controladas, como também na desaceleração gradual da atividade econômica, confirmada ontem pelo IBC-Br de julho mais fraco.


… Apesar do indicador menos aquecido, o mercado manteve como aposta principal (70%) a chance de a Selic cair só em janeiro, ao invés de em dezembro (25%), disse o economista-chefe do banco BMG, Flávio Serrano, ao Broadcast.


… Sensível ao IBC-Br pior que o esperado, a ponta curta do DI chegou a devolver prêmio com mais intensidade pela manhã, antes se afastar durante a tarde das mínimas após as declarações de Rubio sobre possíveis sanções.


… No fechamento, o DI para Jan/26 marcava 14,895% (de 14,898% no ajuste anterior); Jan/27, 13,995% (contra 14,019%); Jan/29, 13,160% (de 13,204%); Jan/31, 13,395% (de 13,441%); e Jan/33, a 13,540% (de 13,576%).


TOPZERA – Além da precificação do Fed dovish, a perspectiva de que o governo chinês e os americanos acabem se entendendo sobre as tarifas comerciais renovou as máximas de todos os tempos ontem no S&P 500 e no Nasdaq.


… As delegações de Pequim e Washington se encontraram ontem e o secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que as próximas tratativas entre os países podem resultar em nova prorrogação da trégua tarifária de 90 dias.


… Está todo mundo de olho agora no telefonema entre Trump e Xi Jinping, marcado para sexta-feira.


… Em suas melhores marcas da história, o índice S&P 500 avançou 0,47%, aos 6.615,28 pontos, enquanto o Nasdaq ganhou 0,94%, aos 22.348,75 pontos. O índice Dow Jones fechou em alta de 0,11%, aos 45.883,45 pontos.


… As ações da Tesla dispararam mais de 3% após Elon Musk comprar US$ 1 bilhão em papéis da empresa.


CIAS ABERTAS – PRIO confirmou que o Ibama concedeu licença de instalação do sistema de desenvolvimento da produção do campo de Wahoo e interligação dos poços ao navio-plataforma Frade.


MASTER. O BRB informou que ainda não deliberou sobre as alternativas cabíveis, em resposta à solicitação da CVM sobre matéria da Folha de que o banco público estaria avaliando comprar ativos menores do Banco Master…


… O ex-presidente Michel Temer confirmou a informação do jornal de que foi procurado pelos controladores do Banco Master e do BRB para tentar destravar o negócio, barrado pelo BC…


… Ele será contratado para atuar em articulações políticas e jurídicas envolvendo uma possível transação…


… Ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Temer disse na noite desta segunda-feira que buscará uma mediação, na tentativa de encontrar uma transação “muito inferior” no negócio, sem dar mais detalhes.


ALLOS. Conselho de Administração aprovou o pagamento de R$ 102 milhões de dividendos intercalares (extras), a R$ 0,1021 por ação ordinária, e de R$ 51 milhões em JCP, a R$ 0,1021 por ação ordinária…


… Os dividendos serão distribuídos em duas parcelas, em 2 de outubro e 2 de dezembro; ex em 24 de setembro e 19 de novembro; JCP serão pagos em parcela única em 4 de novembro; ex em 22 de outubro.


SUZANO informou que fará o resgate antecipado total de bonds 2026 e 2027.


WILSON SONS. CVM aprovou registro de oferta pública de aquisição de ações (OPA) da companhia; leilão foi marcado para 23 de outubro.

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Movimento para acabar com os balanços trimestrais

 *O movimento para acabar com os balanços trimestrais*


Giuliano Guandalini15 de setembro de 2025


A Long-Term Stock Exchange, uma Bolsa dos EUA que se diz especializada em companhias que priorizam as metas de longo prazo, quer acabar com o ritual dos balanços trimestrais.


“Ouvimos muito a respeito de como é excessivamente oneroso ser uma empresa de capital aberto”, Bill Harts, o CEO da LTSE, disse ao Wall Street Journal. Para ele, o fim dos relatórios trimestrais é “uma ideia cuja hora chegou.”


Segundo o Journal, a LTSE planeja encaminhar uma petição à Securities and Exchange Commission sugerindo o fim da obrigatoriedade de publicação dos balanços trimestrais. A divulgação passaria a ser semestral, e valeria não apenas para as companhias de capital aberto.


Jamie Dimon


Nos EUA há cerca de 3.700 companhias com ações negociadas na Bolsa – uma queda de 17% em relação a 2022 e quase metade do pico de 1997.


Em 2018, em meio a um movimento empresarial para reavaliar as exigências regulatórias, Jamie Dimon, o CEO do JP Morgan, e Warren Buffett defenderam o fim do guidance trimestral em um artigo no Wall Street Journal e numa entrevista à CNBC.


“O ‘curto-prazismo’ está prejudicando a economia,” dizia o título do artigo.


“Reduzir ou mesmo eliminar as projeções de lucros trimestrais não eliminará, por si só, todas as pressões de desempenho de curto prazo que as empresas de capital aberto dos EUA enfrentam atualmente, mas seria um passo na direção certa,” escreveram Dimon e Buffett.


“Em nossa experiência, o guidance de resultados trimestral muitas vezes leva a um enfoque não saudável nos lucros de curto prazo, em detrimento da estratégia, do crescimento e da sustentabilidade de longo prazo,” disseram. 


