sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Papo de um Economista de Mercado 29

 Papo de um Economista de Mercado 29


Agenda

JHN Consulting 


1. Considero esta quarta-feira (10) um momento crucial no Brasil, no mundo.


2. Pelo lado das reuniões de política monetária, a expectativa é de que nos EUA o Fed mantenha a taxa de juros em 4,25% a 4,50%, mesmo com as pressões em contrário do governo Trump, em embate com o presidente da instituição, Jerome Powell. Cresce, inclusive, a tese da manutenção da taxa, dada a instabilidade com a "guerra tarifária". Neste caso, a inflação estaria no radar.


3. Em direção semelhante, temos por aqui a decisão do Copom, também pela manutenção da Selic em 15% anuais. O momento de instabilidade, com o governo Trump impondo uma "mão pesada" de 50% de tarifa de importação para bens domésticos, também é um complicador, assim como a inflação, pelo IPCA, ainda fora da meta, com projeção para este ano acima do teto, mais próxima de 5,70% pela Focus.


4. Ainda temos o dia 1/8 como crucial, quando o governo Trump deve impor esta "mão pesada". Lembrando que o governo brasileiro vem tentando estabelecer algum canal de comunicação com o americano, dificultado pela questão política.


5. Mesmo assim, possível que alguns alimentos, café, laranja, por exemplo, e a Embraer tenham algum atenuante neste front de tarifação. 


6. Nos EUA, ainda temos nesta semana uma agenda pesada de indicadores de mercado de trabalho, destacando o Jolts, o ADP, em geração de empregos privados, e o payroll, todos importantes para a decisão do Fed. 


7. Em complemento, ainda temos o PCE, indicador de gastos de consumo nos EUA, muito acompanhado pelo Fed. Saem também diversos indicadores de crescimento da economia no mundo.


8. Fato é que, neste momento de "stress", pelo "tarifaço", estes dados podem se tornar essenciais para a decisão do Fed, mesmo que divulgados com "atraso".


Vamos monitorando.

Papo de um Economista de Mercado 30

 Diário de um economista de mercado 30


1. Continuam repercutindo as decisões de ontem do presidente norte-americano, Donald Trump, contra as tarifas de importação de bens brasileiros para os EUA. 


2. Acabou frustrando um pouco á alguns, ou agradando à muitos, que esperavam algo mais radical. 


3. Produtos estratégicos para ambos os lados, como os aviões da Embraer, peças de aviação, papel e celulose, ferro gusa, suco de laranja, cerca de 694, num universo de 4 mil na pauta de exportações para os EUA, acabaram poupados.


4. Em números, estas exceções representam cerca de 43,4% das exportações brasileiras aos EUA em 2024. Nada mal. Poderia ter sido bem pior.


5. Por outro lado, restrições financeiras "caíram no colo" do ministro do STF, Alexandre de Moraes, à partir da aplicação da Lei Magnitisky. Parte do Judiciário considera esta decisão um ataque à democracia. 


6. Sim. Verdade. Concordo em parte. Mas este discurso se aplicaria à um regime democrático consolidado, não à um regime em que o STF, dominado por interesses outros, se move para proteger o governante de ocasião,  não a Constituição Federal da República Brasileira.


7.  Sobre o imbróglio comercial, expectativa é que ainda não acabou. Parte do Congresso americano considera como possível uma retaliação pelo fato do governo brasileiro continuar a comprar óleo e fertilizantes da Rússia. Uma nova lei pode ser aplicada neste caso, contra países q mantém relações comerciais com autocracias ou teocracias.


8. O q me parece fato concreto é que o governo brasileiro "esticou" a corda até onde pode. 


9. Foram vários os movimentos realizados à revelia dos interesses norte-americanos, ou mesmo em provocação. Até mesmo acusações (ou suspeitas) de fornecimento de urânio enriquecido ao Irã pairam sobre o governo do PT. 


10. Já comentei sobre isso. Tudo no terreno das bravatas, em discursos do "presidente" em fóruns internacionais como no BRICS, contra o dólar, criticando Israel, falando em genocídio, criticando o trumpismo, etc. 


Agora, arquem com as consequências.

Papo de um Economista de Mercado 31

 Papo de um Economista de Mercado 31


1. Certa feita, me vi no meio de um debate em torno das conquistas "douradas" da social democracia do mundo desenvolvido, em especial,  

da Europa, em Portugal, onde me atrevi a viver por seis anos.


2. Bom. Vamos aos fatos. Por lá, os subsídios sociais são abundantes e vamos combinar? geradores de distorções crônicas. 


3. Em maioria, são focados para os tais grupos mais fragilizados, como os ciganos. Estes, por inúmeros mecanismos de transferência de renda, podem vir a ganhar mais de mil euros mensais. E de boa? Não são poucos os que optam por não trabalhar, a viver destes subsídios.


4. Andam em bando e um protege o outro. 


5. Me recordo um episódio no Hospital Espírito Santo, em Évora, na Emergência, em q eles chegaram, em bando, ameaçando quebrar tudo se não fossem os primeiros. Haviam senhas, triagens, ordem. Foram respeitadas? claro que não.


6. Em verdade, são tantos subsídios, por filho, velhice, comorbidade, minoria, raça e gênero, q muitos optam por não trabalhar.


7. Lembrando q a tributação é pesada por lá, na média, a partir de 43% no IR. 


8. Um detalhe é q na legislação trabalhista também são muitos os "direitos", poucos os deveres. Gente com muitíssimos anos de trabalho faz "corpo mole", vive de atestados, pois sabe q o custo do empregador para demitir é muito elevado. Minha esposa, em escolas, era um exemplo, se empenhava, enquanto as velhinhas só na embromação...


9. Por isso, o salário mínimo ser um do mais baixos da Europa,  850 euros. Como sustentar uma seguridade social em q mais ingressam na aposentadoria do que no mercado de trabalho?


10. Sistema distorcido de "repartição", em q faltam recursos para pagar os aposentados. Quem está "sustentando" agora são os imigrantes, a aceitarem este salário, ingressando na seguridade. Dormem na rua (renda em Ptg é proibitiva), mas estão "empregados"...


11. E tudo piora qdo falamos do sistema de saúde. No SNS, os médicos, em maioria, despreparados, ultrapassados, nem tocam em vc, nem tiram a sua pressão! E os hospitais fechando várias áreas, como pediatria, por não terem recursos para atender os "utentes".


12. Uma coisa boa. Tem-se um aplicativo do SNS e com este podes comprar remédios subsidiados. Ao menos isso...Valor dos remédios, em torno de 1 a 3 euros.


13. Em Évora, era atendido no posto de saúde por um senhor de mais de 80 anos, q adorava falar da vida dele, se jactando da sua Mercedes na garagem. Atender que era bom? Esquece...

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: Tarifaço recupera trade eleitoral*


Na agenda dos indicadores, saem o payroll (9h30) e a produção industrial do IBGE (9h)


… Apple saltou 2,5% no after market com as vendas do iPhone bombando no terceiro trimestre. Já Amazon afundou quase 7%, frustrada pelos guidances. Aqui, Vale abre sob a primeira impressão positiva do balanço de ontem à noite e da distribuição de JCP. O ADR subiu 0,5% em NY. Na agenda dos indicadores, a produção industrial do IBGE (9h) deve voltar a crescer em junho, depois do recuo em junho. Nos EUA, o payroll (9h30) deve exibir nova desaceleração em julho, mas o Fed segue insensível a já projetar corte do juro em setembro, de olho no desfecho das negociações tarifárias. Venceu à meia-noite o deadline de Trump. A Casa Branca anunciou tarifas para mais de 60 parceiros. A do Canadá subiu de 25% para 35%. Ainda falta saber se a trégua com a China será estendida. Em Brasília, Lula articula reação à ofensiva contra o Brasil e o STF, enquanto o mercado teme o capital político que a crise rende ao governo.


