segunda-feira, 19 de maio de 2025

Fábio Alves

 Fábio Alves: a montanha-russa nas falas do banco Central

10:58 18/05/2025 


Tomara que até a próxima reunião do Copom, nos dias 17 e 18 de junho, a comunicação do Banco Central seja menos confusa e problemática do que foi entre março e maio, quando analistas e investidores experimentaram uma verdadeira montanha-russa, com sinalizações até contraditórias por parte dos diretores da instituição.


Em um dado momento, entre as reuniões de março e maio do Copom, chegou-se a falar num "pivot" para uma postura "dovish" da política monetária, turbinando até as apostas de um início de um ciclo de corte da taxa Selic já neste ano.


Isso aconteceu, em particular, logo após os discursos dos diretores Nilton David (de Política Monetária) e Diogo Guillen (de Política Econômica) durante os eventos paralelos da reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, em meados de abril.


Mas a interpretação "dovish" do mercado foi corrigida em seguida pelo presidente do BC, Gabriel Galípolo, que fez discurso mais duro, destacando o desconforto da autoridade monetária com expectativas de inflação ainda desancoradas e que o "guidance" dado em março ainda estava válido para maio.


Tanto que, na véspera da última reunião do Copom, eu perguntei a um renomado economista qual era o sentimento com que o mercado estava chegando àquela decisão depois das falas de Nilton, Guillen e Galípolo.


A resposta dessa fonte foi algo na linha: chegamos ao mesmo lugar que estávamos antes de todas as falas, logo após o Copom de março, mas com muito ruído no meio. E a fonte rematou esse sentimento assim: "Muito barulho para nada".


Porém, o mais preocupante é que o tom do comunicado que acompanhou a decisão de elevar a Selic para 14,75% foi considerado muito "dovish" por uma parcela grande dos analistas. Muitos no mercado passaram até a considerar que o ciclo de aperto monetário já acabou.


E esse tom "dovish" do mercado não foi nada condizente com o tom mais duro de Galípolo antes do início do período de silêncio que antecedeu à última decisão do Copom. Em outras palavras: o comunicado desdisse o discurso duro de Galípolo na véspera do Copom.


A impressão que muitos analistas ficaram foi a de que os diretores do BC bateram cabeça nesse último ciclo de comunicação entre reuniões. E acabaram turvando a visão do mercado, mais do que guiaram as expectativas sobre os próximos passos do Copom - esse, aliás, um dos princípios da boa comunicação da política monetária.


Por outro lado, é preciso debater se a culpa pela grande dispersão nas interpretações dos passos adiante da política monetária é somente dos diretores do Banco Central.


Isto é, qual a parte nesse latifúndio que cabe ao mercado?


Explico-me.


De que eu me lembre, o BC nunca disse explicitamente ao mercado que o termo "assimétrico", para descrever o balanço de risco, passou a ser parte integrante do seu "forward guidance", como o é os parágrafos finais do comunicado do Copom.


Todavia, desde que o BC acabou com aquele "choque de juros" da virada do ano, contratando três altas seguidas de 1 ponto na Selic, o mercado passou a se deter na qualificação do balanço de risco no comunicado do Copom para nortear sua aposta de fim do ciclo de aperto, uma vez que, compreensivelmente, o BC precisou contratar mais flexibilidade ao sinalizar seus próximos passos. E querer ter essa flexibilidade é totalmente normal para quando o fim de um ciclo se aproxima.


Se, de um lado, o mercado pecou ao colocar o balanço de risco como parte integrante do "forward guidance", com a retirada ou não do termo "assimétrico", de outro, o BC também errou ao não corrigir essa obsessão do mercado pela avaliação do balanço de risco como parte do "guidance".


Dito tudo isso, a impressão é que entramos, há algum tempo, num período em que um diretor do BC fala alguma coisa numa direção na parte da manhã, para ser corrigido por outro diretor numa fala na parte da tarde.


Quem dá conta de acompanhar tanta reviravolta?


O que se quer é um pouco mais de consistência. Daí, toda a atenção à palestra que Galípolo irá proferir nesta segunda-feira, a partir das 10 horas, em uma conferência do banco Goldman Sachs, em São Paulo. (fabio.alves@estadao.com)

Economia Informal

 

Mais de 20% do PIB brasileiro vem da economia informal. São as atividades sem CNPJ, sem nota fiscal, mas que movimentam bilhões — de ambulantes a prestadores de serviço autônomos.

O IBGE estima esse valor com base em pesquisas como a PNAD Contínua e modelos estatísticos que calculam a produção “fora do radar”. Mas isso não exclusivo do nosso país.

Para comparar, em economias desenvolvidas como os EUA e a Alemanha, esse número fica entre 5% a 7% do PIB. Mas em muitos países em desenvolvimento esse número supera 40% do PIB.

A informalidade é reflexo de múltiplos fatores: excesso de burocracia? falta de acesso ao crédito? baixa escolaridade? ou um sistema que exclui mais do que integra?

BDM Matinal Riscala 1905

 *Rosa Riscala: NY repercute rebaixamento do rating*


… Investidores em NY repercutem a decisão da Moody’s de tirar o triplo A dos EUA, enquanto notícias de ontem à noite também podem influenciar os mercados na abertura da semana: 1) na China, a produção industrial desacelerou contra março, mas surpreendeu com resultado melhor que o esperado, apesar das tensões comerciais, 2) em Washington, vencidas as resistências entre os próprios republicanos, a Comissão de Orçamento da Câmara aprovou o projeto de corte de impostos de Trump e abriu espaço para votação no plenário na semana. Em Wall Street, balanços das varejistas estarão em destaque nos próximos dias, além das falas de 15 Fed boys, cinco deles nesta 2ªF. Aqui, a agenda inclui o IBC-Br e as novas projeções macroeconômicas da Fazenda, ambos hoje, e, na 5ªF, o relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas.


