segunda-feira, 4 de agosto de 2025

BDM MATINAL Riscala

 *Rosa Riscala:  Ligação entre Trump e Lula é suspense*


Semana também de balanços importantes, com Petrobras, Itaú, Embraer e B3


… A agenda americana da semana tem indicadores de atividade, mas não é das mais fortes, depois de o payroll fraco e o anúncio da saída de Adriana Kugler do Fed (dando espaço para um indicado de Trump) terem disparado a chance de corte de juro em setembro e tornado majoritária a aposta de que a taxa caia três vezes até o ano acabar. Ainda no exterior, o BC inglês decide juro e sai a balança comercial da China (5ªF). Aqui, tem Caged hoje (14h30), na véspera da ata do Copom, que deve reforçar o tom de incerteza e cautela. Semana também de balanços importantes, com Petrobras, Itaú, Embraer e B3. Mais do que tudo, o mercado estará de olho na chance de um telefonema entre Trump e Lula, antes de entrar em vigor na 4ªF o tarifaço de 50% imposto pelo governo americano contra o Brasil.


ME LIGA – No fim da tarde de 6ªF, o investidor exibiu ânimo no after market com o comentário do presidente dos Estados Unidos, em rápida entrevista a repórteres no jardim da Casa Branca, dando margem a uma ligação de Lula.


… “Ele pode me ligar quando quiser”, afirmou, embora, minutos depois, tenha dito que “as pessoas que governam o Brasil fizeram a coisa errada”, ao ser questionado sobre a razão para a maior tarifa contra os produtos brasileiros.


… Mas mandou um “I love Brazil”, no fato novo à diplomacia brasileira, que agora se movimenta para conferir se os canais de diálogo serão mesmo reabertos ou se tudo não passou de uma declaração informal que não dará em nada.


… Horas depois do aceno, em publicação no X, Lula disse que esteve sempre este aberto a conversar e que no momento trabalha para dar uma resposta às tarifas. Passou ainda recado sobre os ataques à soberania e ao STF.


… “Quem define os rumos do Brasil são os brasileiros e as suas instituições”, escreveu em seu perfil.


… No final de semana, durante o encontro nacional do PT, em Brasília, Lula disse que tem um “limite” na briga sobre o tarifaço com Trump e que “não posso falar tudo o que eu acho que posso, só o que é possível, o que é necessário”.


… O caminho para um potencial telefonema entre os dois presidentes poderá ser aberto pela conversa entre Haddad e o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, prevista para esta semana, mas ainda sem data marcada.


… O ministro da Fazenda indicou ter a intenção de um encontro presencial com Bessent. Na via de mão dupla, Haddad disse que “a recíproca é verdadeira” e que Lula também estaria disposto a receber telefonema de Trump.


… A esperança de que esta barreira seja vencida move este início de semana, enquanto paralelamente continuam correndo as negociações para tirar novos itens da pauta de exportação brasileira da lista negra de Trump.


… O governo Lula avalia que, além do café, ainda há chance de o cacau e a manga serem excluídos do tarifaço, relatam fontes à Broadcast. Já a carne bovina é mais difícil de escapar, por ser produzida também pelos americanos.


… Apesar da esperança de Trump e Lula se acertarem, o representante comercial americano Jamieson Greer indicou neste domingo, em entrevista à emissora CBS, que as tarifas elevadas sobre o Brasil e o Canadá devem ser mantidas.


DATAFOLHA – Havia expectativa sobre melhora da imagem de Lula na pesquisa com o tarifaço, mas a reprovação se manteve em 40% (avaliação de “ruim/péssimo”), enquanto a aprovação (“ótimo/bom”) oscilou de 28% para 29%.


… Na disputa pela reeleição, Lula exibiu uma discreta recuperação. Ele lidera de forma isolada todos os cenários em que disputa no primeiro turno e, no segundo, conseguiu descolar do empate técnico contra Tarcísio e Bolsonaro.


… Bolsonaro ainda tem seu nome avaliado porque, mesmo inelegível, pode inscrever sua candidatura.


… Na simulação do segundo turno, Lula agora tem ligeira vantagem no limite máximo da margem de erro (2 pontos), com 47% contra 43% de Bolsonaro. Antes, apresentava 44% das intenções de voto contra 45% do adversário.


… Já contra Tarcísio, Lula ampliou a distância em dois pontos porcentuais, passando de 43% para 45%. Na rodada anterior, o presidente vencia o governador paulista por distância menos competitiva (42% x 41%).


… O presidente também mostra vantagem em segundo turno sobre toda a família Bolsonaro: Michelle (48% a 40%), Eduardo (49% a 37%) e Flávio (48% a 37%). O destaque é Ratinho Jr. (40% contra 45% de Lula), próximo de Tarcísio.


… Com Ronaldo Caiado, Lula atinge 47% contra 35%. Com Romeu Zema, alcança 46% contra 36% do mineiro.


… Desde a semana passada, o mercado já exibe maior desconforto com o trade eleitoral de um quarto governo Lula.


… O presidente prepara um novo pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão. A ideia inicial era veicular a mensagem neste domingo, mas o governo avalia transmitir amanhã, na véspera da entrada em vigor do tarifaço.


… Na gravação, o foco principal será o enquadramento Alexandre de Moraes na Lei Magnitsky. Na Folha, o ministro do STF disse a Lula, em jantar na semana passada, que não quer, por ora, atuação da AGU em sua defesa nos EUA.


… Moraes teria se mostrado tranquilo, afirmando que não pretende manter relações com os Estados Unidos. Minimizou o risco de sofrer sanções em território brasileiro e disse que não deixará de exercer seu trabalho.


BRASIL ACIMA DE TUDO – Na sessão de retorno das atividades do Judiciário, na sexta-feira, os ministros do STF reafirmaram a soberania institucional da Corte e não desperdiçaram a chance de prestar solidariedade a Moraes.


