quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Estratégia do Citi

 *A estratégia do Citi para o blockchain (e o ‘Pix global’)*


Giuliano Guandalini27 de agosto de 2025


Em seus mais de 30 anos atendendo clientes internacionais em todos os fusos do globo, o inglês Steve Donovan nunca havia pisado na América Latina quando foi designado pela direção do Citi, dez anos atrás, para comandar a área de treasury and trade solutions para a região.


Foi um choque cultural – mas o executivo virou fã das fintechs e das inovações financeiras dos latino-americanos, particularmente dos brasileiros.


Agora como head de services para a América Latina, Donovan vem dedicando boa parte de seu tempo a conversar com autoridades locais para ajudar na criação do arcabouço regulatório do que ele chama do ‘Santo Graal’ das transações financeiras internacionais, uma plataforma tokenizada de pagamentos instantâneos que funcionará como um ‘Pix Global’ 24 horas por dia, sete dias por semana.


“Estamos nessa jornada de adoção digital há vários anos,” Donovan disse ao Brazil Journal, em uma conversa na sede do banco na avenida Paulista.


Internamente, o Citi já usa seu próprio token para realizar transferências entre países onde opera. Agora chegou o momento de dar o próximo passo: integrar  sua plataforma com outros sistemas digitais – e aí entram as stablecoins.


A grande trava à engrenagem das transferências internacionais hoje é o fato de existirem múltiplas FMIs – financial market infrastructures – em várias jurisdições, operando sob diferentes regras, cada uma com seu prazo de liquidação.


A tokenização surgiu como a solução ideal para esta antiga dor dos participantes dos mercados globais e, para Donovan, o sistema financeiro internacional parece destinado a ir para esse caminho.


“As stablecoins não são propriamente uma novidade. Estávamos falando sobre elas há cinco ou seis anos, mas não havia clareza regulatória. Faltava segurança. Só vamos investir em algo do tipo se nossos clientes tiverem interesse real nisso.”


O arcabouço regulatório começou a ser construído – ao menos nos EUA – com a aprovação do Genius Act. Agora a China e a Europa correm para apressar suas próprias regulações e não ficar para trás, o que significaria fortalecer a hegemonia do dólar nas transações internacionais.


Para Donovan, ainda resta um caminho regulatório considerável a ser perseguido para que se tornem realidade as plataformas globais tokenizadas de grande escala – além de uma mudança cultural por parte de muitos clientes.


Não adianta apenas os EUA ou o Brasil criarem os seus marcos regulatórios. A interoperabilidade de um ‘Pix global’ depende da criação de uma rede confiável, tanto do ponto de vista tecnológico como regulatório.


Donovan disse que o banco não considera as fintechs de cripto uma ameaça ao seu negócio de prover soluções para movimentar dinheiro ao redor do mundo. Pelo contrário. Elas podem ser complementares, fazendo “a última milha” das transações.


“Desde o início abraçamos as fintechs. Nunca as vimos como uma ameaça competitiva,” disse. “Víamos as fintechs como capazes de preencher uma lacuna no mercado e fornecedores de serviços que não conseguimos entregar, ajudando a atrair mais consumidores.”


E qual o papel do centenário Citi nesse sistema financeiro do futuro?


“Não tenho uma bola de cristal, mas acho que nosso papel hoje e amanhã será extremamente relevante,” afirmou. “A presença global do Citi é inigualável. Conseguimos movimentar dinheiro para mais de 140 países ao redor do globo com bastante facilidade.”


Agora, a ambição é “movimentar dinheiro 24 horas por dia, 7 dias por semana, em todos os mercados do mundo,” disse Donovan.


O que falta para chegar lá? “Clareza regulatória é absolutamente primordial. Os dois pontos principais são: clareza regulatória e demanda dos clientes.”


Jane Fraser, a CEO do Citi, confirmou recentemente que o banco estuda emitir stablecoins para facilitar os pagamentos digitais.


“Estamos considerando a emissão de uma stablecoin do Citi, mas talvez mais importante seja o segmento de depósitos tokenizados,” disse ela. “Essa é uma boa oportunidade para nós.”


O banco também analisa a possibilidade de custodiar criptoativos para seus clientes.


Donovan disse que costuma dizer aos mais jovens que eles têm muita sorte de viver o atual momento de transformações no sistema financeiro.


“Gostaria de estar começando minha jornada profissional agora,” disse. “É realmente muito emocionante. Mal consigo dormir à noite com o ritmo das mudanças e os potenciais resultados de muito do que está sendo discutido e explorado ao redor do mundo agora.”


Com a experiência de acompanhar os outros países da América Latina e tendo vivido muitos anos na Ásia,  Donovan diz que o Brasil está na dianteira dessa onda de inovação. Nos últimos, o executivo vem participando de conversas com o Banco Central sobre a regulamentação da emissão de stablecoins no país.