CAIU NO COLO – O País unido contra Trump era tudo que o governo mais precisava para recuperar a popularidade. As pesquisas já começam a capturar o efeito do tarifaço na aprovação do Planalto, e Lula vai surfar nesta onda.


… O Valor apurou que, em reunião com auxiliares, o presidente decidiu que vai recorrer, mais uma vez, a um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV para responder às recentes sanções dos Estados Unidos.


… A dúvida na Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) é qual a melhor data para a veiculação da mensagem presidencial. Uma das possibilidades é que o discurso de Lula seja exibido já no próximo domingo.


… Ele pretende discursar tanto sobre a sobretaxa de 50% contra produtos brasileiros como sobre a aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes, em defesa da soberania, da independência do Judiciário e também do Pix.


… Faturando o bom momento, Lula aumenta sua exposição e marcou para hoje (10h), no Palácio do Planalto, a cerimônia de entrega simultânea de 1.876 unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Casa, vitrine eleitoral do PT.


… A data do evento é simbólica e havia sido escolhida a dedo por Lula, já que coincidiria com o dia em que, inicialmente, a sobretaxa dos Estados Unidos sobre o Brasil entraria em vigor, depois adiada por Trump para o dia 6.


… Sondagem AtlasIntel/Bloomberg revelou que a maré de desgaste do governo Lula começa a virar. Pela 1ª vez no ano, a aprovação da gestão (50,2%) superou a reprovação (49,7%). A margem de erro é de 1 ponto percentual.


… No levantamento anterior, a desaprovação ao governo era de 50,3% contra 49,7% de aprovação.


… Em outro recorte do cenário atual, o Datafolha foi às ruas para avaliar o efeito do tarifaço e da investida política de Trump sobre o sentimento. Nove em cada dez brasileiros (89%) avaliam que a taxação vai prejudicar a economia.


… Até mesmo entre os eleitores de Bolsonaro, a avaliação ampla (92%) é de que as medidas do governo norte-americano serão prejudiciais ao Brasil. É curioso que este porcentual seja superior ao do eleitorado de Lula (87%).


… Outra surpresa é que, apesar da esmagadora percepção entre os que votaram em Bolsonaro de impacto negativo do tarifaço na economia brasileira, 66% avaliam que Trump está certo ao tentar interferir no Judiciário.


… No total da população, 57% avaliam que o republicano não deveria pedir o fim do julgamento de Bolsonaro.


TEM ATÉ DIA 6 – Em conversa com repórteres na porta da Fazenda, Haddad informou que será agendada uma segunda conversa com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, para discutir o tarifaço.


… Segundo o ministro, nada do que foi decidido contra o Brasil não pode ser revisto e esta semana é o começo de uma conversa “mais racional, mas sóbria, menos apaixonada” para explicar como funciona o Judiciário no Brasil.


… “Vamos recorrer nas instâncias devidas tanto nos Estados Unidos quando nos espaços internacionais”, afirmou.


… Fontes do Valor informaram que a ordem passada à diplomacia e ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) é continuar apresentando o Brasil publicamente como um país aberto à conciliação.


… Ainda assim, nos bastidores, integrantes do Executivo admitem que a Lei da Reciprocidade segue sendo tratada como uma das cartas na manga que o governo cogita usar se os americanos continuarem fechados a negociar.


… Indignados com as tarifas “imprudentes” contra o Brasil, quatro senadores americanos preparam uma manobra política que pode forçar o Senado americano (que só volta do recesso em setembro) a votar a taxação de 50%.


… Os democratas Chuck Schumer, líder da minoria no Senado, Jeanne Shaheen, Tim Kaine e Ron Wyden planejam apresentar uma “legislação privilegiada’’, uma forma de regime de urgência para desafiar as tarifas impostas.


… No texto, os senadores alegam que a alíquota de 50% contra o Brasil aumentará os custos para os americanos em produtos domésticos básicos, prejudicará as economias de ambos os países e poderá aproximar o País da China.


PLANO DE CONTINGÊNCIA – Lula decidiu que não haverá mais a divulgação de um pacote. Ele preferiu optar por anúncios pontuais de medidas, segundo O Globo, dependendo do avanço das negociações com os americanos.


… Entendimento do governo é de que ainda há espaço para concessões por parte do governo de Washington.


… O governo Lula avalia que o café ainda poderá ser contemplado na exceção global das tarifas de Trump. O secretário de Comércio de EUA, Howard Lutnick, sinalizou que “recursos naturais” poderiam ser isentos.


… O setor de varejo e a indústria devem apresentar um “manifesto antitarifaço” para o governo federal.


… O texto, obtido pelo Valor, defende medidas de estímulo aos negócios, como suspensão da elevação do IOF e apoio financeiro aos segmentos por meio de linhas de apoio ao ACC, o adiantamento de contratos de câmbio.


… O documento fala ainda em simplificação na contratação de funcionários na base CLT, para absorver empregados que forem demitidos durante o tarifaço. Ainda não está definido quais entidades assinarão o material.


… Levantamento preliminar do governo indica que, na prática, depois das quase 700 exceções anunciadas pela Casa Branca, 44,6% das exportações brasileiras serão poupadas e a tarifa americana incidirá sobre 35,9% da pauta.


JANTAR COM A CORTE – A portas fechadas, no Palácio da Alvorada, Lula conseguiu se reunir com seis dos 11 ministros do STF convidados. Só faltaram André Mendonça, Nunes Marques, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Dias Toffoli.


… Como ontem foi o último dia do recesso no tribunal, nem todos os magistrados compareceram.


… O encontro foi uma forma de Lula demonstrar solidariedade em relação às sanções impostas por Trump contra o Poder Judiciário e a expectativa era de que o presidente apresentasse a estratégia jurídica para reverter a investida.


… Em apuração do Broadcast, a AGU avalia acionar a Justiça americana contra a sanção a Moraes, enquadrado pela Lei Magnitsky, e teria que contratar escritório de advocacia nos EUA com legitimidade para acionar o Judiciário lá.


… Outra possibilidade na mesa é questionar a violação ao direito internacional na Corte Internacional de Justiça, ligada à ONU. O advogado-geral da União, Jorge Messias, participou do jantar ontem com os ministros do Supremo.


… Também o PGR, Paulo Gonet, marcou presença. Moraes se sentou entre ele e Lula, que considerou as sanções ao ministro como uma “afronta ao Brasil” e disse que não vai tolerar intromissões do governo americano no Judiciário.


… A sessão de reabertura dos trabalhos no Supremo está agendada para hoje, às 10 horas.


… Além de Barroso, outros ministros pretendem discursar em defesa de Alexandre de Moraes e do tribunal, em reforço à postura da Corte de não se render a pressões políticas no curso do processo sobre a trama golpista.


TACO? – Horas depois de o governo americano ter anunciado a elevação de 25% para 35% da tarifa sobre os produtos canadenses, Trump afirmou que está aberto a novas discussões com o primeiro-ministro, Mark Carney.


… Comunicado da Casa Branca havia atribuído a taxação maior à falta de cooperação do Canadá no combate às drogas. Além disso, a decisão sugeria uma retaliação por Carney ter prometido reconhecer a Palestina em setembro.


… Ainda ontem, Trump adiou o aumento das tarifas ao México por 90 dias, que durante os próximos três meses continuará pagando 25% sobre fentanil, 25% sobre carros e 50% sobre aço, alumínio e cobre.


PAYROLL – Dois dias depois de Powell ter comentado na coletiva do Fed que precisa de mais evidências de fraqueza do mercado de trabalho para defender um corte do juro em setembro, o relatório de emprego deve desacelerar.


… Analistas esperam a criação de 101 mil postos em julho, pelo Projeções Broadcast. Caso se confirme, o número representará perda de fôlego contra junho (147 mil vagas) e maio (139 mil). As projeções vão de zero a 170 mil.


… O salário médio por hora deve avançar 0,3%, acima do 0,22% do mês passado. Na comparação anual, deve vir em 3,8%, ligeiramente abaixo da variação de 3,9% de junho. Já a taxa de desemprego deve subir de 4,1% para 4,2%.