… Em indireta a Trump sobre o julgamento de Bolsonaro, o presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, disse que “todos os réus serão julgados com base nas provas produzidas, sem qualquer interferência, venha de onde vier”.


… Moraes, por sua vez, chamou de “covarde e traiçoeira” a “organização miliciana” que tem atuado para impor sanções dos Estados Unidos ao País por motivos políticos e falou em “sabor amargo da traição à Pátria brasileira”.


BANANA REPUBLIC – Causou rebuliço entre os investidores no pregão de 6ªF a informação de Bela Megale/O Globo de que os Estados Unidos ameaçam punir os bancos brasileiros por ruídos sobre as sanções impostas a Moraes.


… A reportagem conta que Eduardo Bolsonaro procurou representantes do governo norte-americano para explicar que o entendimento dos bancos por aqui é o de que apenas as operações de Moraes em dólar estariam proibidas.


… Segundo interlocutores do deputado licenciado, os Estados Unidos esclareceram que vale a proibição de operações em qualquer moeda, inclusive em reais, inviabilizando Moraes de movimentar suas contas bancárias.


… O parlamentar relatou a aliados que o governo de Trump analisa a chance de fazer um comunicado aos bancos brasileiros detalhando essas informações ou, até mesmo, aplicar punições diretamente às instituições financeiras.


… Preocupado com a investida, os papéis do Banco do Brasil derreteram quase 7% na bolsa, abalados ainda pela notícia apurada pelo Brazil Journal que a instituição lucrou apenas R$ 500 mi em maio, contra R$ 1,7 bi em abril.


PLANO DE CONTINGÊNCIA – Haddad disse que vai sentar com os sindicatos para discutir a possibilidade de apoio a empresas para pagamento de auxílio equivalente ao salário mínimo aos empregados contra o impacto do tarifaço.


… Neste domingo, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), disse em entrevista à Broadcast que o ministério sugeriu ao governo comprar os produtos que deixarão de ser exportados para os Estados Unidos.


FIM DO RECESSO PARLAMENTAR – Brasília retoma as atividades hoje. O ministro Haddad vai ao Congresso na quarta-feira falar sobre a MP alternativa ao IOF. O Senado deve aprovar o projeto já neste princípio de agosto.


… A área ambiental do governo vai propor a Lula hoje uma série de vetos à nova lei do licenciamento ambiental.


… Segundo bastidores apurados pelo Valor, a ideia é que, paralelamente, o governo apresente projetos de lei ou até medida provisória para compensar trechos que deverão ser barrados. Lula tem até sexta-feira para sancionar a lei.


BALANÇOS – Entre os papéis das blue chips, na quinta-feira, Petrobras e B3 soltam seus resultados. Amanhã, saem e Itaú e Embraer (poupada do tarifaço). Mas a semana tem muito mais destaques entre os números trimestrais.


… Hoje, após o fechamento, sai BB Seguridade. Amanhã, GPA, Iguatemi, Klabin, Prio e RD Saúde. Na quarta-feira, Braskem, Brava Energia, C&A, Cogna, Copel, Dexco, Eletrobras, Guararapes, Hypera, Minerva, Suzano e Totvs.


… Na quinta-feira, vêm Alpargatas, Assaí, Auren, Azzas, Caixa Seguridade, Energisa, Engie, Eztec, Fleury, Kepler Weber, Renner, Magalu, Movida, Petroreconcavo, Petz, Rumo, Stone, Tenda e Vivara. Na sexta, M.Dias Branco.


… Em Nova York, Disney e McDonald´s divulgam os seus balanços na quarta-feira.


MAIS AGENDA – Os dados do Caged de junho vêm hoje (14h30), depois de o Copom ter reforçado na semana passada que o dinamismo no mercado de trabalho se mantém, apesar de “certa moderação” no ritmo de atividade.


… A mediana das estimativas do mercado em pesquisa Broadcast indica a criação líquida de 175 mil vagas com carteira assinada, acelerando na comparação com maio, quando houve saldo positivo de 148.992 vagas.


… O intervalo das expectativas para esta leitura varia de 144.000 a 218.284 vagas formais. O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, antecipou neste domingo que o resultado do Caged de junho “vai ser bom”.


… Ainda hoje, à primeira hora do dia (5h), o IPC-Fipe de julho deve abandonar a deflação de junho e subir 0,32% em julho, pressionado pelo recuo menos intenso nos alimentos e a bandeira vermelha 1 nas contas de energia.


… Tem também para conferir nesta segunda-feira os dados da Fenabrave, além do  boletim Focus (8h25). A balança comercial mensal só será divulgada na quarta. Anfavea e IGP-DI de julho vêm na quinta e IPC-S semanal, na 6ªF.


LÁ FORA – Em meio à perspectiva dovish para o Fed, vale o destaque amanhã nos Estados Unidos para o PMI/S&P Global composto de julho e o PMI do ISM/Chicago. Hoje (11h), saem as encomendas à indústria em junho (11h).


… A balança comercial de junho, na terça-feira, coincide com a disputa em torno das negociações tarifárias.


… Zona do euro, Alemanha, e Reino Unido soltam na 3ªF o PMI composto/julho. BoE e México decidem juro quinta.


CHINA – Hoje à noite (22h45), sai o PMI/S&P Global composto de julho. Na quinta-feira, a balança comercial.


OPEP+ – Em linha com o esperado, a produção de petróleo foi elevada neste domingo em 547 mil barris por dia para setembro, o mais recente de uma série de aumentos acelerados para recuperar participação de mercado.


TEMPESTADE PERFEITA – Não foi uma sexta-feira fácil para os investidores. Primeiro, um payroll muito fraco. Depois, a demissão da responsável pelos números por Trump. Em terceiro, a renúncia de uma diretora do Fed.