“O Brasil é a Singapura da América Latina,” disse Donovan. “O Brasil é o first mover. Sempre recomendo às pessoas que olhem o que o País tem feito em temas como open finance, pagamento instantâneo e inclusão financeira.”



https://braziljournal.com/a-estrategia-do-citi-para-o-blockchain-e-o-pix-global/

Bco Master desmembrado

 🏦 *Master pode ser desmembrado em seis partes se tiver aval para venda- Estadão*


O banco pode ser dividido em seis partes, caso o Banco Central aprove a venda de uma fatia ao Banco de Brasília (BRB).


Outros ativos seriam vendidos ao BTG Pactual, Grupo J&F, e ex-sócios Augusto Lima e Maurício Quadrado.


Ativos problemáticos ficariam com o controlador Daniel Vorcaro, com apoio do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).


*CDBs e Riscos ao Sistema*

•  O Master ofereceu CDBs com juros acima do mercado, atraindo investidores com a garantia do FGC.

•  Para remunerar esses papéis, o banco investiu em ativos de alto risco, como precatórios e ações de empresas frágeis.

•  O FGC já teria aportado entre R$ 1 bi e R$ 4 bi, e pode liberar até R$ 10 bi para cobrir CDBs de até R$ 250 mil.


*Investigações e Irregularidades*

•  A CVM identificou fraudes em fundos imobiliários e má avaliação de ativos.

•  O banco investiu R$ 2,1 bilhões em empresas sem capacidade de retorno.

•  Deputados pediram à Polícia Federal abertura de inquérito.


*Valoração de Ativos*

•  Participações como a da Oncoclínicas perderam valor significativo, gerando risco de rombo contábil.

•  Ativos não marcados a mercado podem deixar CDBs descobertos, exigindo socorro do FGC.

*Papel do Banco Central*

•  O BC analisa a operação desde março e recebeu documentação final em agosto.

•  A saída de Vorcaro da governança do novo banco foi vista como essencial.

•  O BC busca minimizar riscos sistêmicos e garantir que o Master não continue captando com taxas abusivas.

https://tinyurl.com/277sd6se

Fernando Gabeira

 É PRECISO SEPARAR FUMAÇA E FOGO NA ERA TRUMP

Por Fernando Gabeira

26/08/2025 - 00h05 


Desde muito jovem sou ligado às notícias. Durante algum tempo, minha tarefa no Jornal do Brasil era ler todos os jornais pela manhã e planejar a edição do dia seguinte. Sou, portanto, um grande consumidor de informação.


De uns tempos para cá, com o advento das redes sociais, o volume se amplificou. Não só jornais e revistas, como blogs, podcasts, robôs, grupos, opiniões, comentários e influenciadores invadiram a cena. O que era uma grande onda virou tsunami, impossível de surfar.


Dentro desse contexto, no entanto, procuro analisar um dado importante em nosso cotidiano: a posição dos Estados Unidos em relação ao Brasil e à América Latina. Para alguns, trata-se apenas de uma repetição da velha tendência imperial de determinar a vida dos países do continente. Acontece que há fatos novos: além da cacofonia das redes, há um presidente especializado em bombardear o mundo com uma sucessão de notícias. É um presidente que tem uma rede própria e usa parte do tempo para postar projetos, ideias, avisos e devaneios.


A incompreensão dessa tática de Trump acaba produzindo um nervosismo inútil e prejudicial. É o caso da Lei Magnitsky aplicada a Alexandre de Moraes. Bastou o anúncio, sem detalhes de como será usada, para que se desencadeasse um psicodrama nacional. Um ministro escreveu um despacho, as ações dos bancos brasileiros caíram na Bolsa de Valores, e as redes estão cheias de ameaças anunciando que o país quebrará.


A Lei Magnitsky se aplica às empresas e indivíduos nos Estados Unidos. Moraes é apenas alguém que vive de salário e faz a maioria de suas compras no território brasileiro. O máximo que pode acontecer é migrar para o Pix. É possível dizer muito sobre isso, menos afirmar que é uma tragédia.


Uma noite dessas, fui dormir depois de ler inúmeros posts sobre um avião da CIA que pousou em Porto Alegre e foi para São Paulo. Eram muitos os boatos. Chegaram a extravasar para a mídia convencional. Fui dormir tranquilo porque sei que a CIA é uma agência que trabalha discreta e clandestinamente. Usa aviões, helicópteros, barcos, carros, ônibus e motocicletas, enfim, o que for necessário. A última coisa que teria é um avião que, ao pousar num país, seria facilmente identificado como sendo da CIA.


Outra notícia que segui de perto: o envio de três destróieres americanos ao Caribe, com a missão de pressionar a Venezuela. Deveriam chegar em 36 horas. Passado o tempo, li no site venezuelano TalCual que os três estavam muito longe: um em Guantánamo, Cuba; outro, no Panamá; o terceiro, na costa americana.


Maduro convocou 4 milhões de milicianos, fez discursos e desfilou com aquele casaco com a bandeira da Venezuela. Os navios americanos não apareceram porque, no seu lugar, o Furacão Erin sacudiu o Caribe. Choveu muito na Venezuela, houve até apagão em Caracas. Se os venezuelanos tivessem se preparado para as inundações, no lugar da invasão americana, talvez tivessem mais eficácia.