Na opinião de Dimon e Buffett, tudo que os mercados acionários dos EUA puderem fazer para “focar no futuro e construir riqueza e oportunidades de longo prazo tornará o país mais forte, resiliente e competitivo.”


“A longo prazo, isso fortalecerá a economia americana, beneficiará os trabalhadores, acionistas e investidores americanos e deixará um legado geracional do qual podemos nos orgulhar,” afirmaram Dimon e Buffett.


A SEC instituiu a exigência de publicação trimestral em 1970. Na Europa a obrigatoriedade já caiu há mais de uma década – embora muitas empresas ainda publiquem os balanços trimestrais, até porque boa parte delas seguem as exigências do mercado americano.


As companhias mais negociadas provavelmente continuaram divulgando números trimestrais, em razão da demanda dos analistas e dos investidores.


No Brasil, as empresas de capital aberto precisam necessariamente publicar balanços trimestrais por exigência tanto da CVM como da B3. 


Os defensores da obrigatoriedade listam fatores positivos como maior transparência, redução da assimetria da informação entre insiders e observadores externos, disciplina na gestão operacional e maior liquidez dos papéis.


https://braziljournal.com/o-movimento-para-acabar-com-os-balancos-trimestrais/

Dureza amigos

 Fatos associados ao Brasil que podem sugerir ameaça à segurança dos EUA

O Brasil autorizou a atracação dos navios de guerra iranianos IRIS Makran e IRIS Dena no Rio de Janeiro, apesar de alertas dos EUA sobre sanções e suspeita de transporte de tecnologia militar (fevereiro de 2023). Levantou-se a possibilidade na época de que os navios teriam vindo buscar urânio enriquecido no Brasil, mas isso não foi comprovado.

Lula recebeu Nicolás Maduro, com honras de chefe de Estado em Brasília, gerando críticas internas e externas (maio de 2023) devido à tentativa do governo brasileiro de legitimar a ditadura venezuelana.

Ministros brasileiros participaram do Fórum de São Petersburgo ao lado dos ditadores Vladimir Putin, da Rússia; Kim Jong-un, da Coreia do Norte; e Bashar al-Assad, da Síria (junho de 2024).

O vice-presidente Geraldo Alckmin compareceu à posse de Masoud Pezeshkian, que ocupa o cargo de presidente do Irã, mesmo após o país reafirmar apoio ao grupo terrorista Hamas (julho de 2024).

O Brasil apoiou um processo judicial da África do Sul na Corte Internacional de Justiça que condena as incursões militares de Israel em Gaza (2024).

Lula participou de evento militar em Moscou ao lado de ditadores e reforçou o apoio do Brasil à Rússia. O Brasil vem mantendo importações de fertilizantes e óleo diesel da Rússia, contrariando sanções ocidentais e ameaças do governo Trump de que o país será punido se continuar com as importações (maio de 2025).

Em entrevistas, Lula comparou a ascensão de governos de direita, como o de Trump, ao surgimento do nazismo no século passado.

O Brasil reintroduziu a exigência de visto para turistas americanos, alegando reciprocidade (2022–2024).

Nas cúpulas dos Brics (bloco diplomático formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia, Indonésia e Irã) Lula defendeu substituir o dólar como moeda global, gerando reação do governo Trump (2024).

O Brasil lidera o desenvolvimento do BricsPay, um sistema eletrônico de compensação de pagamentos que também funciona como uma alternativa à realização de transações comerciais em dólar. O próprio PIX é visto como uma ferramenta que pode concorrer localmente com o sistema bancário do Ocidente.

Acordos com a China facilitaram a entrada de carros elétricos chineses no Brasil, prejudicando a competitividade de empresas americanas (2024).

Lula solicitou a Xi Jinping, da China, cooperação para controlar redes sociais. Antes, Alexandre de Moraes bloqueou a plataforma X e congelou ativos da Starlink, provocando reação do Congresso dos EUA (maio de 2025).

O Brasil recusou o pedido americano para classificar as facções PCC e Comando Vermelho como organizações terroristas (maio de 2025).

O governo brasileiro criticou reiteradamente a resposta militar de Israel aos ataques do Hamas, rotulando Tel Aviv como genocida (outubro de 2023).

Lula chamou Trump de "imperador do mundo" e ameaçou retaliar os Estados Unidos pelo aumento de tarifas comerciais.

Amilton de Aquino

 Do debate ao rifle: a face mais sombria da polarização


Uma semana após a maior exibição de força da China, apoiada pela escória de ditadores que se levantam contra as decadentes democracias liberais, tivemos:


- Caças norte-americanos no Caribe;

- Aprofundamento da crise no Japão;

- Revolução no Nepal;

- Aprofundamento da crise na França;

- Aumento da tensão no Oriente Médio;

- Drones russos na Polônia e na Romênia;

- Novas ameaças norte-americanas ao Brasil;

- Ameaças do Catar, Turquia e Egito a Israel;

- Soldados poloneses destacados para a fronteira com Belarus;

- Mega protesto em Londres;

- Assassinato de Charlie Kirk.


O que todos esses acontecimentos aparentemente desconexos têm em comum? A dificuldade em estabelecer diálogos, tanto entre líderes mundiais quanto entre cidadãos comuns.


