quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Um crescimento decepcionante em 40 anos

 Na edição do Jornal Valor de 24/09/2025, o artigo "Um crescimento decepcionante em 40 anos", de autoria de Luque, Silber, Luna e Zagha.


 No primeiro parágrafo:


O professor Hélio Dias, Presidente do Instituto de Valorização da Educação e Pesquisa do Estado de São Paulo, apresentou ao professor Carlos Luque, presidente da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), um gráfico resumindo o crescimento de vários países nos últimos 40 anos, com a pergunta: o que explica a estagnação do crescimento no Brasil?


Enquanto a China, Índia, Indonésia e outros veem seu PIB per capita crescer a taxas que chegam a 4%-6% ao ano, o Brasil cresce muito lentamente, ao ponto de, como discutido em julho num artigo nesse jornal, o país estar se aproximando do grupo de países de baixa renda.


O crescimento brasileiro tem uma enorme dicotomia. Durante 80 anos, a economia brasileira teve a segunda maior taxa de crescimento do mundo. Duplicou sua renda per capita entre 1900-1940 e a quintuplicou entre 1940-80, saindo de um país pobre para um país de classe média.


Enquanto no período 1945-80, a média do crescimento do PIB per capita girou em torno de 4,5% ao ano, a partir de 1981 o crescimento da renda per capita cai para algo como 1% ao ano. Desde o começo dos anos 1980, o Brasil perdeu sua capacidade de crescimento.


Penúltimo e último parágrafos:


Partindo do princípio que o desenvolvimento é uma tarefa conjunta do setor público e privado, algumas etapas seriam importantes:


1. Recuperar o papel do planejamento econômico que foi perdido à medida que os orçamentos públicos começaram a ficar muito comprometidos;

2. Promover uma discussão mais ampla envolvendo todos os setores da sociedade, setor privado, Poder Executivo, Legislativo, Judiciário, para fazer um esforço comum para superar nossas dificuldades. E tentar convencer o óbvio, de que com o crescimento econômico todos ganham;

3. Procurar reduzir a taxa de juros com o objetivo de ampliar os investimentos públicos e privados;

4. Recuperar a capacidade de crescimento da economia, que seja obtida com uma substancial melhoria da justiça social.


O ponto central da discussão é que não podemos pensar em desenvolvimento econômico pensando apenas no papel do setor público. O desenvolvimento depende tanto do setor público como do setor privado e é tarefa de todos.


Apresento abaixo uma nota para discussão interna, que fiz quando trabalhava no Inmetro, em 2020, intitulado "O Inmetro e o Índice de Ambiente de Negócio do Fórum Mundial Econômico", para as discussões que o órgão participava desde o governo Itamar Franco, que continuou no governo seguinte de Jair Bolsonaro, sobre a adesão do País à OCDE.


Muito ancorado nos pilares deste índice e de outros, como elaborado por aquela instituição, pelo Banco Mundial e pela própria OCDE. O objetivo é mostrar que os maiores gargalos que travam a economia brasileira podem ser resolvidos por uma administração pública mais técnica e menos ideológica! 


"O Inmetro e o Índice  ambiente de negócio do Fórum Mundial Econômico. 


Com a Quarta Revolução Industrial (4RI), a humanidade entrou em uma nova fase. A 4RI tornou-se uma realidade vivida por milhões de pessoas em todo o mundo e está criando novas oportunidades de negócios para governos e indivíduos.


Neste contexto, o Fórum Econômico Mundial introduziu um novo Índice de Competitividade Global (GCI 4.0), uma bússola econômica muito necessária. O índice integra aspectos bem estabelecidos com alavancas novas e emergentes que impulsionam a produtividade e o crescimento. Ele enfatiza o papel do capital humano, inovação, resiliência e agilidade, não só como impulsionadores, mas também como características definidoras de sucesso econômico no 4RI.


Apela para uma melhor utilização da tecnologia para saltar adiante, mas também adverte que isso só é possível como parte de uma abordagem holística com outros fatores de competitividade. Finalmente, ele oferece dados objetivos e análise para uma abordagem desapaixonada, orientada para o futuro e racional elaboração de políticas.


Os resultados do GCI 4.0 revelam uma conclusão sóbria de que a maioria das economias está longe da fronteira de competitividade, o ideal no agregado de todos os fatores de competitividade. De fato, a média global de pontuação de 60 sugere que muitas economias ainda precisam implementar as medidas que melhorariam seu crescimento e resiliência a longo prazo e ampliar as oportunidades para as suas populações.


Além disso, os países têm um desempenho misto nos doze pilares do índice e que o desenvolvimento de longo prazo, como instituições que funcionam bem, continuam a ser um atrito de longo prazo. No entanto, existem pontos brilhantes - sob a forma de economias que superam seus pares e apresentam casos valiosos estudos para aprender mais sobre métodos para implementar os fatores de competitividade.


A Metodologia


Com os fatores de produtividade mais importantes determinantes do crescimento e da renda a longo prazo, o novo Índice de Competitividade Global 4.0 (GCI 4.0) lança luz sobre um novo conjunto de fatores críticos para a produtividade na Quarta Revolução Industrial (4RI) e fornece uma ferramenta para avaliá-los. O GCI 4.0 renovado resume a nova ferramenta, bem como os resultados revelados para os países em si e comparativamente a nível global e regional.


Novos conceitos e novos esforços de coleta de dados, o GCI 4.0 fornece insights novos e com mais nuances sobre os fatores que irão crescer em importância com a 4RI, que reúne: capital humano, inovação, resiliência e agilidade. Estas qualidades são capturadas através de um número de novos conceitos criticamente importantes (por exemplo, cultura empreendedora, empresas que abraçam ideias disruptivas, colaboração multistakeholder, pensamento crítico, meritocracia, confiança social), complementando componentes mais tradicionais (por exemplo, C&T e infraestrutura física, estabilidade macroeconômica, direitos de propriedade, anos de escolaridade).


Novos benchmarks. O GCI 4.0 introduz uma nova pontuação de progresso variando de 0 a 100. A fronteira (100) corresponde ao máximo da meta para cada indicador e normalmente representa um objetivo de política. Cada país deve visar maximizar sua pontuação em cada indicador, e a pontuação indica seu progresso atual contra a fronteira, assim como a distância restante.