… Por enquanto, o mercado vai descolando as apostas de flexibilização monetária pelo Fed para outubro.


… De volta à rotina de insultos contra Powell pela demora em baixar os juros, Trump insinuou que o presidente do Fed age por motivação política em favor dos democratas e o chamou de “estúpido”, “perdedor” e “não inteligente”.


MAIS AGENDA – Além do payroll, sai nos Estados Unidos a leitura de julho do PMI industrial medido pela S&P Global (10h45) e pelo ISM (11h). A expectativa de inflação será conferida no sentimento do consumidor/Michigan (11h).


… No mesmo horário, têm os investimentos em construção em junho. Às 14h, dados de petróleo da Baker Hughes.


… O PMI industrial de julho será divulgado na Alemanha (4h55), zona do euro (5h), Reino Unido (5h30). Às 6h, é a vez do dado preliminar de julho do CPI na zona do euro. O teste de estresse de bancos da UE vem às 13h.     


AFTER MARKET – Apesar de o lucro da Amazon, de US$ 1,68 no segundo trimestre, ter superado a previsão de US$ 1,33, a projeção de US$ 18 bi de lucro operacional para o terceiro trimestre decepcionou a aposta de US$ 19,5 bi.


… Já a Apple agradou lucro líquido de US$ 23,43 bilhões no terceiro trimestre fiscal e lucro ajustado por ação de US$ 1,57, acima da previsão de US$ 1,43. A receita de US$ 94,04 bi também veio melhor que a projeção de US$ 89,30 bi.


… Hoje, a Chevron e a Exxon Mobil divulgam os seus balanços antes da abertura do mercado em Nova York.


CHINA HOJE – O PMI industrial medido pelo setor privado (S&P Global) retornou ao território contracionista em julho, caindo para 49,5, de 50,4. A leitura veio em linha com a deterioração registrada um dia antes pelo dado oficial.


JAPÃO HOJE – O PMI industrial caiu de 50,1 em junho para 48,9 em julho, segundo pesquisa final da S&P Global. O indicador ficou abaixo do patamar neutro de 50, ou seja, indicando contração da atividade econômica no país.


AQUI – O cenário de juro restritivo deve limitar o crescimento da produção industrial de junho a 0,3%. Ainda assim, se confirmada a mediana no Broadcast, o resultado marcará uma recuperação contra o recuo de 0,5% em maio.  


… Já na comparação com junho do ano passado, o indicador deve apresentar uma contração de 0,6%.


… Às 8h, sai a prévia do IPC-S. Após o fechamento do mercado, a Fertilizantes Heringer divulga seu balanço.


TRADE ELEITORAL VOLTA COM TUDO – Apesar de alguns analistas dizerem ser cedo para negociar em cima da eleição presidencial de 2026, Lula volta a ser mais competitivo que seus concorrentes e assusta os mercados.


… Como lembrou o Valor, no primeiro semestre, bancos estrangeiros como Morgan Stanley e JPMorgan haviam reforçado o otimismo com as ações brasileiras devido à chance de eleição de um governo de direita e pró-mercado.


… A sorte parece estar mudando, embora a aposta seja mesmo prematuras, em especial se houver desaceleração relevante da economia no fim deste ano.


… Seja como for, no day after ao alívio parcial no tarifaço de Trump ao Brasil, o Ibovespa cedeu 0,69%, aos 133.071 pontos, com giro de R$ 21,2 bilhões. No mês, acumulou perda de 4,17%.


… Os frigoríficos lideraram as baixas do pregão, já que as carnes ficaram de fora da lista de exceções do tarifaço de 50%. Marfrig derreteu 10,2% (R$ 21,30), BRF levou um tombo de 5,65% (R$ 20,05) e Minerva, de 4,45% (R$ 4,94).


… Blue chips também foram mal. Vale (-0,71%; R$ 53,46), novamente acompanhou a queda do minério de ferro, desta vez de 2,38%.


… A AGU ajuizou ação no TRF-6 contra a Vale, cobrando o ressarcimento de R$ 2 bilhões por danos causados ao patrimônio público. A mineradora é acusada de extração irregular na mina do Tamanduá, em Nova Lima (MG). 


… O petróleo também recuou e Petrobras ON caiu 0,56% (R$ 35,79), enquanto a PN perdeu 0,40% (R$ 32,64). Com realização de lucros sobre os ganhos recentes, o Brent para outubro caiu 1,06%, a US$ 71,70. No mês, subiu 6,8%.


… Ambev também teve queda expressiva (-5,25%; R$ 12,46) depois da divulgação do balanço, com várias instituições reforçando indicação “neutra” para a ação.


… Usiminas liderou as altas com 5,80% (R$ 4,38), após notícia de que a CSN vendeu quase metade de sua posição no ativo por determinação do Cade.


… A Globe Investimentos, veículo de investimentos financeiros da família Batista, comprou os 4,99% das ações vendidas pela CSN.


… Fora do tarifaço, Embraer teve nova alta expressiva: +5,78% (R$ 80,66), seguida de TIM (+3,50%; R$ 20,71), que recebeu recomendação de compra pelo JPMorgan após resultados “sólidos” no segundo trimestre.


… Entre os grandes bancos, só Itaú ON subiu 0,26% (R$ 31,33). Bradesco ON caiu 0,45% (R$ 13,40), a unit do Santander cedeu 0,64% (R$ 26,43) e Banco do Brasil recuou 1,01% (R$ 19,70).


EFEITO COLATERAL – Às voltas com o tarifaço e a forte saída de fluxo gringo, o Ibovespa teve o pior julho em 14 anos, desde 2011. Caiu dos 141 mil pontos para 133 mil pontos, depois do melhor primeiro semestre desde 2016.


… O dólar voltou aos R$ 5,60 e os juros futuros incorporaram prêmio de risco durante o mês desafiador.


… Desde novembro, o real não ia tão mal contra a moeda americana, que subiu 3,07% em julho e 0,21% ontem, em meio à disputa pela Ptax do mês. Depois de vários dias testando os R$ 5,60, a moeda fechou em R$ 5,6008.


… Commodities em queda e o trade eleitoral pesaram no câmbio ontem, além da alta da moeda americana lá fora com o discurso mais duro de Jerome Powell (Fed) na 4ªF continuando a reverberar no mercado.


… Mas o carry trade favorável, com o Copom reforçando a mensagem de Selic em 15% por período “bastante” prolongado, impediu um salto maior do dólar no dia.


… Em NY, o índice DXY avançou 0,15%, a 99,968 pontos, depois de tocar nos 100 pontos pela primeira vez desde maio, puxado pelo PCE acima do esperado (leia abaixo). Em julho, o índice subiu 3,25%.


… O euro subiu a US$ 1,1430, mas a libra recuou a US$ 1,3223. O dólar subiu a 150,71 ienes, após o Banco do Japão (BoJ) manter em 0,50% a taxa de juros, conforme o esperado.


… Nos juros, a mensagem hawkish do Copom, que não enfatizou os sinais recentes de desaceleração da economia e da inflação,  esfriaram a expectativa por cortes da taxa no curto prazo.


… A Pnad do segundo trimestre, com uma taxa de desemprego de 5,8%, a menor da série histórica iniciada em 2012, corroborou a cautela do Copom, que no comunicado da decisão citou o “dinamismo” do mercado de trabalho.


… A pesquisa AtlasIntel também deu sua contribuição para manter os juros pressionados, já que mostrou chances maiores da continuidade de uma política fiscal mais expansionista com Lula encorajado pela reação na popularidade.


… Nos números apresentados pelo BC ontem, a dívida bruta do setor público consolidado, que inclui Estados, municípios e algumas estatais, subiu de 76,1% em maio para 76,6% do PIB em junho.


… A dívida líquida atingiu o recorde da série histórica (iniciada em 2001), em 62,9%.