… O resultado foi uma onda de fuga do risco que varou os mercados em Nova York, derrubando bolsas, dólar e juros dos Treasuries, um movimento que espalhou por outras geografias, Brasil incluído.


… O índice VIX, chamado “termômetro do medo” de Wall Street, chegou a marcar quase 30% de alta no dia.


… Por aqui, ainda teve pane no Ibovespa, que a B3 só conseguiu resolver já no período da tarde.


… Abaixo do esperado, o payroll mostrou criação de 73 mil empregos nos EUA em julho, de 110 mil esperados. O relatório ainda revisou os números de maio e junho, tirando 258 mil empregos da conta.


… Dois dias antes, após a reunião de política monetária do Fed, Jerome Powell disse que o mercado de trabalho ainda estava sólido, um dos motivos pelos quais o Fomc manteve o juro onde está.


… “Powell gostaria de ter esses números 48 horas atrás”, disse o Jefferies, em nota.


… Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta, foi radical. Disse que os dirigentes terão que “repensar tudo” sobre sua estratégia monetária. “Estou aberto a ver mais cortes de juros no ano”, disse.


… A aposta de redução de juros na próxima reunião do Fed, em setembro, saltou de 37,7% para 82,9%. A chance de três cortes de 25 pb pelo Fed até o fim do ano se tornou majoritária (46,8%), contra 7,8% no dia anterior.


… A pressão sobre os ativos dobrou quando Trump demitiu Erika McEntarfer, chefe de Estatística do Depto do Trabalho, acusando a funcionária pública de manipulação de números para fins políticos. Ela foi nomeada por Biden.


… Segundo Trump, o payroll também foi manipulado logo depois de sua eleição, quando os números foram revisados para baixo. “UMA FRAUDE TOTAL”, disse em sua rede, a Truth Social.


… Ele aproveitou para, mais uma vez, criticar e pedir a saída de Powell do cargo.


… O Partido Democrata reagiu: “O que Trump faz em vez de tentar consertar a economia? Ataca o mensageiro”.


… Olhando para o payroll, o economista-chefe do JPMorgan, Bruce Kasman, disse que embora este não seja o cenário-base da instituição, o risco de recessão na economia norte-americana é elevado.


… Essa percepção atingiu em cheio os Treasuries e o juro da note de 2 anos, mais afetado pela política monetária, derreteu 27,7 pontos-base, saindo de 3,963%, na sessão anterior, para 3,686%.


… O da T-Note de 10 anos recuou a 4,207%, de 4,375%. O do T-Bond de 30 anos caiu a 4,805%, de 4,899%.


SENTIU O BAQUE – Na esteira dos títulos americanos e da queda do dólar e da fraca produção industrial de junho divulgada pelo IBGE (+0,1% contra +0,4% no consenso), os DIs também cederam por aqui.


… O rendimento do DI jan/26 recuou 14,910% (de 14,923% no ajuste anterior); o Jan/27 caiu a 14,210% (14,348%); Jan/29, a 13,460% (13,566%); Jan/31, a 13,690% (13,758%); e Jan/33 cedeu a 13,810% (13,864%).


… Não bastasse o dia ruim, no fim da tarde, outro susto. A diretora do Fed Adriana Kugler renunciou ao cargo para voltar a ser professora da Universidade de Georgetown, movimento que abre espaço para um indicado de Trump.


… Voz bastante ouvida em Wall Street, Mohamed El-Erian, conselheiro econômico chefe da Allianz, disse que, com a saída de Kugler, Trump pode indicar um novo nome ao conselho que seria o presidente “de facto”’ do Fed.


… O sucessor de Kugler poderia ser visto como um “presidente-sombra” do Fed, de acordo com El-Erian.


… Com a economia dos EUA na berlinda e o Fed dovish no foco, o índice dólar (DXY) voltou a se afastar dos 100 pontos, com queda de 0,83%, a 99,141 pontos. Na semana, subiu 1%.


… O euro subiu a US$ 1,1578 e a libra avançou a US$ 1,3271. O dólar caiu a 147,46 ienes.


… Em nota a clientes, a Capital Economics avaliou que “o aumento do risco de recessão nos EUA e a consequente queda nas expectativas para as taxas de juros americanas ameaçam minar as perspectivas para o dólar”.


… Por aqui, o dólar chegou a subir no início do pregão, testando os R$ 5,63, mas, com os acontecimentos do dia, fechou em baixa de 0,99%, a R$ 5,5456.


… Nas bolsas em Wall Street, o setor financeiro foi mal, sob o espectro da eventual recessão. Goldman Sachs (-1,94%), JPMorgan (-2,32%), Citi (-2%), Wells Fargo (-3,53%) e Bank of America (-3,41%) tiveram quedas expressivas.


… Apple caiu 2,5% mesmo após superar as estimativas de receita, preocupada com custos por causa das tarifas.


… Também com resultado acima do esperado, Amazon despencou 8,27%, por causa da projeção de lucro operacional abaixo das estimativas para o 3Tri.


… No fechamento, o Dow Jones caiu 1,23%, aos 43.588,58 pontos. O S&P 500 recuou 1,60% (6.238,01) e o Nasdaq registrou queda de 2,24% (20.650,13 pontos). Na semana, houve baixa de 2,92%, 2,36% e 2,17%, respectivamente.


… O Ibovespa acompanhou NY e, depois dos problemas técnicos durante boa parte do pregão, terminou em baixa de 0,48%, aos 132.437,39 pontos, com giro de R$ 21,5 bilhões. Na semana, caiu 0,81%.


NA MIRA DE EDUARDO – BB foi o destaque do dia no Ibov, com queda de 6,85% (R$ 18,35%). O banco pode ser um dos principais prejudicados pelas novas investidas de Eduardo Bolsonaro nos EUA.