… Na China, a produção industrial desacelerou de 7,7% em março (antes das tarifas punitivas de Trump) para 6,1% em abril, mas superou o consenso de 5,5%. Já as vendas no varejo cresceram 5,1%, abaixo da estimativa de 5,5% e do resultado do mês anterior (+5,9%).


… Hoje à noite (22h30), o PBoC define as taxas básicas de juro (LPR) de um ano e cinco anos, que foram mantidas em 3,1% e 3,6% em abril, pelo sexto mês consecutivo, enquanto Pequim avaliava o impacto das disputas comerciais com os EUA.


… O governo de Xi Jinping está priorizando o estímulo ao consumo doméstico, incluindo um adicional de 300 bilhões de yuans em títulos especiais do Tesouro de longo prazo para um programa comercial de bens de consumo.


… Já no Congresso dos EUA, depois de uma primeira tentativa frustrada, a Comissão de Orçamento da Câmara aprovou no final da noite de ontem a proposta de corte de impostos de Trump, que agora enfrentará o plenário.


… Na primeira tentativa da Comissão, a proposta foi rejeitada na 6ªF na Comissão de Orçamento da Câmara, quando cinco membros linha dura do partido Republicano votaram contra, exigindo cortes mais profundos no Medicaid e outros programas governamentais.


… É raro que projetos de lei sejam reprovados nesta etapa do processo, mas negociações durante o final de semana permitiram que, enfim, o texto pudesse seguir adiante no domingo, apesar da cautela com o fiscal.


… Ao justificar a decisão de retirar o grau máximo de investimento do rating dos EUA, de Aaa para Aa1, anunciada na 6ªF após o fechamento, a Moody´s observou que não acredita em reduções significativas dos gastos a partir das propostas fiscais atuais.


… Segundo a agência de classificação de risco, o desempenho das contas públicas dos Estados Unidos provavelmente irá se deteriorar, com déficit público de quase 9% do PIB dos EUA até 2035, contra 6,4% no ano passado.


… A Moody´s foi a última a cortar o triplo A americano. A primeira foi a S&P, em 2011, e depois a Fitch (2023).


… Em reação ao rebaixamento, os futuros de NY recuavam nos primeiros negócios, junto com o dólar, enquanto o ouro se recuperava das quedas recentes e os rendimentos dos Treasuries subiam com a venda dos títulos.


… Aqui, em meio às renovadas preocupações com o risco fiscal, o mercado aguarda o relatório bimestral de maio no final da semana, com a expectativa de um congelamento de R$ 10,0 bilhões no Orçamento, segundo a mediana das estimativas em pesquisa Broadcast.


… No entanto, segundo os economistas consultados, para que o governo atinja o déficit zero neste ano a necessidade seria bem maior, de R$ 40,0 bilhões entre bloqueios e contingenciamentos. Ou R$ 15 bilhões se o alvo for a banda inferior do arcabouço, de 0,25% do PIB.


… Hoje, a previsão do Trading Economics para o IBC-Br (sai às 9h) é de um recuo de 0,3% em março, após expansão de 0,4% em fevereiro, que já indicou desaceleração em relação à alta de 0,9% em janeiro, com o setor agrícola (+5,6%) respondendo pela maior participação.


… Excluindo a agricultura, a atividade geral recuou 0,2% em fevereiro, com avanço de 0,2% dos serviços enquanto a produção industrial contraiu 0,8%. Na comparação anual, o índice IBC-Br avançou 4,1%, enquanto o ganho acumulado em 12 meses foi de 3,8%.


… Mais cedo (8h25), o boletim Focus atualiza as projeções do mercado para o IPCA, o PIB, a Selic e o câmbio, horas antes de a Fazenda divulgar as suas novas estimativas para os indicadores macroeconômicos. Os dados estão previstos para as 14h30.


MAIS AGENDA – O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, faz palestra nesta 2ªF em uma conferência do Goldman Sachs, em São Paulo. O evento ocorre das 10h às 11h e é aberto à imprensa por transmissão pelo Youtube.


… Já o diretor de Política Monetária, Nilton David, vai falar sobre câmbio na Live do BC, transmitida das 14h às 15h.


… Antes, das 9h30 às 12h30, David participa de duas reuniões trimestrais da autarquia com economistas, junto com os diretores de Política Econômica, Diogo Guillen, e de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos, Paulo Picchetti.


… Na 5ªF, reúne-se o Conselho Monetário Nacional (CMN).


GRIPE AVIÁRIA – A China suspendeu a habilitação de 51 frigoríficos de produtos avícolas do Brasil, a partir do sábado, 17 de maio, após a confirmação de um caso de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul.


… Entre os gigantes do setor, constam 12 plantas da Seara, marca da JBS, três da JBS Aves, e 10 unidades industriais da BRF.


… O governo brasileiro espera negociar com a China a flexibilização da restrição dos embarques para o município ou para o Estado onde o foco da doença foi detectado. O país é o principal destino do nosso frango, perfazendo 13% dos embarques totais do Brasil.


… O Rio Grande do Sul declarou estado de emergência em saúde animal por 60 dias e já iniciou no sábado o controle dos focos da gripe aviária em municípios próximos de Montenegro, onde foi confirmado o caso de H5N1.


… Além da China, está suspensa a importação de frangos à UE, Canadá, Argentina, Chile, Uruguai, México, África do Sul e Coreia do Sul.


… O Ministério da Agricultura estima perda entre US$ 100 milhões a US$ 200 milhões/mês com as exportações de frango e derivados.


A FRAUDES NO INSS – Quase 1,5 milhão de aposentados já pediram reembolso de descontos não autorizados em seus benefícios por entidades associativas, até as 17h deste sábado – o balanço corresponde a apenas quatro dias de consulta.