O jornalismo explora muito as tensões. Temo estar me transformando num antijornalista porque, na maioria dos casos, vejo crises cheias de som e fúria significando nada. Estou pronto para iniciar um novo gênero: o Correio Zen, órgão destinado a mostrar que, na maior parte das vezes, é melhor não se deixar levar pela confusão das redes e pelas bravatas dos políticos. Preciso apenas de um patrocinador que aceite perder dinheiro com serenidade.

Na Colômbia

 *Pai de candidato morto a tiros na Colômbia lança campanha presidencial*


Bogotá, Colômbia, 26/08/2025 - O pai de Miguel Uribe, candidato presidencial colombiano morto a tiros em um comício político no início deste ano, lançou uma campanha presidencial na terça-feira, no que ele chamou de um esforço para manter vivo o legado de seu filho e construir uma Colômbia mais segura e próspera.


Miguel Uribe Londoño, de 72 anos, anunciou sua candidatura com um discurso do lado de fora do prédio do Congresso na capital, onde seu filho se tornou um senador conhecido, e discursou atrás de um pódio com o logotipo da campanha usado por seu filho falecido.


“Juntos, podemos construir uma Colômbia segura, onde as pessoas não tenham medo de sair às ruas e onde os empresários não precisem extorquir dinheiro” de gangues, disse Uribe Londoño. “Uma Colômbia democrática, onde o governo não fomente divisões entre ricos e pobres, brancos e negros, ou entre os que estão à esquerda ou à direita.” Fonte: Associated Press



*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast



Broadcast+

Tarcísio na pista

 *Com aval de Tarcísio, Nunes e Garcia articulam possível chapa em SP*


Segundo aliados, prefeito da capital e ex-governador têm conversado com Tarcísio sobre sua sucessão, caso ele decida disputar a Presidência


Em meio a especulações sobre uma eventual candidatura do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) à Presidência da República no ano que vem, o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), e o ex-governador Rodrigo Garcia (sem partido) discutem uma possível chapa para disputar a sucessão ao governo paulista.


A articulação se dá pensando no cenário em que Tarcísio renuncie ao governo em abril de 2026 para concorrer ao Palácio do Planalto, e conta com o aval do governador. Segundo integrantes desse grupo político, o desempenho em recentes pesquisas de intenção de voto tem colocado Nunes em posição de vantagem para ter o apoio de Tarcísio para sua sucessão.


O Metrópoles mostrou que aliados do prefeito paulistano comemoraram o levantamento do instituto Paraná Pesquisas, divulgado em julho, que mostrou Nunes à frente do ex-governador e atual ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), em um dos cenários sem Tarcísio nas simulações ao Palácio dos Bandeirantes. O prefeito aparecia com 29,9%, enquanto o ministro de Lula (PT) somava 14,2%.


Derrotado por Tarcísio em 2022, Rodrigo Garcia se aproximou do governador ao longo do atual mandato e tem tido conversas frequentes sobre o cenário eleitoral do ano que vem. Uma das opções discutidas nas conversas mais reservadas é Garcia ser o vice em uma chapa encabeçada por Nunes. Nas eleições municipais de 2024, Garcia coordenou plano de governo da reeleição de Nunes.


Aliados do prefeito da capital afirmam que, no bastidores, Tarcísio tem sinalizado preferência pelo emedebista para sua sucessão, caso decida mesmo disputar o Palácio do Planalto. Segundo aliados, essa definição passa pelo crivo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível e tem visto o governador de São Paulo se tornar um nome mais competitivo do que o de seus filhos.


Na avaliação de Tarcísio, segundo interlocutores, é preciso ter um palanque forte em São Paulo para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Por isso, dizem, o governador não gostaria de ter de se empenhar para construir uma candidatura menos conhecida, como seria o caso do presidente da Assembleia Legislativa (Alesp), André do Prado (PL), que também goza da confiança do governador.


Vindo de uma acirrada e midiática disputa pela reeleição à Prefeitura de São Paulo, que contou com o forte empenho de Tarcísio e um apoio tímido de Bolsonaro, Nunes já é um nome mais conhecido e consolidado junto ao eleitorado do que os de André do Prado e do ex-governador Rodrigo Garcia.


Além disso, o prefeito tem se aproximado do bolsonarismo desde que foi reeleito. Compareceu ao último ato a favor do ex-presidente na Avenida Paulista e tem feito falas públicas em defesa de Bolsonaro em meio ao processo contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF), por tentativa de golpe.


Nessa quinta-feira (7/8), o Metrópoles mostrou que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) ligou para Nunes para agradecer o apoio público ao pai, em meio aos ataques feitos por ele ao governador Tarcísio de Freitas.


Caso seja candidato, Nunes teria de deixar a prefeitura até abril do próximo ano, dando lugar ao vice-prefeito, o bolsonarista Mello Araújo (PL). Segundo alguns aliados, isso pode ser um entrave para o prefeito, já que Mello Araújo é visto como inexperiente ainda e tem incomodado quadros da gestão municipal com sua postura de fiscalização sobre secretários e até mesmo vereadores.