… Não bastasse isso, dados do Cosif (plano contábil das instituições do Sistema Financeiro Nacional) mostraram que o resultado do BB caiu em maio para R$ 500 milhões, de R$ 1,7 bilhão em abril.


… Isso implicaria, segundo o JPMorgan, lucro de R$ 3,4 bilhões no segundo trimestre, em vez de R$ 4,8 bilhões.


… Já o BTG, antes mesmo dos dados de maio serem conhecidos, reduziu sua projeção de lucro do BB por causa da contínua deterioração dos ativos de crédito do agronegócio.


… Para esse segmento, no qual o BB é líder, o BTG projeta lucro de R$ 5 bilhões no segundo trimestre e de R$ 23,4 bilhões em 2025. Antes, esperava R$ 6,4 bilhões entre abril e junho e R$ 29,4 bilhões no ano.


… O Goldman Sachs calcula que as provisões para devedores duvidosos do BB somem R$ 14 bilhões no segundo trimestre, salto de 79% na comparação anual, impulsionado pela inadimplência maior na carteira de agro.


… Mesmo frente ao primeiro trimestre de 2025, a alta deve ser expressiva, de 37%.


… O Banco do Brasil divulga balanço no dia 14 de agosto.


… Ainda no Ibovespa, Petrobras ON perdeu 1,42% (R$ 35,28) e a PN recuou 1,32% (R$ 32,21), acompanhando a forte queda do Brent/out (-2,83%, a US$ 69,67), antecipando a decisão da Opep+ de aumentar a produção.


… O setor siderúrgico foi mal, com CSN (-5,34%; R$ 7,62), Gerdau PN (-4,69%; R$ 16,05) e Metalúrgica Gerdau (-4,06%; R$ 8,99).


… Do lado positivo, Marcopolo PN liderou com 5,58% (R$ 8,89), seguida de Auren (+4,55%; R$ 9,65) e Assaí (+3,30%; R$ 9,70).


… Vale subiu 0,54% (R$ 53,75), em reação ao balanço, mesmo com a queda de 0,19% do minério na bolsa chinesa de Dalian.


CIAS ABERTAS -O novo presidente do Cade, Gustavo de Lima, determinou a reclassificação da análise da fusão entre a BRF e Marfrig de rito sumário para ordinário…


… Na prática, a operação seria vista como de maior complexidade, que demandará mais tempo para ser avaliada…


… A incorporação da BRF pela Marfrig recebeu a aprovação da maioria dos acionistas que participaram da votação antecipada para a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) marcada para amanhã…


… Segundo o mapa consolidado de votação divulgado pela BRF, 43,79% das ações votantes apoiaram o “Protocolo e Justificação” da incorporação, enquanto 17,43% rejeitaram a proposta.


VALE e Cedro negociam com investidor japonês a compra da Bamin, sediada na Bahia, mas controlada por um grupo do Casaquistão. (Lauro Jardim/Globo)


SIDERÚRGICAS. Parecer da AGU recomendou ao Cade que faça cumprir a decisão que determinou a venda de ações da Usiminas pela CSN. (Capital/O Globo)


CMN adotou, em reunião extraordinária na sexta-feira, regras mais rígidas para o uso do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Segundo o Valor, o endurecimento é uma resposta clara ao caso do Banco Master.


NUBANK. A Moody´s reiterou os ratings ba1 da instituição financeira, em perspectiva estável.


AZUL anunciou acordo que prevê investimento de US$ 650 milhões em futura operação de capitalização.


FLEURY concluiu, por meio da subsidiária Instituto Hermes Pardini, a compra de 100% do Hemolab Laboratório de Patologia Clínica por R$ 39,5 milhões.


HYPERA. Depois de ver frustrada sua tentativa de comprar a Hypera, Carlos Sanchez, dono da EMS, já se desfez de quase toda sua posição na empresa e seu foco agora é a Medley, que foi posta à venda. (Lauro Jardim/O Globo)


MOTIVA anunciou em fato relevante a assinatura do Aditivo de Modernização do Contrato de Concessão entre sua controlada Motiva Pantanal (Concessionária de Rodovias Sul-Matogrossense) e a União, representada pela ANTT.


COSAN. Controlada Moove Lubrificantes retirou oficialmente seu pedido de oferta pública inicial de ações (IPO).


COPEL informou que a CVM a suspensão do prazo de convocação de AGE, marcada para hoje, por até 15 dias.


TOTVS informou que as participações da Massachusetts Financial Services Company alcançaram, de forma agregada, aproximadamente 5,08% do total do capital social da companhia.


WEG investirá cerca de R$ 160 milhões para expandir produção de motores elétricos na sua fábrica de Linhares (ES); aporte também será destinado à verticalização das operações.


COPASA. Governo de Minas autorizou o BNDES a iniciar avaliação da companhia para possível transferência à União.

XP Furla

 *04‑08 | XP Furla News*


Bom dia,


🟢 Futuros em alta às 06h11 de Brasília:S&P 500 +0,69%, Dow Jones +0,67%, Nasdaq 100 +0,80%, STOXX 600 +0,69%. Petróleo Brent cai 1,09%, aos US$ 68,91.


🚨 *Poder 360 – EUA já deram golpe aqui e não vou desistir de trocar o dólar, diz Lula. Em discurso no encontro nacional do PT, o presidente disse que o Brasil não é tão dependente dos norte-americanos, mas que ele quer negociar em igualdade de condições.*


*Infomoney – “Temos de taxar bancos, bilionários e as bets”, defende Gleisi, em evento do PT*. Hoffmann também cobrou do Congresso a aprovação do projeto que permite a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil.


*Valor – Edinho chama Trump de maior líder do fascismo e diz que projeto do PT é reeleger Lula em 2026*. O novo presidente do PT, Edinho Silva, tomou posse ontem. Ele afirmou que o partido terá a responsabilidade de construir a sigla quando Lula não estiver mais nas urnas.