… No Congresso, a instalação de uma CPMI é considerada inevitável, diante do tamanho do escândalo e do elevado apelo popular.


… O presidente do Senado, David Alcolumbre, já avisou a ministro Gleisi Hoffmann que não conseguirá impedir a CPI, diante do alto número de parlamentares que defendem as investigações, incluindo deputados e senadores da base do governo.


… Apesar do alerta, Alcolumbre mantém posição contrária à instalação da CPMI e sinalizou que pode atrasar o início dos trabalhos.


MARGEM EQUATORIAL – Em entrevista à GloboNews, que foi ao ar na noite de 6ªF, o ministro Haddad defendeu a pesquisa sobre as reservas de petróleo na região, mas condicionou a extração à redução do uso da commodity na matriz energética brasileira.


NOS EUA – A agenda de indicadores é fraca nesta semana, mas todo dia vai ter Fed boy falando.


… Só hoje, são cinco dirigentes do Fed que têm falas públicas, começando com Raphael Bostic/Atlanta (9h30), que será seguido por Phillip Jefferson e John Williams/NY (ambos às 9h45), Lorie Logan/Dallas (14h15) e Neel Kashkari (14h30).


… Os membros devem reiterar a “paciência” em relação aos próximos passos da política monetária, mesmo com dados encorajadores da inflação na última semana, já que as incertezas com a política tarifária de Trump permanecem, apesar do alívio das tensões.


… Na Zona do Euro, a inflação ao consumidor (CPI) de abril abre o dia (6h), com previsão de se manter em 0,6% (de 0,6% em março).


… Na 4ªF e na 5ªF, serão divulgadas as prévias de maio do índice de gerente de compras (PMI) da indústria e de serviços do Reino Unido, da Alemanha, França e EUA. Na 6ªF, Alemanha informa o resultado do PIB/1Tri.


BALANÇOS – A temporada de balanços praticamente chegou ao fim no Brasil, com poucas empresas reportando ao longo da semana seus resultados do 1º trimestre de 2025. Destaque para o balanço da XP Investimentos amanhã, 3ªF, após o fechamento do mercado.


… Nos EUA, estão previstos os resultados das grandes varejistas, como Home Depot (3ªF) e, na 4ªF, Target e Best Buy. Entra em contagem regressiva a expectativa pelo balanço da Nvidia, que deve ser divulgado na outra semana, 28 de maio.


WALMART – Em postagem nas redes sociais no fim de semana, Trump disse à varejista para “engolir as tarifas”, em vez de aumentar os preços, como indicou o CEP da Walmart, Doug McMillon, na semana passada, reclamando que não conseguiria absorver os custos.


RÚSSIA VS UCRÂNIA – Presidente Trump informa que telefonará para Putin nesta 2ªF para tratar do “BANHO DE SANGUE QUE ESTÁ MATANDO 5 MIL SOLADOS RUSSOS E UCRANIANOS POR SEMANA”, como escreveu em sua rede Truth Social.


… Na sequência, ele disse que informaria Volodymyr Zelensky e os aliados da OTAN sobre a conversa com o líder russo.


… Neste domingo, a Ucrânia acusou a Rússia de lançar o maior ataque com drones em seu território desde o início da guerra, apenas dois dias depois das primeiras negociações diretas de paz entre os dois países.


ISRAEL VS GAZA – Ainda no fim de semana, o exército israelense iniciou uma operação terrestre em grande escala em áreas do norte e do sul da Faixa de Gaza, em seguida às declarações do Hamas que os dois lados voltaram a negociar um cessar-fogo.


PORTUGAL – Coligação de centro-direita do primeiro-ministro, Luis Montenegro (PSD), venceu as eleições legislativas neste domingo, com quase 33% dos votos, mas as 89 cadeiras estão bem abaixo das 116 necessárias para a maioria absoluta no Parlamento.


A VEZ DOS EMERGENTES – Artigo na Bloomberg neste domingo afirma que os bancos de Wall Street estão convencidos de que “os anos perdidos dos mercados emergentes acabaram”, e que o risco de desvalorização do dólar americano é um alerta para os investidores.


… Morgan Stanley, AQR Capital, BofA e Franklin Templeton estão entre aqueles que apostam que a situação pode, finalmente, estar virando em favor das ações de mercados em dezembro, depois de anos perdendo para a alta das bolsas americanas. 


… Michael Hartnett, do BofA, diz que os emergentes são “o próximo mercado em alta”. AQR prevê que eles proporcionarão retornos em moeda local de quase 6% ao ano nos próximos cinco a 10 anos, superando o ganho de 4% das ações americanas em dólares.


PERDA DO SELO DE QUALIDADE – Guru de Wall Street, o conselheiro econômico-chefe da Allianz, Mohamed El-Erian, acredita em impacto contido no mercado do rebaixamento do rating dos EUA pela Moody´s na última 6ªF.


… De seu lado, o Barclays descarta liquidação dos Treasuries, embora matéria do Broadcast retrate a percepção entre investidores de que o downgrade eleva a pressão por corte de gastos, em meio à votação do Orçamento.


… Como efeito automático desta cobrança pelo maior equilíbrio fiscal, parte do profissionais não descarta que o mercado possa exigir mais prêmio (yields) para financiar a dívida pública americana de quase US$ 40 trilhões.


… Horas antes do anúncio da Moody’s, a gestora de ativos BlueBay Asset Management projetava que o rendimento da Note-10 anos pode superar 4,5% e o do T-Bond pode romper 5%, diante da cautela com o Orçamento.


… Na 6ªF, o rendimento do título de 10 anos ficou praticamente estável, a 4,446% (de 4,447% na véspera), e o de 30 anos caiu a 4,901% (de 4,912%), enquanto as taxas mais curtas foram na contramão e subiram.


… O retorno da Note de 2 anos avançou para 3,996%, contra 3,964%, impulsionado pelas expectativas de inflação em um ano na pesquisa da Universidade de Michigan, que subiram de 6,5% em abril para 7,3% (maio).