Opções para Rodrigo Garcia


Rodrigo Garcia também tem a confiança de Tarcísio, além da simpatia de Bolsonaro. Em 2022, por vontade de Bolsonaro, Garcia declarou apoio a Tarcísio no segundo turno, no dia seguinte à sua derrota no primeiro turno. Segundo aliados, o ex-governador tem ido com frequência ao Palácio dos Bandeirantes e tem se colocado à disposição do projeto político de Tarcísio.

Além da vice ou mesmo uma possível cabeça de chapa para o governo, outra opção aventada para Rodrigo Garcia seria a candidatura ao Senado — em 2026, serão duas vagas por estado.

A escolha sobre a qual partido Garcia se filiará, ainda de acordo com interlocutores do ex-governador, dependerá de qual cargo ele disputará em 2026 e da composição das outras candidaturas da chapa dentro do arco de alianças partidárias que se formará em torno de um eventual projeto presidencial de Tarcísio.

Garcia sinalizou a aliados que pretende escolher a legenda em outubro, um ano antes da eleição.

Até o momento, o campo da direita tem o atual secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP), como provável postulante ao Senado.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), que também se colocava como candidato, perdeu força para a disputa, segundo aliados, após se envolver na articulação junto ao governo dos EUA para aplicar sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Outro postulante ao Senado é o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), que tem conversas com o União Brasil para uma possível filiação.


https://www.metropoles.com/sao-paulo/tarcisio-nunes-garcia-chapa-sp

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: Balanço da Nvidia e Caged concentram expectativas*


… A expectativa pelo balanço da Nvidia, após o fechamento, mobiliza os mercados em Nova York, em dia de agenda esvaziada, mas tomado por muitos ruídos, que colocam o investidor de sobreaviso. Aqui, após o IPCA-15 frustrar com deflação menor que a esperada, saem dados do Caged, enquanto o governo tenta evitar que o projeto de isenção do Imposto de Renda seja aprovado sem medidas compensatórias e luta para fechar o Orçamento para 2026. Haddad dá entrevista às 11h. Nos Estados Unidos, a demissão de Lisa Cook, que vai contestar judicialmente a decisão de Trump, domina os receios de interferência no Fed, sob o risco de puxar os juros longos com mais força.


TIRO PELA CULATRA – Artigo na agência Bloomberg afirma que o ataque sem precedentes do presidente Trump ao Federal Reserve poderá sair pela culatra, atingindo os mercados financeiros e a economia com custos de empréstimos mais altos.


… Mesmo após Powell ter sinalizado em Jackson Hole que está pronto para começar a reduzir os juros já no mês que vem, o rendimento das Notes de 10 anos reflete o desconforto dos investidores, mantendo a projeção do yield acima de 4,2%.


… Essas taxas já vinham em alta diante do risco de as tarifas piorarem a inflação e, ainda, pelo impacto dos cortes de impostos que podem gerar uma onda de estímulo e pela chance de o déficit orçamentário continuar inundando o mercado com novos títulos do Tesouro.


… A esta conjuntura, soma-se o esforço de Trump para conseguir um Fed “leal” às suas vontades, que possa cortar os juros muito rápido e em excesso, o que colocaria em risco a credibilidade da instituição no combate à inflação.


… “A combinação do crescimento mais fraco do payroll e das provocações da Casa Branca ao Fed está começando a criar problemas reais aos investidores em títulos do Tesouro americano”, disse David Roberts, chefe de renda fixa da Nedgroups Investments.


… Ele espera que as taxas de longo prazo subam mesmo com recuo no curto prazo. “A inflação está muito acima da meta. Dinheiro muito mais barato agora provavelmente alimentaria um boom, um dólar americano mais fraco e uma inflação substancialmente mais alta.”


… Para Edward Harrison, estrategista macro da Markets Live, se os esforços para obter o controle político do Fed ganharem mais força, “devemos esperar uma reação mais ampla tanto nos prêmios quanto nas expectativas de inflação”.


… Por ora, a resposta do mercado ao anúncio da demissão de Cook ainda é relativamente discreta, mas esse é um fator potencial de estresse.


TRUMP – Questionado pelos jornalistas sobre a decisão de Lisa Cook de contestar judicialmente a demissão, o presidente disse que “acataria a decisão dos tribunais”, mas voltou a pedir taxas de juros mais baixas ao Fed.


NVIDIA – Em paralelo à pressão de Trump sobre a independência do Fed, o mercado em Nova York aguarda com grande expectativa o balanço da gigante de tecnologia, no final do dia, em busca de pistas sobre se a atual alta continua ou se estagnará.


… Os resultados da Nvidia devem apresentar uma atualização sobre o boom de gastos com inteligência artificial e também dar a medida de como a rivalidade entre Estados Unidos e China está limitando o crescimento.


… Analistas estimam que os maiores compradores de hardware de IA ainda estão investindo pesadamente em novos equipamentos, com as vendas da empresa previstas para crescer a um ritmo de mais de 50% este ano.


… O que diminui a empolgação é a confusão sobre quantos negócios a Nvidia conseguirá fazer na China.