*Valor – Lula diz que tem ‘limite de briga’ com Trump e que ‘não pode falar tudo que quer* 

Presidente se disse aberto ao diálogo e a negociar em igualdades de condições, mas afirmou que Trump “quer extrapolar os limites” e “acabar com o multilaterialismo”.


*O Globo – Com canais fechados para negociar tarifaço de Trump, governo Lula corre para anunciar socorro a exportadores*

Auxiliares de Lula admitem serem remotas as chances de um alívio na taxação. A intenção é anunciar o plano de mitigação até quarta-feira, dia 6, quando as tarifas entram em vigor.


*🚨 Folha – China habilitou 183 exportadores brasileiros de café no dia do tarifaço de Trump*

Além do café, a Administração Aduaneira Geral habilitou 30 empresas brasileiras para exportação de gergelim e 46 para exportação de farinhas de aves e suínos.


*Valor – Governo foca em projetos com impacto em 2026 na volta do recesso parlamentar*

Alguns exemplos são a proposta de isenção do IR para quem recebe até R$ 5 mil, a MP que cria a tarifa social da energia elétrica e a PEC da segurança pública.


*Folha – Lula fala em 4º mandato, mas diz que precisa estar ‘100%’, e pede para PT priorizar Congresso*

Lula afirmou que pretende ser candidato, desde que não esteja nas mesmas condições de saúde do ex-presidente americano Joe Biden, no último pleito que participou. Lula pediu a aliados que trabalhem para o PT conquistar mais cadeiras no Congresso, especialmente no Senado.


*O Globo – Opep+ encerra ciclo de aumentos de produção, mas deixa incertezas sobre próximos passos*

A organização antecipou o aumento na produção em 547 mil barris por dia, mas ainda tem uma pendência: um volume de 1,66 milhão de barris por dia, suspenso há dois anos, que fica fora do mercado até, pelo menos, o fim de 2026.


*Valor – BC endurece regras para uso de garantias do FGC*

Resolução aumentou a contribuição adicional imposta às instituições mais dependentes das captações garantidas pelo fundo e determinou que as muito alavancadas apliquem os recursos excedentes em títulos públicos. As medidas entram em vigor em 1º de junho de 2026.


*Valor – Mercado aquecido faz volume de ações trabalhistas crescer 7,8% no 1º semestre*

De janeiro a junho, de acordo com o TST, chegaram à primeira instância 1,87 milhão de processos. Mesmo em patamar recorde, os números em proporção à população ocupada ainda são inferiores aos do período pré-reforma trabalhista de 2017.


*Valor – Investimento chinês no Brasil bate recorde e se diversifica*

Só no primeiro semestre deste ano, foram US$ 379 milhões em investimentos diretos da China para operações de participação no capital no Brasil, valor que supera o montante anual registrado desde 2018.

Eduardo Afonso

 Qual o problema de ser isentão?


Eduardo Affonso, O Globo (02/08/2025)


Um apelido só pega — e cumpre sua função de desqualificar, ridicularizar, ofender e humilhar — quando o apelidado se incomoda. Quando, em alguma escala, admite haver algo de negativo no epíteto que lhe dão.


“Gay” foi um termo depreciativo até ser apropriado pela comunidade homossexual, esvaziado do seu caráter jocoso e assumido nas “paradas de orgulho”. Outras palavras ainda são usadas para tentar agredir alguém por sua orientação sexual — essa não funciona mais.


Com “crioulo”, não deu tão certo. Bem que tentaram: Jorge Benjor escreveu “Crioula”, sucesso na voz de Zezé Motta, e “Menina crioula” (Tens o andar de uma guerreira, crioula/Tens no sangue um vulcão/Tens um gesto de princesa, crioula/Continuas sendo a dona da festa/E do meu coração). Junto com “negão” (resgatado por Antonio Risério no título do seu mais recente livro, “Pelé, o negão planetário”), a palavra permanece no index das ofensas raciais — apesar de um dos melhores cantores e compositores da sua geração, numa espécie de manifesto político e de resistência, ter escolhido o nome artístico de Criolo.


Agora imagine o contrassenso de alguém se sentir hostilizado por um elogio. Aconteceu com a demonização de “liberal” (que valoriza a liberdade individual), “progressista” (favorável às transformações), “patriota” (que ama e defende o lugar onde nasceu). Passou da hora de esvaziar, desmitificar e tirar o encosto de mais um: “isentão”.


O aumentativo pode conotar admiração ou desprezo, mas “isento” quer dizer liberto, desembaraçado, imune. Limpo, justo, desapaixonado. Imparcial. Sensato. Neutro (pensemos aqui na Suíça, não no xampu ou no pronome). Não é um sonho de consumo para qualquer cidadão?


O isentão acha absurdo e inconsequente o tarifaço trumpista — e usa os mesmos adjetivos tanto para quem só pensa em polarizar ainda mais o tema para uma eventual reeleição quanto para aquele cujo único objetivo é livrar a si e aos seus de uns bons anos na cadeia. O isentão (ou sensatão) sabe que seria melhor investir na negociação e no que for melhor para o Brasil, em vez de transformar o país numa República de Bananas — ou do Bananinha.


O isentão (ou equilibradão) não precisa escolher entre Hamas e Netanyahu, entre ignorar a fome ou a manipulação midiática da guerra: pode querer dois Estados convivendo em paz, sem opressão e sem terrorismo.


O isentão (ou responsavelzão) sabe distinguir invasor e invadido, democracia e ditadura, defesa da soberania e populismo, Estado de Direito e abuso de poder.