Doze pilares de competitividade. Há um total de 98 indicadores no índice, derivados de uma combinação de dados de organizações internacionais, bem como do parecer executivo do Fórum Econômico Mundial Pesquisa. Estes são organizados em 12 pilares no GCI 4.0, refletindo a extensão e complexidade dos condutores da produtividade e do ecossistema de competitividade. São eles: instituições; infraestrutura; adoção de TIC; estabilidade macroeconômica; saúde; habilidades; mercado de produtos; mercado de trabalho; sistema financeiro; tamanho do mercado; dinamismo dos negócios; e capacidade de inovação.


Dos 98 indicadores que compõem estes doze pilares e, consequentemente, o GCI 4.0, 44 são provenientes do Fórum Pesquisa de Opinião Executiva e 54 baseiam-se em estatísticas fornecidas por fontes externas confiáveis. O cálculo do GCI 4.0 é baseado em sucessivas agregações de escores normalizados de indicadores (o nível mais desagregado) até ao nível global de pontuação do GCI. As pontuações infra pilar e no GCI são expressas em uma escala de 0 a 100 e são interpretadas como "pontuações de progresso", indicando quão perto um país está do estado ideal. A pontuação geral do GCI é a média simples dos 12 pilares, então o peso implícito de cada pilar é 8,3% (1/12).

Uma igualdade de condições para o desenvolvimento para todos os países parecia relativamente clara a partir da segunda metade do século XX: as economias de baixa renda deveriam se desenvolver através da industrialização progressiva, alavancando a mão de obra pouco qualificada. No contexto da 4RI, a sequência tornou-se menos clara, particularmente com relação aos baixos custos de tecnologia e capital, como nunca ocorreram na história, mas os seus usos bem-sucedidos dependem da reunião de um número de outros fatores.


O GCI 4.0 reflete essas complexidades da priorização de políticas através da ponderação de pilares da mesma forma, de acordo com a dinâmica particular de cada país em fase de desenvolvimento. Em essência, o índice oferece a cada economia uma igualdade de condições para definir o seu caminho para o crescimento. Enquanto o sequenciamento depende da prioridade de cada economia, o índice afirma que as economias precisam ser holísticas em suas abordagens à competitividade, em vez de se concentrarem em um fator específico sozinho.


Um forte desempenho em um pilar não pode compensar um fraco desempenho em outro. Por exemplo, investir em tecnologia sem investir em habilidades digitais não produzirá ganhos de produtividade significativos e nenhuma área pode ser negligenciada.


Resumo do resultado do Índice


Dez principais economias: Os Estados Unidos são a economia mais próxima da fronteira, o estado ideal, com um índice de 85,6, a 14 pontos da fronteira de 100. A economia mais bem classificada ainda tem espaço para melhoria. Seguem Cingapura (83,5) e Alemanha (82,8). Suíça (82,6) chega em 4º lugar, seguido pelo Japão (82,5), Holanda (82,4), Hong Kong (82,3). Reino Unido (82,0), Suécia (81,7) e Dinamarca (80,6).


A pontuação mediana é de 60,0, entre os EUA (85,6, 1º) e o Chade (35,5, 140º)


Alcançar a igualdade, sustentabilidade e crescimento juntos é possível, mas precisa de visão proativa e liderança. Há a necessidade de um modelo mais holístico de progresso econômico que promova padrões de vida mais altos para todos, respeitando os limites planetários. É possível ser pró-crescimento e pró-equidade.


A relação entre desempenho no GCI 4.0 e em medidas ambientais é menos conclusiva. As economias mais competitivas e as de maiores coberturas ecológicas não são as mesmas, e as mais eficientes nessas coberturas por unidade do PIB são as mais baixas. Isto é, portanto, a incumbência dos seus líderes é estabelecer prioridades e esforços proativos para criar ciclos virtuosos entre igualdade, sustentabilidade e crescimento.


Brasil: Desempenho no GCI 4.0


- 72º lugar, perdeu 3 posições em relação a 2017

- Manteve-se em penúltimo lugar no G20, apenas acima da Argentina e em último dos BRICs

- 5 lugares abaixo da África do Sul (67°), mesmo este país tendo perdido 5 lugares

- Seu índice atingiu 59,5, portanto, 0,5 abaixo da mediana


O Azerbaijão é o país que seu índice atingiu 60 e está 3 posições acima do Brasil, 69°. Mas o objetivo do Brasil, externado na última reunião do Fórum Econômico Mundial, é de ocupar uma das 50 primeiras posições no GCI 4.0. O 50° lugar é ocupado pelo Bahrein com o índice de 63,6, portanto, para figurar entre os cinquenta melhores países neste ranque, o Brasil deve superar a marca atual do Bahrein ou adicionar mais de 4,5 em seu índice, para subir 22 posições.


O Brasil, a maior economia da América do Sul, tem sua pontuação impulsionada pelo tamanho relativamente grande do mercado (80,9, ranque 10) e desempenho no pilar Saúde (79,6, ranque 73). No pilar da capacidade de inovação, o país está classificado em 40º no geral, porém permanece abaixo do seu potencial, por causa de sua integração deficiente de suas políticas e falta de coordenação entre os setores público e privado, que estão entre os fatores institucionais que inibem seu desempenho.


