sexta-feira, 6 de junho de 2025

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: O mais relevante das últimas horas foi o cariz extremamente divertido do divórcio/duelo entre Musk e Trump. O universo conhecido é pequeno para estes dois egos. Ontem, Tesla -14% após a troca de repreensões, arrastando consigo uma parte da tecnologia, incluindo Broadcom (-4% aftermarket), que cumpriu com resultados e guias, embora talvez se esperasse uma orientação um pouco melhor nas margens. 


Ontem, o BCE baixou os -25 p.b. esperados até 2,00%/2,15%, revendo muito timidamente em baixa as suas estimativas macro e, principalmente, transmitindo a impressão de que são menos prováveis futuras descidas de taxas de juros.


Esta madrugada, a Índia baixou -50 p.b. vs. -25 p.b. esperados, até 5,50%, reduzindo também por surpresa o coeficiente de caixa dos seus bancos desde 4% até 3%. Continuamos a pensar que a Índia é o único emergente que devemos recomendar e parece que a evolução das circunstâncias favorece esta ideia.


EUA/China Trump/Xi Jing Ping falaram e transmitem comentários cordiais, mas sem nenhuma conclusão e com mais vontade de pacificação por parte de Trump. Mas isso não significa nada, porque se hoje, sexta-feira, estiver em “modo ira” devido ao seu duelo com Musk, pode ser que diga qualquer coisa sobre China.


HOJE, os futuros americanos vêm um pouco melhor do que os europeus. Sobem ca. +2% enquanto os europeus retrocedem ligeiramente. Às 10 h, saem Vendas a Retalho na UE, que se esperam +1,3% vs. +1,5% anterior. Mas, principalmente, o emprego americano às 13:30 h: Criação de Emprego Não Agrícola +130k vs. +177k anterior, ídem Privado +120k vs. +167k e com Taxa de Desemprego a repetir em +4,2%. Os resultados de criação de emprego começam a parecer fracos. 


O mercado está a perder vontade e impulso da liquidez proveniente dos EUA devido à relocalização geográfica de fundos. Na próxima semana, a inflação americana irá aumentar (quarta-feira, +2,5% vs. +2,3%; Subjacente +2,9% vs. +2,8%), o que pode indicar uma mudança de tendência que o mercado não tem descontada e sobre a qual temos vindo a insistir. Cuidado com este assunto.


CONCLUSÃO: Provável debilitamento de bolsas. Europa durante a manhã, mas pode ser que Nova Iorque também durante a tarde, se os resultados de emprego acrescentarem indícios de debilitamento, como parece provável depois de um Inquérito ADP fraco na quarta-feira (+37K vs. +114k esperado vs. +60k anterior) e um Desemprego Semanal um pouco elevado ontem (+247k vs. +235k vs. 239k). E a atenção começa a estar na inflação americana da próxima quarta-feira: não irá agradar comprovar que provavelmente irá aumentar. Por isso, a probabilidade de retrocesso é superior á de subida. O USD poderá tender a apreciar-se um pouco devido ao comentado sobre a inflação, mas não além de 1,14 (1,143 agora), e as obrigações apreciarem-se um pouco ao atuarem como refúgio preventivo.


S&P500 -0,5% Nq-100 -0,8% SOX -0,5% ES50 +0,1% IBEX +0,7% VIX 18,5% Bund 2,58% T-Note 4,40 Spread 2A-10A USA=+47pb B10A: ESP 3,16% PT 3,05% FRA 3,25% ITA 3,52% Euribor 12m 2,044% (fut.2,112%) USD 1,143 JPY 164,7 Ouro 3.363$ Brent 65,2$ WTI 63,2$ Bitcoin +2,7% (103.198$) Ether +2,7% (2.464$). 


FIM

BDM Matinal Riscala

 Bom Dia Mercado


 Sexta-feira, 6 de Junho de 2025


*PAYROLL DEFINE JURO NOS EUA*

​Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*


… O investidor deve decidir hoje se sairá para o fim de semana comprado ou vendido nas medidas fiscais para substituir o IOF, que devem ser apresentadas no domingo pela Fazenda aos líderes do Congresso. O mercado está mais cético do que otimista. Mas há espaço tanto para decepções maiores como para uma reação positiva, se vier pelo menos uma boa proposta estrutural. Na agenda da 6ªF, o IGP-DI traz forte deflação, enquanto diretores do BC reúnem-se com economistas para discutir as apostas em nova alta da Selic. Nos EUA, entre os afagos de Trump a Xi Jinping e ataques a Musk, o payroll de maio (9h30) deve ser decisivo para definir as próximas decisões para o juro. A estimativa já é de desaceleração na criação de empregos, mas um resultado pior pode reforçar as expectativas de corte em julho.