… O indicador, no entanto, ainda não capturou integralmente a trégua recente de 90 dias combinada entre os EUA e a China, que pode trazer algum alívio nas apostas inflacionárias e reversão de parte do estresse.


… O sentimento do consumidor caiu de 52,2 em abril para 50,8 em maio, segundo pior nível da série histórica.


… Repercutindo a expectativa de inflação pressionada, o índice DXY, que mede a força do dólar, subiu 0,21%, a 101,092 pontos, com queda do iene (145,98/US$), euro (-0,34%, a US$ 1,1151) e libra (-0,20%, a US$ 1,3277).


STATUS – A verdade, porém, é que, por grau de importância, o CPI fraco de abril vale mais do que o levantamento de Michigan e a aposta principal no mercado continua sendo de dois cortes de juro pelo Fed.


… Assim, ignorando a piora na confiança do consumidor e das expectativas de inflação, as bolsas em NY ampliaram o rali e voltaram ao patamar anterior ao Dia da Libertação (2/4), quando Trump botou para quebrar.


… Emplacando a quinta alta consecutiva, o S&P 500 teve alta de 0,70%, para 5.958,38 pontos. O Dow Jones subiu 0,78%, aos 42.654,74 pontos, e o Nasdaq registrou valorização de 0,58%, aos 19.211,102 pontos.


… Foi uma semana de ouro para os índices de ações, que acumularam ganhos de 5,27%, 3,41% e 7,15%, respectivamente, na reação entusiasmada que coincidiu com o sucesso da reunião entre Washington e Pequim, em Genebra.


… Foi também uma semana histórica para o Ibovespa, que estabeleceu marcas inéditas de fechamento em dois pregões. Na 6ªF, exibiu queda modesta (-0,11%), mas se mantém no high (139.187,39 pontos), pronto pra outra.


… Se Trump deixar e Lula não pregar nenhuma peça no fiscal, a bolsa doméstica pode alçar novos voos.


… No pregão morno de 6ªF, o tombo de 12,69% das ações do BB refletiu a frustração com o balanço. Santander caiu 1,05%, a R$ 30,11, mas Itaú PN (+0,58%, a R$ 37,90) e Bradesco PN (+0,33%, a R$ 15,40) subiram.


… Marfrig ON (+17,28%) foi destaque de alta do dia, após anunciar a incorporação das ações da BRF (-2,52%).


… O mercado financeiro também monitorou o noticiário sobre o primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no país, mas com efeito limitado sobre as ações do setor (JBS ON, dona da Seara, caiu 1,15%).


… Vale resistiu estável (+0,07%, a R$ 55,49) à queda de 0,95% do minério e preservou ganho semanal de quase 5%.


… Petrobras ON (-0,12%, a R$ 34,15) e PN (+0,47%, a R$ 32,02) registraram oscilações moderadas. Lá fora, o petróleo Brent/julho corrigiu parte das perdas recentes e avançou 1,36%, para US$ 65,41 o barril.


… A commodity mais cara animou o real, porque o Brasil é produtor. Mas não foi só isso que manteve o câmbio acomodado. O carry trade ainda continua bem promissor com a Selic onde está e o Fed de olho em um ou dois cortes do juro.


… Apoiado pela entrada de fluxo estrangeiro, o dólar fechou em baixa de 0,16%, a R$ 5,6695, após ter testado R$ 5,71 na máxima intraday, quando ainda embutia os rumores de gastos de Lula para recuperar a credibilidade.


… Na 6ªF, o Bradesco e o Santander atualizaram suas projeções para a economia brasileira. Ambos revisaram em baixa a previsão para o dólar no ano, de R$ 5,80 para R$ 5,70 (Bradesco), e de R$ 5,90 para R$ 5,80 (Santander).


… Foi também reduzida a estimativa para o IPCA de 2025, de 5,6% para 5,4% (Bradesco), e 5,8% para 5,4% pelo Santander, que manteve as apostas para a taxa Selic neste ano (14,75%), sinalizando que o ciclo de alta acabou.


… Em sessão sem novidade, os trechos curto e médio da curva do DI devolveram prêmios de risco, preferindo deixar em segundo plano o risco de que o governo Lula esteja preparando o pacote fiscal com fins eleitorais.


… No fechamento, o DI para Jan/26 marcava 14,740% (contra 14,795% na sessão anterior); Jan/27, 14,000% (de 14,145%); Jan/29, 13,605% (de 13,675%); Jan/31, 13,760% (de 13,750%); e Jan/33, 13,790% (de 13,790%).


EM TEMPO… AZUL reiterou que segue buscando alternativas para fortalecer estrutura de capital…


… Resposta veio após questionamento da B3 sobre rumores de que, com a piora da situação financeira, a empresa poderia entrar com pedido de recuperação judicial nos EUA, pelo mecanismo do Chapter 11.


BB. O Citi cortou de R$ 30 para R$ 27 o preço-alvo das ações do banco e manteve a recomendação neutra.


BRB vai gastar R$ 17 milhões com opinião externa independente (“fairness opinion”) para reforçar validade da operação com Master. (Valor)


IGUATEMI. O Itaú atingiu participação de 5,58% das ações PN, equivalente a 24,307 milhões de papéis PN.


MULTIPLAN comunicou que a GIC Private Limited (GIC) atingiu uma participação na companhia de 6,036% do total de ações ordinárias, correspondente a 30.972.299 ações.


ALPARGATAS. Reafirmando o otimismo com a empresa, o Citi elevou recomendação de neutra para compra e subiu o preço-alvo de R$ 9 para R$ 11, o que significa potencial de alta de 20% sobre o fechamento de 6ªF.