Não quer um presidente que faça campanha, sorridente, em pontilhão de tábua sobre esgoto a céu aberto. Prefere um que morra de vergonha por governar um país que, depois de 16 anos sob os cuidados do seu partido, ainda conviva com tanta miséria — ou um que invista em saneamento, infraestrutura, segurança, educação, saúde, não em preconceitos e tramas golpistas.


Na falta de bons xingamentos para quem busca conciliação e convergência, os interessados no enriquecimento ilícito, na supressão das liberdades, nos sigilos centenários, em rachadinhas e conchavos inventaram essa ação de lesa-dicionário.


Isentão, sim, por que não? Isso de insulto não tem nada.

domingo, 3 de agosto de 2025

PT sendo PT

 Fontes: PT aprova posição contrária à autonomia do BC em encontro


Por Cícero Cotrim


Brasília, 02/08/2025 - O PT aprovou hoje uma resolução contrária à independência operacional do Banco Central. O trecho vai constar do documento a ser entregue no fim do 17º Encontro Nacional da sigla, apurou a Broadcast. Este texto vai orientar a gestão do novo presidente do partido, Edinho Silva.


A emenda afirma que a aprovação da independência formal do BC em 2021, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, levou a uma "independência do povo e da democracia e uma completa dependência dos banqueiros e da Faria Lima", o que teria levado à política de juros altos. A redação final pode ser marginalmente alterada.


Por diversas vezes, o ex-presidente do BC Roberto Campos Neto foi acusado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por membros do PT de manter os juros altos para sabotar a economia. Desde que o novo chefe da autarquia, Gabriel Galípolo, assumiu o cargo, as críticas foram moderadas. Galipolo foi indicado por Lula.


Hoje, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com o objetivo de conceder a autonomia orçamentária, financeira e administrativa ao BC está parada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.


Contato: cicero.cotrim@broadcast.com.br


Broadcast+

Leitura de domingo

 Leitura de Domingo:agronegócio antevê alta do custo de produção c/reação do Brasil ao tarifaço


Por Isadora Duarte


Brasília, 30/07/2025 - À medida que se aproxima a entrada em vigor da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros, cresce no setor agropecuário o temor pela intensidade das respostas do governo brasileiro. Há dois temas que acendem o alerta do segmento em relação à eventual reação do Brasil: a imposição de tarifas recíprocas sobre insumos importados dos EUA e a quebra de patentes de biotecnologias e insumos agrícolas, segundo interlocutores ouvidos pelo Broadcast Agro.


Representantes do agronegócio anteveem aumento do custo de produção caso o Brasil aumente as tarifas sobre produtos importados dos EUA, além da pressão já sentida pela valorização cambial. "A preocupação não é somente com a perda das exportações, mas também com o aumento do custo de fertilizantes, defensivos, sementes e biotecnologia, caso o Brasil resolva retaliar", explicou uma liderança do setor.


A apreensão é justificada, pois no comércio internacional quem paga pela tarifa é o importador. Neste caso, as indústrias brasileiras tenderiam a repassar ao preço final dos produtos o maior custo com insumos trazidos de fora, implicando a elevação do custo de produção das lavouras. "Sobretaxar os insumos americanos seria um desastre", observou um empresário, grande produtor de grãos, à reportagem. Ele lembra que já houve aumento no custo dos insumos importados, considerando a valorização de cerca de 2% do dólar ante o real, desde o anúncio do tarifaço pelo governo norte-americano em 9 de julho.


Embora os Estados Unidos não sejam o principal fornecedor de fertilizantes para o Brasil, 3% do que é aplicado nas lavouras nacionais advém do País, segundo dados do Comextat - sistema de estatísticas do comércio exterior do governo brasileiro, com desembolso de US$ 605 milhões em 2024. De defensivos agrícolas, o Brasil importa aproximadamente US$ 1,4 bilhão por ano de produtos provenientes dos Estados Unidos, com 23 mil toneladas internalizadas no último ano.


Outra fonte da indústria lembra que há volume significativo de importação de produtos de "meio de produção", o que também pode comprometer as entregas do setor com maior custo. "A indústria seria mais prejudicada com uma eventual retaliação do Brasil", apontou um executivo do setor.


O receio dos representantes deve-se em parte ao fato de que autoridades do governo já sinalizaram a intenção de adotar a lei da reciprocidade, caso a tarifa prevista para 1º de agosto se concretize. Logo após o anúncio da sobretaxa pelo governo norte-americano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a dizer: "Se ele (Trump) cobrar 50% da gente, a gente vai cobrar 50% dele". Depois o governo recuou e vem sinalizando que uma eventual reciprocidade de tarifas não seria linear, em virtude, justamente, dos eventuais impactos para a indústria pelos insumos importados americanos.


O governo vem manifestando que o objetivo é esgotar as negociações com os Estados Unidos por meio das vias diplomáticas. Mas, em paralelo, prepara um pacote de respostas que pode ser acionado caso as negociações não prosperem. Esse pacote é elaborado no amparo da Lei da Reciprocidade Econômica.


O temor aflige também as multinacionais que atuam no País com licenciamento de tecnologias patenteadas. A quebra de propriedade intelectual e de patentes, em especial de medicamentos, é uma das opções mais maduras dentro do governo como eventual reação aos EUA, caso não haja reversão do tarifaço, como já mostrou a Broadcast. Há a avaliação de que o Brasil possa antecipar, por exemplo, o fim do período em que há direito de patentes dos fabricantes.


A quebra de patentes é a medida mais avançada porque foi a primeira saída avaliada por áreas técnicas do governo assim que Trump venceu a eleição, no fim do ano passado, e já começou a incorporar ameaças comerciais em seus discursos. Os estudos foram interrompidos quando o Brasil ficou entre os países com as menores sobretarifas - de 10%, no "Liberation Day" de 2 de abril. A suspensão de patentes é considerada uma das medidas mais eficientes para sensibilizar o governo norte-americano, dada a sensibilidade do tema da propriedade intelectual no país. Além disso, a quebra de patentes é uma medida com precedente. Durante o contencioso do algodão entre Brasil e Estados Unidos, disputa que se estendeu de 2002 a 2014, os Estados Unidos retomaram as tratativas com o Brasil somente após a ameaça brasileira de quebra de propriedade intelectual, lembram fontes que conduziram as negociações à época.