É verdade que há muita bravata em jogo. Mas também é clara a escalada rumo a uma III Guerra Mundial. Convém lembrar que a I Grande Guerra começou com um assassinato que evoluiu para um conflito regional — e estes já existem hoje, na Ucrânia e no Oriente Médio.


Nesse contexto, os brutais assassinatos de uma refugiada ucraniana e de um ativista de direita dois dias depois assumem grande relevância. No futuro, certamente serão lembrados como retratos de uma época sombria que, esperamos, não descambe para algo pior.


Comecemos pelo caso da ucraniana, que ganhou repercussão dias depois não só pela violência extrema e gratuita, mas também pela cobertura discreta da imprensa, assim como tantos outros episódios que contradizem as narrativas “politicamente corretas”. Isso ocorre inclusive no Reino Unido, que agora vive grandes protestos diante do acúmulo de casos revoltantes — desde manifestações islâmicas frequentes e violentas até o contraste gritante entre repercussões: a prisão de um cidadão comum por uma postagem considerada “islamofóbica”, enquanto casos escabrosos de abusadores sexuais islâmicos são tratados com luvas de pelica pela imprensa e pelas autoridades.


Mas voltemos ao caso da ucraniana: o que levou esse homem negro a assassinar brutalmente, a facadas, uma jovem desconhecida dentro de um vagão de metrô? E o que pretendia o Black Lives Matter ao postar, logo em seguida, um trecho de filme em que uma mulher negra justifica a morte de brancos? Aliás, o que dizer das estatísticas que mostram o aumento expressivo de assassinatos cometidos por negros após o caso George Floyd? O mundo ficou mais pacífico depois do BLM?


Ironicamente, a jovem assassinada era adepta da cultura woke, na qual está inserido o BLM.


Está claro que existe um mal-estar latente na civilização ocidental. De um lado, uma maioria acuada — frequentemente branca — acusada de “extremista” por qualquer coisa. De outro, diversas minorias empoderadas pela mídia exalando ódio impunemente.


Mas foi no assassinato de Charlie Kirk que a situação descambou de vez. A começar pela imprensa, que quase justificou o assassinato do ativista. Não por acaso, algumas manchetes precisaram ser alteradas posteriormente, diante da repercussão negativa. Pior: mesmo depois, quando o assassino foi identificado, a imprensa deu foco especial ao fato de seus pais serem “republicanos” — ainda que o filho tenha se tornado um notório lunático de esquerda na universidade.


Nas redes, multiplicaram-se comemorações descaradas, incluindo sugestões de novos alvos como Ben Shapiro, nos EUA, e membros do MBL, no Brasil. Entre os famosos daqui, o historiador Eduardo Bueno fez questão de celebrar a morte de Charlie Kirk, citando inclusive suas filhas pequenas. Detalhe: as crianças estavam presentes no momento em que o pai foi assassinado. Mas a coisa piora: o historiador, mesmo tentando se desculpar após a nota da PUCRS que acertadamente cancelou uma palestra sua, reafirmou sua intolerância, dizendo que o mundo ficou melhor sem Charlie. Antes dele, o famoso comunista em ascensão Jones Manoel ironizou, dizendo que o assassinato foi uma conspiração da direita para ofuscar a subida do Santa Cruz à Série C!


Mas afinal, qual o pecado de Charlie para justificar tanto ódio? Será que suas ideias eram tão perniciosas? Se eram, como ficou tão famoso participando de debates em universidades, convidando qualquer um a demovê-lo de suas convicções? Se suas ideias eram tão frágeis ou erradas, por que não foi demolido pelas ideias pelos milhares de ativistas se sentaram diante dele?


Perguntei ao ChatGPT que listasse o conjunto de ideias que, segundo a mídia, justificariam a pecha de “extrema direita”. Seguem abaixo os sete pontos citados — tratados como verdades absolutas pelo mainstream — sobre os quais comento em seguida:


1. Contestação de resultados eleitorais, o que deslegitima as instituições.


Ora, em uma eleição muito disputada, vencida com margem pequena, em grande parte atribuída a votos enviados pelos correios (ampliados sensivelmente naquela ocasião), é natural que as pessoas debatam o assunto. Considerar tais contestações como “extremismo” é, no mínimo, exagero. E pasmém, este é, na minha opnião, a crítica mais bem "fundamentada" ao Kirk.


2. Boicotes “culturais” contra empresas “progressistas”.


Está cada vez mais claro que os departamentos de marketing das grandes empresas estão dominados pelo wokismo. Não por acaso, um deles — do banco BTG — também se manifestou lamentavelmente no caso Charlie. A maioria silenciosa, oprimida pela minoria barulhenta, boicotar marcas que tentam impor tais ideologias está muito longe de ser extremismo. Na minha opinião, é o mínimo que a sociedade pode fazer.


3. Nacionalismo exacerbado, desconfiança de alianças internacionais, retórica isolacionista.


São justificadas as queixas contra organizações internacionais infestadas pelo esquerdismo e por contradições flagrantes, como órgãos da ONU ligados a direitos humanos chefiados por nações como o Irã. Quanto mais tais organizações insistem nesses erros, mais seus críticos valorizam o nacionalismo e o isolacionismo. É causa e consequência. Rotular tais posições como “extremismo” é um salto interpretativo que só reforça a mágoa do cidadão comum com a imprensa.