… A taxa do DI Jan/26 subiu de 14,915% no ajuste anterior para 14,92%; a do DI Jan/27 saltou de 14,225% para 14,365%; a do DI Jan/29 teve forte avanço de 13,42% a 13,57%; e a do DI Jan/31 aumentou de 13,64% para 13,75%.


NEM TUDO É BIG TECH – Com balanços fortes, Microsoft e Meta ajudaram o Nasdaq a fechar no azul, mas falharam em expandir o otimismo de uma forma mais abrangente no mercado de ações em NY.


… Em parte, as bolsas reagiram negativamente a mais uma tentativa de interferência de Trump no setor privado. Em carta enviada a 17 farmacêuticas, ele exigiu queda nos preços dos remédios em até 60 dias, sob pena de represálias.


… Merck (-4,44%), Pfizer (-2,18%), Eli Lilly (-2,63%) e Johnson & Johnson (-1,51%) foram algumas das citadas na carta.


… Não à toa, o setor de saúde caiu 2,79%, no pior desempenho entre os 11 segmentos do S&P 500.


… O PCE, acima do esperado nas leituras anuais, corroborando a cautela do Fed no juro, foi mais um fator a não dar motivo de animação para a renda variável.


… O índice de inflação preferido do Fed acelerou de 0,2% em maio para 0,3% em junho, dentro do consenso. Mas em relação a junho de 2024, subiu 2,6%, vindo de alta de 2,4% em maio, e acima da expectativa de 2,5%.


… O núcleo do índice, que exclui itens mais voláteis, também acelerou de 0,2% para 0,3%, dentro do esperado. Na comparação anual se manteve em 2,8%, mesma leitura de maio, mas acima dos 2,7% esperados pelo mercado.


… As tarifas impostas por Donald Trump ajudaram a elevar os preços e alimentam expectativas de que a pressão inflacionária pode se intensificar nos próximos meses, segundo a Reuters.


… “A inflação continua firme e justifica a decisão do Fed de manter os juros”, disse Clark Bellin, da Bellwether Wealth, à Bloomberg.


… “Mas o mercado de ações não precisa de corte de juros para subir. Prova disso é que registra ganhos fortes neste ano, sem qualquer baixa dos Fed funds.”


… Os pedidos de auxílio-desemprego somaram 218 mil na semana, ante expectativa de 222 mil, indicando estabilidade no mercado de trabalho.


… Em Wall Street, o Nasdaq subiu 0,15%, a 21.129,67 pontos, puxado por Meta Plataforms (+11,25%) e Microsoft (+3,95%) após os balanços que agradaram o mercado.


… Por alguns instantes, a companhia de Bill Gates foi a segunda corporação a ultrapassar o valor de mercado de US$ 4 trilhões, depois da Nvidia.


… O S&P 500 recuou 0,12%, aos 6.362,92 pontos e o Dow Jones caiu 0,38%, aos 44.461,28 pontos.


… Os retornos dos Treasuries ficaram mistos. O juro da T-Note de 2 anos avançou a 3,955%, de 3,951% na sessão anterior, e o da T-Note de 10 anos recuou a 4,375%, de 4,379%. O do T-Bond de 30 anos subiu a 4,906%, de 4,905%.


CIAS ABERTAS – PETROBRAS elevou em 4,7% o preço médio de venda do querosene de aviação (QAV) às distribuidoras a partir de hoje. O aumento corresponde a acréscimo de R$ 0,16 por litro contra julho.


VALE teve lucro líquido de US$ 2,117 bilhões no 2º trimestre, queda de 24% na comparação anual; Ebitda ajustado caiu 15%, para US$ 3,386 bilhões; e receita líquida diminuiu 11%, para US$ 8,804 bilhões…


… Conselho de administração aprovou a distribuição de JCP bruto de R$ 1,8953 por ação; ex em 13 de agosto na B3, com pagamento em 3 de setembro.


… O colegiado autorizou o uso de um ou mais dos instrumentos financeiros TSR, ESR e ASR em apoio à estratégia de execução do Programa de Recompra de até 120 milhões de ações ON da companhia.


GERDAU registrou lucro líquido ajustado de R$ 864 milhões no 2º trimestre, queda de 8,6% na comparação anual; Ebitda ajustado somou R$ 2,56 bilhões, queda de 2,4% em relação ao mesmo período de 2024…


… Empresa aprovou a distribuição de R$ 239,4 milhões em dividendos, o equivalente a R$ 0,12 por ação, com pagamento em 18/8; ex em 12/8.


METALÚRGICA GERDAU aprovou a distribuição de R$ 79,4 milhões em dividendos, o equivalente a R$ 0,08 por ação, com pagamento em 19/8; ex em 12/8.


CSN reduziu o prejuízo líquido para R$ 130,4 milhões no segundo trimestre, o que representou uma melhora de 41,7% sobre igual período de 2024, mas contrariou a previsão de lucro líquido de R$ 464 milhões.


… O Ebitda ajustado foi de R$ 2,643 bilhões, queda de 0,1% sobre o mesmo intervalo do ano passado, mas 8,3% acima do esperado. A receita líquida totalizou R$ 10,693, queda de apenas 1,7% contra um ano antes.


CSN MINERAÇÃO. O lucro de R$ 115,8 milhões no segundo trimestre ficou 28,9% abaixo do esperado pelo mercado. Já o Ebitda de R$ 1,268 bilhão e a receita líquida de R$ 3,4 bilhões ficaram em linha com as expectativas.


MARCOPOLO registrou lucro líquido de R$ 321,1 milhões no 2º trimestre, alta de 28% na comparação anual; Ebitda somou R$ 398,3 milhões, crescimento de 4,2% ante mesmo período de 2024.

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: 3 das 7 Magníficas em bom rumo. Meta +11% e Microsoft +4% após resultados, mas bolsas em baixa ontem. E ontem à noite, após o fecho, Apple +2%, graças aos bons resultados e com China a voltar a crescer depois de 2 anos; e Amazon -7%, após umas guias 3T’25 fracas. Como temos vindo a dizer na nossa Estratégia de Investimento 3T, a tecnologia parece imune à guerra comercial e, por isso, continua a ser um dos nossos setores favoritos. Com 297 empresas publicadas nos EUA, o saldo de EPSs é muito positivo este trimestre, com um crescimento de +9,3% face a +5,8% esperado antes do início da temporada. E esta boa evolução no plano empresarial está a fechar progressivamente e diferença entre os EUA e a Europa nas bolsas este ano: +8,0% vs. +9,1%. 


O Deflator do Consumo Privado PCE (junho) nos EUA aumentou mais do que o esperado até +2,6% vs. +2,4% ant., com a subjacente a repetir em +2,8%. Como já vimos com a inflação, este progressivo aumento do nível de preços mostra que as tensões alfandegárias têm impacto na economia e subtrai opções de que a Fed baixe taxas de juros a curto prazo. Nós apenas estimamos um corte este ano, em setembro, de -25 p.b. até 4,00%/4,25%.


E voltamos à mesma história de sempre: Trump e os impostos alfandegários. Esta madrugada, eleva-os a vários países a dá mais uma semana para a sua entrada em vigor. Os principais: Canadá 35%, Brasil 50%, Índia 25%, Suíça 39%, México 30% (embora prolongue em 90 dias a trégua para continuar as negociações). Continuam as ameaças, as prorrogações e o ruído na frente alfandegária que faz com que o mercado retire cada vez mais importância, como indicam os futuros praticamente planos.


Na frente macro teremos IPC da UE (junho; 10 h) que se situará abaixo de +2,0%. Esperamos poucas novidades após se ter conhecido já o de França (+1,0%), Alemanha (+2,0%) e Espanha (+2,7%) em linha. Situação cómoda para o BCE, de momento, com inflação controlada, desemprego em mínimos e economia a escapar do estancamento no 2T, apesar dos impostos alfandegários. Nos EUA, teremos os resultados oficiais do emprego (julho; 13:30 h). Esperam-se resultados fracos (+104k esp. vs. +147k ant.), que, de cumprir expetativas seria o registo mais baixo dos últimos 8 meses. 


