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Semanal

 *O mito de Sísifo da Desinflação*


A semana foi marcada por aumento da incerteza em relação ao ciclo de cortes do FED por conta da alta atividade econômica nos dados do segundo trimestre, o que trouxe maior cautela aos investidores globais. A revisão do PIB americano do segundo trimestre, elevou o crescimento para 3,8% (de 3,3%), e levando o mercado a reduzir a probabilidade de dois cortes adicionais de juros neste ano. A amplitude das revisões recentes dos dados também reacendeu, entre economistas, o debate sobre a confiabilidade das estatísticas e das metodologias utilizadas.


Nesse contexto, dirigentes do Banco Central Americano ajustaram o tom dos discursos, reforçando a parcimônia na condução da política monetária e enfatizando o risco de cortes prematuros para a sustentabilidade do processo desinflacionário. Entre os membros mais conservadores, a avaliação é de que a inflação segue estacionada acima da meta, sem tendência clara de convergência, o que recomenda cautela adicional.


No front político, Donald Trump retomou a agenda tarifária, decretando novas taxações — destaque para a alíquota de 100% sobre medicamentos importados por empresas sem fábricas nos EUA. O ponto sensível é a importância do segmento farmacêutico na pauta de exportações da Europa para os EUA (tema que já aparecia como exigência de alíquota máxima pelo Reino Unido em conversas comerciais). Caso o embate se intensifique, é plausível esperar retrocesso nas negociações em curso.


Os mercados refletiram essa combinação: o S&P 500 caiu 0,3% e o Russell 2000, 0,7%; Nasdaq recuou 0,5% e o Dow Jones, 0,2%. O principal destaque foi a curva de juros: todas as maturidades subiram — o título de 2 anos avançou 1,9% (para 3,6%) e o de 10 anos, 1,0% (para 4,2%). Os Treasuries longos tiveram leve queda de 0,1%. O dólar se valorizou 0,6% no mundo — um movimento que merece atenção, dado o posicionamento consensual vendido na moeda entre investidores globais.


Em outras praças, houve retração moderada: Nikkei (-0,3%), emergentes (-0,6%), enquanto o DAX subiu 0,4%. A China sentiu a nova rodada de taxações: ações tradicionais caíram -0,2% e de tecnologia -1,6%. Ouro e petróleo tiveram altas expressivas, de 2,2% e 5,8%, respectivamente.


*O teatro do poder: Ato II em Brasília*


Localmente, dois eventos políticos dominaram as discussões. Primeiro, o encontro entre Lula e Trump em evento da ONU: o presidente americano elogiou o brasileiro e sinalizou abertura ao diálogo para eventual acordo comercial. Segundo, a alta da aprovação de Lula, que atingiu o maior patamar do ano, em pesquisa divulgada esta semana.


Nesse ambiente, o governador Tarcísio de Freitas — preferido por parte relevante do mercado — reforçou que não deve disputar a Presidência em 2026, priorizando a reeleição em São Paulo. O discurso ganhou firmeza após seguidos ataques de Eduardo Bolsonaro e veio acompanhado de acenos a Ratinho Jr. como possível nome da direita.


Esses movimentos dificultam a tese de renovação política em 2026. Vale notar que Lula e Trump devem se reunir novamente na próxima semana; se houver avanço nas negociações, a popularidade do presidente brasileiro pode subir ainda mais. Em nossa avaliação, o mercado precifica como altamente provável a renovação política; caso esse cenário se torne incerto, há espaço para abertura de prêmios de risco locais.


Os preços refletiram esse quadro: o Ibovespa caiu 0,3%, enquanto o dólar subiu 0,4%. Na curva, os títulos públicos com vencimento em 2030 avançaram nas duas pontas: prefixado (+0,8%, para 13,3%) e indexado ao IPCA (+0,8%, para IPCA+7,8%).


Qualquer necessidade estou à disposição.

Um abraço, Breno - Rubik Capital.

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