GRUPO TOKY, antigo Grupo Mobly, informou que terá ações negociadas como “TOKY3” a partir de 26/5 após revogação de liminar que suspendia parte das deliberações tomadas na AGOE realizada em 30 de abril.


MELNICK. O conselho de administração aprovou a primeira emissão de notas comerciais escriturais, em série única, com vencimento de até três anos, no valor de até R$ 150 milhões.


UNIDAS LOCAÇÕES anunciou a sua 20ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em série única e no valor total de R$ 450 milhões.


ENEL anunciou a 28ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, com garantia fidejussória adicional, em duas séries, no valor total de R$ 1,350 bilhão.


LIGHT ENERGIA informou que oferta de recompra no exterior de suas Notes com vencimento em 2026 resultou no recebimento de ofertas de venda que totalizaram US$ 50,9 milhões, ou 24,19% do total em circulação.


CEDAE contratou assessores financeiros para avaliar a venda de uma participação minoritária ou uma abertura de capital (IPO), de acordo com fontes do Broadcast. Nos próximos 90 dias, deve ser decidido o melhor caminho.

Fim do home office

 Venho a comentar sobre isso. Muitíssimos q se prestam a isso, são uns embromadores.


https://www.estadao.com.br/economia/adeus-home-office-interior-trabalho-presencial-exigencia/


*Adeus ao home office e ao interior: trabalho presencial vira exigência para altos executivos*

_60% das oportunidades para C-Levels este ano são presenciais e, mesmo no modelo híbrido, há diminuição de dias de trabalho remoto, apontam levantamentos de consultorias especializadas em recrutamento e seleção_


Por Márcia De Chiara


O mundo corporativo está voltando ao período pré-pandemia. Nos últimos meses, o trabalho presencial voltou a ser uma exigência na contratação de altos executivos, sobretudo em empresas menores e familiares, onde o olho no olho é símbolo de comprometimento do alto staff com os donos. E isso tem causado um certo incômodo na admissão desses profissionais.


Levantamento da consultoria Soul, especializada no recrutamento de altos executivos, mostra que, de todas as vagas que há em aberto na consultoria neste início de ano, entre 55% e 60% são presenciais, por exemplo. Para as demais (de 35% a 40%), há até a possibilidade de home office, porém de apenas um dia na semana.


Nos últimos 12 meses, a Page Executive, unidade de negócios da PageGroup, especializada em recrutamento de executivos de alta liderança, intermediou 44 contratações. Dessas, 26, ou 59% foram vagas para trabalho presencial e 18 (41%) para o modelo híbrido.


O que os recrutadores notaram é que até o híbrido está mudando, com menos dias em home office. Isso tem sido um obstáculo para muitos profissionais se recolocarem no mercado. Durante a pandemia, em busca de mais qualidade de vida, eles foram com a família morar no interior e estabeleceram uma rotina de ir presencialmente ao escritório apenas algumas vezes na semana.


“O número de empresas que diminuiu os dias de home office dobrou no último ano”, afirma Renata Filippi, sócia da Soul Consulting. Até 2023, ela conta que o modelo de trabalho era “mais brando”, de dois dias no presencial e três dias em home office. “Agora vejo grande parte das empresas com quatro dias no escritório e um dia em home office. Dois dias no presencial quase não tem mais.”


A redução no número de dias de trabalho a distância na semana tem deixado os candidatos a vagas de alto escalão desconfortáveis com a perspectiva de ter de alterar a rotina de morar fora da capital, caso a proposta de contratação se efetive.


“Tive algumas recusas (de candidatos) para posições de primeira liderança no início do processo seletivo por essa questão”, conta Paulo Dias, diretor-executivo da Page Executive.


Para posições de diretoria, Renata também tem visto profissionais deixando de aceitar propostas em início de processo seletivo porque a exigência do trabalho presencial pesa, entre outros fatores. “Para cerca de 30% dos candidatos que estão bem colocados na fase inicial, às vezes o processo seletivo não avança por esse motivo. E menos de 5% declina quando tudo está alinhado, apenas por conta do modelo de trabalho.”


Percebendo a mudança de cenário, o executivo Leandro Monsores, de 51 anos, adotou a estratégia de dar preferência para as vagas presenciais, a fim de aumentar as chances de empregabilidade e se recolocar mais rapidamente. Como diretor de Recursos Humanos na companhia alemã de logística DHL Supply Chain, ele trabalhava três dias na semana presencialmente e tinha bastante flexibilidade.


Em 2023, quando deixou a empresa e voltou ao mercado, constatou que a maioria das vagas para C-Level era presencial. Decidiu, então, dar preferência para esse modelo de trabalho. “Se optasse por vagas presenciais, a probabilidade de me recolocar seria mais rápido”, observa.


E foi exatamente o que aconteceu. Faz um mês que Monsores foi contratado para ocupar a posição de diretor de RH na multinacional francesa FM Logistic. Foram quatro meses no mercado em busca de uma nova oportunidade de trabalho. “Se tivesse colocado como quesito o trabalho híbrido, demoraria um ano”, calcula.


Quando saiu da antiga empresa mudou-se com a família de Campinas (SP) para Tamboré, no município de Barueri (SP), mais próximo da capital paulista, porque a maioria das vagas eram na cidade de São Paulo.


Na nova empresa, ele tem a opção de trabalhar quatro dias presenciais e um dia remoto. Mas Monsores prefere ir ao escritório todos os dias. “Logística é um setor vivo, a operação tem muitas variáveis e no home office perde-se muita coisa”, avalia.


Várias razões são apontadas pelas empresas para impor o retorno ao trabalho presencial. Entre elas estão aumentar o engajamento, fortalecer a cultura organizacional da companhia e até superar questões de como controlar a produtividade dos funcionários.


No entanto, agora com a superação da crise sanitária, companhias multinacionais estão sentindo os custos adicionais impostos pelo home office, como a obrigatoriedade do pagamento de serviço de internet aos funcionários, vale supermercado para eles se alimentarem em casa, por exemplo. Além da questão do desempenho dos funcionários, a exigência do trabalho presencial visa reduzir essas despesas.