Tem lógica esta desaceleração dada a incerteza que há desde o Liberation Day (2 abril), mas como Powell já comentou, na quarta-feira, não é um tema que lhes preocupe ao estar em bom estado de forma. 


CONCLUSÃO: Ruído em termos alfandegários, resultados bastante mistos e macro débil pesarão sobre as bolsas na sessão. 


S&P500 -0,4% NQ100 -0,6% SOX -3,0% ES-50 -1,4% VIX 16,7% BUND 2,73%. T-NOTE 4,38%. SPREAD 2A-10A USA=+42,1PB B10A: ESP 3,31% ITA 3,57%. EURIBOR 12M 2,12% USD 1,143. JPY 172,2. OURO 3.291$. BRENT 71,6$. WTI 69,1$. BITCOIN -1,2% (115.155$). ETHER -2,3% (3.650$).


FIM

quinta-feira, 31 de julho de 2025

JR Guzzo

 Guzzo é o melhor jornalista brasileiro.


A BRIGA DO BOÇAL-RAIZ

J. R. Guzzo, Oeste, 27.07.2025


O presidente da República, sem jamais ter perguntado aos brasileiros, ou sequer a si próprio, se achavam uma boa ideia provocar uma briga no mano a mano com os Estados Unidos, começou seu terceiro mandato com a ideia fixa de se exibir como o grande inimigo mundial da potência econômica, militar e política número 1 do planeta. Teve outras ideias tão fixas e tão estúpidas como essa, mas possivelmente nenhuma delas foi tão irresponsável quanto seu rugido de rato diante dos americanos — nem está prometendo um final tão humilhante.


Como o motorista bêbado que sobe com o carro na calçada, entra na contramão e queima o sinal vermelho, e depois diz que não sabia direito o que estava fazendo, Lula só parou quando bateu de frente com o muro — neste caso, com as realidades da vida como ela é. Até ser obrigado a parar, conseguiu não acertar uma. Insistiu, em primeiro lugar, em entrar na briga sem saber o que queria dela. Jamais teve sequer um arremedo de plano para enfrentar a pauleira — e muito menos para ganhar. Desafiou o Mike Tyson, e só percebeu que era o Tyson quando levou o primeiro gancho no fígado.


Lula não sabe, até agora, o que dizer aos Estados Unidos — certo, temos de fazer uma proposta qualquer, mas qual é mesmo a nossa proposta? Fala, como vem repetindo nos últimos 40 anos, que “tem de negociar”, mas não tem nada para oferecer. Não tem nem mesmo o negociador. A embaixadora do Brasil em Washington é uma nulidade que nem sequer foi recebida quando tentou falar com alguém importante. Descobriu-se, por sinal, que há dois anos e meio nosso governo simplesmente não tem nenhum contato efetivo com o maior país do planeta.


Quer dizer: dois anos e meio de governo Lula-STF levaram o Brasil a estar com o maior cartaz na Tanzânia ou na “Palestina”, por exemplo, e ser um zé-mané na capital do mundo. Como arrumar, agora, alguém que saiba do que está falando para desenrolar a porcaria que Lula arrumou com os Estados Unidos? Também não sabem. Têm falado, acredite se quiser, em Geraldo Alckmin, que não tem condições para negociar um contrato de aluguel em Pindamonhangaba. Será que num país de 200 milhões de habitantes não existe ninguém melhor para esse serviço?


É um passeio ao acaso — uma coisa amadora, subdesenvolvida e desconexa. E se os negociadores americanos, caso Alckmin consiga passar do sub do sub, descobrirem que ele disse que o seu chefe, em cujo nome está negociando, queria ser presidente para voltar “à cena do crime”? Eis aí o exato grau de seriedade do governo Lula nessa história: criou uma briga na qual não tinha nada a ganhar, que não tem nenhuma possibilidade de levar adiante e da qual agora não sabe sair. Está como o pobre orgulhoso que não tem dinheiro para brigar nem na Justiça gratuita, mas “exige” os seus “direitos”. Acaba pedindo acordo.


Lula começou com a sua palhaçada de sempre — a idade, infelizmente, não tem melhorado sua criatividade. A taxação de 50% sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos, anunciada por Donald Trump em reação ao linchamento legal do ex-presidente Bolsonaro, foi recebida com furiosos juramentos em favor da “soberania do Brasil”. O tarifaço era “inaceitável” — como se tivesse cacife para aceitar ou não alguma coisa. Disse que o Brasil iria “retaliar”. Garantiu que “não abria mão da reciprocidade”. Exigiu que Trump falasse “manso” com ele.


Lula proclamou mais uma vez sua total “solidariedade” à perseguição do STF a Bolsonaro. Falou em “traição à pátria”. Denunciou de novo o “fascismo” de Trump. “Vou vender os nossos produtos em outros lugares”, ameaçou, como se ele fosse capaz de vender alguma coisa ou houvesse uma lista de clientes à espera das suas ofertas. Fez reuniões. Veio com umas ameaças moles de anular patentes americanas, como um país pirata, ou aumentar a taxação sobre as remessas de lucros das empresas americanas que operam no Brasil. Daí não passou.


Seria a mais notável realização de Lula em seus três governos — fazer empresas americanas saírem do Brasil, em vez de entrarem. É pura e simples criação de problema onde há solução. Operam hoje no Brasil cerca de 4,5 mil empresas americanas, com investimento aproximado de US$ 350 bilhões e empregos para 500 mil brasileiros — em geral, nas faixas mais altas da escala de remuneração. É esse o inimigo a ser hostilizado? Onde Lula vai arrumar investimentos de US$ 350 bi para substituir os americanos? Na Venezuela da Refinaria Abreu e Lima?


Não há nenhum problema no Brasil, de nenhuma natureza, que seja causado pela presença de empresas americanas em nossa economia. É exatamente o contrário — até no PT há gente que entende que é bom haver empresas dos Estados Unidos investindo, criando empregos e pagando impostos no Brasil. O que se ganha então mexendo com isso? É o que um país arruma com brigas em que não deveria se meter: resultados que ninguém queria e nunca foram um objetivo do governo. Lula e Janja querem o fim do capitalismo, é claro. Mas não hoje, certo?


Naturalmente, nada disso foi feito; na verdade, toda a reação do Brasil a Trump, no mundo dos fatos concretos, foi até agora um zero absoluto. Falaram, falaram e falaram, mas fazer alguma coisa, que é bom, nada. Lula diz, como se ele fosse o procurador-geral do Universo, que não aconteceu nada até agora porque ele, Lula, ainda não fez nada. Na hora em que fizer, segundo garante, as coisas passarão a existir. Só a mídia engole isso. Diz que ele joga uma partida de xadrez altamente complexa — tão complexa que ninguém entendeu.


Não há xadrez nenhum; não há nem o dominó da quebrada. O que há mesmo é o boçal-raiz que foi procurar briga na boate, encontrou e agora foge para trás do leão de chácara gritando “me segura, me segura que eu sou capaz de fazer alguma loucura”. Que coisas vão “começar a acontecer”, como diz Lula? Coisas nenhumas. Não há um único e escasso parafuso que o Brasil tenha e de que os Estados Unidos realmente precisem; em compensação, sem os americanos o Brasil está num mato sem cachorro. Lula e a gatarrada gorda de Brasília, na sua ignorância terminal, não têm ideia de quanto os Estados Unidos podem machucar a todos nós.


O único lugar em que Lula está fazendo sucesso é na Globo e no resto da mídia oficial, embora não se saiba ainda por quanto tempo. A visão, ali, é de que nada poderia ter acontecido de tão bom para o governo e o STF quanto as tarifas de 50% impostas por Trump. O Brasil, que vinha detestando Lula, o seu filme-catástrofe e o desvario totalitário do Supremo, passou a amar — o povo brasileiro, pelo veredito da imprensa, obviamente se uniu contra Trump, a “intervenção estrangeira” e a ameaça à soberania nacional. Lula é o favorito para 2026. Bolsonaro, os golpistas e a direita são traidores.