Por outro lado, o Brasil ocupa o 9º lugar na América e 108º no geral no pilar de dinamismo de negócios, com uma pontuação de 52,4. Promovendo a inclusão de mais empresas no ecossistema de inovação, o Brasil poderia capitalizar ainda mais o seu potencial de inovação e estimula…

[18:57, 11/11/2025] Paulo: O Inmetro e sua influência nos Pilares, nos Indicadores e nos Ranques do Brasil


O Índice:


- Pontos e Ranque por pilar do Brasil:

    - Mediana: 60 pontos

    - 69° (Ranque/Azerbaijão): 63,6 pontos

    - 50° (Ranque/Bahrein): 63,6 pontos

    - CGI4.0: 59,5 pontos (72° lugar, Brasil)

- Pilares:

    - Institucional: 49,7 pontos (93° lugar)

    - Infraestrutura: 64,3 pontos (81° lugar)

    - C&T: 55,6 pontos (66° lugar)

    - Estabilidade Macroeconômica: 64,6 pontos (122° lugar)

    - Saúde: 79,6 pontos (73° lugar)

    - Qualificação: 56,0 pontos (94° lugar)

    - Mercado de Produto: 51,0 pontos (114° lugar)

    - Sistema Financeiro: 63,2 pontos (57° lugar)

    - Tamanho de Mercado: 80,9 pontos (10° lugar)

    - Dinamismo dos Negócios: 52,4 pontos (108° lugar)


.O Inmetro tem participação importante nestes três pilares e nos cinco indicadores. As classificações do Brasil nos ranques de 4 destes 5 indicadores são preocupantes, especialmente no indicador de Ônus da Regulação Governamental, onde o país ocupa o último lugar, e no indicador de Prevalência de Barreiras não Tarifárias, onde o país beira o último lugar.


 Fiscalizam as importações e exportações, o peso do Inmetro é significativo. A reportagem com a presidente e com o Diretor Interino da Dconf do Inmetro publicada no Valor Econômico e no Estado de São Paulo e o estudo: “Os Custos dos Órgãos Anuentes no Comércio Exterior Brasileiro”, não deixam dúvidas da importância da atuação do órgão no comércio exterior e na classificação do Brasil neste indicador.


O seguinte trecho do sumário deste estudo dá um panorama deste ônus: “Os chamados órgãos anuentes são as instituições que participam do processo de concessão das licenças necessárias para as operações de comércio exterior, exercendo controle sobre certas mercadorias a serem importadas ou exportadas. Tal denominação, portanto, abrange todos os órgãos que exercem que exercem algum tipo de controle ou fiscalização no processo de obtenção da licença de importação ou registro de exportação.


Os encargos cobrados por órgãos anuentes são vistos pelo setor privado como um dos entraves mais críticos ao comércio exterior no Brasil. Dentre os obstáculos relacionados a trâmites aduaneiros, tais encargos não superam apenas o peso dos custos de uso de infraestrutura de portos e aeroportos, conforme a pesquisa “Desafios à Competitividade das Exportações Brasileiras” realizada pela CNI, em 2016, e que motivou o desenvolvimento deste estudo”.


Obviamente que o Inmetro, também, tem muito para melhorar a classificação do Brasil no indicador Eficiência no Desembaraço de Cargas,  na questão relacionada às licenças não automáticas de importações, que por sinal, inclusive pode ser não mais exigida


Finalmente, nos dois últimos indicadores – Custo e Tempo de Iniciar um Negócio – o Inmetro teria alguma ingerência quando o negócio em questão dependesse para seu funcionamento de avaliação de conformidade e registro de seus produtos pelo Inmetro."

Gabriel Galípolo

 ++ De todas as instituições públicas, BC tem o objetivo mais transparente e claro.

++ BC tem uma meta de inflação e essa meta é de 3%; e temos uma ferramenta para perseguir a meta, que é a taxa de juros.

++ Mensagem transmitida hoje cedo é que, em nenhum momento, estamos transmitindo sinais sobre qualquer tipo de movimentação futura.

++ Estamos recolhendo dados, avaliando economia e vendo como isso está influenciando o cumprimento da meta.

++ De todas as instituições públicas, BC tem o objetivo mais transparente e claro.

++ BC tem uma meta de inflação e essa meta é de 3%; e temos uma ferramenta para perseguir a meta, que é a taxa de juros.

++ Mensagem transmitida hoje cedo é que, em nenhum momento, estamos transmitindo sinais sobre qualquer tipo de movimentação futura.

++ Estamos recolhendo dados, avaliando economia e vendo como isso está influenciando o cumprimento da meta.

++Dados mostram convergência da inflação para meta, ainda que lenta e gradual

++ Esse 'lenta e gradual' é claro que incomoda o BCB

++ Isso reforça postura de vigilância e perseverança do BCB, com juros em patamar restritivo

++Temos trabalhado entre incerteza e adversidade

++ Quando incerteza diminui é porque, geralmente, um cenário adverso se concretizou.

++ Discrepância entre o que se imaginava de cenário e o que se concretizou tem sido bastante alto.

++ Esse é um dos motivos que o BC tem evitado sinalizar passos futuros.

++ BC aumentou participação das reservas em ouro e capturou um pouco da alta do metal.

++ Em geral, gestão das reservas é menos oportunista.

++ Estamos vendo suavização do crescimento; dados não indicam um declínio mais agudo da economia.

++ Canal de crédito continua crescendo, não a 2 digitos, mas a 8,5%, 9%; não estamos vendo economia caminhando para uma recessão.

++ Economia está se comportando de forma supreendentemente resiliente para atual patamar de juros.

++ Isso abre discussão sobre os canais de transmissão da política monetária.

Marcelo Viana, do IMPA

 Reprodução da coluna de Marcelo Viana na Folha de S. Paulo.

Considere um segmento de reta de comprimento 1. Divida-o em três partes de igual comprimento e remova a do meio: sobram dois segmentos de comprimento 1/3, certo? Em seguida, divida cada um desses segmentos em três partes de igual comprimento e remova a do meio: agora sobram quatro segmentos de comprimento 1/9. Novamente, divida cada um desses segmentos em três partes iguais e remova a do meio: o resultado são oito segmentos de comprimento 1/27. E assim sucessivamente. O que sobra ao final de infinitas operações como essa é chamado “conjunto de Cantor”, em homenagem a Georg Cantor (1845-1918), que introduziu esse conceito em 1883.

Em 1974, o estudante de doutorado Douglas Hofstadter conjecturou que os níveis de energia de um elétron preso num cristal sob a ação de um ímã formam um conjunto de Cantor quando o fluxo magnético é irracional. Seus colegas físicos acharam a ideia bizarra (“numerologia!”). E ele não sabia provar que era verdade.