… “Os resultados da Nvidia transcendem a empresa, tornando-se um barômetro da atividade macroeconômica, um talismã para o comércio de inteligência artificial e um ponto de pressão crítico para a geopolítica global”, disse Kyle Rodda (Capital.com), na Bloomberg.


LULA 2026 – A reunião ministerial realizada pelo presidente nesta terça-feira teve como principal objetivo uniformizar o discurso do governo e dar o recado aos ministros para que eles propaguem os dados positivos da economia, apurou o Broadcast Político.


… O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Sidônio Palmeira, apresentou aos colegas uma peça publicitária que será divulgada a partir da próxima semana e o novo slogan da gestão Lula: “Governo do Brasil: do lado do povo brasileiro”.


… Sidônio enfatizou a importância de a “tropa” dos ministros defenderem o governo para melhorar a popularidade do presidente, reforçando que a palavra de ordem é o discurso da soberania, após o tarifaço dos Estados Unidos para o Brasil.


… Bastidores apurados pelo Valor indicam que Lula cobrou lealdade dos ministros em favor do governo, citando como exemplo as críticas de Ciro Nogueira na oficialização da federação União Brasil e PP, onde “não teve um ministro para defender a gestão petista”.


… Lula citou também o presidente do União Brasil, Antônio Rueda, dizendo que não gosta dele e admitindo que o sentimento é recíproco.


… Rueda respondeu às críticas de Lula com postagem nas redes sociais, quando disse que “a fala do presidente evidencia o valor da nossa independência e a importância de uma força política que não se submete ao governo”.


ISENÇÃO DO IR – Câmara e Senado negociam calendário conjunto de votação do projeto de lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, de forma a aprovar o texto nas duas Casas ainda em setembro.


… O cronograma deve ser definido nesta semana em reunião entre Hugo Motta, Davi Alcolumbre e a ministra Gleisi Hoffmann.


… Segundo o Valor, parlamentares avaliam que a liberação de emendas e o pagamento efetivo de recursos podem contribuir para o ambiente de aprovação do texto. A preocupação é com a alteração da proposta, por meio de destaques no plenário.


… O movimento é liderado pelo PL e conta com o apoio de parte do União Brasil e do PP, que trabalham para evitar medidas compensatórias, como a tributação de até 10% para quem ganha mais de R$ 1,2 milhão por ano.


… O PP articula uma compensação alternativa que inclui um aumento de 5% na Contribuição Social Sobre Lucro Líquido (CSLL), além da redução de incentivos fiscais. O relator do projeto, deputado Arthur Lira, admitiu que “há 200 conversas” e “muita especulação”.


HADDAD – O ministro da Fazenda concede entrevista ao vivo ao portal UOL, a partir das 11h, e deve abordar esse tema.


CPMI DO INSS – Governo fez acordo para investigar gestão Dilma e evitar a convocação de irmão de Lula, o Frei Chico, que é vice-presidente do Sindnapi, uma das entidades citadas no escândalo de descontos irregulares de aposentadorias.


… Projeto que veda os descontos associativos em benefícios do INSS estava na pauta da Câmara, mas a sessão deliberativa foi encerrada sem a votação, assim como um requerimento de urgência para um projeto que limita o ingresso de ações dos partidos no STF.


… Essas matérias ficaram para hoje, junto com a PEC da Blindagem e a PEC que extingue o foro privilegiado.


… No Senado, Davi Alcolumbre se comprometeu a votar nesta quarta-feira o projeto de lei complementar que uniformiza para oito anos o tempo de inelegibilidade de políticos e, na prática, diminui o período em que, determinados casos, alguém fica inelegível.


BOLSONARO – Alexandre de Moraes atendeu à manifestação da PGR e determinou que o ex-presidente seja monitorado em tempo integral, com policiais de prontidão próximos da residência onde cumpre prisão domiciliar, devido ao risco de fuga.


… O policiamento, diz o ministro do STF, deverá “evitar exposição indevida, abstendo-se de toda e qualquer indiscrição, inclusive midiática”.


AGENDA – Dados do Caged de julho (14h30) são o destaque entre os indicadores de hoje, com a mediana das estimativas (Broadcast) apontando para a criação líquida de 135 mil vagas com carteira assinada, abaixo de junho (166.621 vagas).


… As expectativas para esta leitura variam de 110 mil a 185.521 vagas, garantidas pela atividade ainda forte.


… No mesmo horário (14h30), o Tesouro divulga o Relatório da Dívida Pública Federal de julho e o BC, os dados semanais do fluxo cambial. Já pela manhã (8h30), serão divulgados os dados de crédito do Banco Central.


EXPOFENABRAVE – Tarcísio de Freitas (11h) e Gabriel Galípolo (14h) participam do 33º Congresso & ExpoFenabrave.


LÁ FORA – Sai de madrugada o índice de confiança do consumidor GfK na Alemanha, em dia de agenda esvaziada no exterior.


… Nos Estados Unidos, estão previstos apenas os estoques de petróleo do DoE e o discurso repetido de Tom Barkin (Fed/Richmond) em evento da Greensboro Chamber of Commerce (13h45).