*Flexibilidade*


Apesar de os consultores frisarem que quanto mais alto o cargo de liderança, mais se impõe o trabalho presencial, eles notaram uma certa tendência de flexibilização desse modelo por parte das empresas para esses profissionais. A intenção é acomodar as demandas dos candidatos a altos níveis hierárquicos e manter atratividade pelas vagas.


“Quando a empresa dá a chance de o C-Level ter pelo menos um dia em casa, ele aproveita e quando não há flexibilidade, existe, sim, a busca por outras oportunidades”, ressalta a sócia da Soul.


No caso de profissionais de alta escalão que já estão empregados, a flexibilização pode se traduzir em manter o mesmo nível de remuneração e permanecer num modelo híbrido de trabalho do que ganhar mais e ter de migrar para o presencial.


*Multinacionais X empresas familiares*


A flexibilização do modelo de trabalho é mais comum nas empresas multinacionais, que têm uma estrutura tecnológica robusta para suportar o trabalho remoto. Além disso, já faz parte da rotina dessas companhias políticas globais de bem-estar e gestão por desempenho. No caso da Soul, todas as grandes multinacionais atendidas pela consultoria dão de um a dois dias de home office na semana para os altos executivos.


“As multinacionais têm uma cultura de confiança natural, porque o trabalho é globalizado”, afirma Dias, da Page Executive. Ele observa que a maior parte das companhias que estão no presencial são nacionais e familiares.


Depois da pandemia, existem empresas nacionais e familiares que não precisariam necessariamente voltar ao modelo presencial de trabalho, mas elas estão retornando.


“Na minha percepção, elas aderem (ao presencial) é por insegurança de perderem a cultura que criaram ao longo dos anos, por não confiar no funcionário que está num modelo híbrido e achar que esse profissional vai se dedicar um pouco menos”, diz Dias. Ele pondera, no entanto, que não se trata de um movimento generalizado. Mas há acionistas que querem ter os profissionais sob o olhar do dono.


*Setores*


O movimento de volta ao trabalho presencial para a maioria dos dias da semana entre os altos executivos não é uniforme para todos os setores. Mineração, indústria pesada, construção, engenharia, saneamento, logística, varejo, agronegócio, por exemplo, são setores presenciais por natureza e dificilmente trabalham de forma remota. Portanto, a alta liderança acompanha.


Já segmentos como de tecnologia, startups, educação, comunicação, consultoria, serviços digitais, por exemplo, são muito remotos e permitem que o trabalho seja híbrido, inclusive em cargos de liderança.


O diretor executivo de Recursos Humanos (RH) da Sempre Agtech, empresa de biotecnologia, pesquisa e desenvolvimento intensivo para o agronegócio, Kenny Carvalho, de 41 anos, fez uma mudança radical.


Até julho do ano passado, ele trabalhava no iFood em modelo híbrido, indo presencialmente ao escritório duas vezes na semana. Da sua casa em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, onde morava, até o escritório da empresa, localizado no município de Osasco, gastava muito tempo.


Há oito meses na nova empresa, Carvalho mudou-se do ABC Paulista para Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, onde fica a sede da companhia. A nova rotina é de trabalho 100% presencial. “O remoto não é uma realidade no agro”, diz o executivo.


Até fechar a contratação com a atual empresa, Carvalho conta que estava dando preferência para vagas híbridas. Mas acabou aceitando a vaga presencial por conta do pacote de benefícios maior, incluindo salário. “O presencial não acabou pesando e virou um detalhe.”


O executivo ressalta que tinha interesse pelo segmento agro e pela empresa, que aplica tecnologia ao setor. Além disso, foi contratado para construir a área de RH da companhia. Na sua avaliação, seria complexo criar um time e uma cultura em uma empresa trabalhando remotamente. “Achei mais prudente e produtivo estar presencialmente.”


Desde meados do ano passado até hoje, a oferta de vagas para altos executivos mudou. De cada dez vagas em aberto em junho de 2024, duas eram presenciais e oito híbridas, diz Carvalho. Hoje, por informações obtida de colegas, essa proporção quase inverteu: de cada dez vagas, sete são presenciais e três híbridas.

domingo, 18 de maio de 2025

Como jogo war

 "Como jogo War": 


Livro conta conflitos, reviravoltas e inovações do BTG Pactual


Obra ganha fôlego com narrativa sobre diferenças de personalidade entre fundadores André Esteves e Luiz Cezar Fernandes


15.mai.2025 às 12h00

A história do BTG Pactual é, no fim, a de uma briga de foice pelo poder.


Ao menos é isso o que conta a jornalista Ariane Abdallah em seu novo livro, "De Volta ao Jogo - A História de Sucesso, Dramas e Viradas do BTG Pactual", que será lançado nesta quinta-feira (15) após cinco anos de pesquisas.


"O Pactual era como o jogo 'War': crescia no banco quem demonstrava apetite e habilidade para conquistar territórios, ampliando sua atuação e sua influência sobre os demais", descreve ela a certa altura. Relatos de alianças, rupturas, traições e controvérsias permeiam a obra.


O jogo pelo poder não é um acaso. Para Abdallah, há uma raiz institucional: a ideia de recompensa ao desempenho implementada pelo Pactual, fundado em 1983. Ali foram criadas avaliações rigorosas para oferecer aos funcionários a chance de virar sócios da empreitada, ali buscaram-se as melhores mentes, sem se importar de qual área viessem.


O ambiente de disputa reflete a visão de mundo de suas figuras centrais: Luiz Cezar Fernandes, fundador do Pactual ao lado de Paulo Guedes e André Jakurski, e André Esteves, fundador do BTG. Ambos foram entrevistados para a obra.