Anos depois, em 1981, dois matemáticos se encontraram para almoçar e discutir a conjectura de Hofstadter. Marc Kac (1914-1984) e Barry Simon vinham estudando um modelo da equação de Schrödinger e, baseados em seu próprio trabalho, concluíram que Hofstadter provavelmente estava certo. Mas eles também não sabiam provar a conjectura: Kac avaliou que seria tão difícil que ofereceu pagar dez martinis a quem conseguisse. Simon propagandeou a oferta, e assim nasceu o “problema dos dez martinis”.

No ano seguinte, Simon conseguiu um avanço parcial no problema, e Kac pagou três martinis pelo resultado. Mas quando Kac morreu, em 1984, o problema continuava em aberto, e assim permaneceria por mais duas décadas. Não por falta de esforço.

matemática ucraniana Svetlana Jitomirskaya vinha trabalhando no tema há anos. Mas em 2003 ela estava desanimada: no ano anterior, o espanhol Joaquim Puig tinha resolvido a questão para a maior parte dos valores do fluxo magnético. E o pior é que ele tinha usado o trabalho dela para isso! “Queria dar um soco em mim mesma: eu tinha feito todo o trabalho difícil, e aí ele chegou e encontrou aquela solução linda.”

Entra em cena o jovem matemático brasileiro Artur Avila, então com apenas 24 anos, propondo trabalharem juntos nos casos restantes do problema. “Expliquei a ele que ia ser difícil e demorado, e que ninguém estava nem aí”, conta Svetlana. Foram em frente assim mesmo e deu certo: logo os dois resolveram um dos problemas mais relevantes e desafiadores da física matemática. O trabalho conjunto foi publicado em 2005 no periódico Annals of Mathematics, o mais prestigioso da área da matemática. E a solução do problema dos dez martinis seria uma das realizações do Artur mais citadas quando ele ganhou a Medalha Fields em 2014.

Comemoraram com martini? “Claro. Teve um monte de bebidas comemorativas, inclusive martinis”, esclarece Svetlana, com um sorriso.

Dan Kawa

 Brasil: Mais perto de juros menores...

By Dan Kawa
12Nov25

Um IPCA (inflação) mais comportado e uma mensagem menos dura da Ata do Copom ajudaram a dar suporte adicional aos ativos do Brasil na terça-feira.

O IPCA (inflação) registrou alta de 0,09% em outubro (MoM) e 4,68% em 12 meses (YoY), ambos resultados inferiores às expectativas de 0,15% e 4,74%, respectivamente.

O dado confirmou mais um mês de boa qualidade inflacionária, com destaque para a moderação dos serviços e dos núcleos, componentes que costumam refletir pressões mais persistentes sobre os preços.

Esse comportamento reforça a visão de desinflação consistente, ampliando a probabilidade de cortes de juros pelo BCB nos próximos meses. Como consequência, o resultado contribui para ancorar a curva de juros local, favorecendo tanto a precificação de ativos domésticos — em especial títulos de renda fixa e setores sensíveis à taxa de juros — quanto a melhoria do ambiente de financiamento e investimento no país.

A curva de juros passou a precificar uma alta probabilidade de queda de 25bps na Selic já em janeiro de 2026, com ciclo que levaria os juros para próximo a 12% ao final de 2026:

A Ata do Copom, em que o BCB manteve a Selic em 15,00%, sinalizou uma postura um pouco menos hawkish do que nas comunicações anteriores, reconhecendo que a política monetária está funcionando e gerando moderação gradual da atividade, da inflação e das expectativas.

Apesar desse progresso, o comitê reforçou que o cenário ainda é desafiador — com mercado de trabalho resiliente, expectativas desancoradas e pressões inflacionárias persistentes — o que exige manter uma política “significativamente contracionista por um período prolongado”.

A autoridade monetária demonstrou maior confiança de que a taxa atual é suficiente para garantir a convergência da inflação à meta, mas reiterou que seguirá vigilante e pronta para retomar o aperto se necessário.

No mundo emergente (EM), relatório do JPM mostra que existe um potencial enorme de alocação para ações da região, o que seria capaz de sustentar os mercados de ações da região nos próximos meses:

Foram anos de fluxo negativo e performance relativa pior, movimentos que costumam ser cíclicos e reverterem a média no longo-prazo:

Quaest Genial

 🇧🇷 *Felipe Nunes comenta Genial/Quaest*


1/ Aprovação ao governo interrompe tendência de alta e fica estável neste mês - aprovação vai de 48% para 47% - e a desaprovação sai de 49% para 50%. 


2/ As taxas de avaliação do governo registraram piora no último mês: saldo da avaliação foi de -4 (37% - 33%) para -7 (38% - 31%). O regular ficou em 28%.


3/ A estabilidade é explicada por fatores que se anulam: de um lado, alívio no bolso. Caiu de 88% para 58% a parcela que reclama da alta dos alimentos no supermercado.


4/ E uma impressão positiva do encontro que Lula teve com Trump na Malásia: 45% afirmam que o Presidente saiu mais forte, enquanto 30% afirmam que ele saiu mais fraco.


5/ De outro, as falas de Lula sobre a operação no Rio repercutiram mal. No país, 81% discordaram da declaração sugerindo que traficantes seriam “vítimas dos usuários” — proporção semelhante à vista no RJ há uma semana.


6/ O posicionamento teve efeito negativo porque 51% acreditam que essa é uma opinião sincera do presidente, mesmo após a justificativa apresentada pela Presidência; 39% veem como mal entendido.


7/ Além disso, 57% discordam da tese defendida pelo presidente Lula de que a operação no Rio foi “desastrosa” do ponto de vista da atuação do Estado.


8/ Sobre a operação, a aprovação nacional supera a do RJ: 67% aprovam e 25% desaprovam a ação policial nos complexos do Alemão e da Penha.


9/ E 67% dizem que não houve exagero por parte da polícia; 29% veem excesso na força empregada.


10/ Se o tarifaço mudou a trajetória da aprovação a favor do Lula, a pauta da segurança pública interrompeu a lua de mel tardia do governo com o eleitorado independente. Foi justamente nesse grupo que a tendência de melhora se inverteu.


11/ É inegável que a preocupação com a violência escalou e pautou o debate nas últimas semanas, atraindo atenção e olhares para o tema.