… Na ferramenta do CME FedWatch, a precificação para o Fomc do dia 18 aponta de forma praticamente unânime para a estabilidade da taxa no intervalo entre 4,25% e 4,5%, mas para julho (30) as chances de uma queda de 25pbs estavam em 31,6% no final do dia.


… Os indicadores mais fracos da atividade e do mercado de trabalho, em especial, da pesquisa ADP nesta semana, deram o start para que fosse recuperada a esperança de uma ação antecipada do Fed, embora os dirigentes não tenham abandonado o discurso de cautela.


… Nesta 5ªF, Jeffrey Schmid disse estar desconfortável com o possível efeito inflacionário das tarifas. Patrick Harker, que o processo lento de desinflação já é motivo para manter a política monetária estável. E Adriana Kugler, que continua apoiando a manutenção da taxa.


… Mas o mercado acredita que essa mensagem poderá mudar com uma forte deterioração do emprego.


… Para o relatório de hoje, os analistas esperam que a economia tenha criado 125 mil vagas em maio, segundo pesquisa do Broadcast. As projeções captadas com 26 casas oscilam de 95 mil a 181 mil, representando um recuo frente a abril (+177 mil).


… A mediana para o salário médio é de avanço para 0,30% (de 0,17%), enquanto a taxa de desemprego deve se manter em 4,3%.


… É consenso no mercado que a desaceleração do emprego seja resultado do congelamento das contratações pelo governo federal e seus esforços para reduzir o quadro do funcionalismo. O mercado de trabalho ainda tem sido mantido pelo setor privado.


… Além da pesquisa da ADP, que derrubou a geração de vagas para apenas 37 mil, ante previsão de +130 mil, também os dados semanais dos pedidos iniciais do auxílio-desemprego tem aumentado, sinalizando que as demissões estão ocorrendo em ritmo mais rápido.


… O payroll, portanto, tem grande potencial de mexer com as expectativas e os negócios.


IGP-DI – A mediana das estimativas do mercado indica recuo de 0,69% para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de maio, após alta de 0,30% na leitura de abril. As previsões variam de -0,90% a -0,41%. O dado será divulgado às 8h.


… A deflação é explicada pelo recuo dos preços agropecuários e retração intensa dos produtos industriais, mas não será relevante para as novas apostas surgidas nessa última semana na curva de juros, que voltou a projetar uma Selic de 15% (leia abaixo).


O MERCADO E O BC – Hoje, em reuniões de diretores do BC (Nilton David, Paulo Picchetti e Izabela Correa) com economistas do mercado, a expectativa é de que as preocupações com o emprego e a atividade fortes sejam avaliadas para justificar um ajuste adicional.


… Além disso, a piora da percepção fiscal em meio ao imbróglio do IOF deve ser tema garantido.


… O mercado não só reagiu mal ao aumento do IOF – tanto que conseguiu o recuo sobre investimentos no exterior horas depois – como também se surpreendeu com os confrontos abertos que se sucederam entre a Fazenda e o Congresso.


… No afã de defender as medidas, o ministro Haddad assumiu uma retórica que acabou ampliando a gravidade das finanças públicas.


… As pressões dos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, David Alcolumbre, por propostas estruturais em substituição ao IOF conseguiram arrancar algum entusiasmo inicial, que logo deu lugar a desconfianças e ao ceticismo.


S&P GLOBAL – Nesta 5ªF, após manter o rating BB do Brasil e a perspectiva estável da nota, a agência de classificação de risco avaliou que ações para ampliar a resiliência das contas públicas não devem ocorrer no Brasil antes das eleições de 2026.


… “Embora os setores público e privado estejam debatendo ativamente o Orçamento (…), à medida que o Brasil se aproxima das eleições de 2026, não esperamos a aprovação de políticas que fortaleçam significativamente o perfil fiscal do País.”


… A S&P lembra que, na Constituição brasileira, é necessário amplo consenso do espectro político para aprovar mudanças significativas e arrisca-se a prever que, “com o tempo, não antes das eleições presidenciais, haverá iniciativas para combater o fraco perfil fiscal”.


… Em uma análise que praticamente enterra as chances de o País recuperar o investment grade no governo Lula, a S&P Global avalia que, para o rating do Brasil aumentar, serão necessárias políticas que elevem os superávits primários e reduzam a rigidez orçamentária.


… A agência, contudo, diz que esse não é o seu cenário-base e alerta que a nota brasileira pode ser reduzida nos próximos dois anos se a implementação de políticas não conseguir conter a pressão sobre os gastos e levar a um aumento mais rápido da dívida.