A dinâmica da relação entre duas personalidades tão diferentes é a trama mais forte do livro, exemplificada em grandes e pequenos momentos, como a festa de 40 anos do banco, em dezembro de 2023.


O evento, realizado na Hípica de Santo Amaro, em São Paulo, reuniu todos os sócios da história do banco. Cezar, referência de vários dos presentes, subiu ao palco para discursar. Em sua fala, enalteceu a geração no comando à época e rememorou o passado.


"Muito bom, mas melhor a gente ir lá. Senão, daqui a pouco, ele vai achar que é ele que está tocando tudo isso aqui", teria dito Esteves após alguns minutos de discurso, segundo o livro.


Na descrição de Abdallah, Cezar era entusiasmado, caótico e muitas vezes confiante demais: um rolo compressor. Sem formação convencional, insistia naquilo que acreditava até vencer os adversários pelo cansaço e se irritava com opiniões contrárias.


Mas mesmo seus críticos reconheciam que ele era um visionário. Nos anos 1980, já dizia que todos teriam uma tela de computador na mesa de trabalho. Quando quase só se usava telefone ou fax, insistia que os funcionários do banco deveriam checar a caixa de emails sempre.


"[Cezar tinha] uma capacidade fabulosa de entender o mundo sem falar inglês. Um homem que passava a sensação de um quase caipira (…) Ao mesmo tempo, tinha uma sensibilidade para o mundo muito à frente de seu tempo", diz Paulo Bilyk, um ex-sócio do Pactual, a Abdallah no livro.


O banqueiro queria selecionar o que via como os mais fortes.


"E aí, meu irmão, você é um mosca-morta ou um fodão?", questionava Cezar nas entrevistas de emprego, segundo Abdallah. "Você teve uma vida boa até agora, vai querer se matar de trabalhar?" Também não faltavam comentários homofóbicos e machistas, de acordo com o livro: "Você é gay? Você tem cara de gay".


A intenção era testar a reação dos candidatos. De acordo com a autora, Cezar costumava dizer: "Você joga na parede. Se colar, fica. Se cair, vai embora". Quem ficava era treinado para aprender a ser agressivo e a ganhar dinheiro, mas sem se arriscar demais.


Esteves foi seu pupilo mais importante —ao mesmo tempo, não poderia ser alguém mais diferente. Era o "nerd", o menino cerebral e interessado que aprendia mais rápido do que os outros, descreve a autora. Teve uma ascensão fulminante no banco.


Ele teve participação essencial na aquisição do Pactual pelo UBS, em 2006. No meio da crise do subprime, em 2008, o banco suíço o chamou a Londres para liderar a divisão global de renda fixa.


A fusão, no entanto, gerou atritos: conflitos por causa da diferença na maneira de trabalhar, do choque entre a formalidade e informalidade entre suíços e brasileiros. Esteves resolveu sair e fundou o BTG com outros sócios, em 2008.


Um plano era usar a crise do subprime como uma oportunidade para comprar o Pactual. Deu certo no ano seguinte: assim nasceu o BTG Pactual, que se tornaria o maior banco de investimentos da América Latina.


"No dia do anúncio, Esteves telefonou para Luiz Cezar Fernandes, de quem havia se distanciado na última década, e fez questão de reconhecer os méritos do fundador, sobretudo o sistema de meritocracia implantado por ele", relata a autora. Cezar, que havia deixado o banco em 1999, ficou emocionado com o reconhecimento.


Na narrativa da autora, o que ambos têm em comum é estarem sempre em busca do próximo passo, de onde está o que ninguém vê agora.


Mas também os une a experiência de que chegar ao topo pode ser algo traiçoeiro.


Cezar foi obrigado a vender sua parte no Pactual em 1999 para pagar dívidas e anos mais tarde teve de recorrer a Esteves para não perder sua amada Fazenda Marambaia, uma propriedade de 2,5 milhões de metros quadrados em Petrópolis (RJ) que iria a leilão. Era o símbolo do poder de sua vida. O ex-estagiário aceitou ajudá-lo.


Esteves, por sua vez, se viu envolvido no maior escândalo político dos últimos 20 anos no Brasil: a Operação Lava Jato.


Delatado pelo então senador Delcídio do Amaral, ele foi preso em 2015, acusado de supostamente atrapalhar as investigações. Com a cabeça raspada e sem contato com o dia a dia do banco, Esteves temia pela própria integridade física na penitenciária. Arrumou um jeito de não se desesperar e manter a sanidade mental, diz Abdallah.


Sempre adaptando-se, teria pedido para a advogada do banco lhe comprar uma chuteira para que pudesse jogar bola com os outros presos (ele depois seria chamado para apitar as partidas). Daria conselhos financeiros aos guardas. Usaria o tempo para ler o Código Penal brasileiro e livros sobre Direito. Rascunharia pedidos de habeas corpus para outros presos.


Esteves foi solto após 28 dias. A denúncia contra ele foi arquivada e considerada "confusa" por ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Tornou-se chairman do BTG Pactual.


"A cultura do banco evoluiu ao longo dos anos", afirma a autora. "A meritocracia, a competição e o trabalho intenso permaneceram, mas foram adaptados a um olhar de médio e longo prazos condizente com uma companhia de seu porte [com mais de 8.000 funcionários], em que os objetivos individuais precisam estar alinhados aos do coletivo para a perenidade do grupo."


Segundo a obra, essa mudança "refletia uma visão mais ampla sobre o papel da instituição na sociedade brasileira". "Depois do que passara em Bangu, [Esteves] afirmava ter bons motivos para se mudar para os Estados Unidos ou a Europa com a família em busca de paz. Mas, em vez disso, enfatizava que ficara no Brasil, investindo por meio de seu banco."