12/ Mas isso não quer dizer que a população queira ver operações como a que aconteceu no RJ em seu estado: 42% apenas defendem ações policiais nesse formato em seus estados.


13/ Os maiores animados em ver outras operações policiais como a que vimos no RJ é a direita não bolsonarista (62%); os maiores opositores às operações são parte da esquerda não lulista (23%).


14/ Mas por que mesmo sendo aprovada, a população não deseja ver operações acontecendo em todo o território nacional? Porque no RJ as operações se justificam. Lá, a violência é maior do que nos outros estados.


15/ Mas quais as saídas? A maior parte deseja leis mais rígidas, penas maiores, uma justiça que deixa criminosos presos e ações duras contra facções. Mais edução, oportunidades e medidas sociais aparecem com apenas 27% das indicações.


16/ De todas as medidas discutidas pelo Congresso, armar a população e liberar a legislação estadual para que cada estado faça sua própria lei são as que tem menor apelo popular. Aumentar a pena de homicídio e retirar o direito de visita íntima tem mais apoio.


17/ Outra proposta com viabilidade popular é a classificação das organizações criminosas em terroristas. Chama muita atenção que o resultado observado no Rio replica o resultado nacional.


18/ A pesquisa investigou ainda o consorcio de governadores da direita. Na avaliação dos brasileiros, Claudio Castro é quem se sai melhor até aqui (24%), seguido de Tarcísio (13%) e Caiado (11%).


https://x.com/profFelipeNunes/status/1988548642706256354

BDM Matinal Riscala

 *Bom Dia Mercado*


Quarta Feira, 12 de Novembro de 2.025.


*Mercado mira Galípolo após ata e IPCA*


Dia tem ainda pesquisa Quaest, volume de serviços, balanço do BB, Fed boys e votação do shutdown


… A Câmara dos Republicanos dos Estados Unidos vota hoje o projeto que encerra o shutdown, animando novas apostas em corte dos juros em dezembro, com a divulgação dos dados atrasados. Aqui, a ata mais dovish do Copom e o IPCA benigno também resgataram as chances de janeiro para a queda da Selic, mas sem comprometer o carry trade, que derruba o dólar e explica os sucessivos recordes do Ibovespa. Na agenda, o dia começa com relatório da Opep sobre o petróleo e uma pesquisa Quaest sobre o governo Lula, seguidos das falas de vários Fed boys, volume de serviços, entrevista e palestra de Galípolo e mais balanços, com destaque para Banco do Brasil, após o fechamento.


GALÍPOLO – Terá duas oportunidades hoje para corrigir ou validar a leitura mais suave que o mercado fez da ata do Copom, nesta terça-feira.


… Às 10h, ele participa de coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira, que será divulgado às 8h, e depois do almoço, às 14h, faz palestra sobre Política Monetária no Brasil em evento da Bradesco Asset Management. Ambos transmitidos ao vivo.


… Sob pressão do governo, inclusive do ministro Fernando Haddad, que tem insistido no espaço de queda para a Selic, a mensagem do presidente do Banco Central pode ser ainda mais decisiva do que a própria ata para orientar as expectativas do mercado.


… Depois do comunicado hawkish na semana passada, onde não houve nenhum sinal de que o ciclo de flexibilização já estaria sendo considerado, a ata começou a ajustar o tom, recuperando apostas de que janeiro não está fora do páreo para o primeiro corte.


… Na curva de juros, as chances de uma queda de 25pbs da Selic na primeira reunião de 2026 saltaram de 55% para 80%, enquanto as chances de um corte maior, de 50pbs, em março, subiram de 30% para 40%, segundo cálculos de Flávio Serrano (BMG) ao Broadcast.


… Uma informação importante da ata foi o BC confirmar que já havia incorporado um impacto preliminar da reforma do Imposto de Renda em suas projeções do IPCA, que, no caso do 2Tri/2027, horizonte relevante da política monetária, foi reduzida de 3,4% para 3,3%.


… Com a inflação mais perto da meta de 3%, e sem o risco de subir mais pelo IR, isso significa que o corte pode estar mais próximo.


… Enquanto o mercado avançou nas apostas para janeiro, economistas reagiram mais cautelosos.


… Reconheceram que o Copom veio mais suave e que começa a ajustar a mensagem e a construir terreno para reduzir a Selic no início de 2026, mas a maioria ainda só espera corte em março, segundo revelou nova pesquisa do Broadcast, realizada após a ata.


… De 34 casas consultadas, 12 ainda fecham com janeiro; 17, com março; quatro em abril e uma só (FGV/Ibre) a partir de junho. Na lista dos que acham janeiro possível para o primeiro corte estão os grandes bancos: Itaú, Bradesco, Santander e BTG Pactual.


IPCA – Junto com a ata mais dovish, o IPCA de outubro também animou o mercado de juros, desacelerando de 0,48% em setembro para apenas 0,09%, abaixo da mediana do Projeções Broadcast (0,14%) e bem perto do piso das estimativas (0,08%).


… Economistas viram também uma composição benigna do índice, com núcleos de inflação comportados, apesar da ligeira aceleração, de 0,19% para 0,26%. O resultado desencadeou novas revisões para baixo nas estimativas para a inflação de 2025.


SERVIÇOS – Ainda na agenda dos juros, é importante hoje o volume de serviços de setembro, que o IBGE divulga às 9h. No Broadcast, a mediana das estimativas indica crescimento de 0,4% na margem, após alta de 0,1% em agosto. As estimativas variam de -0,4% a +0,8%.


… O avanço para os serviços de transporte aéreo, serviços técnico-profissionais e serviços prestados às famílias deve puxar o crescimento em setembro. Em contrapartida, é esperada moderação para os serviços de tecnologia da informação e para outros serviços.


… O economista Rodolpho Sartori, da Austin Rating, projeta estabilidade para o volume de serviços prestados em setembro e afirma que, de forma geral, o setor está desacelerando. Mas ele nota que ainda apresenta certa resiliência atrelada ao mercado de trabalho.


TARCÍSIO – O governador de São Paulo também participa de evento da Bradesco Asset, em São Paulo, às 17h.