SAÚDE E EDUCAÇÃO – Uma das medidas cogitadas nos bastidores para substituir o IOF, a revisão dos pisos constitucionais de saúde e da educação, “não é pauta” para a atual gestão, disse a ministra da Gestão, Esther Dweck, nesta 5ªF.


… Segundo ela, essa proposta não teria impacto fiscal relevante no curto prazo e, por isso, não há interesse do governo.


… A ministra fez o comentário em conversa com jornalistas após sua participação em evento da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), em Brasília. Esther Dweck também descartou uma discussão sobre a reforma administrativa.


CAPTAÇÕES – Apesar da imprevisibilidade de Trump, a Coluna do Broadcast apurou queas emissões do Brasil no exterior no acumulado do ano já somam US$ 15,5 bilhões, volume superior ao de US$ 11,8 bi em igual período/24.


… Em entrevista à Bloomberg, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, disse que o Brasil deve fazer novas captações este ano, após a emissão desta semana de US$ 2,75 bilhões de títulos em dólar com vencimento para 2030 e 2035.


… Ele antecipou que o País avalia emitir “panda bonds” (denominadas em yuan), como estratégia para diversificar o perfil da dívida e, ao mesmo tempo, dar uma referência para empresas que querem fazer operações semelhantes.


DE FÉRIAS – O Diário Oficial da União publicou o período de férias de Haddad, antecipado para a semana de 16 a 22 de junho.


… Hoje, o ministro da Fazenda participa (10h30), em São Paulo, do Congresso Brasileiro de Direito Tributário do Instituto Internacional de Direito Público e Empresarial (IDEPE). Este é o único compromisso que consta na agenda oficial do ministro.


… Às 16h30, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, falará sobre política econômica no Fórum Esfera, no Guarujá.


MAIS AGENDA – O resultado final do PIB/1Tri na Zona do Euro abre o dia dos mercados na Europa (6h). Na segunda preliminar, a economia cresceu 0,3%, abaixo da previsão de +0,4%.


… O crescimento foi sustentado pela demanda mais forte, queda da inflação, empréstimos menores e pelo otimismo após a decisão da Alemanha de flexibilizar as restrições fiscais. 


… Às 7h30, o BC da Rússia anuncia decisão de política monetária; juro deve ser mantido em 21%.


… Nos EUA, a vice-presidente de Supervisão do Fed, Michelle Bowman, discursa em evento (11h).


… Às 14h, a Baker Hughes divulga poços e plataformas de petróleo em operação; às 16h, saem os dados do crédito ao consumidor em abril.


NÃO TEM APOSTA DE GRAÇA – Em uma dessas reviravoltas inesperadas de última hora, virou minoritária a chance de pausa no ciclo de alta da Selic no Copom deste mês, que até semana passada era dada como praticamente certa.


… Recolocando no radar a precificação de Selic a 15%, o placar das apostas está agora em 72% para um aperto de 0,25pp, contra 28% de juro estável, segundo cálculos ao Broadcast do economista-chefe do Bmg, Flávio Serrano.


… O conservadorismo prospera a tal ponto, que surgiram ainda na curva a termo apostas de que o BC possa nem parar em junho, eventualmente cogitando uma elevação extra da taxa básica também na reunião de julho.


… Com o emprego bombando em abril, pelo que se confirmou nos resultados do Caged e da Pnad Contínua, Galípolo questionou, em evento na última 2ªF, se a taxa de juros já estaria em patamar suficientemente contracionista.


… O comentário deu início à recalibragem das apostas para a Selic, que têm ainda um outro fator em jogo:


… “Se a medida do IOF for revertida, uma nova alta de 0,25 ponto [da Selic] volta a ganhar probabilidade, em meio à atividade econômica forte e expectativas inflacionárias desancoradas”, comentou a XP Investimentos em relatório.


… A corretora elevou a projeção de crescimento do PIB deste ano (de 2,3% para 2,5%) e do ano que vem (de 1,5% para 1,7%), citando o mercado de trabalho doméstico aquecido e a resiliência nas concessões de crédito.


… Ainda segundo a XP, a liberação de saldos do FGTS, a ampliação do Minha Casa Minha Vida e o novo modelo de crédito consignado para trabalhadores do setor privado ainda não apareceram integralmente no ritmo do PIB.


… Diante do fôlego acelerado da economia, com o pleno emprego mantendo a renda elevada, o BV puxou fortemente a sua estimativa para o PIB de 2025 (de 1,7% para 2,3%) e de 2026 (de 0,5% para 1,5%).