Nem o PT, possivelmente, acredita nessas miragens, mas até agora a mídia é tudo o que Lula conseguiu em sua Terceira Guerra Mundial. Nenhuma democracia se deu até agora o trabalho de ficar a favor do Brasil — não para valer. Não houve uma única manifestação de rua, tipo “fora ianques”, em nenhum lugar do território nacional. Num país em que não controla nem 20% do Congresso, o governo não tem bala para escolher a maior potência mundial como inimiga. Nem o precioso Brics de Lula, salvo a ladroagem sul-africana, se animou a ajudar. Ao contrário, a Rússia disse que não foi ela quem veio com a ideia do fim do dólar. Nem eu, disse a China. Ambas apontaram para Lula.


Também não é do STF que o governo pode esperar ajuda — justo agora, quando mais precisa. Alexandre de Moraes, a quem se deve toda essa situação intragável, faz o oposto do que se espera para quem gostaria de acalmar as coisas. Acalmar como, se ele não perde nenhuma oportunidade de agredir cada vez mais os americanos? Em seu surto de tolerância zero com qualquer risco de pacificação, Moraes acaba de algemar o ex-presidente com uma tornozeleira de criminoso. Bolsonaro está proibido de se mover. Tem de ficar trancado em casa durante a noite. Não pode chegar perto de nenhuma autoridade estrangeira.


Também está proibido de usar as redes sociais, ou mesmo de aparecer nelas. Está proibido de dar entrevistas. O Maníaco do Parque pode dar; ele, não. Está proibido de falar com o próprio filho. Ficamos assim, então. Os Estados Unidos justificam sua punição tarifária ao Brasil com a perseguição judicial a Bolsonaro; aí vem o ministro Moraes e faz questão de dizer: “Vou perseguir mais ainda. Vai encarar?” Com essas, outras e as que ainda virão, Lula fica mais vendido que pastel de feira na hora em que cai no óleo de fritar.


Foi ele quem começou, com suas ideias de liderar o mundo contra os Estados Unidos e, neste ano, contra Donald Trump? Foi. Ele permitiu que navios do governo terrorista do Irã atracassem no Rio de Janeiro. Quer romper com Israel, a quem acusa de “genocídio”. Insulta os americanos. Propõe acabar com o dólar como moeda líder do comércio. É o amigo número 1 de todas as ditaduras. Mas nunca foi levado a sério a ponto de criar uma crise. Alexandre de Moraes, não. Ele deformou o Estado brasileiro a tal ponto que chamou, enfim, a atenção dos Estados Unidos.


O governo está condenado, ou condenou a si próprio, a dar apoio integral a Moraes e ao STF — façam o que fizerem, tem de ficar a favor. Que “negociação”, como Lula diz, pode sair de uma charada dessas? Moraes prende Bolsonaro na hora que quiser; pode prender o Arcanjo Gabriel, se lhe der na telha. Se quiser romper relações com os Estados Unidos, ele faz o governo romper. Se quiser guerra, vai jogar o Brasil na guerra. É o preço que Lula está pagando por ter vendido a alma ao STF.

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: A novela ainda não acabou*


Além da reação do STF, investidor acompanha PCE e balanços de Ambev, Vale, Amazon e Apple


… Teve festa no after market em NY. Depois dos balanços da noite de ontem: o ADR do Bradesco saltou 1,81%, enquanto os papéis da Meta (+11,49%) e Microsoft (+8,28%) precificaram no rali a forte demanda por serviços de IA, contratando gap de otimismo na abertura. Hoje é a vez de Vale, Apple e Amazon, todas depois do fechamento. Ainda na agenda do dia, saem por aqui o resultado primário do setor público consolidado em junho (8h30) e o desemprego da Pnad (9h). Nos EUA, a inflação do PCE de junho, às 9h30, vem no day after de o Fed ter deixado setembro em aberto, enquanto o Copom fez de tudo para o mercado não antecipar um corte da Selic, mencionando de forma explícita o tarifaço. Apesar da lista de exceções ao Brasil, o chumbo trocado entre Trump e o Brasil não termina aqui.


BRUXA À SOLTA – Cumprindo as ameaças, o republicano assinou ordem executiva para implementar tarifa adicional de 40% sobre os produtos importados do Brasil. Somada aos 10% anunciados em abril, a sobretaxa atinge 50%.


… O prazo para o início da aplicação da tarifação extra sobre os produtos brasileiros foi adiado de amanhã para daqui a uma semana, dia 6 de agosto. A melhor notícia foi a lista extensa de produtos que ficarão isentos dessa taxa.


… O governo de Washington resolveu poupar 694 itens, como aeronaves civis e peças (bom para Embraer), minério, petróleo, celulose, suco de laranja, fertilizantes e gases industriais. Café e carne não escaparam (ruim para o agro).


… As exceções livraram quase metade dos principais itens da pauta de exportações do Brasil para os EUA, o que deve reduzir o impacto negativo do tarifaço sobre o crescimento econômico e as previsões do mercado ao PIB doméstico.


… Tudo isso seria um alívio e é mesmo. Mas a confirmação de que Trump continua obcecado em fazer dessa guerra comercial um instrumento de retaliação política assusta e expõe a intenção de esticar a corda sabe-se lá até quando.


… Assim como na carta tarifária, o decreto do presidente americano contra o Brasil vinculou as ações da Casa Branca ao julgamento contra Bolsonaro, citando que o País promove “perseguição” e “censura” contra o ex-presidente.


… Moraes foi citado no texto como responsável por “ameaçar, perseguir e intimidar milhares de seus opositores políticos, proteger aliados corruptos e suprimir dissidências, em coordenação com outros membros do STF”.


… Trump cobrou que o governo brasileiro tome ações contra o ministro do Supremo para rever a taxação.


… Horas antes do decreto do tarifaço, Washinton aplicou sanções financeiras a Alexandre de Moraes por meio da Lei Magnitsky, usada contra ditadores e terroristas. Lula chamou reunião de emergência contra os ataques à soberania.


… À noite, em nota, a Presidência da República condenou a “inaceitável” interferência do governo americano na Justiça brasileira, disse estar disposto a negociar só aspectos comerciais e se solidarizou com Alexandre de Moraes.


… Ainda considerou “injustificável” o uso de argumentos políticos para validar as medidas comerciais anunciadas.


… Em recado às big techs, o texto informou que, “no Brasil, a lei é para todos os cidadãos e empresas. Qualquer atividade que afete a população e a democracia está sujeita a normas. Não é diferente para as plataformas digitais.”


… Foi uma resposta ao trecho do decreto de Trump, em que ele exibiu sua insatisfação com política de moderação pelo Brasil de conteúdo, práticas de fiscalização ou algoritmos que, na sua visão, censuraram cidadãos americanos.


… Também a PGR divulgou nota, informando que recebeu com “assombro” a notícia sobre a imposição de sanções.


… Ainda os presidentes da Câmara e do Senado reagiram. Hugo Motta condenou qualquer tipo de sanção por parte de nações estrangeiras e Alcolumbre defendeu a soberania brasileira e o fortalecimento das instituições.


O TROCO – Fontes do Globo informam que os ministros do STF preparam reação para a sessão de reabertura do Judiciário, amanhã, depois das sanções de Trump. A resposta, avaliam, precisa ter um tom institucional.


… A prioridade é reiterar a defesa da independência do Judiciário brasileiro e da soberania nacional.


… Em nota, o Supremo informou que não se desviará do papel de cumprir a Constituição e as leis do País e esclareceu que as sanções econômicas contra Alexandre de Moraes não vão afetar o julgamento da trama golpista.


… Advogados com trânsito na Corte ouvidos pela Coluna do Estadão disseram que a investida de Trump contra Moraes pode acelerar o julgamento de Bolsonaro no STF, com chance de o processo ser concluído no fim de agosto.


… Antes, a expectativa era de que o destino do ex-presidente fosse definido apenas na metade de setembro.


… Em off, ministros do STF disseram ao Valor que a sanção contra Moraes “atende ao comando” das big techs.