ANTIFACÇÃO – Após um dia intenso de negociações, o relator da Lei Antifacção, deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de Tarcísio, protocolou, ontem à noite, a terceira versão do seu relatório, atendendo aos dois principais pleitos do governo.


… Derrite suprimiu as menções à Lei Antiterrorismo e retirou as citações à competência da Polícia Federal, que despertaram críticas do Executivo, da Polícia Federal, da Receita Federal, de especialistas e de parlamentares da base aliada.


… Todos apontavam o enfraquecimento da PF e riscos para a soberania brasileira no caso da equiparação do crime organizado ao terrorismo.


TARIFAÇO – O chanceler Mauro Vieira, que representa o Brasil na reunião do G7, não conseguiu ainda encontrar-se com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, que chega apenas hoje ao Canadá para participar da cúpula de ministros das Relações Exteriores.


… Ontem à noite, em entrevista à Fox News, Trump disse que vai reduzir algumas tarifas sobre as importações de café. Não deu detalhes.


TAXAÇÃO DAS BETS – Congresso adiou para a terça-feira, 18, a votação da MP que prevê socorro a empresas afetadas pelo tarifaço dos Estados Unidos. O relator, senador Fernando Farias (MDB), deve incluir no parecer o aumento da taxação das casas de apostas.


… A elevação da alíquota das bets de 12% para 18% fazia parte da MP do IOF que foi derrubada pela Câmara.


… Há ainda no Senado PL de Renan Calheiros (MDB), que propõe alíquota maior para bets, de 24%, além de aumentar a taxação de fintechs.


NO PISO DA META – A ministra Simone Tebet (Planejamento) afirmou que há a possibilidade de não ter aumento do bloqueio de gastos do Orçamento no relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas, que será divulgado até o dia 22 deste mês.


… Segundo ela, o governo está com uma expectativa “bem positiva” para o relatório deste mês, porque a receita vem performando bem.


… “Além disso, a gente tem o faseamento, que está fazendo toda a diferença”, disse a jornalistas, repetindo o que havia dito Haddad na véspera à CNN, ao comentar que nem todo o orçamento é executado e as sobras aproximam o resultado primário do centro da meta.


… De qualquer modo, Tebet acredita que o Congresso deve autorizar o governo a mirar o piso da meta fiscal em 2026.


… Como revelou o Valor, o governo negocia essa alteração junto ao relator do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, Gervásio Maia (PSB).


MAIS AGENDA – O dia começa com a pesquisa Genial/Quaest sobre a avaliação do governo Lula, às 7h. O levantamento é o primeiro nacional depois da megaoperação policial no Rio de Janeiro com mais de 120 mortos.


… Na parte da tarde, às 14h30, o Banco Central solta os dados semanais do fluxo cambial.


BALANÇOS – Problemas nos empréstimos ao agronegócio, que respondem por um terço da carteira de crédito do Banco do Brasil, devem seguir pesando negativamente nos resultados trimestrais da instituição.


… Analistas projetam lucro de R$ 3,7 bilhões no terceiro trimestre, o que representaria uma queda de 61% contra o mesmo período de 2024 e baixa de 1,8% contra o segundo trimestre, que já foi um dos piores da história do banco.


… Depois do fechamento dos negócios, saem ainda os resultados trimestrais da Americanas, Allos, Auren, Casas Bahia, Copel, Direcional, Equatorial Energia, Hapvida, MRV, PagBank, Positivo, Ultrapar e Vittia Fertilizantes.


… A Ambipar, em recuperação judicial, adiou o seu balanço previsto para hoje e não informou uma nova data.


… Confira no Companhias abertas os balanços divulgados ontem à noite.


LÁ FORA – O foco vai para os Fed boys: John Williams (11h20), Christopher Waller e Anna Paulson (12h), Raphael Bostic (13h30), Stephen Miran (14h30) e Susan Collins (18h). Bessent (Tesouro) participa de conferência às 12h45.


… Sem horário certo, o relatório mensal da Opep costuma sair cedinho. Na Alemanha, tem CPI de outubro (4h).


… Trump planeja jantar hoje com executivos de Wall Street, incluindo o CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, informou a Bloomberg.


AFTER HOURS – Os papéis da AMD saltaram 4,75%, após a companhia elevar a perspectiva de receita nos próximos anos, diante do boom da Inteligência Artificial, provando que não está com medo do estouro da bolha de tecnologia.


CHOREM, HATERS! – O Ibovespa continua dando show e ontem contou a precificação de corte da Selic em janeiro e a chance de o juro terminar o ano que vem abaixo de 12% como drivers para continuar exibindo a sua potência.


… Além disso, a rotação global do fluxo para os emergentes continua fazendo toda a diferença para a bolsa.


… O índice à vista conquistou a marca inédita dos 157 mil pontos e cruzou os 158 mil no pico intraday (158.467,21). Em uma arrancada de 1,60%, fechou aos 157.748,60 pontos e completou 15 altas em série (com 12 recordes).


… Com esta sequência, a bolsa igualou o recorde de 31 anos, em meados de 1994, no lançamento do Plano Real.


… O giro ontem ficou bem acima da média, em R$ 35,4 bilhões, reforçando as suspeitas de fluxo expressivo de recursos estrangeiros. Hoje tem vencimento de opções sobre o índice, o que deve redobrar a volatilidade.


… Um contra-ataque dos vendidos precipitaria a realização de lucro que está demorando tanto para acontecer. Mas nunca se sabe. A bolsa já foi tão longe, que ninguém se atreve a duvidar que possa conquistar ainda mais espaço.


… Entre as blue chips, Petrobras brilhou de novo, com a sétima alta seguida. Escalou junto com o petróleo: PN subiu 2,60%, cotada R$ 33,20, e ON ganhou 2,40%, a R$ 35,41, enquanto o Brent para janeiro avançou 1,72%, a US$ 65,16.


… Há sinais de que as sanções dos Estados Unidos começam a ter impacto sobre as exportações russas de petróleo.


… O minério de ferro fechou em leve alta de 0,20% e explicou a apatia da Vale, em baixa de 0,26%, a R$ 65,04.