4. “Guerra cultural” agressiva: ataques contra LGBTQ+, feminismo, ensino sobre raça, defesa do “cristianismo nacional”.


Criticar os excessos dos movimentos identitários está longe de ser extremismo. É, na verdade, reação óbvia ao que está na raiz da polarização observada hoje no Ocidente — algo inclusive potencializado pela máquina de desinformação russa e islâmica, bem documentada, longe de supostas “teorias da conspiração”.


5. Retórica de ameaça existencial (“invasão”), ligação com teorias como a do “grande substituição”.


Já existem bairros em países europeus onde a sharia se sobrepõe às leis nacionais. É absurdo supor que tais locais tendam a se multiplicar, considerando que muçulmanos têm taxa de natalidade muito superior à europeia e que muitos de seus líderes pregam abertamente a “teoria da substituição”?


6. Retórica confrontacional, populista e muitas vezes conspiratória.

Como não adotar uma retórica confrontacional diante de tantos absurdos? É claro que populistas pegam carona nisso, mas daí a rotular como extremismo é mais um salto lógico.


7. Relação com Trump.


Este não deveria ser um sétimo ponto. É uma forçação de barra. Na verdade o ponto resume tudo. Não importam as discordâncias de Charlie — e de parte expressiva do eleitorado de Trump — com seus excessos e erros crassos, como empurrar aliados históricos para os braços da China ou sua absurda leniência com Putin. Votou em Trump? Então é extremista.


Em resumo: para o mainstream da imprensa, qualquer ideia fora da caixinha esquerdista é rotulada de “extrema direita”. E como o termo foi associado por historiadores de viés marxista ao fenômeno do nazi-fascismo (na verdade, uma terceira via entre o comunismo e as democracias liberais ocidentais, como apontam historiadores mais honestos), fica justificada a desumanização dos que ousam questionar os dogmas estabelecidos, especialmente nas universidades.


Portanto, faz muito bem o MBL ao propor um projeto que criminalize também o discurso violento da esquerda. Não é normal professores pregarem abertamente que qualquer pessoa rotulada como “fascista” merece “uma bala na testa” — e serem efusivamente aplaudidos por isso. Aliás, o próprio Kim Kataguiri foi impedido de realizar um debate em uma universidade por causa da "pacífica" militância esquerdista.


Enfim, algo está muito errado em uma sociedade que aplaude esse tipo de postura enquanto odeia de morte alguém que buscava debater ideias — justamente nas universidades, que deveriam ser espaço aberto de diálogo, mas se tornaram uma torre de marfim para doentes cheios de ódio e ressentimento, que se julgam a vanguarda da humanidade.

Leitura de domingo

 *Leitura de Domingo: juros sugerem apostas sobre cenário eleitoral, diz Leal, da G5 partners*


Por Renata Pedini e Maria Regina Silva


São Paulo, 10/09/2025 - Os investidores estão fazendo algumas apostas em relação ao cenário eleitoral de 2026 e o debate já pode estar influenciando os negócios com juros futuros, como indicam os níveis mais baixos das taxas projetadas entre 2027 e 2030, período do próximo mandato presidencial, segundo o economista-chefe da G5 Partners, Luis Otávio de Souza Leal.


Em entrevista à Broadcast, ele menciona que o mercado tende a preferir candidatos que façam oposição ao governo atual, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas destaca que um dos potenciais concorrentes ao comando do Executivo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), assustou o mercado ao defender a anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e atacar o Supremo Tribunal Federal em manifestação na Avenida Paulista no último fim de semana.


"Ele era visto como um bolsonarista técnico, não político, que poderia transitar. Fazer a ponte entre o bolsonarismo radical e o STF", disse Leal, para quem a melhor aposta do mercado deveria ser o governador Ratinho Júnior (PSD), menos associado a Bolsonaro.


"Não me surpreenderia se o Ratinho Júnior virasse o cavalo da vez. Além de Tarcísio estar se desgastando com esse negócio do Bolsonaro, ele foi para vidraça muito cedo", acrescentou.



Foto: Divulgação/G5 Partners


Broadcast: O mercado antecipou o debate eleitoral de 2026?


Luis Otavio de Souza Leal: "Antecipação" é muito forte, mas já há algumas apostas. Talvez uma indicação seja a curva de juros. Com o nível de juros muito alto que temos, o normal é uma curva inclinada. Há uma barriga [taxas mais baixas] na curva de juros exatamente entre 2027 e 2031, que é o próximo mandato. Não sei se isso é coincidência ou exemplo de que já existem algumas apostas.


Broadcast: E a valorização do real frente ao dólar, tem a ver com a política?


Leal: O fato de o dólar estar perto de R$ 5,40 tem pouco a ver com especulações em torno da eleição. Estimo que é a combinação de dólar mais fraco no exterior, após um exagero ao final do ano passado, e juros muito altos aqui dentro. Muitos dizem que o juro de 15% no Brasil, devido ao diferencial de taxas externa e interna, incentiva o carry trade, e que o investidor toma dinheiro lá fora para aplicar aqui. Não é esse o principal fator do dólar a R$ 5,40. Se fosse, não teríamos um fluxo negativo que é recorde histórico. O juro de 15% retira o especulador do mercado, porque o custo de oportunidade de ele apostar contra o real é muito grande. Tem que ter certeza para fazer uma posição comprada em dólar, que daqui a 12 meses o real teria que se desvalorizar mais do que 15%, com um dólar algo próximo de R$ 6,20. É uma aposta arriscada. Além disso, desde o final do ano passado houve um desmonte de hedge, ou apostas contra o real.