… No final da noite (22h), o BC da Coreia do Sul divulga decisão de política monetária e, no Japão, Junko Nakagawa (BoJ) discursa (22h30).


A GUERRA EM GAZA – O enviado especial dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Steve Witkoff, disse que haverá uma grande reunião, chefiada pelo presidente Trump, hoje na Casa Branca, para discutir planos para Gaza após a guerra.


… À Fox News, Witkoff afirmou sobre o fim da guerra: “Vamos resolver isso de ou jeito ou de outro até o final do ano”.


… Sobre a Ucrânia, ele comentou que Trump pode ser necessário na cúpula entre Putin e Zelensky, informando que irá se reunir com ucranianos esta semana em Nova York. Sobre uma “pressão máxima” à Rússia, disse que “é o presidente que precisa decidir sobre sanções”.


… Já Trump disse que pode aplicar sanções econômicas contra a Rússia, caso não cheguemos a um cessar-fogo. Sem dar detalhes, acrescentou que tem “coisas muito sérias em mente, se for preciso, para usar contra o presidente Vladimir Putin”.


ÍNDIA – Começa a valer hoje a sobretaxa adicional de 25% dos Estados Unidos, elevando a tarifa total sobre Nova Délhi para 50%.


O FED POLITIZADO – A perseguição implacável de Trump para o Fed cortar juro conseguiu derrubar ontem os Treasuries de mais curto prazo, mas ampliou a inclinação da curva, na maior prova de mercado na defensiva.


… A alta nas taxas dos títulos do Tesouro americano de longo prazo não esconde o medo de que esta batalha agora para forçar uma atuação dovish cobrará o seu preço lá na frente, com potencial perda do controle da inflação.


… O diferencial da ponta curta com a longa dos Treasuries abriu: o spread entre o bônus de 5 anos e o de 30 anos superou 115 pontos-base pela primeira vez desde setembro de 2021, segundo a BMO, ficando em quase 118 pontos.


… O yield da Note de 2 anos caiu para 3,684%, contra 3,728% na véspera, o rendimento das Notes de 10 anos recuou para 4,259% (de 4,281no pregão anterior), enquanto o retorno do título de 30 anos subiu a 4,911%, de 4,895%.


… O mais novo capítulo da queda de braço de Trump com o Fed levanta a lebre sobre a independência do Fed. O republicano assegura que terá a maioria dos indicados para o conselho de política monetária “muito em breve”.


… Segundo a BMO, não existe caminho fácil para o presidente americano obter quatro nomeações no conselho de sete membros do BC e ampliar sua influência. Mas os riscos associados à perda de credibilidade do Fed estão dados.


… Vencedor do Prêmio Nobel em 2008, o economista Paul Krugman acredita que a resposta que Powell dará à demissão de Lisa Cook será um teste e, se Suprema Corte validar a ação, as implicações serão “desastrosas”.


… “Isso marcará a destruição do profissionalismo e do pensamento independente em todo o governo federal.”


… Segundo ele, os Estados Unidos estão a caminho de se tornar a Turquia, “onde um governante autoritário [Erdogan] impôs sua economia maluca ao Banco Central, fazendo a inflação disparar para 80%”.


… Para Krugman, os mercados financeiros provavelmente vão continuar ignorando a “ilegalidade da administração Trump”, mas, em última análise, “nada disso é sobre política monetária; é sobre se ainda somos uma nação de leis”.


DANÇA DAS CADEIRAS – Investidores ponderam se a decisão de Trump sobre Cook terá validade judicial.


… Indicada por Biden, a diretora do Fed diz que continuará trabalhando normalmente, que Trump não tem autoridade legal para destituí-la por justa causa de seu cargo e que contestará a demissão judicialmente.


… O Fed diz que cumprirá qualquer decisão da Justiça, enquanto Trump afirma estar preparado para uma batalha judicial. De acordo com o WSJ, ele deseja agir rápido para escolher o substituto de Cook na vaga que vai até 2038.


… Entre os potenciais candidatos, está o ex-presidente do Banco Mundial David Malpass, que trabalhou na Casa Branca durante o primeiro mandato de Trump e que recentemente já criticou o Fed por não reduzir os juros.


… Outra alternativa, segundo o jornal, seria Trump indicar Malpass para a vaga deixada pela ex-diretora Adriana Kugler, que expira em janeiro, e optar por nomear seu assessor econômico Stephen Miran para o lugar de Lisa Cook.


… Fonte da BBG disse que o Comitê Bancário do Senado se prepara para audiência de Miran semana que vem.


… Apesar da credibilidade em xeque do Fed, o dólar caiu lá fora com a promessa de cortes do juro. O DXY recuou 0,21%, a 98,225 pontos, o euro ganhou 0,15%, a US$ 1,1647, a libra, +0,12%, a US$ 1,3486, e o iene, a 147,36/US$.


… Na contramão do exterior, o dólar fechou em alta moderada de 0,37% por aqui, negociado a R$ 5,4345. No Broadcast, operadores atribuíram a falta de fôlego do real à performance negativa das commodities ontem.