… Os bancos tiveram peso relevante no pregão de gala: BB saltou 3,03% (R$ 23,47), apesar da aposta em balanço fraco hoje. Bradesco PN subiu 2,15% (R$ 19,49); Itaú, +1,93% (R$ 41,22); e Santander unit, +2,33% (R$ 33,41).


… A liderança positiva do Ibovespa foi de Braskem, que disparou 18,04% (R$ 7,72) após acordo de R$ 1,2 bi para indenizar o Estado de Alagoas por danos geológicos, eliminando a dúvida sobre um passivo importante.


… Já na ponta negativa, Natura desabou 15,65% (R$ 7,76), após números trimestrais piores do que as expectativas.


RASGOU O COMUNICADO – Certa ou não, a leitura dovish que o mercado fez da ata do Copom acabou combinada ao IPCA de outubro mais baixo para o mês em 27 anos e levou a uma forte queima de prêmio na curva de juros.


… Os investidores dobraram a aposta no início do ciclo de afrouxamento monetário a partir de janeiro e os contratos de curto e médio prazo da curva do DI encerraram o pregão nos menores patamares desde que o ano começou.


… A surpresa positiva com o IPCA próximo de zero em outubro (+0,09%) e abaixo do nível de 5% no acumulado em 12 meses (4,68%) provocou uma onda de revisões em baixa nas projeções de inflação deste e do próximo ano.


… O PicPay reduziu a sua estimativa para o IPCA em 2025 de 4,9% para 4,6% (quase dentro do teto da meta de 4,5% fixado pelo CMN) e, em função da inércia inflacionária, também baixou a aposta para 2026, de 4,4% para 4,2%.


… Duas outras instituições veem agora boas chances de a inflação terminar o ano dentro do intervalo de tolerância superior da meta: UBS BB, que reduziu a projeção do IPCA de 4,6% para 4,5%, e o C6 Bank, de 5,0% para 4,5%.


… No fechamento, o contrato de juro para janeiro de 2027 despencava para 13,680% (contra 13,835% no ajuste anterior); Jan/29 derretia a 12,860% (de 12,983%); Jan/31, a 13,175% (de 13,282%); e Jan/33, a 13,370% (13,462%).


… A rigor, a interpretação do mercado de que a Selic vai cair mais cedo poderia ser (e é) menos vantajosa ao carry trade. Mas não é nada que vá fazer alguma diferença significativa, a ponto de abalar o câmbio doméstico.


… Assim, o dólar à vista completou cinco sessões em baixa, furou os R$ 5,30 e voltou para a cotação mais barata em quase um ano e meio (desde junho de 2024), encerrando o pregão negociado aos R$ 5,2732, em queda de 0,64%.


… “O real pode até apreciar mais, com o dólar a R$ 5,00, porém, neste momento, vejo um intervalo tático de R$ 5,10 e R$ 5,20 no curto prazo”, disse ao Broadcast o diretor de pesquisa macroeconômica do Pine, Cristiano Oliveira.


… Já no Valor, a economista-chefe da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro, avalia que o câmbio deve sofrer uma leve depreciação até o final de dezembro e se aproximar dos níveis de R$ 5,40 e R$ 5,50 no fechamento do ano.


… “Temos uma sazonalidade de fluxo de saída no fim do ano que não é trivial e, neste ano, há o adicional da mudança tributária de lucros e dividendos, que pode aumentar o total a ser remetido para o exterior.”


… Ela reconhece, no entanto, que o capital estrangeiro que não quer perder o ciclo da Selic a 15% pode contrabalançar estas remessas sazonais na reta final de 2025 e manter o câmbio doméstico bem comportado.


ENTROU COMO COADJUVANTE – Além de estar faturando o fluxo, o real também foi embalado ontem pelo exterior.


… O índice DXY, que mede o desempenho do dólar contra uma cesta de seis moedas fortes, caiu 0,15%, a 99,443 pontos. O euro subiu 0,24%, a US$ 1,1587. Já a libra (-0,06%), a US$ 1,3164, e o iene (154,14/US$) ficaram estáveis.


… Dados fracos do mercado de trabalho nos Estados Unidos, que sugeriram novo recuo dos juros em dezembro, e o otimismo sobre o fim do shutdown enfraqueceram a moeda americana e ajudaram os índices acionários a subirem.


… Segundo a série semanal da pesquisa ADP, o setor privado americano perdeu 11.250 vagas nas quatro semanas até 25 de outubro. A leitura mensal divulgada semana passada havia revelado criação líquida de 42 mil vagas no setor privado em outubro.


… O Dow Jones avançou 1,18% e renovou a máxima histórica de fechamento, perto dos 48 mil pontos (47.927,96).


… O S&P 500 ganhou 0,21%, aos 6.846,61 pontos, mas o Nasdaq fechou negativo (-0,25%), aos 23.468,30 pontos, comprometido pelo setor de tecnologia, que retomou o receio de que esteja esticado demais pela IA.


COMPANHIAS ABERTAS – B3 registrou lucro de R$ 1,2 bilhão no terceiro trimestre, alta de 3,5% na comparação anual; receita somou R$ 2,8 bilhões, crescimento de 2% ante mesmo período de 2024.


GOL reverteu prejuízo e terminou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 248 milhões. O Ebitda ficou em R$ 1,63 bilhão, salto de 232% contra o apurado um ano antes. A receita líquida cresceu 11,6%, para R$ 5,54 bilhões.


EMBRAER. Brandes Investment Partners reduziu participação de 9,99% para 4,95% do capital social, o equivalente a 36.646.723 de ações.


CVC registrou lucro líquido de R$ 40,6 milhões no terceiro trimestre, alta anual de 181,4%; Ebitda somou R$ 143,5 milhões, aumento de 24% em relação ao mesmo período de 2024.


ECORODOVIAS registrou lucro de R$ 430 milhões no terceiro trimestre, alta anual de 63,8%; Ebitda somou R$ 1,66 bilhão, crescimento de 41% em relação ao mesmo período de 2024.


MOTIVA registrou tráfego consolidado de 89,1 milhões de veículos em suas rodovias em outubro, alta anual de 3%…


… Comparação na base anualizada não incluiu a operação da ViaOeste, que teve o fim de sua concessão em março deste ano, e as operações das vias Sorocabana e PRVias, iniciadas em março e junho de 2025, respectivamente.