… Na visão do banco, com novos estímulos fiscais e parafiscais sendo anunciados pelo governo e a provável ampliação dos programas de transferência de recursos, o quadro segue positivo para a atividade econômica.


… Do lado da inflação, o mercado vem promovendo uma onda de revisões em baixa para o ano: ontem, a XP baixou a previsão para o IPCA de 5,7% para 5,5% e o C6 Bank, de 5,5% para 5,3%. Mas seguem longe do teto da meta (4,5%).


… A desconfiança de que a Selic não vai parar em 14,75% disparou o DI: Jan/26, 14,910% (de 14,830% na véspera); Jan/27, 14,365% (de 14,210%); Jan/29, 13,790% (de 13,600%); e Jan/31, 13,930% (máxima do dia), contra 13,720%.


PORTA DE ENTRADA – Do ponto de vista do fluxo estrangeiro, a perspectiva de que o Copom siga em frente com o ciclo de aperto é promissora e ajudou a colocar o dólar ontem abaixo de R$ 5,60, o que não ocorria desde outubro.


… Outros gatilhos de queda vieram da fraqueza global da moeda americana, diante do telefonema entre Trump e Xi Jinping, que esfria a guerra de tarifas, e da pressão do mercado por corte de juro pelo Fed com os indicadores fracos.


… Aqui, o dólar fechou em queda de 1,08%, a R$ 5,5845. Lá fora, o índice DXY cedeu 0,5%, a 98,741 pontos. O destaque do dia ficou com o euro (+0,21%), a US$ 1,1440, com Lagarde (BCE) telegrafando o fim dos cortes de juros.


… Em coletiva de imprensa, ela mencionou várias vezes que, com a redução de 25pb promovida ontem (completando oito quedas consecutivas), as taxas estão bem posicionadas para lidar com o ambiente incerto.


… Apesar da cautela com as negociações comerciais entre EUA e Europa, com data marcada para daqui a praticamente um mês (dia 9/7), o BCE já parece se sentir à vontade para uma pausa na próxima reunião, em 24/7.


… Nestes tempos em que a dominância do dólar tem sido colocada em xeque, Lagarde reconheceu a chance de fortalecer a moeda europeia para assumir o posto de reserva global de valor. “Mas não será simples nem garantido.”


… A libra esterlina registrou valorização de 0,17% ontem, para US$ 1,3574, e o iene fechou negociado a 143,74/US$.


… Ao contrário do BCE, que já finaliza o seu ciclo de alívio dos juros, o Fed se prepara para começar a relaxar. A última rodada de indicadores fracos eleva o sentimento no investidor de que os EUA estão desacelerando para valer.  


… Um dia depois da pesquisa fraca da ADP, veio mais um sinalizador de que a saúde do mercado de trabalho americano não vai bem. Os pedidos de auxílio-desemprego subiram 8 mil, a 247 mil, superando o consenso (235 mil).


… Num primeiro momento, o dado derrubou os juros dos Treasuries, que depois conseguiram reverter a queda, quando o governo americano confirmou que Trump conversou durante 1h30 com Xi Jinping pelo telefone.


… A taxa da Note de 2 anos subiu a 3,929%, de 3,871% na véspera, e a de 10 anos avançou para 4,395%, de 4,360%.


… O apelo defensivo pelos títulos do Tesouro americano diminuiu depois do “excelente” diálogo com o presidente chinês, segundo Trump, alimentando nos mercados globais a perspectiva de normalização das relações comerciais.


… O presidente dos EUA informou que três integrantes do alto escalão – Bessent (Tesouro), Lutnick (Comércio) e o embaixador Greer – terão uma reunião agendada “em breve” com representantes de Pequim em local a ser definido.


VIRA-CASACA – No mesmo dia em que estreitou os laços com os chineses na longa conversa telefônica, Trump também ganhou os holofotes ontem ao protagonizar um bate-boca público com o seu ex-fiel aliado Elon Musk.


… O dono da Tesla foi ao X para criticar a “abominação repugnante” do plano orçamentário de Trump e conclamar o Senado a barrar o texto. Trump revidou, dizendo que a maneira mais fácil de economizar é cortar subsídios a Musk.


… A briga descambou, com Musk insinuando ligação de Trump com o escândalo sexual de Jeffrey Epstein.


… Atingida em cheio pela treta entre os dois, as ações da Tesla afundaram 14,27% e pesaram no Nasdaq (-0,83%, a 19.298,45 pontos). Já o Dow Jones (-0,25%; 42.319,74 pontos) e S&P 500 (-0,53%; 5.939,31 pontos) caíram menos.