Broadcast: Como o senhor avalia as manifestações do 7 de Setembro em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro?


Leal: O mercado tem reagido a notícias. Quando sai uma pesquisa favorável ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem um dia bom. Favorável ao presidente Lula, um dia ruim. Acho que o mercado se assustou com a elevação do tom do Tarcísio na manifestação. Ele era visto como um bolsonarista técnico, não político, que poderia transitar. Fazer a ponte entre o bolsonarismo radical e o STF. E apaziguar um pouco o cenário de polarização. Houve reação do STF, reportagens mostrando que os ministros ficaram assustados com as declarações dele e posição na figura do Gilmar Mendes, que é o decano. Rebateu item por item, e ainda deu o recado sobre a posição do STF com relação à anistia, na linha de que quem atentou contra a democracia não tem direito a anistia. O mercado se assustou com a possibilidade de, se Tarcísio for eleito, continuarmos nessa crise institucional.


Broadcast: Tarcísio é o candidato com maior aceitação no mercado financeiro?


Leal: Para mim, a melhor aposta do mercado deveria ser o Ratinho Júnior. A carreira política dele não tem nenhuma ligação com a do Bolsonaro. Óbvio que ele nadou nas águas bolsonaristas, mas foi eleito governador do Paraná no mesmo ano em que Bolsonaro venceu para presidente. Tem algo a oferecer. É bem avaliado. Tem algo de diferente do Zema [Romeu, governador de MG] e do Caiado [Ronaldo, governador de GO]. Inclusive melhor que o Tarcísio, que é conhecido aqui em São Paulo e não no Nordeste. O pessoal confunde ele com o pai dele, o Ratinho. Então, ele já é 'conhecido' de antemão no Nordeste. Não me surpreenderia se o Ratinho Júnior virasse o cavalo da vez. Além de Tarcísio estar se desgastando com esse negócio do Bolsonaro, ele foi para vidraça muito cedo.


Broadcast: E na economia, está mais difícil projetar cenário com Trump nos EUA?


Leal: No Brasil, a vida está mais certa. Os modelos econômicos começaram a ficar mais aderentes de novo à realidade. A pandemia bagunçou modelos econômicos, por isso os economistas erraram tanto. Nos EUA, está mais difícil, porque há uma volatilidade que não existia. Na questão das tarifas, há uma discussão grande sobre inflação. Muitos tentam achar uma similaridade com o que ocorreu no primeiro mandato de Trump, que foi uma mudança no nível de preço, e não inflação. Mas subestimamos um pouco o fato de que, no primeiro mandato, os EUA estavam há praticamente 40 anos sem ter inflação.


Broadcast: E o tarifaço?


Leal: Três motivos. Um é a segurança nacional. Trump foi presidente na pandemia e viu o quanto os EUA dependem de produtos externos para sobreviver. Coloca em siderúrgicos, base para qualquer indústria, farmacêuticos, que dependem de insumos, semicondutores, que são o futuro. A segurança nacional é mais importante que a questão da criação de empregos. O segundo motivo, talvez no curto prazo até mais importante, é a arrecadação. Com o Big Beautiful Bill, a expectativa é de aumento do déficit americano. Assim a arrecadação é uma forma de compensar. Na minha visão, Trump não vai voltar atrás porque não pode, já que precisa do dinheiro. O terceiro motivo é pitoresco, voltar para uma época dourada que ele acha que ocorreu na virada do século 19 para o 20, no governo William Mackenzie.


Broadcast: Vê chance de mais exceções aos produtos brasileiros?


Leal: A missão empresarial a Washington mostrou que a questão é política. O que pode resolver no curto prazo? O Congresso aprova a anistia e o Supremo não barra. No médio, que um candidato de oposição a Lula seja eleito e normalize. A relação Brasil-EUA vai ser um mote de campanha. Ainda pode ter alguma coisa, algumas exceções.


Broadcast: E quanto aos juros nos EUA? Trump ataca o Federal Reserve...


Leal: Nunca houve um ataque tão grande à independência do Federal Reserve como vemos agora. O que vai acontecer se o Fed reduzir os juros sem ter que fazer isso? Qual será o impacto nos ativos no mundo? Externamente, há dúvidas. Tenho mais medo do que dúvida.


Broadcast: Por quê?


Leal: Há um risco grande. Vou colocar minha preocupação em números. O Fed tem três estruturas. A primeira é o board, com sete integrantes, incluindo o presidente, Jerome Powell. A segunda são os 12 dirigentes regionais. E a terceira, o Fomc, do qual participam os 19, sendo cinco dos regionais votantes e rotativos, com exceção do de Nova York, que sempre vota. Trump já tem dois membros. Michelle Bowman, que colocou como vice-presidente, e Stephen Miran, que era chefe dos assessores econômicos e agora, diretor. Está tentando tirar a Lisa Cook. Se conseguir, são três votos e pode ter quatro, com a substituição do presidente Jerome Powell, cujo mandato termina em maio. Ano que vem é importante porque é de renovação dos mandatos dos 12 presidentes do Fed. Eles indicam a renovação ou não, mas quem dá a palavra final é o board. Com Trump tendo maioria, basta ele mudar os cinco que votam, e pode fazer a política monetária que ele quiser.