… Em junho, o Supremo definiu uma série de regras mais duras, aumentando a chance de punição das plataformas por publicações de usuários exclusão de conteúdos criminosos sem a necessidade de decisão judicial.


BRASIL FOI O PIOR – Trump anunciou que a Coreia do Sul tomou 15% e disse que ainda está negociando com o governo da Índia, após ter anunciado mais cedo que imporiam uma tarifa de 25% sobre produtos importados do país.


… Afirmou ainda que a intenção do Canadá em reconhecer o Estado da Palestina tornará as negociações mais difíceis.


… O presidente norte-americano informou ainda que concluiu um acordo com o Paquistão para trabalhar em parceria com os Estados Unidos no desenvolvimento de suas “enormes reservas de petróleo”.


VALE – Deve divulgar balanço mais fraco no segundo trimestre. Para analistas no Broadcast, o aumento da produção não conseguiu compensar o recuo das vendas e dos preços no período, comprometendo o resultado trimestral.


… O lucro líquido deve ficar em US$ 1,5 bilhão, o que representa redução de 45,3% contra o período de abril a junho de 2024. Já o Ebitda proforma deve totalizar US$ 3,2 bilhões, com retração de 18,6% na mesma base de comparação.


… A média das projeções prevê receita líquida de US$ 8,8 bilhões, recuo de 11,2% comparado a um ano antes.


… Em NY, antes da abertura dos negócios, a Mastercard divulga o seu resultado do segundo trimestre.


AFTER MARKET – Mark Zuckerberg atribuiu, em teleconferência, o forte desempenho da Meta no segundo trimestre à Inteligência Artificial, “que está desbloqueando maior eficiência e ganhos em nosso sistema de anúncios”.


… A dona do Facebook registrou lucro por ação de US$ 7,14 e superou de longe o consenso dos analistas de US$ 5,88. O lucro líquido foi de 18,34 bilhões. A receita de US$ 47,5 bi também veio acima do esperado (US$ 44,8 bi).


… Também a Microsoft trouxe euforia ao pregão estendido, depois de reportar lucro ajustado de US$ 3,65 por ação, melhor do que a estimativa de US$ 3,37, e receita de US$ 76,4 bilhões, maior do que a aposta de US$ 73,9 bilhões.


COPOM DURO NA QUEDA – Sem qualquer concessão para o mercado especular com o início no curto prazo do ciclo de queda da Selic, a mensagem do BC veio tão cautelosa quanto já se imaginava. Ou até ainda mais conservadora.


… O único ponto dovish foi admitir “certa moderação” no ritmo da atividade econômica. De resto, alertou que o mercado de trabalho continua apresentando dinamismo e ignorou a queda nas expectativas de inflação no Focus.


… Além disso, fez menção direta ao tarifaço e descreveu o cenário exterior como “mais adverso e incerto”, para reforçar a necessidade de “particular cautela” e necessidade de juro a 15% por período bastante prolongado.


… A economista-chefe do PicPay, Ariane Benedito, definiu o comunicado do Copom como “neutro com viés hawkish”, na tentativa do BC de alertar que a pausa atual nos juros não deve ser interpretada como sinal de alívio.


MAIS AGENDA – Depois de o Copom ter destacado que a política monetária restritiva ainda não foi suficiente para esfriar o mercado de trabalho, a Pnad deve reforçar hoje (9h) que o ritmo da mão de obra continua aquecido.


… Impulsionada pela atividade doméstica ainda forte, a taxa de desemprego no trimestre até junho deve registrar mais uma queda, a terceira consecutiva, para 6% na mediana do Broadcast, contra 6,2% na leitura móvel até maio.


… O intervalo das projeções entre os analistas do mercado financeiro varia de 5,8% a 6,2%.


… Também o fiscal estará no foco. O setor público consolidado deve registrar déficit primário de R$ 41 bilhões em junho, após saldo negativo de R$ 33,74 bi em maio. As estimativas são todas deficitárias, de R$ 46,6 bi a R$ 32,2 bi.


… Alckmin, que liderou a negociação do tarifaço, participa ao vivo do programa da Ana Maria Braga, às 10h35.


DESCONTINGENCIAMENTO – O governo detalhou ontem os valores do relatório bimestral de receitas e despesas.


… Dentro do montante total de R$ 20,7 bilhões descontingenciados pelo governo federal no Orçamento de 2025, foram descongelados R$ 4,7 bilhões em emendas parlamentares e R$ 15,896 bilhões para despesas discricionárias.


… Por outro lado, ainda restam R$ 10,7 bilhões bloqueados para garantir o cumprimento do limite de gastos.


… O governo manteve as medidas de restrição refletidas no faseamento dos limites de empenho dos órgãos, que limitam o empenho em R$ 52,8 bilhões até setembro para garantir o cumprimento da meta fiscal e o arcabouço.


QUANDO SETEMBRO CHEGAR – Sem se dobrar à pressão e à urgência de Trump por corte nos juros, Powell disse que o Fed ainda não decidiu o que fará na próxima reunião, esvaziando o peso do placar rachado de ontem.


… Seguindo à risca o script, Christopher Waller (cotado para a sucessão do comando do Fed) e a ex-falcoa Michelle Bowman optaram por uma redução imediata de 25 pontos-base da taxa básica, mas foram voto vencido.


… Powell esclareceu que o Fed não decide nada com antecedência, que precisa de mais evidências de fraqueza do mercado de trabalho (tem payroll amanhã) e mais clareza do impacto tarifário na inflação para mudar de estratégia.


PCE NO FOCO – Medida inflacionária predileta do Fed, o dado deve acelerar na margem e na base anualizada. A previsão é de 0,2% em junho, contra 0,1% em maio, e de 2,5% na comparação anual, contra 2,3% na leitura anterior.


… Ainda nos EUA, saem o auxílio-desemprego (9h30), que tem previsão de alta de 8 mil pedidos, para 225 mil, e o PMI industrial de julho medido pelo ISM de Chicago (10h45), com expectativa de melhora para 42,5, de 40,4 (junho).


… Os BCs da África do Sul (10h) e da Colômbia (15h) divulgam as suas decisões de monetária.      


CHINA HOJE – O PMI industrial oficial mostrou contração (abaixo de 50) pelo 4º mês seguido. Caiu de 49,7 (junho) para 49,3 (julho), frustrando a previsão de 49,5. O PMI de serviços recuou para 50,1, de 50,5 (aposta era de 50,2).


… Hoje à noite (22h45), o mesmo indicador, mas agora medido pelo setor privado, será divulgado pela S&P Global.


JAPÃO HOJE – Em decisão unânime, o BoJ manteve a taxa básica de juros em 0,5% ao ano pela quarta vez seguida, mas elevou a projeção para a inflação, o que pode reforçar apostas no mercado de aperto monetário em outubro.


… A estimativa para o núcleo do CPI este ano foi elevada de 2,2% para 2,7% e, em 2026, de 1,7% para 1,8%.


SAIU BARATO – Tudo parecia caminhar para um fim trágico, com o tarifaço dos EUA pegando setores importantes da economia brasileira, quando veio a ordem executiva de Trump, com várias exceções à alíquota de 50%.


… Foi a senha para o Ibovespa sair do vermelho e voltar aos 133 mil pontos, puxado pela alta de dois dígitos de Embraer, que liderou os ganhos do dia.


… Nem tudo foram flores, porém. Dólar e juros subiram após o Fed ignorar Donald Trump e manter os juros, e Jerome Powell ainda cutucar a ferida com uma postura ainda mais conservadora.


… O forte desempenho da economia americana no 2Tri também pesou nesses ativos, mas eles fecharam longe das máximas do dia.


… Em alta de 0,95%, o Ibovespa terminou em 133.989,74 pontos, com giro de R$ 22,7 bilhões e apenas 11 papéis, dos 84 do índice, no negativo.