Representantes da indústria e de multinacionais americanas que atuam no País já pediram ao governo que a medida seja adotada apenas em "último caso". O risco de quebra ou de suspensão de patentes geraria, segundo interlocutores do setor, imprevisibilidade para empresas que operam no País e falta de segurança jurídica após investimentos de "milhões de dólares" em inovação de insumos agrícolas. "As empresas precisam da garantia de que terão retorno mínimo ao oferecer os produtos ao mercado depois de anos de aporte em pesquisa", observou um interlocutor do setor.


A preocupação foi externada recentemente pela Croplife Brasil (associação que representa a indústria de defensivos químicos, bioinsumos, biotecnologia e mudas e sementes), em encontro com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).


Em nota, a CropLife Brasil afirmou que monitora o cenário do setor agroindustrial e os possíveis impactos decorrentes da aplicação da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros que acessam o mercado norte-americano, bem como de eventual retaliação por parte do governo brasileiro sobre a medida. A entidade afirma que há dois riscos para a indústria de tecnologias agrícolas.


"O primeiro deles decorre de uma eventual imposição de tarifas recíprocas, com implicação direta nos preços de defensivos agrícolas importados dos EUA (14% do valor total). Essa medida acarretaria o consequente aumento do custo da produção agrícola e num importante impacto sobre o preço dos alimentos. Além disso, a eventual quebra de patentes de tecnologias como ação de retaliação brasileira pode, no médio e longo prazos, acarretar impactos sistêmicos na cadeia de suprimentos, prejudicar o acesso dos produtores brasileiros a soluções modernas e sustentáveis e enfraquecer a posição do País como líder em produtividade agrícola", disse a CropLife na nota.


A entidade justifica que o processo de inovação de uma tecnologia exige alto investimento e pesquisa. "O desenvolvimento de um defensivo químico ou de uma nova semente com biotecnologia, por exemplo, chega a levar mais de dez anos de testes e estudos, além de investimentos de centenas de milhões de dólares. A quebra da confiança na lei de patentes pode comprometer os investimentos em pesquisa, gerando prejuízos para a agricultura brasileira", alerta a CropLife Brasil na nota. A entidade cita como exemplo a Argentina, onde não há pagamento de direitos de propriedade intelectual nas sementes salvas por parte dos produtores, o que acarreta, segundo a entidade, a falta de estímulo à inovação e ao melhoramento genético no país, que tem produtividade de soja 30% menor do que a do Brasil. "A CropLife, assim como demais entidades da indústria nacional, defende a prorrogação da negociação e do diálogo entre os dois países, dado o comprometimento a diversas cadeias produtivas em caso de imposição tarifária e/ou ações de retaliação", finaliza.


Contato: isadora.duarte@estadao.com


Broadcast+

JR Guzzo

 Nota da redação: Esta é a última coluna de J.R. Guzzo para o Estadão. O texto foi escrito e enviado à redação na sexta, prática rotineira do jornalista, que também escrevia às quartas-feiras. Guzzo morreu na madrugada deste sábado, vítima de infarto.


“A primeira vítima das tiranias, pelo que comprova a experiência dos últimos 2.000 anos, costuma ser a verdade - se bem que tantas misérias costumam chegar juntas, nesses casos, que fica difícil cravar as top 10. O efeito mais visível é a pane geral nos circuitos cerebrais onde se produz o pensamento racional. O debate político cessa de emitir sinais de vida inteligente.


É precisamente o que está acontecendo neste momento de escuridão que cerca o mais vicioso conflito jamais surgido nas relações do Brasil com a maior potência econômica, militar e política do mundo. Os Estados Unidos, dentro das suas leis, aplicaram punições ao Brasil pelo que estimam ser o comportamento delinquente do governo e do ministro Alexandre de Moraes. A reação oficial brasileira é um hino contra a razão.


Em nenhum aspecto do contencioso o Brasil de Brasília e o seu sistema de propaganda estão construindo uma calamidade tão reles quanto no pacto anormal que têm com o ministro Moraes. 


O governo brasileiro decidiu que Moraes, cujas decisões e conduta são o verdadeiro motivo pelo qual os americanos adotaram as sanções, está acima das obrigações humanas, como os arcanjos e os profetas. O Brasil é o ministro. O ministro é o Brasil. 


Não chega a ser uma ideia; é apenas uma proposição estúpida. Por conta dela, todo cidadão brasileiro está no dever cívico, quase legal, de apoiar o ministro nas suas desventuras com a lei americana - e nas decisões em que viola a lei brasileira. Não importa o que tenha feito na sua função. Ou você fica do lado dele, e do que ele faz – ou então é linchado como traidor da pátria, sabotador do Brasil e inimigo da soberania nacional. É dessa descompensação que sai a última causa da esquerda nacional, como o “Sem Anistia” e outros naufrágios: “Mexeu com o Xandão, mexeu com os brasileiros”.


Com is “brasileiros”? Que brasileiros, cara pálida? Mexeu nada. Só mexeu com o próprio Moraes. Os crimes de que é acusado pelo governo americano - e que o jogam na escória mundial dos torturadores, assassinos em massa, genocidas, terroristas, criminosos de guerra etc. etc. – não têm absolutamente nada a ver com os “brasileiros”. Têm a ver apenas com Moraes e com os seus cúmplices. Não são problema seu. São problema deles.