… Enquanto o fim do romance entre Trump e Musk levava NY a operar na defensiva, por aqui, o Ibov (-0,56%) perdia os 137 mil pontos (136.236,37). Não caiu bem para a bolsa a consolidação das apostas de que a Selic pode ir a 15%.


… Além disso, segundo o Valor, causaram desconforto nos papéis do setor financeiro as discussões em andamento no BC sobre a chance de aumento no futuro próximo do Adicional Contracíclico de Capital Principal (ACCP).


… Isso significa que os bancos poderão ser obrigados a reservar mais capital para lidar com eventuais contrações no mercado de crédito, como uma forma de suavizar os efeitos das flutuações na economia doméstica. 


… As ações do Bradesco figuraram no ranking das maiores perdas do Ibovespa: PN registrou -2,92% (R$ 15,97) e ON, -2,75% (R$ 13,79). Itaú caiu 1,22%, a R$ 36,49; BB ON cedeu 0,49%, a R$ 22,24; e Santander, -0,31% (R$ 28,94).


… Petrobras também continuou operando sem fôlego, influenciada pelas medidas em estudo pelo governo para compensar as mudanças do IOF. O papel ON recuou 0,54%, para R$ 31,20, e PN fechou estável (+0,03%, a R$ 29,36).


… Uma das propostas envolve a mudança do cálculo do Preço de Referência do Petróleo (PRP). A equipe econômica estuda ainda o repasse de valores que estão na reserva de lucros da Petrobras, BB e BNDES, em forma de dividendos.


… Incomodado, o investidor desprezou a notícia da estatal sobre o interesse em blocos exploratórios na Costa do Marfim e ignorou também a alta do petróleo (Brent para agosto, +0,74%, a US$ 65,34) com o telefonema de Trump.


… Vale subiu 0,27%, a R$ 52,91, em dia de leve queda do minério de ferro no mercado chinês (-0,14%).  


… A maior valorização do dia foi da Suzano, com +6,31%, a R$ 52,90, após a companhia anunciar que fechou acordo para compra de 51% dos negócios internacionais de papéis de higiene (tissue) da Kimberly-Clark por US$ 1,73 bilhão.


EM TEMPO… CASAS BAHIA informou que está em “discussões avançadas” com alguns credores, detentores de debêntures, para antecipar o prazo de conversão de R$ 1,5 bilhão da dívida em ações ordinárias…


… A companhia afirmou que os detentores de 99,99% das debêntures da 2ª série em circulação pretendem permitir a conversão já a partir deste mês.


BB captou US$ 100 milhões em operação chamada “Climate-Smart Agriculture”, com prazo de dois anos, para financiar agricultura sustentável, contratada junto ao banco francês Natixis CIB.


PETRORECÔNCAVO adquiriu 50% de participação na UPGN Guamaré, no Rio Grande do Norte, da Brava Energia, por US$ 65 milhões.


BRASKEM esclareceu que Projeto Transforma Rio, iniciativa para ampliar a capacidade produtiva de sua central petroquímica no RJ em 220 mil t de eteno/ano, ainda depende de assinatura de contrato com a Petrobras.


RUMO rescindiu acordo vinculante firmado para venda de sua participação de 50% no capital social do Terminal XXXIX de Santos…


… Segundo a empresa, decisão ocorreu após não cumprimento de determinadas condições precedentes até data-limite estabelecida contratualmente…


… Com a desistência da operação, companhia manterá sua participação de 50% no T-XXXIX.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Errando como sempre

 Operadores do mercado financeiro erram todas as previsões porque desconhecem a evidência empírica e conceitos elementares de Séries Temporais


A montagem desta postagem mostra duas realidades contrastantes: o mundo de quem é remunerado para prever o movimento dos mercados financeiros de um lado, e a realização desse mercado de outro, que foi na contramão das previsões dos “especialistas”

Uma ideia da magnitude do erro: analistas previam queda e desastre, mas em 6 meses tudo mudou: o índice de renda variável brasileiro valorizou 9.04% (1.50% por mês)

Se descontarmos a inflação acumulada nesse período (IBGE, inflação média mensal de 0,50%), o retorno fica em 1% ao mês (essa é uma média ao longo dos 6 meses). Para efeitos de comparação, no mesmo período, o S&P 500 teve retorno acumulado de -1.31%

Por que isso acontece?