… Com alta de 10,93% (R$ 76,25), Embraer comemorou a decisão dos EUA, seu maior mercado, de livrar aeronaves civis brasileiras e seus componentes da subida de tarifas de importação.


… No Valor, a empresa disse que vai continuar a brigar pela volta da alíquota zero para seus produtos. A companhia continua afetada pela alíquota de 10% em vigor desde 2 de abril.


… Ainda entre as altas, Petrobras ON subiu 1,12% (R$ 35,99) e PN avançou 1,02% (R$ 32,77), mais uma vez seguindo o avanço do Brent/set, de 1,10%, a US$ 72,47 por barril.


… Ameaças de sanções dos EUA à Rússia e o inesperado aumento dos estoques americanos da commodity na semana passada, de 7,7 milhões de barris, valorizaram a commodity.


… Na ponta negativa, Engie liderou com -2,39% (R$ 40,81), seguida de RD Saúde (-2,17%; R$ 13,55) e Bradespar (-1,85%; R$ 15,90).


… Vale teve a quarta maior queda, com -1,79% (R$ 53,84), reagindo à baixa de 0,44% do minério em Dalian.


… Notícia da coluna de Lauro Jardim, em O Globo, ontem, deu conta que os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) iniciaram articulação para alterar o conselho de administração da mineradora.


… O objetivo é tirar Daniel Stieler, presidente do colegiado, e João Fukunaga, presidente da Previ, do conselho.


… Não é a primeira vez que o atual governo busca mudanças na Vale. No ano passado, tentou indicar Guido Mantega para uma vaga no conselho.


… Ainda no Ibovespa, entre os bancos, Bradesco ON subiu 1,43% (R$ 13,46) e PN avançou 1,62% (R$15,66) antes da divulgação do balanço, após o fechamento.


… Santander, que divulgou números trimestrais pela manhã, subiu 0,87%, a R$ 26,60. Itaú avançou 0,87% (R$ 31,25) e Banco do Brasil foi na contramão com queda de 0,25% (R$ 19,90).


HAJA PACIÊNCIA – Real e juros até tentaram seguir o caminho do Ibov, mas o peso de NY foi mais forte.


… Com rendimentos dos Treasuries e dólar reagindo aos bons dados da economia dos EUA e à postura agressiva de Powell, não teve jeito de os similares domésticos saírem ganhando.


… A primeira leitura do PIB americano do segundo trimestre veio bem acima (3%) do esperado (2,3%) e os dados da ADP de emprego no setor privado também surpreenderam com 104 mil contratações, ante 64 mil esperadas.


… À tarde, mais bomba. Powell baixou a bola de quem esperava algum sinal de corte de juro em setembro.


… Mais uma vez, disse que é preciso paciência diante de um mercado de trabalho ainda forte, uma inflação acima da meta e os impactos ainda incertos da política tarifária de Trump nos preços ao consumidor.


… De certa forma, ele minimizou os dois votos dissidentes no Fomc, de Michelle Bowman e Christopher Waller, ao adotar postura mais conservadora. Foi a primeira vez desde 1993 que uma reunião do Fed teve dois votos contrários.


… Os ativos reagiram especialmente quando Powell disse ser cedo para dizer que há chance de cortar juro em setembro, observando que a política monetária está só “moderadamente restritiva”, sem prejudicar a economia.


… Powell reiterou várias vezes que o Fed depende de dados e que, até setembro, muita água vai rolar, já que ainda serão divulgados dois payroll e dois PCE (um deles hoje), números fundamentais para a decisão sobre os juros.


… Depois da coletiva de imprensa, a ferramenta do CME Group indicava 55,0% de chance de a taxa básica permanecer inalterada em setembro, enquanto a aposta por redução de 25 pontos-base no período era de 45,0%.


… Antes das falas do presidente do Fed, o risco de o juro seguir no nível atual era de 34,9%, enquanto a aposta de redução de 25 pb era de 63,7%.


… “Powell reiterou a postura de esperar para ver do Fed”, disse Priya Misra, do JPMorgan Investment Management, à BBG. Ele “minimizou as dissidências (de Waller e Bowman) e afirmou que o debate na reunião do Fed foi robusto”.


… Já perto de voltar aos 100 pontos, o índice DXY disparou 0,94%, a 99,815 pontos. O euro caiu a US$ 1,1427, a libra recuou a US$ 1,3247 e o dólar subiu a 149,40 ienes.


… Por aqui, depois de bater nos R$ 5,63 – logo após Trump anunciar a sanção contra Alexandre de Moraes – o dólar arrefeceu com a notícia das exceções ao tarifaço, mas ainda fechou com alta de 0,35%, a R$ 5,5892.


… No Broadcast, o economista-chefe da Monte Bravo, Luciano Costa, disse que o maior fator para a alta do dólar ante o real no fim do pregão foi o “efeito Powell”, enfatizando que como o DXY está “subindo muito”.


… Os DIs foram pelo mesmo caminho. Acompanharam os Treasuries depois dados do PIB, da ADP e da postura hawkish de Powell.


… Os vencimentos curtos seguiram estáveis, na expectativa de que a decisão do Copom não traria novidades, reafirmando a manutenção da Selic em 15% por “longo período”, o que de fato aconteceu.


…  No fechamento, o DI para janeiro de 2026 marcava 14,915% (de 14,913% no ajuste anterior); Jan/27 subiu a 14,225% (de 14,151%); Jan/29, a 13,415% (de 13,368%); Jan/31, 13,640% (13,611%); e Jan/33, 13,760% (13,734%). 


… Em NY, o juro da T-Note de 2 anos foi a 3,949%, de 3,875% na sessão anterior, e o da T-Note de 10 anos avançou a 4,373%, de 4,326%. O do T-Bond de 30 anos foi a 4,899%, de 4,860%.


… Nas bolsas, o índice Dow Jones caiu 0,38%, aos 44.461,28 pontos. O S&P 500 recuou 0,12%, aos 6.362,92 pontos. O Nasdaq subiu 0,15%, aos 21.129,67 pontos.


… Apple (-1,04%), Amazon (-0,33%) e Mastercard (-0,72%), que divulgam balanços hoje, ficaram no vermelho.


COMPANHIAS ABERTAS NO FOCO… BRADESCO teve lucro líquido recorrente de R$ 6,067 bilhões no segundo trimestre, alta de 28,6% na comparação anual e dentro das estimativas dos analistas do mercado financeiro…


… Receita total atingiu R$ 34 bilhões, aumento de 15,1%, e carteira de crédito expandida cresceu 11,7%, para R$ 1,018 trilhão.


TIM registrou lucro líquido normalizado de R$ 976 milhões no 2º trimestre, alta de 15% em relação ao mesmo período de 2024; Ebitda normalizado somou R$ 3,35 bilhões, crescimento de 6,3% na comparação anual…


… Conselho de Administração elegeu Vicente de Moraes Ferreira como diretor de relações com investidores, em substituição a Alberto Mario Griselli, que ocupava o cargo interinamente; Ferreira tomará posse amanhã.


ECORODOVIAS registrou lucro líquido de R$ 203,9 milhões no 2º trimestre, queda de 23,9% na comparação anual; Ebitda somou R$ 1,33 bilhão, avanço de 19,9% em relação ao mesmo período de 2024…


… Empresa aprovou a distribuição de R$ 214,7 milhões em dividendos, o equivalente a R$ 0,3086 por ação, com pagamento a partir de 29/8; ex em 5/8.


MOTIVA aprovou a distribuição de dividendos intermediários no valor total de R$ 360,5 milhões, o equivalente a R$ 0,1793 por ação, com pagamento em 15/8; ex em 6/8.


HAPVIDA anunciou seu plano de expansão no Rio de Janeiro, que envolve um investimento de R$ 380 milhões na construção de um hospital de alta complexidade, além de unidades de pronto atendimento e clínicas. (Brazil Journal)

Produtividade é a saída

  O mundo está girando (e rápido): o Brasil vai acompanhar ou ficar para trás? 🌎🇧🇷 Acabei de ler uma análise excelente de Marcello Estevã...