Não foi você, nem Donald Trump, que abriu ilegalmente um inquérito policial que já dura seis anos, serve de caixa de ferramentas para todo tipo de repressão e torna ilegal tudo o que deriva dele – como os processos do golpe. Não foram os “brasileiros” que condenaram a 17 anos de prisão a moça do batom. Não fomos nós que levamos à morte o “Clezão”. Por que temos de pagar pelo que ele fez?”

Roberto Macedo

 Meu artigo hoje no Estadão:

‘Economania’, meu livro de educação financeira

O Estado de S. Paulo.19 Dec 2024Roberto Macedo ECONOMISTA (UFMG, USP E HARVARD), É CONSULTOR ECONÔMICO E DE ENSINO SUPERIOR

Hoje usarei este espaço para falar um pouco sobre esse livro, que tem 316 páginas e foi lançado na semana retrasada. É para o cidadão comum, como quem vive de salário e nem pode ou quer contar com uma boa herança, com prêmios lotéricos ou com atividades ilegais para construir um patrimônio que lhe dê tranquilidade na aposentadoria, cujo planejamento deve começar o mais cedo possível.


O livro tem 104 dicas de educação financeira. Não usei o termo lições porque o entendi como muito professoral, ena minha visão o poupador tem quete rum papel muito ativo ao administrar sua poupança e seus investimentos. E conhecendo esse processo, inclusive porque, mesmo recorrendo a planejadores financeiros, é preciso saber como atuam e cobram pelos seus serviços.


Na capa do livro está a sua dica básica. A poupança é usualmente definida assim: renda menos consumo igual à poupança, mas o que se poupa não pode ser colocado em terceiro lugar como nessa definição, como se fosse um resto, que pode nem existir. É preciso ver a poupança como segue: renda menos poupança igual a consumo, com a poupança tendo uma meta ambiciosa e o consumo reduzido ao indispensável.


O livro não foi elaborado na base do achismo. Cita vários premiados com o Nobel de Economia e outras fontes e dados como argumentação. Um desses premiados é Daniel Kahneman, um psicólogo americano escolhido por suas contribuições à economia comportamental, que passou a ganhar espaço no final do século passado. Em particular por sua crítica à teoria neoclássica, hoje ainda dominante no ensino de microeconomia, e que argumenta que o ser humano é racional. Kahneman demonstrou que essa racionalidade é limitada, com dois sistemas de raciocínio, um rápido e instintivo, o sistema 1, baseado em crenças, princípios e desejos ocasionais, e outro, o sistema 2, bem analítico e racional, e que deve orientar boas decisões, particularmente as ligadas à poupança e aos investimentos.


Lançamento procura suprir importante carência da sociedade brasileira, pois o noticiário sobre investimentos vem principalmente do mercado financeiro


Passando ao conteúdo, ele tem 15 capítulos que agrupam as 104 dicas, inclusive o intitulado “Especialmente, mas não só para mulheres”. Sobre os assuntos que aborda, é bem completo, talvez o mais, e podem ser mencionados os seguintes conceitos básicos: dinheiro, preços, juros, inflação e outros, o que é educação financeira e por que é necessária, como adquiri-la e mantêla, o efeito da inflação sobre salários e ativos financeiros, as fontes de renda e como ampliá-las, os riscos da longevidade e a aposentadoria, dívidas boas e más, o processo decisório pessoal segundo a economia comportamental, liquidez, rentabilidade, risco e o perfil do investidor, a Teoria Moderna de Portfólio ou carteira de investimento, a hipótese de mercados eficientes, o cidadão diante do Estado, uma fórmula para a prosperidade pessoal, os fundamentos do hábito de poupar, aspectos básicos dos investimentos, o investimento em capital humano (como educação e saúde), o valor do investimento em educação, investimentos em renda fixa e variável, investimentos em imóveis e fundos imobiliários, a administração dos gastos de consumo, mais fontes gratuitas de educação financeira, a calculadora financeira do site do Banco Central, e muito mais! O livro está sendo oferecido no site amazon.com.br, procurando-se pelo nome do autor. O título do livro não funciona.


O livro também procura suprir o que chamo de “carência informativa”, pois o noticiário sobre investimentos vem principalmente do mercado financeiro e enfatiza renda fixa e renda variável. Ora, o melhor investimento que fiz na vida foi em educação, conforme reconheço no livro. O mercado informa também sobre investimentos em fundos imobiliários, mas não em imóveis por si mesmos. Também investi nessa área e não tenho queixas. Aliás, quando adolescente, éramos uma família de oito filhos e morávamos em residências alugadas pelo banco onde meu pai trabalhava, mudando de uma cidade para outra. Minha mãe largou o magistério para cuidar da filharada e nos ensinou muito. Do meu pai uma grande lição foi que na sala de jantar havia a foto de uma casa que conseguiu construir aos poucos em Belo Horizonte e na qual pretendia morar quando se aposentasse. Recomendava também que todos nós fizéssemos isso. Resultado, logo depois de completar 20 anos, havia me mudado para São Paulo. Logo comprei uma quitinete em construção dando uma entrada e com prestações mensais. Levou cerca de cinco anos para ficar pronta, mas no final fiquei com o imóvel, que depois revendi para comprar outro maior e assim por diante, sempre dando uma entrada e pagando prestações. Um imóvel adquirido dessa forma é considerado produto de compromisso com a poupança e mostro outros no livro.


Tem prefácio de Armínio Fraga, fundador da Gávea Investimentos, Ph.D. em Economia pela Universidade Princeton (EUA) e ex-presidente do Banco Central. Ele conclui seu prefácio afirmando: “A leitura dele é um excelente investimento! Seja um ‘economaníaco’”. •

Produtividade é a saída

  O mundo está girando (e rápido): o Brasil vai acompanhar ou ficar para trás? 🌎🇧🇷 Acabei de ler uma análise excelente de Marcello Estevã...