… As novas ameaças tarifárias de Trump contra a China e a Índia pesaram sobre o minério de ferro, em queda de 0,70%, e especialmente sobre o contrato do Brent para outubro, que afundou 2,29%, para US$ 67,22 o barril.


… Durante reunião de gabinete, Trump disse esperar que o petróleo caia abaixo do patamar de US$ 60 “em breve”.


… Na esteira da forte queda da commodity, Petrobras PN perdeu 0,72%, a R$ 30,43, e ON caiu 0,51%, a R$ 32,89. Já Vale contrariou o minério, subiu 0,89%, à máxima do dia, de R$ 55,41, e ajudou a frear as quedas do Ibovespa.


… O índice à vista recuou de leve (-0,18%), abaixo dos 138 mil pontos (137.771,39), com giro de R$ 20 bilhões.


… Entre os bancos, BB ON testou uma recuperação e subiu 1,65%, a R$ 20,38, Bradesco ON avançou 0,14%, a R$ 14,03, mas Bradesco PN registrou desvalorização tímida de 0,24%, a R$ 16,31, e Itaú caiu 0,67%, para R$ 36,95.


… Em Nova York, as bolsas deixaram em segundo plano o debate sobre a independência do Fed e se concentraram no horizonte de corte dos juros. Além disso, anteciparam positivamente o balanço trimestral da Nvidia (+1,09%) hoje.


… O Dow subiu 0,30% (45.418,07 pontos); S&P 500, +0,41% (6.465,94 pontos); e Nasdaq, +0,44% (21.544,27 pontos).


NÃO DEU MATCH – Um dia depois do ânimo com a nova melhora das expectativas de inflação no boletim Focus, inclusive para os prazos mais longos, a deflação menor do que a esperada do IPCA-15 deixou gosto de decepção.


… A prévia da inflação oficial de agosto recuou 0,14%, quando os economistas esperavam queda de 0,19%.


… Os serviços subjacentes aceleraram de 0,45% em julho para 0,55%. Nos serviços como um todo, houve desaceleração de 0,70% para 0,50%, mas a variação superou o teto das projeções do mercado, de 0,47%.


… Frustrada pelo indicador e influenciada ainda pela crise de confiança no Fed, a curva do DI fechou em alta.


… No fechamento, o contrato de juro para Jan/26 subiu a 14,895% (de 14,886% no ajuste anterior); Jan/27, a 13,975% (13,916%); Jan/29, a 13,245% (de 13,202%); Jan/31, a 13,585% (de 13,561%); e Jan/33, 13,765% (13,754%).


… O resultado menos favorável do IPCA-15 esvaziou parte das apostas de um corte antecipado da Selic, em dezembro, e reforçou a expectativa de que o ciclo de relaxamento do Copom comece em janeiro ou depois.


… O Barclays reduziu as projeções para IPCA deste ano para baixo de 5%, de 5,1% para 4,9%, e para 2026 (de 4,3% para 4,2%), mas ainda vê um cenário inflacionário desafiador justamente por conta da pressão dos serviços.


CIAS ABERTAS – JBS passará a integrar o índice FTSE US, operado pela FTSE Russell, a mesma gestora do conhecido índice Russell…


… A confirmação foi divulgada em comunicado oficial, detalhando mudanças que serão efetivas a partir do fechamento do mercado em 19 de setembro, com validade em 22 de setembro…


… A entrada no FTSE US reforça a consolidação da empresa no mercado de capitais americano, processo acelerado após a dupla listagem (B3 e Nyse) realizada neste ano…


… O movimento é visto como estratégia para atrair um leque mais amplo e diversificado de investidores…


… Desde a estreia na Nyse, em 12 de junho, as ações da empresa acumulam valorização de 15%; nesta terça-feira, atingiram sua máxima histórica, encerrando a sessão a US$ 15,99.


CSN. O Citi reduziu o preço-alvo de R$ 9 para R$ 7 por alta alavancagem e fluxo de caixa negativo. Quanto à CSN Mineração, o banco estabeleceu o preço-alvo em R$ 5, contra R$ 5,03 do fechamento do papel ontem na bolsa.


AZZAS. Conselho aprovou o adiamento para 10 de setembro da data das posses de Eric Alexandre como diretor financeiro, corporativo e de RI, e de Rafael Sachete como diretor, sem designação específica…


… Originalmente, posses estavam marcadas para a próxima segunda-feira (1º).


ECORODOVIAS celebrou termo aditivo para otimização do contrato de concessão da controlada Ecovias 101, com vigência por 24 anos, preservando continuidade da prestação do serviço na BR-101, entre Espírito Santo e Bahia.


HYPERA. Itaú BBA manteve recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 35, e reduziu em 5% a estimativa para receita líquida da empresa neste ano e em 2026, após os resultados do segundo trimestre.


SANTOS BRASIL. Conselho de Administração aprovou parecer favorável à OPA proposta pela CMA CGM para aquisição da totalidade das ações de emissão da companhia.

terça-feira, 26 de agosto de 2025

O silêncio dos universitários

 O silêncio dos universitários.