Broadcast: E no Brasil, o Banco Central está blindado contra pressões?


Leal: Há sempre a história de que quando a pessoa senta na cadeira tem um sentimento de pertencimento. O presidente Gabriel Galípolo entrou em meio a dúvidas quanto à postura dele, que é o 'menino de ouro' de Lula, mas tem um desempenho bastante razoável. Ele criou uma reputação.


Broadcast: E o Copom de setembro?


Leal:  Manutenção. Com relação ao BC americano, dirá o que sempre diz. Não existe relação mecânica entre a política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. Com relação à atividade, deve dizer que continua desacelerando como esperado para a política monetária, mas que as expectativas de inflação estão desancoradas. A inflação está desacelerando na margem, mas continua incompatível com a meta. Justificar a manutenção dos juros está fácil. Estimo redução em janeiro e 12,50% ao final de 2026. E espero 10,50% em 2027.


Broadcast: Com juro menor nos EUA e, ainda, chances de redução no Brasil, o Ibovespa pode deslanchar?


Leal: A Bolsa é um exemplo clássico onde a questão eleitoral terá um peso elevado. Estamos num cenário muito binomial. Se aumentarem as chances de o presidente Lula ganhar a eleição em 2026, haverá uma piora muito grande. Se o Tarcísio ou outro candidato da oposição começar a aparecer bem nas pesquisas, há possibilidade de a Bolsa disparar. O que vai definir o Ibovespa no ano que vem é muito mais o cenário eleitoral do que qualquer outra coisa. Obviamente a questão dos juros caindo no Brasil em 2026 ajuda também. O divisor de águas será eleitoral.


Broadcast: Nesse ambiente, o dólar deve continuar a perder valor?


Leal: Sim. Até porque, se eu estiver correto, a política monetária americana será mais frouxa do que é agora. Mas a moeda americana não vai deixar de ser referência porque não há outra substituta.


Contato: reginam.silva@estadao.com; renata.pedini@estadao.com


Broadcast+

Leitura de domingo

 *Leitura de Domingo: Janela dos minerais críticos pode impulsionar economia em R$ 243 bi*


Por Eduardo Laguna


São Paulo, 12/09/2025 - O solo brasileiro guarda uma riqueza cujo impacto econômico é estimado em até R$ 243 bilhões nos próximos 25 anos. Do lítio ao níquel, passando pelas terras raras, o Brasil tem alguns dos maiores depósitos do mundo de minerais que terão na economia do futuro um papel parecido com o que o petróleo tem na economia do presente.


Numa lista vasta que inclui baterias de carros elétricos, redes de transmissão de energia, motores de turbinas eólicas, semicondutores, mísseis teleguiados, tevês de LED, smartphones, placas de energia solar e, até mesmo, fármacos usados no tratamento paliativo de câncer, são inúmeros os produtos e tecnologias que dependem desses minerais. Por serem indispensáveis, mas também vulneráveis, eles ganharam o nome de "minerais críticos".


Ao mesmo tempo em que são essenciais ao funcionamento da economia, à segurança nacional e à transição para uma economia de baixo carbono, os minerais críticos tem a oferta sujeita a dificuldades de extração, instabilidades geopolíticas e concentração em poucos países. Assegurar o fornecimento desses materiais se tornou vital a governos, abrindo uma grande oportunidade ao Brasil, onde estão alguns dos minerais críticos mais importantes.


"Nós perdemos algumas janelas tecnológicas ao longo do tempo, como a janela de inteligência artificial. Mas na janela da sustentabilidade, onde entram os minerais críticos, um de nossos principais recursos, o Brasil tem a chance de ser protagonista", comenta o engenheiro Felipe Pozebon, que chefia a área do escritório Simões Pires voltada a políticas públicas de inovação.


Um estudo produzido pela Deloitte prevê que R$ 243 bilhões poderão ser acrescidos ao Produto Interno Bruto (PIB) até 2050 se o Brasil conseguir avançar em direção a uma indústria de refino dos minerais críticos que estão em suas reservas. Pelos investimentos mapeados pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), US$ 18,5 bilhões estão previstos para esses minerais até 2029, pouco mais de um quarto (27%) dos US$ 68,4 bilhões programados pelo setor no período.


O Brasil é dono da maior reserva mundial de nióbio e da segunda maior tanto de grafite quanto de terras raras. Além disso, tem a terceira maior reserva de níquel do mundo. Mobilizar capital e transformar todo o potencial em realidade exigirá, no entanto, que o País supere desafios regulatórios, ambientais, tributários e tecnológicos.


Hoje, há um abismo entre o tamanho das reservas e o que é de fato extraído delas. O Brasil tem mais de 25% das reservas de grafite, porém menos de 5% da produção mundial - China, Madagáscar e Moçambique extraem mais. Em níquel, são 12% das reservas e apenas 2% da produção global, atrás de sete países, com Indonésia, Filipinas e Rússia encabeçando a lista.


Geopolítica a favor


Nos minerais de terras raras (23% das reservas globais), existem pesquisas, em diferentes estágios, em mais de 3 mil minas cadastradas na Agência Nacional de Mineração (ANM). Apenas uma, contudo, está em operação, no município de Minaçu, em Goiás.


