O portuga mandou muito bem nesse artigo.
No português de Portugal palestiniano = palestino.
Por: João Antas de Barros
Gestor e produtor de vinhos. Cabeça de lista pela Iniciativa Liberal no distrito de Viseu.
“Os Filisteus”
O problema de Israel, para as esquerdas atuais, não é o que faz de mal, é o que faz de bem. É o seu sucesso que incomoda. É o seu direito a existir que desafia décadas de dogmas ideológicos.
25 jun. 2025
Há expressões que se tornam ironicamente proféticas. “Filisteus”, termo originalmente usado para descrever um povo do mar que, no início do primeiro milénio a.C., se instalou na faixa costeira sudoeste de Canaã, tornou-se sinónimo, séculos depois, de ignorância cultural e boçalidade ideológica.
A coincidência, neste caso, não é apenas semântica. É histórica. E profundamente política.
Hoje, “os Filisteus”, ressurgem, não como povo, mas como farsa ideológica. A causa “palestiniana” tornou-se o fetiche favorito das esquerdas globalizadas, um constructo tão frágil quanto conveniente, sustentado por mitos históricos, negação factual e uma retórica visceralmente anti-israelita. Não se trata de apoiar um povo. Trata-se de odiar um Estado. Não é solidariedade, é ressentimento.
A Palestina, enquanto entidade nacional, nunca existiu. É isso mesmo, nunca. A designação “Palestina” foi cunhada pelos romanos no século II d.C., após a destruição do Segundo Templo de Jerusalém em 70 d.C. e a repressão da revolta de Bar Kokhba em 135 d.C. Roma, no seu zelo imperialista, decidiu apagar a presença judaica rebatizando a Judeia como “Syria Palaestina”, numa tentativa de erradicar até o nome do povo que teimava em sobreviver. A escolha do nome, alusiva aos antigos filisteus, entretanto já extintos, foi uma provocação calculada.
Durante séculos, “Palestina” foi apenas uma designação geográfica e administrativa, sob os bizantinos, sob os califados islâmicos, sob o Império Otomano e sob o Mandato Britânico. Jamais existiu como nação, Estado ou sequer projeto político autóctone. Não há reis da Palestina. Não há moeda da Palestina. Não há tratados da Palestina. Não há sequer uma revolta “palestiniana” anterior à criação de Israel.
Até meados do século XX, os “palestinianos” eram, aliás, tanto judeus como árabes da região.
A nacionalização do termo “palestiniano” é uma invenção moderna, e politicamente oportunista, nascida em resposta à criação de Israel em 1948 e instrumentalizada ao longo das décadas seguintes para servir uma agenda pan-árabe e, mais tarde, pan-islamista.
Seria possível respeitar o sofrimento de populações árabes deslocadas ou o drama de Gaza sem cair na armadilha da falsificação histórica?
Em teoria, sim. Na prática, a causa “palestiniana” tornou-se o cavalo de Troia perfeito para os rancores ideológicos do Ocidente progressista.
A esquerda, essa mesma que outrora combatia teocracias, defendia sociedades abertas e se orgulhava de ser antitotalitária, rende-se hoje a slogans de rua onde “do rio ao mar” se torna apelo codificado à destruição total de Israel. Há muito que a solidariedade se transfigurou em militância cega. Não contra a opressão, mas contra o “império sionista”. Não em nome da paz, mas em nome da purga.
Os mesmos que se calam perante o massacre de uigures na China, dos mortos no Sudão ou a repressão de mulheres no Irão, são os primeiros a empunhar bandeiras “palestinianas” em Paris, Lisboa ou Londres. Não por amor à Palestina, mas por desprezo a Israel. Porque Israel, laico, democrático, moderno e ocidental, representa tudo aquilo que detestam, sucesso capitalista, identidade judaica resiliente e uma sociedade livre no meio do caos autoritário que rodeia o Médio Oriente.
Há um dado perturbador, o antissemitismo já não se esconde sob cruzes swastikas, mas sob kefiyas e hashtags. Quando académicos universitários se apressam a “descolonizar” o currículo, mas não reconhecem o direito de um povo com 3 mil anos de história à sua autodeterminação nacional, estamos perante um fenómeno claro, o “anti-israelismo” como forma reciclada de ódio ao judeu.
Não é coincidência. É reincidência. O mesmo ódio milenar que acusava os judeus de deicídio ou avareza é hoje traduzido em cartazes que falam de “genocídio sionista” e “apartheid israelita”, distorções grotescas que servem um único fim, demonizar, deslegitimar e, se possível, destruir.
Israel é, para muitos, um incómodo. Um Estado que sobreviveu a guerras múltiplas, boicotes, terrorismo, isolamento diplomático e campanhas mediáticas constantes. Um Estado que, ao contrário dos seus vizinhos, não massacra minorias religiosas, não impõe a sharia, não censura a imprensa, não encarcera opositores políticos. Um Estado que tem árabes no parlamento, mulheres no exército, direitos LGBTQ protegidos por lei e prémios Nobel na prateleira.
O problema de Israel, para as esquerdas atuais, não é o que faz de mal, é o que faz de bem. É o seu sucesso que incomoda. É o seu direito a existir que desafia décadas de dogmas ideológicos. Israel é a única democracia funcional da região e, para muitos, isso é imperdoável.
A retórica “palestiniana”, nas mãos da esquerda contemporânea, é uma arma de arremesso, não contra a ocupação, mas contra a existência.
Os novos Filisteus não vêm do mar, mas da ignorância militante. Têm cara de ativista de ONG, de colunista de jornal progressista ou de eurodeputado com uma bandeira preta, branca, verde e vermelha. Mas o seu objetivo é o mesmo de outrora, apagar Israel do mapa.
É tempo de desmascarar a fraude. A causa “palestiniana”, tal como propagada hoje, é menos sobre justiça e mais sobre destruição. Menos sobre autodeterminação e mais sobre negação. E os que a promovem, em nome da moral, fazem-no com a cegueira fanática dos verdadeiros Filisteus, os originais, sim, mas revistos e atualizados pela ideologia do ódio disfarçado de compaixão.
“Veritas filia temporis” – A verdade é filha do tempo. E o tempo, implacável juiz da história, vindica aqueles que se mantêm fiéis aos factos contra as fantasias ideológicas.
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