Pesquisa mostra que metade dos alunos evita discutir temas polêmicos nas universidades por temer perseguição e retaliação. O campus, que deveria ser o lugar das ideias, virou usina de dogmas. - ESP-25/08/2025 

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A verdade incômoda é que, dentro dos muros, os maiores carrascos da liberdade não são reacionários caricatos, e sim a esquerda iliberal hegemônica nas humanidades.

A degradação não foi imposta de fora para dentro. Foi construída por anos de covardia institucional e conformismo ideológico. Diretores coniventes com protestos truculentos; colegiados que chancelam cursos com uma versão única da História; professores que se calam para não perder prestígio ou verbas. A cultura do cancelamento floresce porque encontrou terreno fértil na militância disfarçada de docência e no silêncio cúmplice da administração.

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As universidades vieram à luz como templos da liberdade intelectual, carregando já no nome a promessa de brilhar como um “universo” de saberes, onde ideias rivais se enfrentam sem medo, dogmas são desafiados e consensos só existem enquanto resistem ao fogo do debate. Mas essa promessa foi traída. O câmpus, que deveria ser laboratório do pluralismo, tornou-se casamata da intolerância.


Professores e alunos admitem que se calam por medo das patrulhas ideológicas. Segundo uma pesquisa do Instituto Sivis, 47% dos estudantes brasileiros consultados relutam em discutir assuntos controversos. Os mais afetados são os estudantes que se consideram de centro: 57% deles se autocensuram, contra 43% dos alunos de esquerda e 39% dos de direita. Discussões políticas (39%) lideram o cardápio de temas que costumam ser evitados.


A mordaça não vem de decreto nem da polícia, mas do medo de ser linchado nas redes sociais, sabotado pelos pares, hostilizado em sala de aula. A autocensura se tornou forma mentis. O preço de pensar fora da cartilha é a difamação, o cancelamento e até o veto a pesquisas ou à docência.


Naturalmente, há fanatismos de direita rondando os portões da universidade, tentando minar a legitimidade da ciência e instrumentalizar a ignorância. Mas a verdade incômoda é que, dentro dos muros, os maiores carrascos da liberdade não são reacionários caricatos, e sim a esquerda iliberal hegemônica nas humanidades. Sob a máscara da “inclusão” e da “justiça social”, essa nova ortodoxia impôs um código de fé progressista, em que divergências são escorchadas como blasfêmia. A universidade, que deveria ser antídoto contra o pensamento único, abastardou-se em sua encarnação mais zelosa.


Uma academia sem dissenso não forma lideranças democráticas: fabrica inquisidores de toga acadêmica, adestrados para silenciar o adversário em vez de refutá-lo. A retórica do respeito a grupos marginalizados virou desculpa para marginalizar dissidentes. A depauperação do debate interno repercute na sociedade: onde a discordância vira ofensa, a política degenera em polarização tóxica. Ao abdicar da liberdade acadêmica, a universidade legitima o populismo que diz combater, abrindo espaço para que demagogos de direita se apresentem como paladinos da “verdade proibida”.


A degradação não foi imposta de fora para dentro. Foi construída por anos de covardia institucional e conformismo ideológico. Diretores coniventes com protestos truculentos; colegiados que chancelam cursos com uma versão única da História; professores que se calam para não perder prestígio ou verbas. A cultura do cancelamento floresce porque encontrou terreno fértil na militância disfarçada de docência e no silêncio cúmplice da administração.


Há antídotos. Universidades que adotam a neutralidade institucional – recusando-se a endossar causas políticas ou manifestos partidários – preservam maior diversidade intelectual. Experiências internacionais mostram que regras de convivência, centradas na defesa intransigente da liberdade de expressão, criam ambientes mais férteis para a ciência e mais resilientes a modismos ideológicos. No Brasil, manifestos de intelectuais que denunciam a asfixia do pluralismo são sinais tímidos, mas encorajadores, de resistência. Porém, só terão efeito se acompanhados de reformas institucionais: desde códigos de conduta que protejam vozes divergentes até currículos que ofereçam perspectivas contrastantes, em vez de catecismos disfarçados de disciplinas.


A liberdade de se expressar não é luxo nem bandeira partidária. É a quintessência da vida acadêmica. Sem ela, a universidade deixa de ser espaço de investigação crítica e se converte em megafone de dogmas; deixa de formar cidadãos esclarecidos e passa a moldar militantes biônicos – alienando todo o resto. Uma universidade que cancela palestras, silencia teses e criminaliza a divergência trai sua missão e se torna caricatura de si mesma. Ou as universidades resgatam sua vocação para o livre debate e experimentação de ideias, ou continuarão a se desmoralizar – e se desfigurar – como tribunais ideológicos. E quem perde não são só os acadêmicos – é a própria democracia brasileira.

Produtividade é a saída

  O mundo está girando (e rápido): o Brasil vai acompanhar ou ficar para trás? 🌎🇧🇷 Acabei de ler uma análise excelente de Marcello Estevã...