Quase 70% da produção de terras raras no mundo está nas mãos da China. A posição foi estrategicamente construída ao longo de décadas, e agora permite ao gigante asiático restringir o fornecimento de insumos de difícil substituição. É uma "arma" que já foi usada na guerra comercial contra os Estados Unidos, tendo como consequência a busca, não apenas dos EUA, por fornecedores alternativos à China.


O contexto geopolítico faz dos minerais críticos, em especial as terras raras, uma carta na manga dos negociadores brasileiros na tentativa de reverter as tarifas de até 50% impostas pelo presidente Donald Trump. O governo americano, por meio de um encarregado de negócios, já demonstrou discretamente o interesse em acessar minerais críticos do Brasil.


As fontes de energia renováveis, que aliviam o impacto ambiental de uma indústria intensiva em eletricidade, assim como a distância dos conflitos armados na Ucrânia e no Oriente Médio, o que significa rota livre pelo Atlântico, são algumas das vantagens a favor do Brasil nessa janela de investimento.


Contudo, especialistas alertam que faltam mais investimentos em estudos geológicos - apenas 35% do território brasileiro é mapeado em termos de potencial mineral -, um novo marco regulatório e um licenciamento ambiental mais ágil.


São obstáculos a serem superados para que o País não seja apenas um exportador de minérios em estado bruto. Nos minerais em que o País tem reservas relevantes e que são considerados críticos pelos Estados Unidos - cada país tem uma lista -, o Brasil responde por apenas por 3% da produção global. Os dados são do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês).


Sócio-líder do segmento de metais e mineração no escritório da KPMG no Brasil, Juan Padial diz que um dos obstáculos é que a exploração de minerais críticos depende muito da Vale. Na última quarta-feira, a mineradora reduziu de US$ 2 bilhões para US$ 1,7 bilhão os investimentos deste ano em metais relacionados à transição energética.


"O mercado de mineração no Brasil ainda é muito concentrado. Tem um gigante, que é a Vale, que capta muito das receitas, e as demais mineradoras acabam ficando para trás. Quando se olha para as junior minings [mineradoras menores], onde a atividade é muito mais de prospecção e de maior risco, o Brasil é menor em relação a outros países", observa Padial.


Contato: eduardo.laguna@estadao.com


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Leitura de domingo

 *Leitura de Domingo: MP de renegociação rural deve acelerar retomada de resultado, diz Tarciana*


Por Cícero Cotrim


Brasília, 08/09/2025 - O Banco do Brasil espera que a Medida Provisória (MP) de renegociação das dívidas de produtores rurais, publicada pelo governo na última sexta-feira, acelere seu processo de recuperação de resultados. A presidente do banco, Tarciana Medeiros, afirma que o texto deve ajudar a reduzir gradualmente a inadimplência na carteira do agronegócio, que atingiu máximas históricas no segundo trimestre deste ano.


"Eu acredito, sim, numa redução gradual da inadimplência, e também na retomada da possibilidade de concessão de crédito, de concessão do Plano Safra, a partir da renegociação", diz a presidente do BB, em entrevista à Broadcast. Ela espera que, dos R$ 12 bilhões em recursos do Tesouro liberados para a renegociação, ao menos metade sirva para atender ao banco.




Indagada sobre as sanções da Lei Magnitsky, aplicada contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Tarciana ressaltou que o BB - assim como o restante do sistema financeiro brasileiro - tem estudado a abrangência das sanções. "Temos tratado como sempre tratamos as questões de legislação dos países onde estamos inseridos, e os Estados Unidos é um deles", ela disse, falando publicamente sobre o tema pela primeira vez.


Leia abaixo os principais trechos da entrevista.


Broadcast: A MP editada pelo governo na última sexta-feira, 5, prevê o uso de até R$ 12 bilhões de recursos do Tesouro Nacional para a liquidação ou amortização de dívidas rurais. Qual porcentagem deve ser direcionada para o Banco do Brasil?


Tarciana Medeiros: Temos mais ou menos 48 mil clientes inadimplentes no período entre 15 e 90 dias. Considerando que a MP visa atender em torno de 100 mil clientes inadimplentes no mercado, estou fazendo a estimativa de [recebermos] metade dos valores. Mas ainda não temos um número fechado, porque depende desse período de desembolso e recebimento das parcelas em vencimento. Vamos trabalhar bastante para não só utilizar os recursos da MP, mas também ver o espaço negocial com grandes produtores de áreas onde houve seca ou cheia que prejudicou a produção, mas não por duas produções seguidas. Com a renegociação de recursos livres, vamos poder incluir esses produtores.


Broadcast: Depois do segundo trimestre, a senhora previu que o resultado do BB continuaria 'estressado' no terceiro trimestre, por causa dos vencimentos e da inadimplência da carteira agro, com previsão de melhora a partir do quarto trimestre. Como a MP afeta esse cenário? Ela pode acelerar a melhora prevista?


Tarciana: A gente tem, com certeza, a expectativa de que acelere o nosso processo de retomada de resultado. Mas ainda é uma expectativa, a gente tem que entender como vai se dar a velocidade da renegociação. Eu mantenho a informação de que está previsto um resultado mais estressado no terceiro trimestre, com retomada a partir do quarto. E a minha expectativa é que a retomada a partir do quarto trimestre seja acelerada, a partir do momento em que a gente entenda como vai se dar essa velocidade de renegociação dos produtores. Nós seremos incansáveis na busca da renegociação da regularização para que os produtores retomem a capacidade de produzir e a capacidade de crédito, e que o banco aumente a velocidade de regularização e de concessões.