ENEVA registrou lucro líquido de R$ 351,7 milhões no terceiro trimestre, alta anual de 242,6%; Ebitda somou R$ 1,8 bilhão, crescimento de 60,7% em relação ao mesmo período de 2024.


TAESA reportou lucro líquido consolidado de R$ 323,3 milhões no terceiro trimestre, alta de 5,2% em relação ao mesmo período do ano passado. A receita líquida regulatória totalizou R$ 650,5 milhões, avanço de 9,8%…


… O Ebitda ficou em R$ 548,8 milhões, crescimento de 12,6%.


CURY registrou lucro líquido de R$ 255,3 milhões no terceiro trimestre, alta anual de 49,6%; Ebitda somou R$ 337,2 milhões, avanço de 53,7% em relação ao mesmo período de 2024.


FRAS-LE registrou lucro líquido de R$ 106,3 milhões no terceiro trimestre, alta anual de 23%; Ebitda somou R$ 271,8 milhões, avanço de 42,2% em relação ao mesmo período de 2024.


HELBOR registrou lucro líquido consolidado de R$ 13 milhões no terceiro trimestre, queda anual de 63,5%.


SABESP fará o resgate antecipado das debêntures da primeira série da 30ª emissão, no total de R$ 257,2 milhões; da primeira série da 29ª emissão, de R$ 534,29 milhões; e da segunda série da 28ª emissão, de R$ 468,54 milhões.


COSAN anunciou a conclusão de sua segunda oferta pública de ações ordinárias, que resultou na emissão de 287,5 milhões de papéis e na captação de R$ 1,437 bilhão…


…  Somadas à primeira oferta realizada anteriormente, as operações totalizam R$ 10,5 bilhões em recursos levantados pela companhia…


… O preço por ação foi mantido em R$ 5, sendo R$ 1 destinado ao capital social e R$ 4 à reserva de capital. Com isso, o capital social da Cosan passa a ser de R$ 10,28 bilhões, dividido em cerca de 3,97 bilhões de ações ordinárias.


PRIO concluiu a aquisição de 40% de participação e da operação dos campos Peregrino e Pitangola (em conjunto, Campo Peregrino), após cumprimento das condições precedentes e das aprovações necessárias.


AMBIPAR teve vitória na Justiça contra o Opportunity, que não poderá mais vender ações da companhia que foram dadas em garantia por financiamentos feitos ao controlador da empresa, Tércio Borlengui.


DEXCO. O conselho de administração aprovou a realização da primeira emissão de 1 bilhão de Cédulas de Produto Rural (CPR-Fs), com prazo de vencimento de oito anos.


VIVEO. A fabricante e distribuidora de insumos hospitalares teve lucro de R$ 226,9 milhões no terceiro trimestre deste ano, encerrando um período de cinco trimestres seguidos de prejuízo.


OI. B3 informou que analisa novas medidas a serem tomadas depois da suspensão das negociações com papéis da empresa, que teve sua falência decretada pela Justiça.

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: A sessão de ONTEM foi melhor do que aparenta quando se olha para a tecnologia (-0,3% e -2,5% semis EUA), visto que os retrocessos respondem ao facto de Softbank ter vendido 0,1% em Nvidia e, por isso, ter caído -3% (Softbank -10%). Mas hoje já irá subir como correção inercial. AMD ajuda, porque sobe quase +5% em aftermarket depois de afirmar que as suas receitas anuais por chips para centros de dados irão alcançar a fronteira de 100.000 M$, que triplicará lucros neste negócio em 3/5 anos e que não descarta crescer mediante compras.


A Câmara de Representantes irá aprovar hoje a reabertura do governo americano, encerrado parcialmente há 40 dias. Trump sai reforçado pela forma como os democratas se viram obrigados a ceder. Curiosamente, os congressistas tiveram de viajar de carro por conta própria para chegar à votação em Washington, porque não há voos. Para que um viajou 16 horas no seu Harley Davidson… A reabertura fará com que o consumo privado americano se normalize pouco a pouco, porque os funcionários e semelhantes voltarão a receber os seus salários e, também, iremos ter indicadores económicos para nos guiarmos. Principalmente os relativos ao emprego, que agora é o fator-chave para que a Fed decida o que fazer na sua reunião de 18 de dezembro. O “consenso” (o que quer que isso seja, medido por Reuters) atribui uma probabilidade de 64% para uma descida de -25 p.b. até 3,50%/3,75%, mas nós não estamos nada convencidos disso… ainda, porque é óbvio que os resultados de emprego que deveremos conhecer a 5 de dezembro serão determinantes para a sua decisão.


NY +0,2% US tech -0,3% US semis -2,5% UEM +1,1% España +1,3% VIX 17,3% Bund 2,66% T-Note 4,09% Spread 2A-10A USA=+52pb B10A: ESP 3,16% PT 3,01% FRA 3,42% ITA 3,40% Euribor 12m 2,216% (fut.2,248%) USD 1,158 JPY 179,1 Ouro 4.116$ Brent 65,0$ WTI 60,8$ Bitcoin -1,7% (103.356$) Ether -3,3% (3.442$).


CONCLUSÃO: Os futuros vêm com certa alegria (ca.+0,5%/+0,6%), apoiados também por mais empresas, além de AMD, que apoiam abordagens “agradáveis”: Fedex ontem +5% ao melhorar o seu guidance 2025, ABN Amro bate expetativas 3T 2025… e Infineon publicou em linha com expetativas e sem emocionar no guidance, mas parece que o mercado esperava algo mais triste para uma empresa de semis focada em automóveis e industrial, porque sobe ca.+1% em pré-abertura. Na frente corporativa, a contrarreação positiva da tecnologia e a reabertura do governo americano e as suas consequências positivas irão favorecer uma sessão de ligeiras subidas (+0,5%?), que seria a 4.ª subida consecutiva em Wall St. e a 3.ª na Europa. Obrigações e divisas estão bastante tranquilas. 


FIM

Diário de um economista de mercado

 Diário de um economista de mercado 30 anos de mercado - algumas lições São quase 30 anos de mercado, entre idas e vindas. Destes anos todos...