'Como jogo War': livro conta conflitos, reviravoltas e inovações do BTG Pactual


Lavagem de petróleo

 “Lavagem de petróleo”: o escândalo internacional que liga Brasil, China e Venezuela


“No teatro da geopolítica, a fachada vale mais que a verdade. E quando a fachada é o Brasil, é sinal de que a peça é suja.”

 

A Reuters soltou a bomba: mais de 1 bilhão de dólares em petróleo venezuelano foi enviado à China com documentação fraudulenta, registrando o Brasil como país de origem. Em outras palavras, o Brasil foi usado — ou se deixou usar — como fachada do regime chavista. O objetivo: contornar as sanções impostas pelos Estados Unidos à Venezuela. O método: “lavagem de petróleo”.

 

Se confirmado, trata-se de um dos maiores escândalos energéticos internacionais com envolvimento indireto (ou direto) do governo brasileiro. E como sempre, o silêncio oficial é ensurdecedor.

 

A denúncia

A operação foi desvendada por meio de rastreamento marítimo, imagens de satélite, dados alfandegários e documentos internos da estatal venezuelana PDVSA. O que se descobriu?

 

Traders chineses, sob tutela ou influência direta do Partido Comunista Chinês, vêm rotulando petróleo venezuelano como “mistura de betume do Brasil”.

 

Essa classificação permite que o petróleo entre na China sem passar por sanções, pois evita a exigência de cotas de importação aplicadas ao petróleo bruto.

 

Os navios partem da Venezuela, mas alteram seus sinais GPS para simular uma partida de portos brasileiros — prática conhecida como “spoofing”.

 

Os documentos de origem são falsificados. A Petrobras nega qualquer exportação de mistura de betume para a China. A Receita Federal brasileira também não registra esse tipo de embarque.

 

Então de onde vem o petróleo “brasileiro” que abastece refinarias chinesas?

Os fatos que reforçam o escândalo

 

O volume movimentado entre julho de 2024 e março de 2025 é de 1,2 bilhão de dólares.

 

A China importou 2,7 milhões de toneladas métricas de betume “brasileiro”, que, segundo fontes do setor e análises de carga, é o Petróleo Merey, pesado e típico da Venezuela.

 

O caso lembra o episódio das manchas de óleo na costa brasileira em 2019. Na época, análises da UFBA apontaram origem venezuelana. A mídia abafou. O Greenpeace culpou o governo. E depois descobriu-se que os navios envolvidos pertenciam à frota fantasma russa.

 

Os métodos se repetem. O enredo se repete. Os atores também.

 

Brasil: vítima de fraude ou parceiro por omissão?

Essa é a pergunta que a matéria da Reuters deixa no ar e que o governo brasileiro se recusa a responder. A reportagem buscou contato com representantes do governo federal. Nenhuma resposta foi dada.

Silêncio institucional em um caso que envolve:

 

Falsificação de documentos de origem de carga


Uso indevido do nome do Brasil para fins de evasão de sanções


Possível atuação (ou omissão) de estruturas sob responsabilidade do Estado brasileiro

 

Em qualquer país sério, isso geraria uma crise diplomática imediata. No Brasil, gera uma piada de mau gosto — e mais uma “nota de rodapé” em veículos simpáticos ao governo.

 

Foro de São Paulo, China e o velho esquema

Nicolás Maduro é mais do que um ditador. É um operador estratégico do Foro de São Paulo. Lula é mais do que um presidente. Foi garoto-propaganda de Fidel Castro na fundação do Foro e defensor confesso de Maduro. China, Irã e Rússia são os braços logísticos e financeiros dessa aliança informal, que conecta petróleo, drogas, armas, corrupção e agora também “spoofing” marítimo.

 

Quando Lula participa de paradas militares ao lado de Putin e Xi Jinping, não é diplomacia: é alinhamento. Quando o PT assina acordos com o Partido Comunista Chinês, não é cooperação: é convergência ideológica. E quando o Brasil aparece como fachada para Maduro fazer “lavagem de petróleo”, não é acaso. É método.

 

Conclusão

Ainda não sabemos se o governo brasileiro está diretamente envolvido na falsificação de origem das cargas. Mas sabemos que:

 

Há falsificação.

O nome do Brasil está sendo usado.

O governo foi avisado.

E está em silêncio.

 

Como diria Lula sobre Maduro: ele “só precisa de uma narrativa”. Pois bem, a narrativa está pronta.


E ela é suja, viscosa e fétida como o petróleo que sai das refinarias da PDVSA.

“A ‘lavagem de petróleo’ é o novo escândalo tropical. Só falta a delação premiada.”


Paulo Henrique Araújo

Fórmula da juventude

 *E se todos estamos apenas programados para morrer?*

E se estamos todos programados para morrer dentro de uma faixa que vai no máximo, por "regra geral", até 95 anos? E se esta "informação" for quebrada? Seríamos vítimas de um "terrível programa"? Poderíamos viver mais? 

Este livro do meu amigo, o médico psiquiatra Dr. Leocádio Gonçalves, fruto de mais de 30 anos de pesquisas, propõe "pensar fora da caixa" em relação ao tempo de vida que pode ter sido programado para todos nós. 

*A Fórmula da Juventude* inova com a *Teoria Informacional do Envelhecimento*, pela qual, o autor demonstra como fomos programados para envelhecer e morrer. E como virar a chave da vida mais longa, quem sabe, eterna neste Plano mesmo!

Tive a honra de fazer o prólogo desta singular obra, que já está disponibilizada na Amazon. E em breve, também em língua inglesa, para que a contra-informação à programação se espalhe pelo mundo. Você vai se surpreender com o que o Dr. Leocádio apresenta.

Boa leitura e bom rejuvenescimento!

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https://rb.gy/s8z6su

Produtividade é a saída

  O mundo está girando (e rápido): o Brasil vai acompanhar ou ficar para trás? 🌎🇧🇷 Acabei de ler uma análise excelente de Marcello Estevã...