Primeiramente, por causa da evidência com pesquisas com humanos em ambiente de finanças. Evidências mostram um viés implícito dos operadores do mercado financeiro. Veja a seguir:

- Indivíduos se baseiam em informações financeiras irrelevantes para fazerem suas previsões no mercado financeiro, que determinam suas escolhas e alocações nos ativos, direcionadas por reações afetivas e narrativas (notícias), em vez de fundamentos racionais (Johnson & Tuckett, 2022)

- Essa “confiança na narrativa” resulta em uma superestimação nos preços de ativos (Morag & Loewenstein, 2024)

Em segundo lugar, o mais importante: falta conhecimento das propriedades elementares de Séries Temporais. Exemplos:

- Se você “plota” duas variáveis ao longo do tempo, você possui um terceiro elemento neste gráfico (o tempo), que pode estar conectando o movimento dessas duas variáveis.

Em linguagem econométrica, essas variáveis podem estar cointegradas, gerando uma correlação espúria

(Muitos operadores do mercado financeiro desconsideram essa questão e elaboram conclusões de correlações a partir de gráficos de Séries Temporais)

- “Prever” o futuro implica em considerar efeitos exógenos/externos que de certa forma são imprevisíveis e podem influenciar o movimento de uma variável ao longo do tempo

(Exemplos: uma pandemia mundial ou um presidente recém-eleito que promete impor tarifas em todos os países do mundo)

- Não se realiza inferências em processos de Séries Temporais a partir do ‘framework’ tradicional da Estatística. Nassim Taleb está finalizando um livro que vai discutir as propriedades matemáticas e estatísticas de distribuições de probabilidade que são assimétricas em sua variabilidade (ex: mercado acionário)

- Por fim, todos esses pontos consideram agentes imbuídos de espírito “honesto” em suas avaliações. Entretanto, como as análises deste print em geral são capazes de produzirem volatilidade no mercado, essa volatilidade pode remunerar atores estrategicamente “posicionados” neste mercado (mais detalhes em Housel, 2020)

Referências nos comentários

Vai rolar 0506

 Vai rolar: Balança comercial de maio e falas de Lagarde e Fed boys são destaques do dia


[05/06/25] Com a inflação abaixo da meta de 2% na Zona do Euro, o BCE deve cortar o juro hoje (9h15) em mais 25pbs, de 2,25% para 2%, segundo avaliação unânime do mercado. Lagarde concede entrevista às 9h45. Nos EUA, o susto com a forte queda na geração de empregos no setor privado, associado à retração no setor de serviços, aumentou as apostas em corte do juro nesse mês, elevando as expectativas para o payroll amanhã. Os dados fracos da economia americana, explicados pelas incertezas com as tarifas de Trump, e os riscos com a elevada dívida do país mantêm os investidores na defensiva em NY. Aqui, sai o resultado da balança comercial de maio (15h), mas os negócios são conduzidos pelas dúvidas sobre as medidas fiscais que a equipe econômica prepara como alternativa ao aumento do IOF. (Rosa Riscala)


👉 Confira abaixo a agenda de hoje


Indicadores


▪️ 06h00 – Zona do euro/Eurostat: PPI de abril

▪️ 09h15 – Zona do euro: BCE anuncia decisão de política monetária

▪️ 09h30 – EUA/Deptº do Trabalho: pedidos de auxílio-desemprego da semana até 31/05

▪️ 09h30 – EUA/Deptº do Comércio: balança comercial de abril

▪️ 11h00 – Anfavea: Produção de veículos de maio

▪️ 15h00 – Secex: Balança comercial de maio, seguida de coletiva


Eventos


▪️ 09h45 – Zona do euro/BCE: Christine Lagarde participa de coletiva

▪️ 13h00 – EUA/Fed: Adriana Kugler discursa em evento

▪️ 14h30 – EUA: Patrick Harker (Fed/Filadélfia) discursa em evento

▪️ 14h30 – EUA: Jeff Schmid (Fed/Kansas) discursa em evento

Fraudes corporativas

 OPINIÃO. Fraudes corporativas: qual é o papel do auditor?


Marina Copola4 de junho de 2025

Esta semana, reguladores e representantes das principais firmas globais de auditoria se reuniram na Basileia para discutir os limites da responsabilidade dos auditores na identificação de fraudes corporativas.


A falta de clareza sobre tais limites é um problema enfrentado em quase todas as jurisdições, e tem se mostrado crítico sobretudo no setor bancário. Dada uma série de escândalos recentes, o clima não era dos melhores, e nenhum dos reguladores sentados do meu lado da mesa parecia muito feliz.


Pudera.


Como reguladores, é comum ouvirmos o argumento de que “auditores não são detetives”. Isso vale para os trabalhos de auditoria efetuados em condições normais, e é correto até a página dois.