Broadcast: Existe uma expectativa de valores para essa renegociação com recursos livres, e de como vai ficar a taxa de juros?


Tarciana: Os preços de mercado vão variar com base no perfil de risco de cada cliente. Nós teremos preços adequados para os clientes que estão fora dos perfis previstos na MP [para uso dos recursos do Tesouro], com o recurso livre do banco, para que a gente faça a renegociação com eles também. Esses clientes já estão sendo contatados, porque têm perfis muito específicos e que a gente precisa estudar caso a caso. E o prazo de até nove anos para a renegociação é muito interessante, porque alguns produtores vão precisar dos nove anos, e outros vão precisar só de três ou quatro. Essa flexibilidade da MP, de poder organizar a dívida do produtor com base na capacidade de pagamento, também é algo muito interessante.


Broadcast: A inadimplência na carteira agro do BB chegou ao maior nível da série histórica no segundo trimestre deste ano. A sra. espera que a MP ajude a diminuir a inadimplência?


Tarciana: Sim. Para nós é uma oportunidade nas duas frentes: renegociar as dívidas e acabar com essa pressão de inadimplência na carteira do agro, de um lado; e, do outro, voltar a conceder crédito para esse produtor. O produtor volta a ter possibilidade de produzir condizente com a sua capacidade de fato, não mais premido por necessidade de pagamento das dívidas.


Broadcast: Como está o apetite do BB para conceder crédito agro nesta safra? O banco se tornou mais seletivo? A MP ajuda a destravar as concessões?


Tarciana: O apetite do banco para concessão de crédito no agro está na linha do guidance, de um intervalo revisado entre 3% e 6% de crescimento da carteira. Isso significa a concessão de todo o recurso que nós disponibilizamos no Plano Safra 2025/2026. No segundo semestre de 2025, vamos continuar fazendo uma concessão mais seletiva, a partir da análise dos clientes que tomaram crédito e ficaram mais alavancados em recursos livres. E concedendo crédito naqueles perfis que são beneficiários das linhas do Plano Safra. De outro lado, continuamos a concessão de crédito com recursos livres, mas com mais parcimônia, com análise de risco mais estreita, mas sem redução da carteira. Nós já concedemos R$ 36,5 bilhões no nosso Plano Safra, um número em linha com o que tínhamos feito em 2024. Com essa linha de renegociação, entendemos que, no quarto trimestre, podemos ver um número maior de concessões e, por consequência, um número menor de novos produtores entrando em inadimplência.


Broadcast: A sra. já mencionou que o BB passaria a executar as garantias dos clientes inadimplentes. Esse permanece sendo o cenário?


Tarciana: Sim, até por uma questão de diligência. A gente tem um perfil de clientes que vai fazer a renegociação rapidamente, mas há alguns em que, infelizmente, vai ser preciso buscar a execução da garantia. É óbvio que vamos trabalhar para que não chegue nesse ponto.


Broadcast: No último dia 15, a sra. mencionou a possibilidade de acionar judicialmente escritórios de advocacia que orientem clientes agro a pedir recuperação judicial (RJ). Essa ainda é a estratégia? 


Tarciana: Nós sempre estamos analisando. Eu não falei de escritórios sérios. Inclusive, até falei que a RJ é um instrumento legítimo para a proteção de credores e produtores, se usada de forma adequada. O que eu discordo é do uso inadequado da RJ. Nós vamos continuar trabalhando para combater a advocacia abusiva, junto à AGU, à OAB, ao CNJ, para que se tenha uma padronização de decisões.


Broadcast: Os bancos brasileiros já foram notificados pelo governo americano sobre o cumprimento das sanções previstas na Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Quais providências estão sendo tomadas pelo BB?


Tarciana: A primeira providência é cumprir à risca a lei do sigilo bancário, e não foi o banco que forneceu essas informações em nenhum instante. Temos tratado como sempre tratamos as questões de legislação dos países onde estamos inseridos, e os Estados Unidos é um deles. A gente observa as leis americanas, as leis dos países em que estamos, e a legislação brasileira. É importante entender quais são as sanções, qual é a abrangência das sanções. A gente é um banco, tem de ter diligência. Como em qualquer outra situação do cenário macroeconômico, microeconômico, ou dos 20 países em que estamos inseridos, é óbvio que temos de estudar. E estamos projetando cenários para todo o momento macroeconômico do mundo. Não diz respeito especificamente a uma situação, mas ao banco ter estudo de cenário e entender os próximos passos a serem dados.


Principalmente, acho que o ponto de diligência não é só do Banco do Brasil, é de todos os bancos, do sistema financeiro como um todo. Com as pressões macroeconômicas do mundo como um todo - em um momento em que você tem guerras acontecendo, tem pressões comerciais de exportação entre países -, eu creio que todo sistema financeiro brasileiro está estudando cenários.


Contato: cicero.cotrim@broadcast.com.br


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Produtividade é a saída

  O mundo está girando (e rápido): o Brasil vai acompanhar ou ficar para trás? 🌎🇧🇷 Acabei de ler uma análise excelente de Marcello Estevã...