Dali por diante, nunca é demais lembrar que auditores são profissionais altamente sofisticados, regulados e, em boa parte, bem remunerados. Sua atuação é exigida pelas autoridades locais porque se entende que o valor dos serviços prestados advém da sua capacidade de gerar um benefício social, que se traduz em informações financeiras de melhor qualidade e na redução do risco de fraudes.


É por isso que a relativização (cada vez mais aguerrida) dessa premissa básica por parte das firmas de auditoria causa profunda perplexidade do nosso lado da mesa.


Por um lado, todos concordam que os auditores não são obrigados a investigar as entidades auditadas no curso regular dos trabalhos. Por outro, auditores devem sempre considerar a fraude como hipótese, e criar políticas e procedimentos razoáveis voltados à identificação de potenciais ilícitos.


É neste ponto que as implicações práticas destas duas visões divergem e abre-se uma avenida para interpretações e evasivas que vêm soando bastante incômodas.


Desde a publicação da Sarbanes-Oxley, e por muito tempo, reguladores confiaram que os riscos reputacionais decorrentes de eventuais escândalos seriam suficientes para disciplinar a atuação das firmas de auditoria. Ao invés disso, 25 anos depois, no mundo todo, as mesmas firmas vêm cerrando fileiras ao redor de justificativas para explicar o inexplicável.


A pergunta que fica, então, é uma só: quando a preocupação com a reputação sai da sala, o que sobra?


Foi com vistas a melhorar a qualidade dos serviços prestados e lançar luz sobre os contornos da responsabilidade dos auditores que o International Auditing and Assurance Standards Board (IAASB, um órgão independente formado por profissionais de auditoria), concluiu, recentemente, a revisão da ISA 240, um standard que trata da “Responsabilidade do Auditor em Relação à Fraude na Auditoria de Demonstrações Financeiras.”


A reforma buscou modernizar aqueles padrões, reforçar sua efetividade e reposicionar o papel do auditor diante de uma nova realidade de riscos. Mais do que isso, ela procurou esclarecer que, sem prejuízo das limitações a que os trabalhos de auditoria estão sujeitos, o auditor permanece responsável por planejar e realizar a auditoria a fim de obter asseguração razoável de que as demonstrações financeiras como um todo estão livres de distorções relevantes por conta de fraude.


Se parece óbvio, é porque de fato é.


A norma aproveitou para reafirmar o ceticismo profissional como eixo condutor dos trabalhos (incluindo uma análise mais criteriosa de possíveis indícios de intencionalidade fraudulenta), e demandar maior engajamento dos auditores com os órgãos de governança da entidade, a exemplo do comitê de auditoria. Como de costume, a norma destaca a necessidade de documentação de todos os aspectos relacionados à identificação ou suspeita de fraude, além dos passos subsequentes.


Com a aprovação da nova ISA 240, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) deve proceder com a atualização da norma brasileira, a NBC TA 240 (R1). A Comissão de Valores Mobiliários, por sua vez, seguirá supervisionando a observância desses padrões pelos auditores atuantes no mercado de capitais.


As firmas de auditoria são rápidas em explicar que a ISA 240 é uma norma de execução. Ela não lida diretamente com o ecossistema mais amplo que precisa ser mobilizado no combate à fraude corporativa, que inclui administradores, órgãos de governança e reguladores. Todos esses agentes têm um papel a desempenhar, e os auditores estão certos quanto a este ponto. Sem um debate mais amplo sobre as expectativas que recaem sobre cada um desses agentes, os avanços serão muito limitados.


Esta verdade não pode, contudo, ser convertida em um esforço de esvaziamento das responsabilidades dos auditores. A noção (que vem sendo muito repetida) de que as fraudes mais intrincadas são virtualmente indetectáveis porque são concebidas para não serem descobertas revela uma dificuldade procedimental legítima. Mas são justamente estes procedimentos que estão dentro do quadrado das firmas de auditoria, e a única resposta possível para quaisquer questionamentos neste sentido é que tais padrões precisam melhorar. No campo dos quadrados das responsabilidades, já é meio caminho andado saber onde começa e onde acaba o seu.


Marina Copola é diretora da Comissão de Valores Mobiliários.



https://braziljournal.com/opiniao-fraudes-corporativas-qual-e-o-papel-do-auditor/

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: Ontem, macro americana muito má. Tudo o que parecia que iria ser bom, foi justamente o contrário. O Inquérito de Emprego ADP situou-se em +37K vs +114k esperado, +60k anterior e +120K de média no ano. É o resultado mais baixo em quase dois anos. Para rematar, o ISM Serviços entrou por surpresa na zona de contração (<50) pela primeira vez num ano: 49,9 vs 52,0 esperado e 51,6 anterior, com o indicador de Preços Pagos a continuar a sua escalada até 68,7 vs. 65,1 anterior e os Novos Pedidos a caírem com força até 46,4 vs. 52,3 anterior. Em suma, mix de indicadores fracos que parecem mostrar algum arrefecimento, tanto do setor serviços como do mercado laboral, embora tenha de ser comprovado na sexta-feira, com o dado oficial de emprego. Este tom mais cauteloso também está no Livro Bege da Fed. Bolsa americana plana, mas SOX +1,4% e -10p.b. de corte na yield do T-Note, até 4,36%. 


Situação oposta à da Europa, animada após se conhecer a aprovação do governo alemão de um pacote de isenções fiscais no valor de 46.000 M€ (11% do PIB). Precisa da retificação no Parlamento, mas somar-se-ia ao plano de investimento em infraestruturas e defesa anunciado há uns meses. DAX a alcançar máximos históricos e o Bund +2 p.b. até 2,52%. 


O foco da sessão estará na reunião do BCE, que irá cortar taxas de juros em -25 p.b. até 2,00%/2,15% (Depósito/Crédito) e será sétima descida consecutiva. O contexto favorece esta ação: força do euro (+10% YTD vs USD), menores preços da energia (-13% Brent YTD), moderação em salários, expetativas de inflação bem fixas e uma economia com claros sinais de debilitamento. Agora, o importante será conhecer a revisão do quadro macro e a mensagem sobre futuros movimentos. O contexto tão incerto atual devido às tensões alfandegárias e aos estímulos fiscais anunciados dificultam que Lagarde se comprometa agora sobre futuros movimentos. Após a reunião de hoje, não esperamos ver novas descidas de taxas de juros até o ciclo terminar com uma última descida no final do ano, até 1,75%/1,90% (Depósito/Crédito). 


Também será importante a frente comercial, já que ontem terminou o prazo que Trump deu para que os seus sócios apresentassem as suas “melhores ofertas”, para que pudessem avançar para acordos bilaterais. Qualquer divulgação de informação poderá mover o mercado. No fecho, resultados Broadcom (EPS 1,567 $; +43% a/a), com resultados e guias que provavelmente estarão à altura do esperado, como vimos na semana passada com Nvidia. Seria positivo para semis, IA e tecnologia, mas o impacto seria na sexta-feira.


CONCLUSÃO: A lógica faz pensar numa sessão de ligeiros retrocessos nas bolsas após o bom início da semana. O corte do BCE já está descontado e Lagarde mostrar-se-á prudente face a novos movimentos. 


Após a subida do último mês – favorecida por um certo relaxamento do tom na guerra comercial – as bolsas enfrentam agora um período de mais cautela com revisões em baixa de EPSs, debilitamento da economia, risco inflacionário e maiores desequilíbrios fiscais que elevarão o prémio temporário das obrigações e afetarão negativamente as avaliações. 


S&P500 +0,01% NQ-100 +0,3% SOX +1,4% ES-50 +0,6% IBEX -0,2% VIX 17,6 BUND 2,52% T-NOTE 4,36% SPREAD 2A-10A USA=+49PB B10A: ESP 3,12% PT 3,00% FRA 3,20% ITA 3,49% EURIBOR 12M 2,05% USD 1,142 JPY 163,0 OURO 3.377$ BRENT 64,9$ WTI 62,7$ BITCOIN -1,1% (104.645$) ETHER -0,4% (2.606$).


FIM

BDM Matinal Riscala

*BDM Morning Call: BCE volta a cortar juro hoje*


[05/06/25] Com a inflação abaixo da meta de 2% na Zona do Euro, o BCE deve cortar o juro hoje (9h15) em mais 25pbs, de 2,25% para 2%, segundo avaliação unânime do mercado. Lagarde concede entrevista às 9h45. Nos EUA, o susto com a forte queda na geração de empregos no setor privado, associado à retração no setor de serviços, aumentou as apostas em corte do juro nesse mês, elevando as expectativas para o payroll amanhã. Os dados fracos da economia americana, explicados pelas incertezas com as tarifas de Trump, e os riscos com a elevada dívida do país mantêm os investidores na defensiva em NY. Aqui, sai o resultado da balança comercial de maio (15h), mas os negócios são conduzidos pelas dúvidas sobre as medidas fiscais que a equipe econômica prepara como alternativa ao aumento do IOF. *(Rosa Riscala)*


_Leia o BDM Morning Call na íntegra acessando o link_

www.bomdiamercado.com.br

Produtividade é a saída

  O mundo está girando (e rápido): o Brasil vai acompanhar ou ficar para trás? 🌎🇧🇷 Acabei de ler uma análise excelente de Marcello Estevã...